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Direito ·
História
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História
FAT
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meSalva! EMEN\nIDADE MODERNA MÓDULOS CONTEMPLADOS\nRHUM - Renascimento e Humanismo\nECMA - Mercantilismo e Colonialismo\nRREL - Reformas religiosas\nEABS - Estados absolutistas\nEIMO - Exercícios de Idade Moderna\nTIMD - Tópicos avançados em Idade Moderna\nIDHC - Heranças e curiosidades da Idade Moderna\nCURSO\nEXTENSIVO 2017\nDISCIPLINA\nHISTÓRIA\nCAPÍTULO\nIDADE MODERNA\nPROFESSORES\nEVANDRO MACHADO LUCIANO E NICOLAS QUADROS SOMOS TODOS MODERNOS!\nE aí, galerinha do Me Salva, tudo bem? Essa é a apóstila da Idade Moderna, e foi pensada especialmente para você. Portanto, aproveite este espaço para se debruçar sobre esse conteúdo, que vai envolver tanto o passado quanto o presente. Curioso(a)?\n\nNesse espaço de estudos, vamos analisar algumas questões bem importantes que nos ajudarão a pensar nossa formação social, a formação do Estado Moderno, etc. Veremos o que foi o Renascimento e por que teve esse nome específico e como os sistemas econômicos passaram por transições até chegar no que denominamos de capitalismo - entendermos que os sistema econômico, assim como os sistemas políticos, não são instituições autônomas que sempre existiram, mas são formados por um conjunto de ações de humanos em rede.\n\nAlém disso, também passaremos pelos períodos em que a Igreja foi contestada, e o surgimento de outros grupos religiosos que tiveram uma grande influência no mundo dos negócios e das políticas.\n\nBuscaremos compreender o que foram os Estados Absolutistas e como eles influenciaram nas organizações sociais que surgiram no período em questão. Veremos que o conceito de “Antigo Regime” é algo importante para esse período, mas que pode ser problematizado também - já que nada é impossível de ser criticado.\n\nFaremos um vôo panorâmico sobre as principais características sociais desse período, como se relacionavam nobres e não-nobres num regime de estamentos bem consolidados; assim como as formas de apresentação social num modelo regido por etiquetas e normas sociais que balizavam a própria ideia de nobreza.\n\nEnfim, essa apóstila nos ajudará a compreender quanto temos de modernos dentro de nós, assim como o quanto temos de medievais em nossas formas simbólicas de relações, pois para o \"novo\" nascer, não é preciso que o \"velho\" morra, ou seja, a história é mais uma metamorfose do que uma linha reta em que uma Idade morre para outra nascer.\n\nContudo, é preciso ter uma questão em mente: o que for comentado nesta apóstila se relaciona com uma perspectiva europeia, ou seja, no recorte aqui estabelecido, não será considerada a trajetória dos povos americanos, asiáticos, africanos ou da Oceania, já que se trata de uma lógica de construção do processo. P A S S A G E N S P A R A A M O D E R N I D A D E\n\nTalvez uma das maiores rupturas estabelecidas nos períodos recentes da humanidade, seja a ruptura estabelecida entre Idade Média e Idade Moderna. Uma ruptura gradual e que, mesmo assim, deixou marcas na sociedade modernas sentidas até hoje. Se pudermos pensar em categorias de pensamento ou o que podemos chamá-las de mentalidades, a maior transição realizada de um período ao outro foi da Escolástica para o Humanismo. A Escolástica foi uma filosofia teocentrista (focada em uma divindade) com principal atenção ao seu filósofo mais famoso, São Tomás de Aquino. O Humanismo, por sua vez, foi uma filosofia focada justamente no homem. A mudança pode parecer pequena se olharmos com o olhar daquele que sobrevoa uma passagem, mas se descermos do avião e olharmos mais de perto, poderemos ver que ao retirar da imagem de Deus a importância e a responsabilidade sobre todas (ou quase todas) as ações, os humanistas trouxeram à europa uma nova ideia: o homem é o centro do universo.