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meSalva!\n\nGUERRA\nFRIA MÓDULOS CONTEMPLADOS\nIGFAL - Introdução à Guerra Fria e Política de Blocos\nCESP - Corrida Espacial e Armamentista\nCGFA - Conflitos da Guerra Fria\nALAT - América Latina\nFGFA - Fim da Guerra Fria\nTAGF - Tópicos avançados em Guerra Fria\nHCGF - Heranças e curiosidades da Guerra Fria\nEXGF - Exercícios de Guerra Fria\n\nCURSO\n\nDISCIPLINA\nCAPÍTULO\nPROFESSORES\nCARLOS RENATO UNGARETTI E NICOLAS QUADROS meSalva!\n\nGUERRA FRIA\n\nFala, galera do Me Salva! A apostila de Guerra Fria tem como objetivo oferecer a vocês uma visão panorâmica a respeito dos principais acontecimentos desse período, que se estendeu desde 1945 até o início da década de 1990. A partir de agora, estudaremos as principais características do conflito bipolar, que, além de ser recheado de tensões, revoluções e conflitos, é marcado pela separação do mundo em dois extremos! Tomara que vocês gostem e passem a entender esse importante período histórico.\n\nINTRODUÇÃO\n\nPessoal, é importante vocês entenderem que a Guerra Fria, mais do que uma disputa por poder e por zonas de influência, também se caracterizou pelo embate ideológico, ou seja, as superpotências, além de competirem sob a perspectiva geopolítica, representavam e difundiam diferentes modelos de organização econômica e social. Nesse sentido, observem o esquema abaixo:\n\nBLOCO CAPITALISTA X BLOCO SOCIALISTA\n\nESTADOS UNIDOS UNIÃO SOVIÉTICA\n\nEconomia de Mercado Economia Planejada\nDemocracia Liberal Partido Único\n\nCONFERÊNCIA DE YALTA - Pessoal, vocês precisam se interar sobre os acordos do pós-guerra, pois estes foram responsáveis por estabelecer a ordem internacional da Guerra Fria. É importante lembrar que, em períodos de pós-guerra, os vencedores, invariavelmente, ditam as regras para a formação da ordem política que virá a se concretizar em seguida. Em fevereiro de 1945, as forças aliadas - EUA, Reino Unido, França e URSS - se reuniram para decidir os rumos da ordem internacional no pós-guerra. Em Yalta, Stalin declarou que os territórios ocupados A URSS E O BLOCO SOCIALISTA ATÉ OS ANOS 1960\n\nPorque a URSS foi a grande vencedora da corrida espacial (e não os EUA). Ver artigo da BBC<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38407916>\n\nCONFERÊNCIA DE POTSDAM - A Conferência, além de impor pesadas multas e restrições militares à Alemanha, determinou que seu território fosse separado em quatro zonas de ocupação: francesa, britânica, estadunidense e soviética. Posteriormente, em 1949, a Alemanha foi dividida em dois países: na parte ocidental, a República Federal Alemã (RFA), capitalista e com capital em Bonn; e, na parte oriental, a República Democrática Alemã (RDA), socialista e com capital em Berlim. Esta última, por sua vez, também foi dividida entre as duas potências. A rápida recuperação econômica que a Alemanha Ocidental obteve, devido aos investimentos dos EUA provocou um enorme fluxo de alemães orientais para o lado ocidental. Visando bloquear esse fluxo, o governo da RDA construiu, em 1961, um muro para separar os dois países, ficando conhecido pelos ocidentais como “muro da vergonha”.\n\nCORRIDA ARMAMENTISTA - Um mês após a Conferência de Potsdam, o presidente Henry Truman utilizou os ataques a Hiroshima e Nagasaki como forma de dissuadir os soviéticos. Essa demonstração de força deu início a uma corrida armamentista entre os EUA e a URSS. Quatro anos depois dos ataques às cidades japonesas, os soviéticos anunciaram que haviam obtido sucesso em seu primeiro teste de explosão atômica.\n\nCRIAÇÃO DA ONU - Outro importante acordo do período do pós-guerra ocorreu em abril de 1945 na cidade de São Francisco. A Conferência de São Francisco deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Ao todo, 51 países assinaram a Carta da ONU, que tinha como princípios: 1) a manutenção da paz e da segurança internacionais; 2) o desenvolvimento das relações amistosas entre as nações e 3) o estímulo à cooperação multilateral. Instituída em 1945, o Conselho de Segurança é a instância de maior autoridade da ONU, possuindo 5 membros permanentes: EUA, França, China, Rússia (antiga URSS) e Reino Unido. Com objetivo máximo de assegurar a paz e a segurança internacionais, o Conselho de Segurança não impediu que os EUA e a URSS começassem a fazer suas primeiras iniciativas no plano internacional.\n\nPLANOS DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA - Em 1947, os EUA lançaram o Plano Marshall, que tinha como finalidade auxiliar as economias europeias em seu processo de recuperação. Desse modo os EUA garantiam a sua preponderância econômica na região e, do ponto de vista estratégico, impediam que os países da Europa Ocidental passassem a orbitar na esfera de influência soviética. A URSS, em como a Bulgária, a Romênia, a Polônia, a Hungria, a Alemanha Oriental, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia e a Albânia. contrapartida, lançou em 1949 o seu projeto de ajuda econômica para a Europa Oriental, conhecido como COMECON.\n\nALIANÇAS MILITARES - Na esfera militar, os EUA criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com o objetivo de garantir a segurança mútua dos seus membros. Em resposta, os soviéticos lideraram a criação do Pacto de Varsóvia (1955), que buscava assegurar a defesa mútua dos países pertencentes ao bloco socialista.\n\nA GUERRA DE INTELIGÊNCIA - Além de lançarem iniciativas econômicas e militares, as superpotências atuavam “por baixo dos panos”, sobretudo através de suas agências de inteligência. Apesar de secretos, o objetivo das operações de inteligência era claro: obter informações sigilosas e se inteirar sobre as condições do inimigo. Do lado dos EUA, a Agência Central de Inteligência (CIA) era a responsável pelas operações de inteligência e espionagem, enquanto que, do lado soviético, o Comitê de Segurança do Estado (KGB) cumpria um papel semelhante.\n\nAS INSTITUIÇÕES DE BRETTON WOODS - Além dos acordos do pós-guerra envolvendo as forças vencedoras da Segunda Guerra, os EUA, como forma de consolidar sua hegemonia no bloco capitalista, conduziram as “Conferências de Bretton Woods”, que definiram as regras para o comércio e para as finanças internacionais. Como resultado, foram criadas as “instituições de Bretton Woods” - Fundo Monetário Internacional (1944) e Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (1944), posteriormente renomeado para Banco Mundial.\n\nGUERRA DA COREIA - Agora daremos um pouco de atenção ao primeiro conflito de proporções internacionais da Guerra Fria, vocês se lembram que, durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses realizaram um forte movimento de expansão no Pacífico? Pois então, com a saída dos japoneses da Segunda Guerra, as forças aliadas ocuparam o território da Coreia e o dividiram em áreas de influência soviética e estadunidense. Em junho de 1950, as tropas da Coreia Norte invadiram o território da Coreia do Sul com a pretensão de reunificar o país sob um regime socialista. Os EUA que possuíam aliados regionais e gozavam de ampla influência política e econômica na Bacia do Pacífico, intervieram diretamente no conflito, contribuindo para que os sul-coreanos retomassem os territórios que haviam sido conquistados pelos norte-coreanos. Após uma série de ofensivas e contraofensivas, ambos os países assinaram um armistício em julho de 1953, restabelecendo o paralelo 38 como fronteira entre as duas Coreias e criando uma zona desmilitarizada que perdura até os dias atuais. A DISPUTA POR NOVAS FRONTEIRAS: A CORRIDA ESPACIAL\n\nConforme dito anteriormente, a Guerra Fria era uma disputa tanto geopolítica quanto ideológica. A corrida espacial, por outro lado, refletia a disputa entre as superpotências pela \"nova fronteira\" (o espaço sideral), ilustrando também uma concorrência por novas tecnologias e prestígio internacional, isto é, as superpotências buscavam provar, através de disputas como a corrida espacial, a sua superioridade e, não menos importante, a validade de seus respectivos regimes políticos e ideológicos.\n\nPIONEIRISMO SOVIÉTICO - A dianteira da corrida espacial coube aos soviéticos, responsáveis por lançar o primeiro satélite artificial ao espaço (Sputnik I). Pouco tempo depois, os soviéticos também foram pioneiros ao enviar o primeiro ser-vivo ao espaço (a bordo do Sputnik II, estava a cadela Laika). O grande feito dos soviéticos, porém, veio anos depois. Em 1961, o programa espacial soviético colocou o primeiro ser humano no espaço, o “cosmonauta” Iuri Gagarin.\n\nA RESPOSTA ESTADUNIDENSE - Em resposta ao sucesso do programa espacial da URSS, o presidente John Kennedy afirmou que os EUA chegariam à Lua ainda na década de 1960, o que de fato aconteceu em 1969. A bordo do Apollo 11, o astronauta Neil Armstrong pronunciou a famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”. Depois disso, os EUA retomarama dianteira da corrida espacial. No entanto, é preciso sublinhar que muitos dos avanços tecnológicos propiciados pelos soviéticos ainda são importantes e, em sua essência, utilizados até os dias atuais. A partir de agora, vocês terão contato com conteúdos relacionados à URSS e ao bloco socialista até os anos 1960.\n\nRECUPERAÇÃO ECONÔMICA - Com o fim da Segunda Guerra, a URSS necessitava se recuperar economicamente, tendo em vista a destruição causada pela guerra. Nesse sentido, Stalin lançou mão de dois planos quinquenais (1946-1955), que tinham como objetivo \"recuperar a economia soviética e estimular a produção industrial de bens de consumo. De modo geral, os planos cumpriram seus objetivos, aumentando a produção industrial e, por consequência, também a sensação de bem-estar na população. Logicamente, vocês imaginam que, tanto do lado da URSS quanto do lado dos EUA, as aparências de prosperidade eram reforçadas pela propaganda político-ideológica.\n\nCULTO À PERSONALIDADE - O prestígio adquirido por Stalin na guerra contra os nazistas contribuiu para o mesmo centralizasse o poder político da URSS. O culto à personalidade, neste sentido, foi um elemento bastante explorado por Stalin e pela propaganda soviética. A concentração de poder em torno de Stalin era奋斗 e sua autoridade de governar, o que se evidencia no envio de opositores para os \"gulags\", que eram campos de trabalho forçado em territórios longínquos da URSS - como a Sibéria.\n\nKRUSCHEV: DESESTALINIZAÇÃO E COEXISTÊNCIA PACÍFICA - Em 1953, após a morte de Stalin, Nikita Kruschev assumiu a liderança da URSS, governando entre 1953 e 1964. Internamente, Kruschev denunciou o \"terror stalinista\", passando a implementar uma política de \"desestaliniz ação\". Extremamente, Kruschev iniciou uma política de \"coexistência pacífica\", flexibilizando as relações com os EUA e adotando uma abordagem mais diplomática nas relações internacionais.\n\nDIVERGÊNCIAS NO BLOCO SOCIALISTA: Em 1956 e 1968, ocorreram dois movimentos contrários ao domínio soviético na Europa Oriental, respectivamente na Hungria e na Tchecoslováquia. Em 1956, um movimento liderado por estudantes e apoiado por oficiais do exército húngaro reivindicava reformas no socialismo praticado no país, de modo a reduzir o seu caráter autoritário. A Primavera de Praga (1968), por sua vez, defendia a democratização do socialismo na Tchecoslováquia. Contudo, ambos os movimentos foram duramente reprimidos pelas tropas do Pacto de Varsóvia.\n\nIUGOSLÁVIA - O caso da Iugoslávia é bastante particular quando estudamos o bloco socialista. Devido à limitada participação do Exército Vermelho na luta contra os nazistas, a Iugoslávia trilhou um caminho autônomo no interior do bloco socialista, chegando inclusive a romper com Moscou em 1948. Com a liderança do Marechal Tito, a Iugoslávia se relacionou com países ocidentais e articulou alianças no Terceiro Mundo.\n\nCHINA: A REVOLUÇÃO À ABERTURA\n\nPessoal, a partir de agora vocês irão estudar um pouco sobre o socialismo no país mais populoso do mundo.