\n\nEssa teoria antropocentrista - que colocava o ser humano no centro de tudo - foi difundida pelo humanismo. Como definiu o historiador Nicolau Sevcenko, o humanismo “voltava-se para aqui e o agora, para o mundo concreto dos seres humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um controle maior sobre o seu próprio destino”. É claro que, ao mesmo tempo em que os humanistas se voltavam para a humanidade como centro do mundo, eles ainda eram formados pelos escolásticos, ou seja, ainda tinham uma percepção do mundo cristã, ou seja, religiosa. Desta forma, se dividiam entre a influência da Igreja sobre o pensamento e a nova “moda intelectual”, que era focada no homem.\n\nPorém não foi só no campo da filosofia que a Modernidade foi marcada por rupturas, no campo das Artes, por exemplo, isso aconteceu com muita força. Em primeiro lugar, é importante notar a forma como nós conhecemos os períodos históricos. Atualmente, definimos tudo o que ocorreu antes da queda do Império Romano como \"Antiguidade\", depois dizemos que aconteceu uma Idade Média, para, posteriormente, dizer que existiu uma Modernidade, até chegar na Idade Contemporânea. Mas será que as pessoas que viveram na Idade Média, por exemplo, chamavam esse período assim?\n\nNão. O termo \"Idade Média\" surgiu bem depois da Idade Média acabar. Ele foi aplicado pelas pessoas que viviam no que chamamos de Idade Moderna? Mas por quê?\n\nNa Idade Moderna passou-se a considerar que tudo o que tinha acontecido na medievalidade era ruim, era errado, ou seja, esse período era visto com maus olhos pela sociedade moderna, o período também era conhecido como \"idade das trevas\". Por isso a principal marca da ruptura entre Idade Média e Idade Moderna é a negação das produções culturais e intelectuais da era medieval. Você já pensou sobre como isso foi feito?\n\nAssim como nós precisamos nos basear em figuras que consideramos importantes para a nossa própria construção de identidade - e geralmente fazemos isso pensando em artistas, cantores, bandas, times de futebol, personalidades famosas em geral -, os membros das sociedades europeias do período moderno também queriam, talvez até inconscientemente, formar uma identidade cultural baseada em seus principais ídolos. Contudo, como eles condenavam a produção cultural da Idade Média, resolveram buscar essas figuras na Antiguidade, no caso, na Grécia e na Roma antigas. Um dos acusações desse movimento é de que a igreja tinha \"matado\" a produção cultural e intelectual da antiguidade, para impor uma nova forma de pensar, a forma cristã. Em contrapartida, para os que vivam neste período essa era uma forma de resgatar o pensamento antigo, ou seja uma maneira de \"ressuscitar\" o pensamento que morreu na Idade Média. Mais do que isso, diziam que fariam a cultura “renascer”. Esse movimento cultural foi chamado de Renascimento. S E R M O D E R N O É P E N S A R !\n\nMas não foi só na cultura que houve um Renascimento. No mundo filosófico e no científico muitas mudanças correram. Com a religiosidade da Idade Média, o corpo humano era um templo inviolável. Isso quer dizer que o estudo do corpo era dificuldade pela falta de possibilidade de tocar em corpos já inanimados. Mas, com a quebra de paradigmas que aconteceu na transição – lenta e gradual, é importante lembrar – para a Idade Moderna, algumas técnicas de dissecação passaram a existir. Isso quer dizer que a ideia de que o homem era o centro do mundo repercutiu na ciência, que agora queria viajar por esse espaço até então intocável: o corpo humano. É claro que isso não foi fácil. Na espanha, por exemplo, Miguel de Servet (1511-1553), um dos primeiros pesquisadores do funcionamento do corpo humano através da dissecação de cadáveres, foi condenado à morte pela Igreja, que ainda realizava perseguições através da Santa Inquisição.\n\nGiordano Bruno (1548-1600) e Galileu Galilei (1564-1642) também foram alvos do Santo Ofício, órgão da Igreja Cristã que era responsável por julgar e condenar hereges, ou seja, pessoas que questionavam as Santas Escrituras. As teorias desses dois cientistas questionavam de certo modo o pensamento cristão sobre geografia, astronomia e os estudos da presença do ser humano no universo. Isso lhes custou caro.\n\nDisso isto para que não fique a impressão de que, a partir dos movimentos culturais e científicos renascentistas, houve uma revolução no pensamento ocidental e que a Igreja não tinha mais controle sobre o que se salvava, pensava ou fazia na Idade Moderna. Não, a Igreja ainda tinha muita influência e isso se concretizava nas condenações, na repressão e na perseguido a muitos militantes cientistas e do pensamento humanista. Mas existiram também alguns filósofos que, imbuidos do pensamento crítico, promoveram uma transição para outro tipo de pensamento. Eram os Racionalistas. Talvez o exemplo mais completo seja o de René Descartes (1596-1650), filósofo que publicou o Discurso do Método, sistema que é utilizado ainda hoje para realizar pesquisas científicas. Descartes, assim como outros filósofos de seu tempo, instauraram a primeira fase do racionalismo, ou seja, um tipo de pensamento que tinha por base a razão como principal elemento para se chegar ao conhecimento verdadeiro. Assim, através do racionalismo, Descartes buscava provar a existência de Deus, utilizando a filosofia contemporânea para explicar elementos que eram o foco da filosofia da Idade Média. Portanto, ainda na Idade Moderna era possível encontrar elementos do medieval, mesmo com uma nova roupagem, com uma nova ideia e com novas perspectivas de conhecimento. Isso porque nem tudo na História é mudança profunda. Algumas continuidades se apresentam, assim como se apresentam para nós hoje. Mas isso é conversa para mais tarde. Vejamos agora como essas ideias chegaram em outros “mundos”. A EUROPA DESCOBRE O MUNDO Durante o processo de transição da Idade Média para a Idade Moderna, um elemento foi fundamental: as Grandes Navegações. Foi a partir das grandes navegações que a Europa passou a descobrir que havia outros “mundos” além daquele. Mas essas navegações não aconteceram somente porque alguns sujeitos isolados resolveram pegar navios e sair até o desconhecido. Boa parte das viagens marítimas desempenhadas pelos europeus no início da modernidade foi incentivada por uma nova política econômica daquele continente. Se no período da Idade Média o sistema econômico e político vigente era o “Feudal”, a partir do momento em que os feudos começam a perder força numa transição para regimes nacionais e formação do Estado moderno – que veremos mais adiante -, o modelo econômico também precisava passar por algumas alterações para que a economia europeia se mantivesse em pé. Esse novo modelo foi o mercantilismo. Vejamos as principais características do mercantilismo no esquema abaixo: Os elementos que compunham o mercantilismo podem ser resumidos da seguinte forma: Metalismo: a medida de valor de um Estado era feita a partir da quantidade de metais preciosos que ele possuía. Por isso uma das principais características do mercantilismo era a busca de metais preciosos – veremos que isso foi muito bem explorado nos países colonizados pela Europa. Balança comercial favorável: as exportações de produtos deveriam ser maiores do que as importações. Protecionismo: para que a política da balança comercial favorável acontecesse, a política interna dos Estados precisaria incentivar a produção de artigos manufaturados para concorrer com os produtos externos. A “proteção” era com os produtos internos. Intervencionismo: o Estado fixava