\n\nGUERRA CIVIL - A partir de 1930, dois grupos rivais entraram em uma guerra civil no interior da República que havia se instalado na China em 1911. De um lado estavam os nacionalistas do Kuomintang (KMT), liderados por Chiang Kai-shek; do outro lado estavam os comunistas do Partido Comunista Chinês (PCch), liderados por Mao-Tsé Tung. Com a invasão japonesa em 1937, ambos os grupos realizaram uma aliança militar temporária, tendo em vista o objetivo comum de expulsar os invasores estrangeiros. Após a derrota japonesa em 1945, o conflito entre nacionalistas e comunistas foi retomado. Através do suporte das massas camponesas, Mao-Tsé Tung protagonizou a chamada \"Grande Marcha\", culminando com a vitória dos comunistas em maio de 1949. Os nacionalistas refugiaram-se na Ilha de Formosa (Taiwan), fundando a República da China. A partir continental da China passou a se chamar República Popular da China (RPC). É importante ressaltar que a China estava inserida em um ambiente regional novamente marcado pela influência dos EUA e de seus aliados - como o Japão e a Coreia do Sul - o que dificultou ainda mais a instalação e a consolidação de um regime comunista na China. Por fim, apenas para ilustrar a influência dos EUA na Ásia, em 1954 os mesmos criaram, em conjunto com seus aliados regionais, a Organização do Tratado do Sudeste Asiático (OTASE), que representava uma \"OTAN\" dos países asiáticos. COMUNISMO CHINÊS - Em um primeiro momento, a RPC se aproximou da URSS, simbolizado na assinatura de um tratado de amizade, aliança militar e assistência mútua em 1950. Entre outros fatores, as políticas de \"desestaliniziação\" e \"coexistência pacífica\" adotadas por Kruschev afastaram gradativamente a RPC da URSS, culminando no posterior rompimento sino-soviético. Na década de 1960, a RPC fabricou sua primeira bomba atômica, o que era visto pelos líderes chineses como indispensável para a autonomia, independência e segurança do país.\n\nGRANDE SALTO PARA FRENTE - Como forma de dar novo impacto ao plano quinquenal estabelecido em 1953, o PCch planejou a realização de um plano econômico denominado como \"Grande Salto para a Frente\". O plano pretendia industrializar e reduzir a dependência chinesa do mercado internacional, deixou muito a desejar. Na realidade, vocês precisam saber que o plano foi redundante e fracassou, resultando em estagnação econômica, desnutrição e fome.\n\nREVOLUÇÃO CULTURAL - Após o fracasso do \"Grande Salto para Frente\", Mao-Tsé Tung buscou reafirmar sua autoridade. Com o objetivo de revitalizar o espírito revolucionário chinês, a Revolução Cultural adquiriu feições bastante autoritárias. Nesta perspectiva, vocês precisam saber que o período e o mercado pela repressão aos adversários políticos de Mao, bem como pela perseguição daqueles que supostamente possuíam uma postura \"burguesa\" ou \"contrarrevolucionária\".\n\nDENG XIAOPING E A ABERTURA ECONÔMICA - Após a morte de Mao em 1976, o PCch passou por importantes mudanças. Em primeiro lugar, os membros mais ortodoxos do partido foram afastados e, em alguns casos, julgados pelos excessos cometidos durante a Revolução Cultural. Em segundo lugar, o novo líder da RPC, Deng Xiaoping, passou a enfatizar que o foco da China não deveria ser o combate à cultura ocidental e burguesa, mas a integração econômica do país no mercado internacional. Somente assim, argumentava Deng, a China conseguiria desenvolver sua economia e conservar a Revolução de 1949. A RPC passou a introduzir mecanismos de mercado, autorizar a iniciativa privada na agricultura e abrir o país ao comércio e aos investimentos estrangeiros. De forma equilibrada, planejada, acima de tudo, regulamentada, a abertura econômica chinesa levou ao aumento da produção interna, das exportações e do crescimento econômico. Atualmente, as autoridades do PCch, que ainda dominam o sistema político do país, sublinham que o processo de abertura da economia inaugurou o \"socialismo com características chinesas\". OS EUA E O BLOCO CAPITALISTA ATÉ OS ANOS 1960\nDepois de estudar a URSS, a China e o bloco socialista, agora vocês vão ter contato com os conteúdos relacionados aos EUA e o bloco capitalista até a década de 1960. Vejam que, inclusive aqui nos nossos estudos, apresentamos os blocos capitalista e socialista de modo separado, agora tentem imaginar a força que essa dualidade representava no período em questão!\n\nDOCTRINA TRUMAN - Essa doutrina pretendia impor uma posição mais rígida dos EUA no plano internacional. Conforme visto, o Plano Marshall ofereceu auxílio econômico para os países da Europa Ocidental enquanto que a criação da OTAN cumpria o papel de assegurar a segurança militar desses países.\n\nMACARTISMO - O governo Truman, internamente, aprofundou as políticas de combate ao comunismo. Com o apoio do senador McCarthy, se instaurou nos EUA um clima de \"caça às bruxas\" - ou \"macartismo\". Anti-comunista fervoroso, McCarthy instalou uma série de inquéritos contra supostos simpatizantes do socialismo, atingindo principalmente artistas, intelectuais, cientistas e imigrantes.\n\nEUROPA OCIDENTAL - Durante os anos 1950, ocorreram os primeiros arranjos de integração europeia, com destaque para a assinatura de um acordo de cooperação comercial entre a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo, conhecido como BENELUX. Posteriormente, em 1951, Alemanha, Itália e França se juntaram a esses países, dando origem à Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Como ampliação da CECA, o Tratado de Roma (1957) instituiu a Comunidade Econômica Europeia (CEE), até hoje tida como o \"embrião\" da atual UE. Por fim, esse processo reflete a recuperação econômica da Europa Ocidental, que provavelmente não seria possível sem a ajuda financeira do Plano Marshall.\n\nKENNEDY - Em 1960, os EUA elegeram um presidente que vocês muito provavelmente já ouviram falar, o democrata John Kennedy. Assassinado em 1963 em visita à cidade de Dallas, Kennedy foi responsável por conduzir assuntos delicados na política interna dos EUA, como era o caso dos direitos civis da população negra nos estados sulistas. Externamente, o governo Kennedy teve de lidar com os desdobramentos da Revolução Cubana (1959), bem como da crise dos mísseis (1962).\n\nA CRISE DOS MÍSSEIS E O AGRAVAMENTO DAS TENSÕES\nPessoal, dando continuidade ao capítulo anterior, estudaremos agora a chamada \"crise dos mísseis\", que ocorreu justamente durante a gestão do presidente Kennedy.\n\nA REVOLUÇÃO CUBANA (1959) - Liderada pelos irmãos Castro e pelo guerrilheiro Ernesto \"Che\" Guevara, esta revolução conseguiu derrubar o ditador Fulgêncio Batista, que desde 1933 governava com o apoio dos EUA. A Revolução, apesar de inicialmente não ser socialista, era nutrida por sentimentos nacionalistas e anti-americanos, principalmente por conta da influência que os EUA possuíam sobre Cuba desde a sua independência. De modo mais específico, Cuba poderia ser descrita como uma \"colônia-de-férias\" para os estadunidenses, que aproveitavam a infraestrutura voltada ao turismo (cassinos, hotéis, boates, etc), enquanto a maioria da população cubana vivia em condições precárias e sofria com a miséria. Fechado esse parêntesis, o presidente Kennedy, ao notar que o regime instalado em Cuba era avesso aos interesses dos EUA, passou a formular políticas para isolar e derrubar o governo cubano, como foi o caso da chamada Aliança para o Progresso.\n\nINVASÃO DA BAÍA DOS PORCOS - Vocês devem imaginar que os EUA não deixariam \"barato\" a instalação de um governo avesso aos seus interesses logo em seu \"quintal\". Após financiar e treinar cerca de mil exilados cubanos, essas tropas desembarcaram na Baía dos Porcos com o objetivo de depor Fidel Castro. Sem muitas dificuldades, os exilados foram derrotados. Sem sossegar, os EUA conseguiram excluir Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA), assim como impor um rígido embargo econômico.\n\nCRISE DOS MÍSSEIS - O que vocês imaginam que Cuba fez após esses desafios com os EUA? Isso mesmo, se aproximou da URSS e do bloco socialista. Essa aproximação tornou-se evidente em 1962, quando informações da inteligência dos EUA comprovaram que os soviéticos estavam instalando plataformas de lançamento de mísseis em Cuba. Em resposta, a Marinha dos EUA realizou um bloqueio naval ao redor da ilha com o intuito de evitar a chegada das embarcações soviéticas. Após 13 dias de muita tensão, os diplomatas soviéticos e estadunidenses chegaram a um acordo: a URSS retiraria os mísseis de Cuba e, em contrapartida, os EUA também retirariam os mísseis que haviam sido anteriormente instalados em território turco.\n\nGUERRA DO VIETNÃ - Depois de esfriar em Cuba, a Guerra Fria começou a esquentar em Ásia. Ainda durante o governo Kennedy, os EUA passaram a intervir em um conflito que daria muito trabalho para as forças armadas do país: a Guerra do Vietnã. Separado por zonas de influência - ao norte com orientação socialista e ao sul com apoio dos EUA - os \"vietcongues\" iniciaram um processo de invasão da porção sul do país, com o objetivo de reunificar o Vietnã. O governo de Kennedy - Lyndon Johnson (1963-1968) - intensificou a participação dos EUA no conflito, que chegou a contar com a participação de meio milhão de soldados e o crescente número de mortes, principalmente de jovens, que indignados com a situação dos movimentos pacifistas cresceram na mesma proporção em que a situação atrolava no conflito. Apesar da superioridade militar, os EUA enfrentaram grandes dificuldades em lidar com as táticas de guerrilha dos vietcongues. Aos sucessivos reveses, os EUA retiraram suas tropas em 1973, após dois anos antes do fim do conflito. A DISTENSÃO DOS ANOS 1970\nA partir de agora, vocês terão contato com aspectos relacionados ao período conhecido como détente, que significa \"distensão\" ou, se preferirem, redução das tensões entre as superpotências da Guerra Fria. Contudo, a despeito dessa \"distensão\" entre as superpotências, a década de 1970 é notavelmente marcada pela ativa interferência dos EUA em seu \"quintal geopolítico\", isto é, a América Latina.\n\nANTECEDENTES - Ambas as superpotências, bem como seus respectivos blocos, passaram por períodos de turbulência durante os anos 1960. No campo socialista, Kruschev, após sucessivos reveses diplomáticos, foi deposto, assumindo em seu lugar Leonid Brejnev - reconhecidamente ligado à facção \"linha-dura\" do partido comunista. A repressão ao movimento conhecido como \"Primavera de Praga\" (1968) e o aprofundamento do rompimento sino-soviético demonstraram um pouco as ações de Brejnev no plano internacional. No bloco capitalista, cresceram sobressaltos nos EUA - os movimentos pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã, enquanto que na Europa floresciam movimentos estudantis que contestavam valores apreciados pelo bloco capitalista, com destaque os movimentos de maio de 1968 na França.\n\nDETENTE - As eleições de 1968 colocaram Richard Nixon na frente da presidência dos EUA. A partir de então, Nixon passou a desenvolver uma abordagem mais diplomática com a URSS e o bloco socialista. Em 1971, por exemplo, os EUA se aproximam da China de Mao, principalmente ao reconhecerem a RPC como a legítima portadora do assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em 1974, ademais, os EUA e a URSS assinam o acordo SALT I, que possuía no controle de armamentos estratégicos o seu principal objetivo. Após liderar essa política de \"distensão\" em parceria com seu conselheiro Henry Kissinger, Nixon foi obrigado a renunciar após a divulgação do escândalo de Watergate.\n\nGUERRA DO YOM KIPPUR - O conflito árabe-israelense, que representa uma constante no período da Guerra Fria, teve na Guerra do Yom Kippur um desdobramento mais amplo. Após a derrota dos países árabes contra Israel, os mesmos se cartelizaram e formaram a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP). A OPEP, em retaliação, aumentou substancialmente os preços do barril do petróleo, tendo implicações negativas para grande parte do bloco capitalista. Assim, a crise econômica, que já dava indícios antes da \"crise do petróleo\", passou por um processo de intensificação. O TERCEIRO MUNDO E A AMÉRICA LATINA NA GUERRA FRIA\nPessoal, depois de observar os blocos capitalista e socialista na Guerra Fria, o que vocês acham de estudar os principais aspectos da América Latina e do Terceiro Mundo na Guerra Fria?\n\nPRIMEIRO MUNDO E SEGUNDO MUNDO - Para vocês entenderem o \"Terceiro Mundo\", é preciso conceituar o que seriam o \"Primeiro-Mundo\" e o \"Segundo-Mundo\". Na Guerra Fria, os países de \"Primeiro-Mundo\" eram aqueles em estágio avançado de desenvolvimento - os países da América do Norte (EUA e Canadá) e da Europa Ocidental, bem como a Austrália e a Nova Zelândia. Os países de \"Segundo-Mundo\" eram aqueles pertencentes ao bloco socialista, como a URSS, entre outros.\n\nTERCEIRO MUNDO - Na Guerra Fria, o Terceiro-Mundo englobavam um vasto número de países, abrangendo países na África, Ásia e América Latina. O\n\nA partir do final dos anos 1960 e início da década de 1970 ocorre o que muitos especialistas chamam de \"crise do modelo fordista-keynesiano\". Por inúmeras razões, os \"anos dourados\" do capitalismo nas décadas de 1950 e 1960 chegaram ao seu limite na década de 1970.\n\nA nomenclatura \"Terceiro-Mundo\" acaba sendo utilizada para diferenciar os países pobres dos países ricos. No entanto, atualmente é mais comum utilizarmos o conceito de subdesenvolvimento seria um elemento comum a quase todos esses países, ao mesmo tempo em que, no caso dos países africanos e asiáticos, a descolonização recente também constituiu uma herança compartilhada. Por essa razão, é indispensável analisarmos aspectos referentes a esse processo, que se iniciou no período do pós-guerra.\n\nCAUSAS DA DESCOLONIZAÇÃO - Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as antigas potências coloniais já não possuíam condições econômicas e militares de manterem suas posses coloniais. Além disso, a conjunctura da Guerra Fria acelerou a descolonização, tendo em vista que ambas as superpotências apoiavam os movimentos pela descolonização. A criação da ONU e a promoção da autodeterminação dos povos também contribuíram para o processo de descolonização. Por fim, é importante sublinhar para vocês que, ao estudarmos o processo de descolonização, passamos a entender um pouco a situação de dependência econômica, fragilidade institucional e caos social que atualmente impera em parte dos países que conquistaram suas independências nesse período.\n\nMODELOS DE INDEPENDÊNCIA - Pessoal, vocês precisam ter em mente que os processos de independências ocorreram, basicamente, por duas vias: a primeira é a negociada com a metrópole e a segunda é a ruptura violenta e conflitiva.\n\nDESCOLONIZAÇÃO NA ÁSIA - O período do pós-guerra teve grande impacto no processo de descolonização asiático. Entre 1943 e 1979, a independência política se tornou realidade para 27 países asiáticos. Em muitos desses, o processo de independência foi violento e, não raro, contou com a participação direta e indireta - dos EUA e da URSS, que buscavam ampliar suas zonas de influência no plano mundial. Dito isso, vocês agora verão os mais relevantes processos de independência na porção sul e oriental do continente asiático, com destaque para a independência da Índia (1947), da Indonésia (1949) e da antiga Indochina francesa (1954).\n\nÍNDIA - Localizada na Ásia Meridional, a Índia por muito tempo foi considerada como a \"Joia da Coroa\" do Império Britânico, que desde o século XIX havia incorporado a região aos seus domínios. Os indianos, em sua ampla diversidade cultural e religiosa, vinham impondo às autoridades inglesas uma série \"pais em desenvolvimento\" para classificar esse grande grupo de países, que representa cerca de 75% dos países do mundo.\n\nAlém desses, é importante mencionar os processos de independência na Malásia, Filipinas e Birmânia.\n\nA grandeza do território indiano, a riqueza de seus recursos e um amplo mercado consumidor para os produtos britânicos acabou credenciado a Índia a receber o título de \"Joia da Coroa\". de resistências desde o final do século XIX. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, esse quadro se acentuou ainda mais, possibilitando a emergência da figura de Mahatma Gandhi, líder pacifista que desempenhou um papel central na Independência da Índia. Havia, porém, outros movimentos contrários ao domínio colonial, como era o caso da Liga Muçulmana, fundada em 1905. Os britânicos, explorando esses conflitos internos, acabaram por dividir território em República da Índia de maioria hindu - e República do Paquistão (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana. Em 1971, após um violento conflito, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental e passou a ser conhecido como Bangladesh. É importante salientar que, em 1948, também houve, na região do subcontinente indiano, a independência do Sri Lanka, antigo Ceilão.\n\nINDOCHINA FRANCESA - Além da Índia, vocês precisam saber que a independência da Indochina foi um importante momento na desconcolonização asiática, sobretudo por conta de seus desdobramentos. A região, que desde 1860 era controlada pelos franceses, foi ocupada pelos japoneses durante a Segunda Guerra. Com o fim da guerra, os franceses tentaram retomar suas colônias, porém, encontraram na região a resistência de movimentos nacionalistas. Escolhi, então, a Guerra da Indochina (1946-1954), que chegou ao fim apenas com a assinatura de um acordo internacional, o qual dividiu o seu território em três países independentes: Laos, Camboja e Vietnã.\n\nVIETNÃ - Vietnã, porém, ficaria temporariamente dividido em duas porções. O acordo assinado em Genebra previa a realização de eleições gerais destinadas à reunificação do país, mas esse processo ficou inviabilizado por conta da política de hostilidade promovida pelo governo do Vietnã do Sul. Considerando esse impasse, a Frente de Libertação Nacional (FLN), fundada em 1960, passou a atuar no Vietnã do Sul com o objetivo reunificar o país em regime socialista. Iniciaram-se, assim, os conflitos no Vietnã, que desde 1964 passou a contar com a ativa participação dos EUA. Em 1975, ocorreu a reunificação do país, que passou a se chamar República Socialista do Vietnã.\n\nINDONÉSIA - Além desses processos de desconcolonização, é preciso destacar a independência da Indonésia (1949), antiga colônia holandesa. Após quatro anos de guerra (1945-1949), a Indonésia, sob liderança de Ahmed Sukarno, conquistou oficialmente sua independência. Conforme vemos, a independência da Indonésia é relevante por conta da participação de Sukarno para o Movimento dos Não-Alinhados.\n\nCONFERÊNCIA DE BANDUNG - Reunindo 29 países afro-asiáticos, o documento final da Conferência destacava 4 pontos principais: 1) defesa da emancipação dos territórios ainda dependentes; 2) rejeição da divisão internacional em blocos socialista e capitalista; 3) condenação do racismo e da corrida armamentista; 4) proclamação do direito de autodeterminação.\n\nMOVIMENTO DOS NÃO-ALINHADOS - Anos após a Conferência de Bandung (1955), aconteceu a Primeira Conferência dos Países Não-Alinhados (1961) na Iugoslávia. A Conferência convergia com a perspectiva de Tito, líder político da Iugoslávia, de buscar uma terceira via nas relações internacionais. Entre as figuras de maior destaque na Conferência, é possível citar: Nasser (Egito), Sukarno (Indonésia) e Nehru (Índia).\n\nNORTE DA ÁFRICA (MAGREB) - Agora estudaremos a descolonização do Norte da África. No Egito, a presença semicolonial suscita o fortalecimento de movimentos antibritanicos, levando à queda do rei Faruk através de um golpe militar (1952). Assumida, então, Gamal Abdel Nasser, um dos principais ícones do nacionalismo árabe e do pan-arabismo. Manifestações de cunho anti-colonial também aconteceram nas colônias francesas da Tunísia, do Marrocos e da Argélia. Os dois primeiros conquistaram sua independência perante a França (1956), no caso argelino, a metrópole resistiu à desconcolonização. Sem aprender nada com os conflitos na Indochina, os franceses entraram em uma guerra com os movimentos de liberação nacional, estendendo-se de 1954 até 1962.\n\nÁFRICA NEGRA (OU SUBSAARIANA) - O desgaste ocasionado pela guerra na Argélia provocou um movimento de antecipação por parte das potências europeias, que começaram a buscar formas pacíficas de independência para os países da África Negra ou África subsaariana. Em 1960 - o \"ano africano\", 15 países adquiriram o status de independentes. Entre 1961 e 1966, outros nove países tornaram-se independentes, seguindo o modelo pacífico de independências.\n\nÁFRICA AUSTRAL - Vocês devem ter notado que ainda restam as colônias portuguesas na África Austral, de onde surgiram movimentos de luta armada, como em Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Além das lutas pela independência, a queda do regime salazarista, que veio com a Revolução dos Cravos (1974), ajudou a colocar um ponto final nas colônias portuguesas na África. Esses dois fatores proporcionaram as colônias portuguesas de Guiné Bissau, Moçambique, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe a independência.\n\nÁFRICA DO SUL - Com histórico de colonização holandesa e, posteriormente, inglesa, vocês provavelmente sabem que o caso da África do Sul é bastante particular. A independência do país veio junto com a institucionalização de um regime segregacionista - apartheid -, que colocava a maioria da população negra em condições de inferioridade social, econômica e política. Logicamente, o apartheid gerou revolt as de grupos negros, alguns desses com a liderança de Nelson Mandela. Em 1993, após intensa pressão da comunidade internacional, o governo sul-africano aprovou reformas democráticas. Em maio de 1994, após a realização de eleições multilíngues, Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da história do país.\n\nAMÉRICA LATINA - Então, pessoal, agora vamos estudar um pouco sobre a nossa América Latina durante o período de Guerra Fria, principalmente a questão das ditaduras militares. Nesse sentido, é importante vocês saberem que, na América Latina, a Guerra Fria constituiu um instrumento de controle de Washington sobre os governos da região. Ou seja, a região constituía uma zona de influência direta dos EUA e, conforme veremos, Washington não abriu mão de intervir - direta e indiretamente - para assegurar seus interesses (políticos, econômicos, militares, diplomáticos, etc).\n\nDOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL - Como é sabido, os EUA respaldaram os golpes de Estado e, salvo raras exceções conjunturais, apoiaram quase que permanentemente as ditaduras latino-americanas (ajuda econômica, respaldo diplomático, sustentação política e auxílio militar). No aspecto militar e doutrinário, a vinculação de militares latino-americanos ocorreu de forma bastante complexa. Esses militares, que em grande parte haviam recebido treinamento na chamada Escola das Américas no Panamá, tornaram-se adeptos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Essa doutrina enfatizava que o grande inimigo do continente americano era o \"comunismo internacional\", o que exigia o combate aos \"inimigos internos\", através dos meios que fossem necessários.\n\nGOLPES MILITARES - A Revolução Cubana (1959), combinada a fatores como a crise do populismo e a radicalização de movimentos nacionalistas e populares, levou os EUA e as elites nacionais a uma reação em cadeia. Como desfecho, inaugurou-se um período de golpes militares na região, com destaque para o Brasil (1964), Chile (1973), Uruguai (1973) e Argentina (1976).\n\nBRASIL - No Brasil, institutos como IBAD e IPES, que eram parcialmente financiados por recursos estadunidenses, intensificaram as campanhas contra João Goulart e as Reformas de Base. Em 1 de abril de 1964, houve a consumação do golpe civil-militar no Brasil. Sem qualquer tipo de resistência ao golpe, a ditadura militar se instalou em 1964 e durou até o ano de 1985. O períodos de maior repressão política occurreu durante os \"anos de chumbo\", inaugurados pelo AI-5 e intensificados durante o governo Médici (1969-1974).