tarifas sobre os produtos que vinham de fora do seu território para que fosse mais barato comprar produtos internos. Esse sistema influenciou muitos países da Europa a buscar outros espaços de poder. E claro que, em muitos casos, a descoberta dos europeus foi uma mera casualidade, mas o interesse dos novos reinos unificados e nacionais era o de ganhar metais, uma corrida mercadológica que envolveu outros territórios, para além da Europa. COLONIALISMO Os principais continentes atingidos e destruídos pelo colonialismo foram a América (norte, centro e sul), a Ásia e a África. Isso quer dizer que, ao passo em que um Estado europeu “descobria” um novo território, e conseguia seu domínio pela legislação daquele período (não bastava descobrir, era preciso reivindicar aquele território como seu), se estabelecia um Sistema Colonial. De modo geral, esse sistema consistia em 3 elementos: uma metrópole, uma colônia de exploração e um pacto colonial. Vejamos o exemplo do Antigo Sistema Colonial de Portugal-Brasil: Os países “metrópole”, como Portugal, Espanha, Inglaterra, entre outros, acreditavam que a exploração era a melhor forma de garantir. poder político naquele sistema. O mercantilismo impunha a estes Estados métodos de dominacao de outros territorios por conta do metalismo, que vimos anteriormente. Mas, por outro lado, quem faz o sistema? É importante lembrar que o \"pacto\" colonial envolvia a obrigatoriedade da colônia de enviar tudo o que fosse produzido para sua metrópole. Convertemos que o \"pacto\" não tinha nada, não é? \n\nDESCUBRINDO COSTUMES \n\nImagine você, agora, chegando em um lugar completamente desconhecido. Imagine que você foi enviado(a) para colonizar o planeta Marte. Chegando lá, você dá de cara com uma quantidade absurda de marcianos, que não compreendem sua língua, não sabem o porquê de você se vestir daquele jeito, nunca viram aquele aparelho no qual você chegou à terra deles, etc. Esse impacto cultural seria muito grande, né? Grosso modo, foi mais ou menos assim que aconteceu nas Grandes Navegações do período Moderno, entre a Europa e os outros continentes. \n\nO choque do descobrimento de costumes - que atingiu tanto os europeus quanto os habitantes dos outros continentes - foi muito alto, mas apenas alguns grupos específicos \"levaram a pior\". \n\nNo caso brasileiro, por exemplo, muitos indígenas morreram por conta da imposição de costumes europeus. A maioria dos povos indígenas dos territórios estabelecidos aqui antes de sermos chamados de \"brasileiros\" não estavam acostumados a utilizar roupas sobre suas peles, e eram tomados por doenças graves, como a pneumonia entre outras, e vinham a falecer. Para além das doenças que os colonos traziam da Europa, o que aqui se proliferavam. A \"guerra\" biológica involuntária matou muito mais indígenas do que a mão do homem branco. \n\nMas voltamos para a Europa. \n\nPROTESTANTISMO E A CRISE DA IGREJA \n\nA Igreja Cristã vinha perdendo forças no mundo político há um bom tempo. Desde o início dos primeiros pensamentos humanistas, da força da renascença e de outros movimentos importantes para esse período, a influência da Igreja foi sendo abalada. Mesmo com esses movimentos involuntários, pautados mais por estratégias científicas, houve uma série de movimentos precisamente religiosos e políticos que fizeram o poder da Igreja diminuir bruscamente, até que acabar (quase, pois o cristianismo católico ainda se perpetua nas sociedades contemporâneas ocidentais e orientais aos, obviamente, com uma força muito menor do que a tinha na Idade Média). Vejamos alguns processos históricos que ocorreram no período moderno e que agravaram a crise da Igreja: \n\nReforma Luterana: Em 1517, o papa Leão X lançou um documento permitindo o perdão de pecados para pessoas que doassem uma boa quantidade de dinheiro para a