\n\nCHILE - Salvador Allende, democraticamente eleito pela Unidade Popular (UA) em 1970, adotou em seu governo medidas contrárias aos interesses econômicos estrangeiros, como era o caso da nacionalização das minas de cobre. Entre outras razões, o governo de Allende foi constantemente desestabilizado pelos EUA e por setores da elite chilena. Em 11 de setembro de 1973, Allende foi deposto e, em seu lugar, assumiu o general Augusto Pinochet. No campo doméstico, o governo Pinochet adotou medidas de caráter liberal, antepondo posteriormente práticas que ficaram conhecidas como \"cartilha neoliberal\". Assim como outras ditaduras militares na América Latina, o governo Pinochet foi responsável por perseguir, torturar e assassinar milhares de opositores ao regime. Em 1988, após a realização de um plebiscito, a população chilena optou pela volta da democracia no país. URUGUAI - No Uruguai, um golpe de Estado ocorreu sob a justificativa de garantia da segurança nacional, que estaria ameaçada pela ação dos Tupamaros, guerrilha urbana de esquerda. No caso uruguaio, o presidente Juan Maria Bordaberry, com o apoio das forças armadas, efetuou um autopole em 1973, inaugurando uma ditadura civil-militar. Com isso, houve a intensificação da repressão contra os Tupamaros e demais grupos opositores. Em 1984, após negociações entre a ditadura uruguaia e os partidos políticos tradicionais, os militares uruguaios se afastaram do poder, sendo convocadas eleições diretas para o mesmo ano.\n\nARGENTINA - A ditadura militar argentina veio em um golpe de Estado contra Isabela Perón, viúva de Juan Domingo Perón e herdeira do populismo no país. A partir de 1976, os militares argentinos, sob liderança de Jorge Videla, instituíram um regime que ficou conhecido pela guerra suja, notadamente marcada pela perseguição, tortura e desaparecimento de opositores. Economicamente, os militares argentinos não conseguiram solucionar os problemas econômicos do país, especialmente a inflação. Após o fracasso na Guerra das Malvinas (1982), a ditadura argentina convocou eleições para 1983, que deram a vitória para Raúl Alfonsín.\n\nO DECLÍNIO DA URSS E O FIM DA GUERRA FRIA\n\nPessoal, a partir de agora vocês vão entender como e porque a URSS entrou em um processo de declínio a partir da década de 1970. Nesse sentido, mostramos a vocês o desgaste político e econômico do \"socialismo real\" empregado na URSS. A intenção aqui é ilustrar para vocês as razões internas e externas que ул ниаятся еп делении Юниан да Републикас Соцалистас Совьетикс.\n\nDECLÍNIO POLÍTICO - Primeiramente vamos mostrar a vocês o declínio da URSS sob a perspectiva política. Internamente, o regime de partido único e de excessiva centralização burocrática já mostrava sinais de um possível desastre, considerando sobretudo as aspirações por maior liberdade de expressão e manifestação. Externamente, a URSS perdia cada vez mais apoio na Europa Ocidental, ocorria um processo de afastamento das esquerdas em relação a Moscou e, por outro lado, surgia o fenômeno do \"eurocomunismo\"; na Europa Oriental, as aspirações por autonomia cresceram e tinham no Sindicato Solidariedade da Polônia a sua mais evidente faca; na Ásia Central - região que estava sob a influência soviética - a URSS se viu obrigada a ingressar em um desgaste conflito no Afeganistão. Desse modo, a centralização sem um termo do sistema de partido único encontrava desgastes internos, ao passo que estes eram acentuados pelas contradições externas.\n\nDECISÃO ECONÔMICA - Pessoal, vocês precisam ter em mente que, em fins dos anos 1970 e início dos anos 1980, teve início um processo de reestruturação da economia internacional, que passou, em parte por conta das inovações tecnológicas da 3a Revolução Industrial, a se tornar cada vez mais globalizada, dinâmica e, não menos importante, financiarizada. A economia soviética, que ainda arcava com os custos de uma corrida armamentista com os EUA e de uma extensa presença militar no exterior, entrava em um ritmo de estagnação. Além disso, as exportações industriais da URSS passaram a se tornar cada vez menos relevantes, à mesma proporção em que cresciam as exportações de produtos primários (petróleo e gás natural). Isto quer dizer que, além de não crescer, a economia soviética já não era capaz de produzir produtos com alto valor agregado de forma competitiva, perdendo espaço para os países em estágio avançado de desenvolvimento e para aqueles de industrialização recente - como era o caso dos \"Tigres Asiáticos\".\n\nGUERRA DO AFEGANISTÃO - O \"Vietnã soviético\" impôs à URSS uma derrota tão amarga quanto aquela sofrida pelos EUA no sudeste asiático. Em um cenário de estagnação econômica, o exército foi obrigado a intervir em um conflito que não era fácil de ingressar. A emergência dos mujahedins e o envolvimento de países estrangeiros significaram ao exército soviético sucessivas derrotas. Sem condições de restabelecer o domínio no Afeganistão, os soviéticos\n\n\n\n se retiraram do país em 1988, deixando para trás dez anos de conflito e dando um claro indício do esgotamento da URSS.\n\nNOVA ORTODOXIA LIBERAL - A \"Nova Ortodoxia Liberal\" é representada por Margaret Thatcher - eleita em 1979 como primeira-ministra do Reino Unido - e Ronald Reagan, eleito presidente dos EUA em 1980. Nesse sentido, tanto Reagan quanto Thatcher possuíam um acentuado caráter anticomunista, ao mesmo tempo em que promoviam uma agenda econômica neoliberal. De um lado, Reagan aplicou uma política econômica neoliberal, contudo, o privilégio de emitir a moeda de referência internacional (o dólar) permitiu que o mesmo gastasse volumosas somas de dinheiro em sua \"Nova Guerra Fria\", abandonando, de fato, a detente. A \"Dança de Ferro\", por sua vez, executou uma política econômica austera e liberalizante, calcada na redução de impostos para os mais ricos, privatização de empresas estatais, desregulamentação econômica e liberdade dos fluxos financeiros. Em linhas gerais, a \"Nova Ortodoxia Liberal\" endureceu o tom nas relações com a URSS e incansavelmente difundiu a \"cartilha neoliberal\", que estava em consonância com as transformações estruturais na economia mundial.\n\nAS REFORMAS DE GORBACHEV - Mikhail Gorbachev assumiu o comando da URSS em 1984 em um contexto interno e externo desfavorável. Como objetivo de reformar o sistema político e modernizar a economia do país, o líder da URSS lançou mão de duas reformas: a Glasnost e a Perestroika. A Glasnost, que em russo significa \"transparência\", visava introduzir reformas democráticas na URSS. Assim, a Glasnost, Gorbachev buscou promover reformas econômicas sob o que ficou conhecido como Perestroika, que em russo significa \"reconstrução\". Nesse sentido, a Perestroika tinha como objetivo promover uma abertura da economia soviética, introduzindo mecanismos de mercado em uma economia que há décadas era planificada e controlada de forma centralizada.\n\nCHOQUES NA EUROPA ORIENTAL - Pessoal, conforme sinalizado anteriormente, as repúblicas socialistas na Europa Oriental já se encontravam em um processo de distanciamento em relação a Moscou. Em 1989 eclode na Polônia uma greve geral capitaneada pelo Sindicato Solidariedade e com a liderança de Lech Walesa. Depois disto, foi a vez da Tchecoslováquia realizar a sua \"revolução de veludo\", que, além de introduzir reformas políticas e econômicas, dividiu o território do país em República Tcheca e Eslováquia. A \"onda\" de choques se alastrava por toda a Europa Oriental, tendo como ponto culminante, também em 1989, a queda do muro de Berlim. Em resumo, a Glasnost, que entre suas medidas instituiu também o multipartidarismo, suscitava o surgimento de partidos políticos que reivindicavam a autonomia de suas províncias.\n\nO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA - Os comunistas ortodoxos do Partido Comunista reagiram às reformas liberalizadoras introduzidas por Gorbachev, derrubando-o da presidência em 1991. Dias depois, Gorbachev voltaria ao comando. da URSS, em parte por conta da atuação de Boris Yeltsin, que era o presidente da Federação Russa. Os conturbados eventos daquela ano provocaram o aprofundamento dos movimentos por autonomia nas antigas repúblicas soviéticas. Como resultado desse processo, em dezembro de 1991, ocorreu a fragmentação da URSS e a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEE), abrangendo antigas repúblicas da URSS como a Bielorrússia, a Ucrânia e a Armênia. Por fim, Gorbachev, também em dezembro, lançou a desintegração da URSS, o que acabou por levar à Federação Russa, as antigas atribuições da URSS, como é o caso do assento permanente no Conselho de Segurança e a posse do arsenal nuclear. Por fim, agora cabe uma reflexão: com o fim da Guerra Fria, passamos a viver em um mundo \"unipolar\"? Ou, com as mudanças da globalização econômica, notável desenvolvimento econômico asiático e a ascensão dos \"emergentes\", estamos caminhando para um mundo \"multipolar\"? Isto é, com o fim da Guerra Fria, somos para onde? Aonde estamos? Qual caminho estamos trilhando? Enfim, a apostila de História Contemporânea pode ajudar um pouco vocês nesse exercício de reflexão!\n\nPARA SABER MAIS!\n\nLivros:\n\nA Era dos Extremos. Eric Hobsbawm. 1994\n\nO livro \"A Era dos Extremos\", do historiador britânico Eric Hobsbawm, constitui uma importante fonte para analisar o \"Breve Século XX\" (1914-1991). O autor engloba em sua obra uma periodização mais abrangente que a da Guerra Fria, permitindo uma compreensão do período bipolar no que diz respeito ao seu processo de formação.\n\nFilmes e documentários:\n\nPlatoon. Oliver Stone. 1986\n13 dias que abalaram o mundo. Roger Donaldson. 2000\nPonte dos espiões. Steven Spielberg. 2015\nAdeus, Lênin. Wolfgang Becker. 2004.\nA vida dos outros. Florian Henckel von Donnersmarck. 2004\nChe. Steven Soderbergh. 2008. Ghandi. Richard Attenborough. 2012.\nA Batalha de Argel. Gillo Pontecorvo. 1966\nNo. Pablo Larraín. 2012\nO dia que durou 21 anos. Silvio Tavares. 2013\nO poderoso chefão 2. Francis Ford Coppola. 1975\n\nPlatoon é filme clássico que trata sobre um dos mais emblemáticos conflitos da Guerra Fria: a guerra do Vietnã.\n\nO filme 13 dias que abalaram o mundo trata sobre os 13 dias de tensão que marcaram um dos episódios mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis.\n\nO filme Ponte dos Espiões aborda uma questão fundamental presente em todo o período da Guerra Fria, que é a disputa por informações e a prática de espionagem.\n\nAdeus, Lênin é um clássico de filmes sobre Guerra Fria, abordando principalmente questões relacionadas à reunificação da Alemanha e o fim do conflito bipolar.\n\nO filme \"A vida dos outros\" se passa na Alemanha Oriental e tem como tema central a atuação da agência de inteligência e serviço secreto do país - a Stasi.\n\nEm \"Gandhi\", é possível observar como mais detalhes a história de um dos mais importantes líderes pacifistas de todo o século XX.\n\nO documentário intitulado \"A Batalha de Argel\" mostra a guerra de independência travada entre os movimentos de libertação argelinos e o exército francês.\n\nO filme \"Che\" é importante na medida em que retrata a trajetória de um dos líderes da Revolução Cubana, bem como de um ícone da esquerda latino-americana.\n\nO filme \"No\" aborda o tema da redemocratização no Chile, englobando logicamente temas relacionados à ditadura militar chilena.\n\nO documentário \"O dia que durou 21 anos\" aborda o tema da interferência dos EUA no processo que culminou na deflagração do golpe de 1964. O filme \"O poderoso chefão 2\" é uma interessante sugestão, na medida em que mostra o ambiente da Cuba pré-revolução, visivelmente dominado pela máfia e pelos interesses econômicos dos estadunidenses. REFERÊNCIAS\n\nANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 9-23. \n\nARRIGHI, Adam Smith em Pequim. Boitempo Editorial, São Paulo, 2008\n\nCOTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. Editora Saraiva, São Paulo, 2012\n\nBROWN, Archie. Ascensão e Queda do Comunismo. Editora Objetiva, São Paulo, 2011\n\nFUNAG. Manual do Candidato. História Mundial Contemporânea 1776-1991. Brasília, 2012\n\nHOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. Companhia das Letras, 2003\n\nKISSINGER, Henry. Sobre a China. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2011\n\nPADRÓS, Enrique. Conexão repressiva internacional: o Rio Grande do Sul e o Brasil na rota do Condor In: A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2010, Vol. 3, p. 49-81.\n\nSCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa. Brasil: Uma Biografia. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.\n\nVIZENTINI, Paulo Fagundes. História do Século XX. Editora Novo Século. Porto Alegre. 1998\n\nWALLERSTEIN, Immanuel. Após o Liberalismo. Editora Vozes, Petrópolis, 2002
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meSalva!\n\nGUERRA\nFRIA MÓDULOS CONTEMPLADOS\nIGFAL - Introdução à Guerra Fria e Política de Blocos\nCESP - Corrida Espacial e Armamentista\nCGFA - Conflitos da Guerra Fria\nALAT - América Latina\nFGFA - Fim da Guerra Fria\nTAGF - Tópicos avançados em Guerra Fria\nHCGF - Heranças e curiosidades da Guerra Fria\nEXGF - Exercícios de Guerra Fria\n\nCURSO\n\nDISCIPLINA\nCAPÍTULO\nPROFESSORES\nCARLOS RENATO UNGARETTI E NICOLAS QUADROS meSalva!\n\nGUERRA FRIA\n\nFala, galera do Me Salva! A apostila de Guerra Fria tem como objetivo oferecer a vocês uma visão panorâmica a respeito dos principais acontecimentos desse período, que se estendeu desde 1945 até o início da década de 1990. A partir de agora, estudaremos as principais características do conflito bipolar, que, além de ser recheado de tensões, revoluções e conflitos, é marcado pela separação do mundo em dois extremos! Tomara que vocês gostem e passem a entender esse importante período histórico.\n\nINTRODUÇÃO\n\nPessoal, é importante vocês entenderem que a Guerra Fria, mais do que uma disputa por poder e por zonas de influência, também se caracterizou pelo embate ideológico, ou seja, as superpotências, além de competirem sob a perspectiva geopolítica, representavam e difundiam diferentes modelos de organização econômica e social. Nesse sentido, observem o esquema abaixo:\n\nBLOCO CAPITALISTA X BLOCO SOCIALISTA\n\nESTADOS UNIDOS UNIÃO SOVIÉTICA\n\nEconomia de Mercado Economia Planejada\nDemocracia Liberal Partido Único\n\nCONFERÊNCIA DE YALTA - Pessoal, vocês precisam se interar sobre os acordos do pós-guerra, pois estes foram responsáveis por estabelecer a ordem internacional da Guerra Fria. É importante lembrar que, em períodos de pós-guerra, os vencedores, invariavelmente, ditam as regras para a formação da ordem política que virá a se concretizar em seguida. Em fevereiro de 1945, as forças aliadas - EUA, Reino Unido, França e URSS - se reuniram para decidir os rumos da ordem internacional no pós-guerra. Em Yalta, Stalin declarou que os territórios ocupados A URSS E O BLOCO SOCIALISTA ATÉ OS ANOS 1960\n\nPorque a URSS foi a grande vencedora da corrida espacial (e não os EUA). Ver artigo da BBC<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38407916>\n\nCONFERÊNCIA DE POTSDAM - A Conferência, além de impor pesadas multas e restrições militares à Alemanha, determinou que seu território fosse separado em quatro zonas de ocupação: francesa, britânica, estadunidense e soviética. Posteriormente, em 1949, a Alemanha foi dividida em dois países: na parte ocidental, a República Federal Alemã (RFA), capitalista e com capital em Bonn; e, na parte oriental, a República Democrática Alemã (RDA), socialista e com capital em Berlim. Esta última, por sua vez, também foi dividida entre as duas potências. A rápida recuperação econômica que a Alemanha Ocidental obteve, devido aos investimentos dos EUA provocou um enorme fluxo de alemães orientais para o lado ocidental. Visando bloquear esse fluxo, o governo da RDA construiu, em 1961, um muro para separar os dois países, ficando conhecido pelos ocidentais como “muro da vergonha”.\n\nCORRIDA ARMAMENTISTA - Um mês após a Conferência de Potsdam, o presidente Henry Truman utilizou os ataques a Hiroshima e Nagasaki como forma de dissuadir os soviéticos. Essa demonstração de força deu início a uma corrida armamentista entre os EUA e a URSS. Quatro anos depois dos ataques às cidades japonesas, os soviéticos anunciaram que haviam obtido sucesso em seu primeiro teste de explosão atômica.\n\nCRIAÇÃO DA ONU - Outro importante acordo do período do pós-guerra ocorreu em abril de 1945 na cidade de São Francisco. A Conferência de São Francisco deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Ao todo, 51 países assinaram a Carta da ONU, que tinha como princípios: 1) a manutenção da paz e da segurança internacionais; 2) o desenvolvimento das relações amistosas entre as nações e 3) o estímulo à cooperação multilateral. Instituída em 1945, o Conselho de Segurança é a instância de maior autoridade da ONU, possuindo 5 membros permanentes: EUA, França, China, Rússia (antiga URSS) e Reino Unido. Com objetivo máximo de assegurar a paz e a segurança internacionais, o Conselho de Segurança não impediu que os EUA e a URSS começassem a fazer suas primeiras iniciativas no plano internacional.\n\nPLANOS DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA - Em 1947, os EUA lançaram o Plano Marshall, que tinha como finalidade auxiliar as economias europeias em seu processo de recuperação. Desse modo os EUA garantiam a sua preponderância econômica na região e, do ponto de vista estratégico, impediam que os países da Europa Ocidental passassem a orbitar na esfera de influência soviética. A URSS, em como a Bulgária, a Romênia, a Polônia, a Hungria, a Alemanha Oriental, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia e a Albânia. contrapartida, lançou em 1949 o seu projeto de ajuda econômica para a Europa Oriental, conhecido como COMECON.\n\nALIANÇAS MILITARES - Na esfera militar, os EUA criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com o objetivo de garantir a segurança mútua dos seus membros. Em resposta, os soviéticos lideraram a criação do Pacto de Varsóvia (1955), que buscava assegurar a defesa mútua dos países pertencentes ao bloco socialista.\n\nA GUERRA DE INTELIGÊNCIA - Além de lançarem iniciativas econômicas e militares, as superpotências atuavam “por baixo dos panos”, sobretudo através de suas agências de inteligência. Apesar de secretos, o objetivo das operações de inteligência era claro: obter informações sigilosas e se inteirar sobre as condições do inimigo. Do lado dos EUA, a Agência Central de Inteligência (CIA) era a responsável pelas operações de inteligência e espionagem, enquanto que, do lado soviético, o Comitê de Segurança do Estado (KGB) cumpria um papel semelhante.\n\nAS INSTITUIÇÕES DE BRETTON WOODS - Além dos acordos do pós-guerra envolvendo as forças vencedoras da Segunda Guerra, os EUA, como forma de consolidar sua hegemonia no bloco capitalista, conduziram as “Conferências de Bretton Woods”, que definiram as regras para o comércio e para as finanças internacionais. Como resultado, foram criadas as “instituições de Bretton Woods” - Fundo Monetário Internacional (1944) e Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (1944), posteriormente renomeado para Banco Mundial.\n\nGUERRA DA COREIA - Agora daremos um pouco de atenção ao primeiro conflito de proporções internacionais da Guerra Fria, vocês se lembram que, durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses realizaram um forte movimento de expansão no Pacífico? Pois então, com a saída dos japoneses da Segunda Guerra, as forças aliadas ocuparam o território da Coreia e o dividiram em áreas de influência soviética e estadunidense. Em junho de 1950, as tropas da Coreia Norte invadiram o território da Coreia do Sul com a pretensão de reunificar o país sob um regime socialista. Os EUA que possuíam aliados regionais e gozavam de ampla influência política e econômica na Bacia do Pacífico, intervieram diretamente no conflito, contribuindo para que os sul-coreanos retomassem os territórios que haviam sido conquistados pelos norte-coreanos. Após uma série de ofensivas e contraofensivas, ambos os países assinaram um armistício em julho de 1953, restabelecendo o paralelo 38 como fronteira entre as duas Coreias e criando uma zona desmilitarizada que perdura até os dias atuais. A DISPUTA POR NOVAS FRONTEIRAS: A CORRIDA ESPACIAL\n\nConforme dito anteriormente, a Guerra Fria era uma disputa tanto geopolítica quanto ideológica. A corrida espacial, por outro lado, refletia a disputa entre as superpotências pela \"nova fronteira\" (o espaço sideral), ilustrando também uma concorrência por novas tecnologias e prestígio internacional, isto é, as superpotências buscavam provar, através de disputas como a corrida espacial, a sua superioridade e, não menos importante, a validade de seus respectivos regimes políticos e ideológicos.\n\nPIONEIRISMO SOVIÉTICO - A dianteira da corrida espacial coube aos soviéticos, responsáveis por lançar o primeiro satélite artificial ao espaço (Sputnik I). Pouco tempo depois, os soviéticos também foram pioneiros ao enviar o primeiro ser-vivo ao espaço (a bordo do Sputnik II, estava a cadela Laika). O grande feito dos soviéticos, porém, veio anos depois. Em 1961, o programa espacial soviético colocou o primeiro ser humano no espaço, o “cosmonauta” Iuri Gagarin.\n\nA RESPOSTA ESTADUNIDENSE - Em resposta ao sucesso do programa espacial da URSS, o presidente John Kennedy afirmou que os EUA chegariam à Lua ainda na década de 1960, o que de fato aconteceu em 1969. A bordo do Apollo 11, o astronauta Neil Armstrong pronunciou a famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”. Depois disso, os EUA retomarama dianteira da corrida espacial. No entanto, é preciso sublinhar que muitos dos avanços tecnológicos propiciados pelos soviéticos ainda são importantes e, em sua essência, utilizados até os dias atuais. A partir de agora, vocês terão contato com conteúdos relacionados à URSS e ao bloco socialista até os anos 1960.\n\nRECUPERAÇÃO ECONÔMICA - Com o fim da Segunda Guerra, a URSS necessitava se recuperar economicamente, tendo em vista a destruição causada pela guerra. Nesse sentido, Stalin lançou mão de dois planos quinquenais (1946-1955), que tinham como objetivo \"recuperar a economia soviética e estimular a produção industrial de bens de consumo. De modo geral, os planos cumpriram seus objetivos, aumentando a produção industrial e, por consequência, também a sensação de bem-estar na população. Logicamente, vocês imaginam que, tanto do lado da URSS quanto do lado dos EUA, as aparências de prosperidade eram reforçadas pela propaganda político-ideológica.\n\nCULTO À PERSONALIDADE - O prestígio adquirido por Stalin na guerra contra os nazistas contribuiu para o mesmo centralizasse o poder político da URSS. O culto à personalidade, neste sentido, foi um elemento bastante explorado por Stalin e pela propaganda soviética. A concentração de poder em torno de Stalin era奋斗 e sua autoridade de governar, o que se evidencia no envio de opositores para os \"gulags\", que eram campos de trabalho forçado em territórios longínquos da URSS - como a Sibéria.\n\nKRUSCHEV: DESESTALINIZAÇÃO E COEXISTÊNCIA PACÍFICA - Em 1953, após a morte de Stalin, Nikita Kruschev assumiu a liderança da URSS, governando entre 1953 e 1964. Internamente, Kruschev denunciou o \"terror stalinista\", passando a implementar uma política de \"desestaliniz ação\". Extremamente, Kruschev iniciou uma política de \"coexistência pacífica\", flexibilizando as relações com os EUA e adotando uma abordagem mais diplomática nas relações internacionais.\n\nDIVERGÊNCIAS NO BLOCO SOCIALISTA: Em 1956 e 1968, ocorreram dois movimentos contrários ao domínio soviético na Europa Oriental, respectivamente na Hungria e na Tchecoslováquia. Em 1956, um movimento liderado por estudantes e apoiado por oficiais do exército húngaro reivindicava reformas no socialismo praticado no país, de modo a reduzir o seu caráter autoritário. A Primavera de Praga (1968), por sua vez, defendia a democratização do socialismo na Tchecoslováquia. Contudo, ambos os movimentos foram duramente reprimidos pelas tropas do Pacto de Varsóvia.\n\nIUGOSLÁVIA - O caso da Iugoslávia é bastante particular quando estudamos o bloco socialista. Devido à limitada participação do Exército Vermelho na luta contra os nazistas, a Iugoslávia trilhou um caminho autônomo no interior do bloco socialista, chegando inclusive a romper com Moscou em 1948. Com a liderança do Marechal Tito, a Iugoslávia se relacionou com países ocidentais e articulou alianças no Terceiro Mundo.\n\nCHINA: A REVOLUÇÃO À ABERTURA\n\nPessoal, a partir de agora vocês irão estudar um pouco sobre o socialismo no país mais populoso do mundo.