Igreja, a fim de reconstruir a Basílica de São Pedro, sede da Igreja Católica. Martinho Lutero, membro da Igreja, mas sempre crítico a ela, ficou perplexo com essa ação e pregou na porta da igreja de Wittenberg (local em que hoje fica cidade da Alemanha, mas que na época ainda não era um país) 95 teses. Essas teses eram documentos que deixava clara sua posição sobre alguns problemas da Igreja Católica. Vejamos algumas delas: \n\n21º Estão errados os pagadores de indulgências que dizem que um homem é libertado e salvo de todos os castigos dos pecados pelas indulgências papais. \n\n*Assinatura* A Igreja Cristã vinha perdendo forças no mundo político há um bom tempo. Desde o início dos primeiros pensamentos humanistas, da força da renascença e de outros movimentos importantes para esse período, a influência da Igreja foi sendo abalada. Mesmo com esses movimentos involuntários, pautados mais por estratégias científicas, houve uma série de movimentos precisamente religiosos e políticos que fizeram o poder da Igreja diminuir bruscamente, até que acabar (quase, pois o cristianismo católico ainda se perpetua nas sociedades contemporâneas ocidentais e orientais aos, obviamente, com uma força muito menor do que a tinha na Idade Média). Vejamos alguns processos históricos que ocorreram no período moderno e que agravaram a crise da Igreja: \n\nReforma Luterana: Em 1517, o papa Leão X lançou um documento permitindo o perdão de pecados para pessoas que doassem uma boa quantidade de dinheiro para a Igreja, a fim de reconstruir a Basílica de São Pedro, sede da Igreja Católica. Martinho Lutero, membro da Igreja, mas sempre crítico a ela, ficou perplexo com essa ação e pregou na porta da igreja de Wittenberg (local em que hoje fica cidade da Alemanha, mas que na época ainda não era um país) 95 teses. Essas teses eram documentos que deixava clara sua posição sobre alguns problemas da Igreja Católica. Vejamos algumas delas: \n\n21º Estão errados os pagadores de indulgências que dizem que um homem é libertado e salvo de todos os castigos dos pecados pelas indulgências papais. \n\n*Assinatura* Lutero ganhou, aos poucos, adeptos entre as elites daquele período e difundiu uma nova igreja, que protestava contra a Igreja. O Estado impedia que uma nova religião fosse criada e por isso os seguidores de Lutero protestaram, em 1529, contra essa medida. Ficaram, então, conhecidos como Protestantes, aqueles que eram cristãos mas não católicos. \n\nReforma Calvinista: João Calvino (1509-1564) foi um político e religioso importante na França e na Suíça. Disseminou a ideia de que o ser humano era \"predestinado\" por Deus a viver eternamente no céu ou no inferno, não tendo grande importância suas ações na Terra. Por isso, mais do que se importar com o que poderia acontecer com cada um de nós no futuro, Calvino disseminava a lógica de que as pessoas precisavam se preocupar com o presente, com suas vidas, suas condições financeiras, etc. Isso, na prática, influenciava as pessoas a consumirem mais, a agirem conforme um sistema econômico que estava começando a surgir. E desse movimento surgiu a frase \"tempo é dinheiro\", significando que as preocupações da vida devem ser materiais; já que o metafísico já está planejado pela divindade. A reforma calvinista foi durante perseguida pelo catolicismo, assim como a reforma luterana. \n\nReforma Anglicana: Entre 1509 e 1547, a Inglaterra foi governada por Henrique VIII, um rei que se mostrou aliado do papa por certo tempo, mas que parou de dialogar com a Igreja Católica por motivos políticos. \n\nQuando o rei decidiu se separar de sua esposa, Catarina de Aragão, o papa não concedeu o divórcio - sim, isso era importante para aquele período, diferente de hoje, em que cada pessoa decide se casar ou se \"descasa\". Como rei, Henrique não aceitou a negação, criando