\n\nGUERRA CIVIL - A partir de 1930, dois grupos rivais entraram em uma guerra civil no interior da República que havia se instalado na China em 1911. De um lado estavam os nacionalistas do Kuomintang (KMT), liderados por Chiang Kai-shek; do outro lado estavam os comunistas do Partido Comunista Chinês (PCch), liderados por Mao-Tsé Tung. Com a invasão japonesa em 1937, ambos os grupos realizaram uma aliança militar temporária, tendo em vista o objetivo comum de expulsar os invasores estrangeiros. Após a derrota japonesa em 1945, o conflito entre nacionalistas e comunistas foi retomado. Através do suporte das massas camponesas, Mao-Tsé Tung protagonizou a chamada \"Grande Marcha\", culminando com a vitória dos comunistas em maio de 1949. Os nacionalistas refugiaram-se na Ilha de Formosa (Taiwan), fundando a República da China. A partir continental da China passou a se chamar República Popular da China (RPC). É importante ressaltar que a China estava inserida em um ambiente regional novamente marcado pela influência dos EUA e de seus aliados - como o Japão e a Coreia do Sul - o que dificultou ainda mais a instalação e a consolidação de um regime comunista na China. Por fim, apenas para ilustrar a influência dos EUA na Ásia, em 1954 os mesmos criaram, em conjunto com seus aliados regionais, a Organização do Tratado do Sudeste Asiático (OTASE), que representava uma \"OTAN\" dos países asiáticos. COMUNISMO CHINÊS - Em um primeiro momento, a RPC se aproximou da URSS, simbolizado na assinatura de um tratado de amizade, aliança militar e assistência mútua em 1950. Entre outros fatores, as políticas de \"desestaliniziação\" e \"coexistência pacífica\" adotadas por Kruschev afastaram gradativamente a RPC da URSS, culminando no posterior rompimento sino-soviético. Na década de 1960, a RPC fabricou sua primeira bomba atômica, o que era visto pelos líderes chineses como indispensável para a autonomia, independência e segurança do país.\n\nGRANDE SALTO PARA FRENTE - Como forma de dar novo impacto ao plano quinquenal estabelecido em 1953, o PCch planejou a realização de um plano econômico denominado como \"Grande Salto para a Frente\". O plano pretendia industrializar e reduzir a dependência chinesa do mercado internacional, deixou muito a desejar. Na realidade, vocês precisam saber que o plano foi redundante e fracassou, resultando em estagnação econômica, desnutrição e fome.\n\nREVOLUÇÃO CULTURAL - Após o fracasso do \"Grande Salto para Frente\", Mao-Tsé Tung buscou reafirmar sua autoridade. Com o objetivo de revitalizar o espírito revolucionário chinês, a Revolução Cultural adquiriu feições bastante autoritárias. Nesta perspectiva, vocês precisam saber que o período e o mercado pela repressão aos adversários políticos de Mao, bem como pela perseguição daqueles que supostamente possuíam uma postura \"burguesa\" ou \"contrarrevolucionária\".\n\nDENG XIAOPING E A ABERTURA ECONÔMICA - Após a morte de Mao em 1976, o PCch passou por importantes mudanças. Em primeiro lugar, os membros mais ortodoxos do partido foram afastados e, em alguns casos, julgados pelos excessos cometidos durante a Revolução Cultural. Em segundo lugar, o novo líder da RPC, Deng Xiaoping, passou a enfatizar que o foco da China não deveria ser o combate à cultura ocidental e burguesa, mas a integração econômica do país no mercado internacional. Somente assim, argumentava Deng, a China conseguiria desenvolver sua economia e conservar a Revolução de 1949. A RPC passou a introduzir mecanismos de mercado, autorizar a iniciativa privada na agricultura e abrir o país ao comércio e aos investimentos estrangeiros. De forma equilibrada, planejada, acima de tudo, regulamentada, a abertura econômica chinesa levou ao aumento da produção interna, das exportações e do crescimento econômico. Atualmente, as autoridades do PCch, que ainda dominam o sistema político do país, sublinham que o processo de abertura da economia inaugurou o \"socialismo com características chinesas\". OS EUA E O BLOCO CAPITALISTA ATÉ OS ANOS 1960\nDepois de estudar a URSS, a China e o bloco socialista, agora vocês vão ter contato com os conteúdos relacionados aos EUA e o bloco capitalista até a década de 1960. Vejam que, inclusive aqui nos nossos estudos, apresentamos os blocos capitalista e socialista de modo separado, agora tentem imaginar a força que essa dualidade representava no período em questão!\n\nDOCTRINA TRUMAN - Essa doutrina pretendia impor uma posição mais rígida dos EUA no plano internacional. Conforme visto, o Plano Marshall ofereceu auxílio econômico para os países da Europa Ocidental enquanto que a criação da OTAN cumpria o papel de assegurar a segurança militar desses países.\n\nMACARTISMO - O governo Truman, internamente, aprofundou as políticas de combate ao comunismo. Com o apoio do senador McCarthy, se instaurou nos EUA um clima de \"caça às bruxas\" - ou \"macartismo\". Anti-comunista fervoroso, McCarthy instalou uma série de inquéritos contra supostos simpatizantes do socialismo, atingindo principalmente artistas, intelectuais, cientistas e imigrantes.\n\nEUROPA OCIDENTAL - Durante os anos 1950, ocorreram os primeiros arranjos de integração europeia, com destaque para a assinatura de um acordo de cooperação comercial entre a Bélgica, a Holanda e Luxemburgo, conhecido como BENELUX. Posteriormente, em 1951, Alemanha, Itália e França se juntaram a esses países, dando origem à Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Como ampliação da CECA, o Tratado de Roma (1957) instituiu a Comunidade Econômica Europeia (CEE), até hoje tida como o \"embrião\" da atual UE. Por fim, esse processo reflete a recuperação econômica da Europa Ocidental, que provavelmente não seria possível sem a ajuda financeira do Plano Marshall.\n\nKENNEDY - Em 1960, os EUA elegeram um presidente que vocês muito provavelmente já ouviram falar, o democrata John Kennedy. Assassinado em 1963 em visita à cidade de Dallas, Kennedy foi responsável por conduzir assuntos delicados na política interna dos EUA, como era o caso dos direitos civis da população negra nos estados sulistas. Externamente, o governo Kennedy teve de lidar com os desdobramentos da Revolução Cubana (1959), bem como da crise dos mísseis (1962).\n\nA CRISE DOS MÍSSEIS E O AGRAVAMENTO DAS TENSÕES\nPessoal, dando continuidade ao capítulo anterior, estudaremos agora a chamada \"crise dos mísseis\", que ocorreu justamente durante a gestão do presidente Kennedy.\n\nA REVOLUÇÃO CUBANA (1959) - Liderada pelos irmãos Castro e pelo guerrilheiro Ernesto \"Che\" Guevara, esta revolução conseguiu derrubar o ditador Fulgêncio Batista, que desde 1933 governava com o apoio dos EUA. A Revolução, apesar de inicialmente não ser socialista, era nutrida por sentimentos nacionalistas e anti-americanos, principalmente por conta da influência que os EUA possuíam sobre Cuba desde a sua independência. De modo mais específico, Cuba poderia ser descrita como uma \"colônia-de-férias\" para os estadunidenses, que aproveitavam a infraestrutura voltada ao turismo (cassinos, hotéis, boates, etc), enquanto a maioria da população cubana vivia em condições precárias e sofria com a miséria. Fechado esse parêntesis, o presidente Kennedy, ao notar que o regime instalado em Cuba era avesso aos interesses dos EUA, passou a formular políticas para isolar e derrubar o governo cubano, como foi o caso da chamada Aliança para o Progresso.\n\nINVASÃO DA BAÍA DOS PORCOS - Vocês devem imaginar que os EUA não deixariam \"barato\" a instalação de um governo avesso aos seus interesses logo em seu \"quintal\". Após financiar e treinar cerca de mil exilados cubanos, essas tropas desembarcaram na Baía dos Porcos com o objetivo de depor Fidel Castro. Sem muitas dificuldades, os exilados foram derrotados. Sem sossegar, os EUA conseguiram excluir Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA), assim como impor um rígido embargo econômico.\n\nCRISE DOS MÍSSEIS - O que vocês imaginam que Cuba fez após esses desafios com os EUA? Isso mesmo, se aproximou da URSS e do bloco socialista. Essa aproximação tornou-se evidente em 1962, quando informações da inteligência dos EUA comprovaram que os soviéticos estavam instalando plataformas de lançamento de mísseis em Cuba. Em resposta, a Marinha dos EUA realizou um bloqueio naval ao redor da ilha com o intuito de evitar a chegada das embarcações soviéticas. Após 13 dias de muita tensão, os diplomatas soviéticos e estadunidenses chegaram a um acordo: a URSS retiraria os mísseis de Cuba e, em contrapartida, os EUA também retirariam os mísseis que haviam sido anteriormente instalados em território turco.\n\nGUERRA DO VIETNÃ - Depois de esfriar em Cuba, a Guerra Fria começou a esquentar em Ásia. Ainda durante o governo Kennedy, os EUA passaram a intervir em um conflito que daria muito trabalho para as forças armadas do país: a Guerra do Vietnã. Separado por zonas de influência - ao norte com orientação socialista e ao sul com apoio dos EUA - os \"vietcongues\" iniciaram um processo de invasão da porção sul do país, com o objetivo de reunificar o Vietnã. O governo de Kennedy - Lyndon Johnson (1963-1968) - intensificou a participação dos EUA no conflito, que chegou a contar com a participação de meio milhão de soldados e o crescente número de mortes, principalmente de jovens, que indignados com a situação dos movimentos pacifistas cresceram na mesma proporção em que a situação atrolava no conflito. Apesar da superioridade militar, os EUA enfrentaram grandes dificuldades em lidar com as táticas de guerrilha dos vietcongues. Aos sucessivos reveses, os EUA retiraram suas tropas em 1973, após dois anos antes do fim do conflito. A DISTENSÃO DOS ANOS 1970\nA partir de agora, vocês terão contato com aspectos relacionados ao período conhecido como détente, que significa \"distensão\" ou, se preferirem, redução das tensões entre as superpotências da Guerra Fria. Contudo, a despeito dessa \"distensão\" entre as superpotências, a década de 1970 é notavelmente marcada pela ativa interferência dos EUA em seu \"quintal geopolítico\", isto é, a América Latina.\n\nANTECEDENTES - Ambas as superpotências, bem como seus respectivos blocos, passaram por períodos de turbulência durante os anos 1960. No campo socialista, Kruschev, após sucessivos reveses diplomáticos, foi deposto, assumindo em seu lugar Leonid Brejnev - reconhecidamente ligado à facção \"linha-dura\" do partido comunista. A repressão ao movimento conhecido como \"Primavera de Praga\" (1968) e o aprofundamento do rompimento sino-soviético demonstraram um pouco as ações de Brejnev no plano internacional. No bloco capitalista, cresceram sobressaltos nos EUA - os movimentos pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã, enquanto que na Europa floresciam movimentos estudantis que contestavam valores apreciados pelo bloco capitalista, com destaque os movimentos de maio de 1968 na França.\n\nDETENTE - As eleições de 1968 colocaram Richard Nixon na frente da presidência dos EUA. A partir de então, Nixon passou a desenvolver uma abordagem mais diplomática com a URSS e o bloco socialista. Em 1971, por exemplo, os EUA se aproximam da China de Mao, principalmente ao reconhecerem a RPC como a legítima portadora do assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em 1974, ademais, os EUA e a URSS assinam o acordo SALT I, que possuía no controle de armamentos estratégicos o seu principal objetivo. Após liderar essa política de \"distensão\" em parceria com seu conselheiro Henry Kissinger, Nixon foi obrigado a renunciar após a divulgação do escândalo de Watergate.\n\nGUERRA DO YOM KIPPUR - O conflito árabe-israelense, que representa uma constante no período da Guerra Fria, teve na Guerra do Yom Kippur um desdobramento mais amplo. Após a derrota dos países árabes contra Israel, os mesmos se cartelizaram e formaram a Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP). A OPEP, em retaliação, aumentou substancialmente os preços do barril do petróleo, tendo implicações negativas para grande parte do bloco capitalista. Assim, a crise econômica, que já dava indícios antes da \"crise do petróleo\", passou por um processo de intensificação. O TERCEIRO MUNDO E A AMÉRICA LATINA NA GUERRA FRIA\nPessoal, depois de observar os blocos capitalista e socialista na Guerra Fria, o que vocês acham de estudar os principais aspectos da América Latina e do Terceiro Mundo na Guerra Fria?\n\nPRIMEIRO MUNDO E SEGUNDO MUNDO - Para vocês entenderem o \"Terceiro Mundo\", é preciso conceituar o que seriam o \"Primeiro-Mundo\" e o \"Segundo-Mundo\". Na Guerra Fria, os países de \"Primeiro-Mundo\" eram aqueles em estágio avançado de desenvolvimento - os países da América do Norte (EUA e Canadá) e da Europa Ocidental, bem como a Austrália e a Nova Zelândia. Os países de \"Segundo-Mundo\" eram aqueles pertencentes ao bloco socialista, como a URSS, entre outros.\n\nTERCEIRO MUNDO - Na Guerra Fria, o Terceiro-Mundo englobavam um vasto número de países, abrangendo países na África, Ásia e América Latina. O\n\nA partir do final dos anos 1960 e início da década de 1970 ocorre o que muitos especialistas chamam de \"crise do modelo fordista-keynesiano\". Por inúmeras razões, os \"anos dourados\" do capitalismo nas décadas de 1950 e 1960 chegaram ao seu limite na década de 1970.\n\nA nomenclatura \"Terceiro-Mundo\" acaba sendo utilizada para diferenciar os países pobres dos países ricos. No entanto, atualmente é mais comum utilizarmos o conceito de subdesenvolvimento seria um elemento comum a quase todos esses países, ao mesmo tempo em que, no caso dos países africanos e asiáticos, a descolonização recente também constituiu uma herança compartilhada. Por essa razão, é indispensável analisarmos aspectos referentes a esse processo, que se iniciou no período do pós-guerra.\n\nCAUSAS DA DESCOLONIZAÇÃO - Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as antigas potências coloniais já não possuíam condições econômicas e militares de manterem suas posses coloniais. Além disso, a conjunctura da Guerra Fria acelerou a descolonização, tendo em vista que ambas as superpotências apoiavam os movimentos pela descolonização. A criação da ONU e a promoção da autodeterminação dos povos também contribuíram para o processo de descolonização. Por fim, é importante sublinhar para vocês que, ao estudarmos o processo de descolonização, passamos a entender um pouco a situação de dependência econômica, fragilidade institucional e caos social que atualmente impera em parte dos países que conquistaram suas independências nesse período.\n\nMODELOS DE INDEPENDÊNCIA - Pessoal, vocês precisam ter em mente que os processos de independências ocorreram, basicamente, por duas vias: a primeira é a negociada com a metrópole e a segunda é a ruptura violenta e conflitiva.\n\nDESCOLONIZAÇÃO NA ÁSIA - O período do pós-guerra teve grande impacto no processo de descolonização asiático. Entre 1943 e 1979, a independência política se tornou realidade para 27 países asiáticos. Em muitos desses, o processo de independência foi violento e, não raro, contou com a participação direta e indireta - dos EUA e da URSS, que buscavam ampliar suas zonas de influência no plano mundial. Dito isso, vocês agora verão os mais relevantes processos de independência na porção sul e oriental do continente asiático, com destaque para a independência da Índia (1947), da Indonésia (1949) e da antiga Indochina francesa (1954).\n\nÍNDIA - Localizada na Ásia Meridional, a Índia por muito tempo foi considerada como a \"Joia da Coroa\" do Império Britânico, que desde o século XIX havia incorporado a região aos seus domínios. Os indianos, em sua ampla diversidade cultural e religiosa, vinham impondo às autoridades inglesas uma série \"pais em desenvolvimento\" para classificar esse grande grupo de países, que representa cerca de 75% dos países do mundo.\n\nAlém desses, é importante mencionar os processos de independência na Malásia, Filipinas e Birmânia.\n\nA grandeza do território indiano, a riqueza de seus recursos e um amplo mercado consumidor para os produtos britânicos acabou credenciado a Índia a receber o título de \"Joia da Coroa\". de resistências desde o final do século XIX. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, esse quadro se acentuou ainda mais, possibilitando a emergência da figura de Mahatma Gandhi, líder pacifista que desempenhou um papel central na Independência da Índia. Havia, porém, outros movimentos contrários ao domínio colonial, como era o caso da Liga Muçulmana, fundada em 1905. Os britânicos, explorando esses conflitos internos, acabaram por dividir território em República da Índia de maioria hindu - e República do Paquistão (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana. Em 1971, após um violento conflito, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental e passou a ser conhecido como Bangladesh. É importante salientar que, em 1948, também houve, na região do subcontinente indiano, a independência do Sri Lanka, antigo Ceilão.\n\nINDOCHINA FRANCESA - Além da Índia, vocês precisam saber que a independência da Indochina foi um importante momento na desconcolonização asiática, sobretudo por conta de seus desdobramentos. A região, que desde 1860 era controlada pelos franceses, foi ocupada pelos japoneses durante a Segunda Guerra. Com o fim da guerra, os franceses tentaram retomar suas colônias, porém, encontraram na região a resistência de movimentos nacionalistas. Escolhi, então, a Guerra da Indochina (1946-1954), que chegou ao fim apenas com a assinatura de um acordo internacional, o qual dividiu o seu território em três países independentes: Laos, Camboja e Vietnã.\n\nVIETNÃ - Vietnã, porém, ficaria temporariamente dividido em duas porções. O acordo assinado em Genebra previa a realização de eleições gerais destinadas à reunificação do país, mas esse processo ficou inviabilizado por conta da política de hostilidade promovida pelo governo do Vietnã do Sul. Considerando esse impasse, a Frente de Libertação Nacional (FLN), fundada em 1960, passou a atuar no Vietnã do Sul com o objetivo reunificar o país em regime socialista. Iniciaram-se, assim, os conflitos no Vietnã, que desde 1964 passou a contar com a ativa participação dos EUA. Em 1975, ocorreu a reunificação do país, que passou a se chamar República Socialista do Vietnã.\n\nINDONÉSIA - Além desses processos de desconcolonização, é preciso destacar a independência da Indonésia (1949), antiga colônia holandesa. Após quatro anos de guerra (1945-1949), a Indonésia, sob liderança de Ahmed Sukarno, conquistou oficialmente sua independência. Conforme vemos, a independência da Indonésia é relevante por conta da participação de Sukarno para o Movimento dos Não-Alinhados.\n\nCONFERÊNCIA DE BANDUNG - Reunindo 29 países afro-asiáticos, o documento final da Conferência destacava 4 pontos principais: 1) defesa da emancipação dos territórios ainda dependentes; 2) rejeição da divisão internacional em blocos socialista e capitalista; 3) condenação do racismo e da corrida armamentista; 4) proclamação do direito de autodeterminação.\n\nMOVIMENTO DOS NÃO-ALINHADOS - Anos após a Conferência de Bandung (1955), aconteceu a Primeira Conferência dos Países Não-Alinhados (1961) na Iugoslávia. A Conferência convergia com a perspectiva de Tito, líder político da Iugoslávia, de buscar uma terceira via nas relações internacionais. Entre as figuras de maior destaque na Conferência, é possível citar: Nasser (Egito), Sukarno (Indonésia) e Nehru (Índia).\n\nNORTE DA ÁFRICA (MAGREB) - Agora estudaremos a descolonização do Norte da África. No Egito, a presença semicolonial suscita o fortalecimento de movimentos antibritanicos, levando à queda do rei Faruk através de um golpe militar (1952). Assumida, então, Gamal Abdel Nasser, um dos principais ícones do nacionalismo árabe e do pan-arabismo. Manifestações de cunho anti-colonial também aconteceram nas colônias francesas da Tunísia, do Marrocos e da Argélia. Os dois primeiros conquistaram sua independência perante a França (1956), no caso argelino, a metrópole resistiu à desconcolonização. Sem aprender nada com os conflitos na Indochina, os franceses entraram em uma guerra com os movimentos de liberação nacional, estendendo-se de 1954 até 1962.\n\nÁFRICA NEGRA (OU SUBSAARIANA) - O desgaste ocasionado pela guerra na Argélia provocou um movimento de antecipação por parte das potências europeias, que começaram a buscar formas pacíficas de independência para os países da África Negra ou África subsaariana. Em 1960 - o \"ano africano\", 15 países adquiriram o status de independentes. Entre 1961 e 1966, outros nove países tornaram-se independentes, seguindo o modelo pacífico de independências.\n\nÁFRICA AUSTRAL - Vocês devem ter notado que ainda restam as colônias portuguesas na África Austral, de onde surgiram movimentos de luta armada, como em Guiné Bissau, Moçambique e Angola. Além das lutas pela independência, a queda do regime salazarista, que veio com a Revolução dos Cravos (1974), ajudou a colocar um ponto final nas colônias portuguesas na África. Esses dois fatores proporcionaram as colônias portuguesas de Guiné Bissau, Moçambique, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe a independência.\n\nÁFRICA DO SUL - Com histórico de colonização holandesa e, posteriormente, inglesa, vocês provavelmente sabem que o caso da África do Sul é bastante particular. A independência do país veio junto com a institucionalização de um regime segregacionista - apartheid -, que colocava a maioria da população negra em condições de inferioridade social, econômica e política. Logicamente, o apartheid gerou revolt as de grupos negros, alguns desses com a liderança de Nelson Mandela. Em 1993, após intensa pressão da comunidade internacional, o governo sul-africano aprovou reformas democráticas. Em maio de 1994, após a realização de eleições multilíngues, Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da história do país.\n\nAMÉRICA LATINA - Então, pessoal, agora vamos estudar um pouco sobre a nossa América Latina durante o período de Guerra Fria, principalmente a questão das ditaduras militares. Nesse sentido, é importante vocês saberem que, na América Latina, a Guerra Fria constituiu um instrumento de controle de Washington sobre os governos da região. Ou seja, a região constituía uma zona de influência direta dos EUA e, conforme veremos, Washington não abriu mão de intervir - direta e indiretamente - para assegurar seus interesses (políticos, econômicos, militares, diplomáticos, etc).\n\nDOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL - Como é sabido, os EUA respaldaram os golpes de Estado e, salvo raras exceções conjunturais, apoiaram quase que permanentemente as ditaduras latino-americanas (ajuda econômica, respaldo diplomático, sustentação política e auxílio militar). No aspecto militar e doutrinário, a vinculação de militares latino-americanos ocorreu de forma bastante complexa. Esses militares, que em grande parte haviam recebido treinamento na chamada Escola das Américas no Panamá, tornaram-se adeptos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Essa doutrina enfatizava que o grande inimigo do continente americano era o \"comunismo internacional\", o que exigia o combate aos \"inimigos internos\", através dos meios que fossem necessários.\n\nGOLPES MILITARES - A Revolução Cubana (1959), combinada a fatores como a crise do populismo e a radicalização de movimentos nacionalistas e populares, levou os EUA e as elites nacionais a uma reação em cadeia. Como desfecho, inaugurou-se um período de golpes militares na região, com destaque para o Brasil (1964), Chile (1973), Uruguai (1973) e Argentina (1976).\n\nBRASIL - No Brasil, institutos como IBAD e IPES, que eram parcialmente financiados por recursos estadunidenses, intensificaram as campanhas contra João Goulart e as Reformas de Base. Em 1 de abril de 1964, houve a consumação do golpe civil-militar no Brasil. Sem qualquer tipo de resistência ao golpe, a ditadura militar se instalou em 1964 e durou até o ano de 1985. O períodos de maior repressão política occurreu durante os \"anos de chumbo\", inaugurados pelo AI-5 e intensificados durante o governo Médici (1969-1974).