uma situação política complexa, em que, o parlamento Inglês e o Alto Clero daquele país reconheceram a separação de Henrique e Catarina, sendo que ele conseguiu se casar novamente, na Igreja, com outra mulher, Ana Bolena. Isso significou, na prática, que a Igreja oficial Britânica deixou de ser a Igreja Católica. Em seu lugar, Henrique VIII instaurou a Igreja Anglicana, que nesse primeiro momento, cultivava os mesmos dogmas da católica, diferenciando apenas no que dizia respeito à organização política. Somente alguns anos depois, no governo de sua sucessora, Elisabeth, é que a Igreja Anglicana iria mesclar elementos da Católica e da Protestante. \n\nAgora, uma pergunta: você acha que a Igreja iria ver todas essas reformas de câmera sem ao menos questionar? É claro que não! havia, no interior da Igreja Católica, uma Contra-Reforma, um movimento que se dedicava a combater os que desejavam aderir aos reformistas. O movimento foi cruel, envolveu uma diversidade de ações violentas infinitamente, e culminou em conflitos sangrentos, até que a Igreja chamou um Concílio, uma reunião para o discutir os rumos da Igreja. Este foi o Concílio de Trento, que durou quase 20 anos, sendo o maior e mais longo concílio da Igreja Católica. Já imaginou uma reunião que durasse 20 anos? Esse concílio foi muito importante, pois foi a partir dele que a Igreja se adaptou aos novos modelos sociais que estavam se estabelecendo.\n\nO MUNDO SE DIVIDE EM REINADOS - O SURGIMENTO DO ESTADO\n\nDesde o final da Idade Média o sistema de Feudos passou a entrar em declínio. Isso fez com que uma nova forma de organização social se estabelecesse, que foi chamada de Estado. O Estado Moderno era encarado de uma forma bem diferente, como podemos ver no quadro abaixo:\n\nO sistemas de corveia, suzerania/vassalagem, dentre outros, tinham sido abolidos (não em todos os lugares, é claro) e trocados por um novo sistema, em que a im pessoalização das relações tinha se tornado mais presente. E o que isso quer dizer na prática? Se antes a Europa era dominada por vários reis isolados, que difundiam sua forma de organizar os povos através da força dos feudos, no Estado Moderno os feudos se transformaram em partes de uma região, um Estado com força centralizada na figura do Rei, e o senhor feudal perdeu, sempre gradativamente - a influência que tinha sobre seus vassalos. Todos passaram a se tornar membros de um reino unificado. Isso aconteceu num primeiro momento, na França, na Inglaterra e na Espanha. Assim, com o Estado Moderno, as portas para o Absolutismo foram abertas.\n\nNo absolutismo, o Rei tinha um poder muito maior, e a sociedade estava dividida, mais ou menos, em um sistema com uma burocracia, um organismo militar organizado, um exército, leis pouco rígidas, e altos impostos.\n\nTodos os direitos reservados © Me Salva! 2017 É claro que, com uma nova forma de organização social, em Estados Nacionais, soberanos e absolutistas, a paz europeia não poderia durar muito tempo. Logo, diferentes nações passaram a se enfrentar em busca de supremacia nas relações diplomáticas, ou seja, em busca de um poder maior frente às outras nações. As guerras que decorriam disso, diferentes das guerras atuais ou das guerras que vimos no século XXI, eram voltadas às questões mais pessoais, pois não havia um espírito nacionalista por parte das pessoas que voltavam das guerras.\n\nA SOCIEDADE DO “VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?”\n\nA desigualdade jurídica entre nobres e não-nobres; A sociedade dividida em estamentos.\n\nA sociedade desse tipo de organização social, também conhecido como Antigo Regime, em que o absolutismo era a principal forma de organização do poder, era, o que o sociólogo Elias chamou de Sociedade de Corte uma sociedade em que a nobreza, aqueles que viviam na corte (espaço social da família real) tinham muito prestígio social.\n\nIsso quer dizer que no período moderno todas as pessoas eram nobres e pertenciam à corte? Não, aquela sociedade, grosso modo, se dividia assim: No fim das contas, a “lei” (que nesse caso dependia muito do rei) não era igual para todas as pessoas no início do período moderno. Somente ao longo da caminha da história é que o pensamento iluminista começa a suscitar uma ideia de igualdade que, mesmo assim, não era para todas as pessoas.\n\nNo meio dessa sociedade dividida por estamentos (algumas pessoas eram consideradas “melhores” do que outras por estarem em estamentos sociais diferentes), não era incomum ouvir coisas do tipo: “você sabe com quem está falando?”, que era uma forma de chamar atenção para o título ou nobreza que determinadas pessoas tinham. Ser nobre e não ser nobre eram distinções que aqui atingiam respeito à forma como as pessoas eram tratadas por outras na sociedade, daquele período específico. Será que algumas coisas ainda continuam iguais? Sei não...\n\nCURIOSIDADES: GASTRONOMIA, ETIQUETA E A VIDA NO INÍCIO DO MUNDO MODERNO\n\nHaydn Middleton, estudioso da História Moderna, descreveu, mais ou menos, como as pessoas viviam naquele período do início do mundo moderno. Vejamos um pouco sobre sua perspectiva: \"A rainha Elizabeth I tinha guarda-roupas repletos de vestidos magníficos, enfeitados com pedras preciosas. Ela deslumbrava seus súditos com roupas de seda bordadas com pérolas do tamanho de feijões. A maioria dos seus súditos não tinha mais do que roupas simples de lã, geralmente feitas em casa\" E aí, será que era luxuosa a vida na corte? \"A alimentação comum dos camponeses não era balanceada nem variada. Numa época de grande e constante alta dos preços, os pobres podiam comprar pouca coisa além do pão de trigo, da cevada ou do centeio. Às vezes, o pão era misturado em sopas rasas de vegetais, mas a carne era cara demais para a maioria da população. Em contraste, ricos comiam uma grande variedade de carne e de peixe. A carne era quase sempre seca e salgada, para se conservar durante o inverno.\" E quanto à alimentação, será que era justa a diferença entre nobres e não nobres? \"Durante a semana, o povo tinha pouco tempo para o lazer. Mas nos domingos, dias santos e nas grandes festas de Natal, de Páscoa e de Pentecostes, todos descansavam e se divertiam-se. As pessoas dançavam, bebiam, jogavam damas, dados, cartas e xadrez. Para os que preferiam divertimentos violentos, havia a provocação do urso e uma espécie de futebol violento, que era uma luta amistosa. A maioria do povo não sabia ler, mas gostava de ouvir pregadores e os atores. Milhares de pessoas iam se reunir para assistir aos mistérios, peças e comédias religiosas. Mas esses atores geralmente eram tratados pelas autoridades locais quase como desocupados.\" E dá uma olhadinha em como funcionava o banho daquelas pessoas? \"O sabão era muito caro e as pessoas raramente tomavam um banho completo. Os ingleses da época diziam que 'quanto mais se mexe se mexe na sujeira, mais ela fede'. Até mesmo os reis, como Henrique IV da França, precisavam usar perfumes especiais para disfarçar o mau cheiro do corpo.\" E então, será que seria fácil ficar perto desse pessoal? Já imaginaram qual não foi o choque que eles tiveram quando chegaram aqui na América, em que os habitantes daqui tomavam banho todos os dias, e às vezes, até mais de uma vez por dia? Deve ter sido, no mínimo, curioso, não? PARA ASSISTIR: 1492, A conquista do paraíso. Ridley Scott, 1992. O filme é uma ótima forma de conseguirmos compreender o quão complexo foi a navegação no mundo moderno. Ele retrata a chegada dos primeiros europeus na América, no ano de 1492, com Cristóvão Colombo. Os desafios, as conquistas e as atrocidades cometidas pelos europeus em terras coloniais são muito bem