\n\nCHILE - Salvador Allende, democraticamente eleito pela Unidade Popular (UA) em 1970, adotou em seu governo medidas contrárias aos interesses econômicos estrangeiros, como era o caso da nacionalização das minas de cobre. Entre outras razões, o governo de Allende foi constantemente desestabilizado pelos EUA e por setores da elite chilena. Em 11 de setembro de 1973, Allende foi deposto e, em seu lugar, assumiu o general Augusto Pinochet. No campo doméstico, o governo Pinochet adotou medidas de caráter liberal, antepondo posteriormente práticas que ficaram conhecidas como \"cartilha neoliberal\". Assim como outras ditaduras militares na América Latina, o governo Pinochet foi responsável por perseguir, torturar e assassinar milhares de opositores ao regime. Em 1988, após a realização de um plebiscito, a população chilena optou pela volta da democracia no país. URUGUAI - No Uruguai, um golpe de Estado ocorreu sob a justificativa de garantia da segurança nacional, que estaria ameaçada pela ação dos Tupamaros, guerrilha urbana de esquerda. No caso uruguaio, o presidente Juan Maria Bordaberry, com o apoio das forças armadas, efetuou um autopole em 1973, inaugurando uma ditadura civil-militar. Com isso, houve a intensificação da repressão contra os Tupamaros e demais grupos opositores. Em 1984, após negociações entre a ditadura uruguaia e os partidos políticos tradicionais, os militares uruguaios se afastaram do poder, sendo convocadas eleições diretas para o mesmo ano.\n\nARGENTINA - A ditadura militar argentina veio em um golpe de Estado contra Isabela Perón, viúva de Juan Domingo Perón e herdeira do populismo no país. A partir de 1976, os militares argentinos, sob liderança de Jorge Videla, instituíram um regime que ficou conhecido pela guerra suja, notadamente marcada pela perseguição, tortura e desaparecimento de opositores. Economicamente, os militares argentinos não conseguiram solucionar os problemas econômicos do país, especialmente a inflação. Após o fracasso na Guerra das Malvinas (1982), a ditadura argentina convocou eleições para 1983, que deram a vitória para Raúl Alfonsín.\n\nO DECLÍNIO DA URSS E O FIM DA GUERRA FRIA\n\nPessoal, a partir de agora vocês vão entender como e porque a URSS entrou em um processo de declínio a partir da década de 1970. Nesse sentido, mostramos a vocês o desgaste político e econômico do \"socialismo real\" empregado na URSS. A intenção aqui é ilustrar para vocês as razões internas e externas que ул ниаятся еп делении Юниан да Републикас Соцалистас Совьетикс.\n\nDECLÍNIO POLÍTICO - Primeiramente vamos mostrar a vocês o declínio da URSS sob a perspectiva política. Internamente, o regime de partido único e de excessiva centralização burocrática já mostrava sinais de um possível desastre, considerando sobretudo as aspirações por maior liberdade de expressão e manifestação. Externamente, a URSS perdia cada vez mais apoio na Europa Ocidental, ocorria um processo de afastamento das esquerdas em relação a Moscou e, por outro lado, surgia o fenômeno do \"eurocomunismo\"; na Europa Oriental, as aspirações por autonomia cresceram e tinham no Sindicato Solidariedade da Polônia a sua mais evidente faca; na Ásia Central - região que estava sob a influência soviética - a URSS se viu obrigada a ingressar em um desgaste conflito no Afeganistão. Desse modo, a centralização sem um termo do sistema de partido único encontrava desgastes internos, ao passo que estes eram acentuados pelas contradições externas.\n\nDECISÃO ECONÔMICA - Pessoal, vocês precisam ter em mente que, em fins dos anos 1970 e início dos anos 1980, teve início um processo de reestruturação da economia internacional, que passou, em parte por conta das inovações tecnológicas da 3a Revolução Industrial, a se tornar cada vez mais globalizada, dinâmica e, não menos importante, financiarizada. A economia soviética, que ainda arcava com os custos de uma corrida armamentista com os EUA e de uma extensa presença militar no exterior, entrava em um ritmo de estagnação. Além disso, as exportações industriais da URSS passaram a se tornar cada vez menos relevantes, à mesma proporção em que cresciam as exportações de produtos primários (petróleo e gás natural). Isto quer dizer que, além de não crescer, a economia soviética já não era capaz de produzir produtos com alto valor agregado de forma competitiva, perdendo espaço para os países em estágio avançado de desenvolvimento e para aqueles de industrialização recente - como era o caso dos \"Tigres Asiáticos\".\n\nGUERRA DO AFEGANISTÃO - O \"Vietnã soviético\" impôs à URSS uma derrota tão amarga quanto aquela sofrida pelos EUA no sudeste asiático. Em um cenário de estagnação econômica, o exército foi obrigado a intervir em um conflito que não era fácil de ingressar. A emergência dos mujahedins e o envolvimento de países estrangeiros significaram ao exército soviético sucessivas derrotas. Sem condições de restabelecer o domínio no Afeganistão, os soviéticos\n\n\n\n se retiraram do país em 1988, deixando para trás dez anos de conflito e dando um claro indício do esgotamento da URSS.\n\nNOVA ORTODOXIA LIBERAL - A \"Nova Ortodoxia Liberal\" é representada por Margaret Thatcher - eleita em 1979 como primeira-ministra do Reino Unido - e Ronald Reagan, eleito presidente dos EUA em 1980. Nesse sentido, tanto Reagan quanto Thatcher possuíam um acentuado caráter anticomunista, ao mesmo tempo em que promoviam uma agenda econômica neoliberal. De um lado, Reagan aplicou uma política econômica neoliberal, contudo, o privilégio de emitir a moeda de referência internacional (o dólar) permitiu que o mesmo gastasse volumosas somas de dinheiro em sua \"Nova Guerra Fria\", abandonando, de fato, a detente. A \"Dança de Ferro\", por sua vez, executou uma política econômica austera e liberalizante, calcada na redução de impostos para os mais ricos, privatização de empresas estatais, desregulamentação econômica e liberdade dos fluxos financeiros. Em linhas gerais, a \"Nova Ortodoxia Liberal\" endureceu o tom nas relações com a URSS e incansavelmente difundiu a \"cartilha neoliberal\", que estava em consonância com as transformações estruturais na economia mundial.\n\nAS REFORMAS DE GORBACHEV - Mikhail Gorbachev assumiu o comando da URSS em 1984 em um contexto interno e externo desfavorável. Como objetivo de reformar o sistema político e modernizar a economia do país, o líder da URSS lançou mão de duas reformas: a Glasnost e a Perestroika. A Glasnost, que em russo significa \"transparência\", visava introduzir reformas democráticas na URSS. Assim, a Glasnost, Gorbachev buscou promover reformas econômicas sob o que ficou conhecido como Perestroika, que em russo significa \"reconstrução\". Nesse sentido, a Perestroika tinha como objetivo promover uma abertura da economia soviética, introduzindo mecanismos de mercado em uma economia que há décadas era planificada e controlada de forma centralizada.\n\nCHOQUES NA EUROPA ORIENTAL - Pessoal, conforme sinalizado anteriormente, as repúblicas socialistas na Europa Oriental já se encontravam em um processo de distanciamento em relação a Moscou. Em 1989 eclode na Polônia uma greve geral capitaneada pelo Sindicato Solidariedade e com a liderança de Lech Walesa. Depois disto, foi a vez da Tchecoslováquia realizar a sua \"revolução de veludo\", que, além de introduzir reformas políticas e econômicas, dividiu o território do país em República Tcheca e Eslováquia. A \"onda\" de choques se alastrava por toda a Europa Oriental, tendo como ponto culminante, também em 1989, a queda do muro de Berlim. Em resumo, a Glasnost, que entre suas medidas instituiu também o multipartidarismo, suscitava o surgimento de partidos políticos que reivindicavam a autonomia de suas províncias.\n\nO FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA - Os comunistas ortodoxos do Partido Comunista reagiram às reformas liberalizadoras introduzidas por Gorbachev, derrubando-o da presidência em 1991. Dias depois, Gorbachev voltaria ao comando. da URSS, em parte por conta da atuação de Boris Yeltsin, que era o presidente da Federação Russa. Os conturbados eventos daquela ano provocaram o aprofundamento dos movimentos por autonomia nas antigas repúblicas soviéticas. Como resultado desse processo, em dezembro de 1991, ocorreu a fragmentação da URSS e a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEE), abrangendo antigas repúblicas da URSS como a Bielorrússia, a Ucrânia e a Armênia. Por fim, Gorbachev, também em dezembro, lançou a desintegração da URSS, o que acabou por levar à Federação Russa, as antigas atribuições da URSS, como é o caso do assento permanente no Conselho de Segurança e a posse do arsenal nuclear. Por fim, agora cabe uma reflexão: com o fim da Guerra Fria, passamos a viver em um mundo \"unipolar\"? Ou, com as mudanças da globalização econômica, notável desenvolvimento econômico asiático e a ascensão dos \"emergentes\", estamos caminhando para um mundo \"multipolar\"? Isto é, com o fim da Guerra Fria, somos para onde? Aonde estamos? Qual caminho estamos trilhando? Enfim, a apostila de História Contemporânea pode ajudar um pouco vocês nesse exercício de reflexão!\n\nPARA SABER MAIS!\n\nLivros:\n\nA Era dos Extremos. Eric Hobsbawm. 1994\n\nO livro \"A Era dos Extremos\", do historiador britânico Eric Hobsbawm, constitui uma importante fonte para analisar o \"Breve Século XX\" (1914-1991). O autor engloba em sua obra uma periodização mais abrangente que a da Guerra Fria, permitindo uma compreensão do período bipolar no que diz respeito ao seu processo de formação.\n\nFilmes e documentários:\n\nPlatoon. Oliver Stone. 1986\n13 dias que abalaram o mundo. Roger Donaldson. 2000\nPonte dos espiões. Steven Spielberg. 2015\nAdeus, Lênin. Wolfgang Becker. 2004.\nA vida dos outros. Florian Henckel von Donnersmarck. 2004\nChe. Steven Soderbergh. 2008. Ghandi. Richard Attenborough. 2012.\nA Batalha de Argel. Gillo Pontecorvo. 1966\nNo. Pablo Larraín. 2012\nO dia que durou 21 anos. Silvio Tavares. 2013\nO poderoso chefão 2. Francis Ford Coppola. 1975\n\nPlatoon é filme clássico que trata sobre um dos mais emblemáticos conflitos da Guerra Fria: a guerra do Vietnã.\n\nO filme 13 dias que abalaram o mundo trata sobre os 13 dias de tensão que marcaram um dos episódios mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis.\n\nO filme Ponte dos Espiões aborda uma questão fundamental presente em todo o período da Guerra Fria, que é a disputa por informações e a prática de espionagem.\n\nAdeus, Lênin é um clássico de filmes sobre Guerra Fria, abordando principalmente questões relacionadas à reunificação da Alemanha e o fim do conflito bipolar.\n\nO filme \"A vida dos outros\" se passa na Alemanha Oriental e tem como tema central a atuação da agência de inteligência e serviço secreto do país - a Stasi.\n\nEm \"Gandhi\", é possível observar como mais detalhes a história de um dos mais importantes líderes pacifistas de todo o século XX.\n\nO documentário intitulado \"A Batalha de Argel\" mostra a guerra de independência travada entre os movimentos de libertação argelinos e o exército francês.\n\nO filme \"Che\" é importante na medida em que retrata a trajetória de um dos líderes da Revolução Cubana, bem como de um ícone da esquerda latino-americana.\n\nO filme \"No\" aborda o tema da redemocratização no Chile, englobando logicamente temas relacionados à ditadura militar chilena.\n\nO documentário \"O dia que durou 21 anos\" aborda o tema da interferência dos EUA no processo que culminou na deflagração do golpe de 1964. O filme \"O poderoso chefão 2\" é uma interessante sugestão, na medida em que mostra o ambiente da Cuba pré-revolução, visivelmente dominado pela máfia e pelos interesses econômicos dos estadunidenses. REFERÊNCIAS\n\nANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 9-23. \n\nARRIGHI, Adam Smith em Pequim. Boitempo Editorial, São Paulo, 2008\n\nCOTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. Editora Saraiva, São Paulo, 2012\n\nBROWN, Archie. Ascensão e Queda do Comunismo. Editora Objetiva, São Paulo, 2011\n\nFUNAG. Manual do Candidato. História Mundial Contemporânea 1776-1991. Brasília, 2012\n\nHOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. Companhia das Letras, 2003\n\nKISSINGER, Henry. Sobre a China. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2011\n\nPADRÓS, Enrique. Conexão repressiva internacional: o Rio Grande do Sul e o Brasil na rota do Condor In: A Ditadura de Segurança Nacional no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2010, Vol. 3, p. 49-81.\n\nSCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa. Brasil: Uma Biografia. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.\n\nVIZENTINI, Paulo Fagundes. História do Século XX. Editora Novo Século. Porto Alegre. 1998\n\nWALLERSTEIN, Immanuel. Após o Liberalismo. Editora Vozes, Petrópolis, 2002