demonstrados, principalmente pela relação do protagonista do filme com um dos indígenas que cooperou com a instalação do sistema colonial. REFERÊNCIAS ELIAS, Norbert. A sociedade de corte. São Paulo: Zahar, 2001. LUIZZETO, Flávio. Reformas religiosas. São Paulo: Contexto, 1991. MIDLETON, Haydn. O cotidiano europeu no século XVI. São Paulo: Melhoramentos, 1982. PREZIA, Benedito. Terra à vista: descobrimento ou invasão? São Paulo: Moderna, 1992. RANDELL, Keith. Lutero e a Reforma alemã. São Paulo: Ática, 1999. SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro. O encontro entre culturas europeus e indígenas no Brasil. São Paulo: Atual, 1998. SHAKESPEARE, William. Hamlet, o príncipe da dinamarca. Martin Claret, 2010. SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo, Atual, 1994.
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Veremos que o conceito de “Antigo Regime” é algo importante para esse período, mas que pode ser problematizado também - já que nada é impossível de ser criticado.\n\nFaremos um vôo panorâmico sobre as principais características sociais desse período, como se relacionavam nobres e não-nobres num regime de estamentos bem consolidados; assim como as formas de apresentação social num modelo regido por etiquetas e normas sociais que balizavam a própria ideia de nobreza.\n\nEnfim, essa apóstila nos ajudará a compreender quanto temos de modernos dentro de nós, assim como o quanto temos de medievais em nossas formas simbólicas de relações, pois para o \"novo\" nascer, não é preciso que o \"velho\" morra, ou seja, a história é mais uma metamorfose do que uma linha reta em que uma Idade morre para outra nascer.\n\nContudo, é preciso ter uma questão em mente: o que for comentado nesta apóstila se relaciona com uma perspectiva europeia, ou seja, no recorte aqui estabelecido, não será considerada a trajetória dos povos americanos, asiáticos, africanos ou da Oceania, já que se trata de uma lógica de construção do processo. P A S S A G E N S P A R A A M O D E R N I D A D E\n\nTalvez uma das maiores rupturas estabelecidas nos períodos recentes da humanidade, seja a ruptura estabelecida entre Idade Média e Idade Moderna. Uma ruptura gradual e que, mesmo assim, deixou marcas na sociedade modernas sentidas até hoje. Se pudermos pensar em categorias de pensamento ou o que podemos chamá-las de mentalidades, a maior transição realizada de um período ao outro foi da Escolástica para o Humanismo. A Escolástica foi uma filosofia teocentrista (focada em uma divindade) com principal atenção ao seu filósofo mais famoso, São Tomás de Aquino. O Humanismo, por sua vez, foi uma filosofia focada justamente no homem. A mudança pode parecer pequena se olharmos com o olhar daquele que sobrevoa uma passagem, mas se descermos do avião e olharmos mais de perto, poderemos ver que ao retirar da imagem de Deus a importância e a responsabilidade sobre todas (ou quase todas) as ações, os humanistas trouxeram à europa uma nova ideia: o homem é o centro do universo.\n\nEssa teoria antropocentrista - que colocava o ser humano no centro de tudo - foi difundida pelo humanismo. Como definiu o historiador Nicolau Sevcenko, o humanismo “voltava-se para aqui e o agora, para o mundo concreto dos seres humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um controle maior sobre o seu próprio destino”. É claro que, ao mesmo tempo em que os humanistas se voltavam para a humanidade como centro do mundo, eles ainda eram formados pelos escolásticos, ou seja, ainda tinham uma percepção do mundo cristã, ou seja, religiosa. Desta forma, se dividiam entre a influência da Igreja sobre o pensamento e a nova “moda intelectual”, que era focada no homem.\n\nPorém não foi só no campo da filosofia que a Modernidade foi marcada por rupturas, no campo das Artes, por exemplo, isso aconteceu com muita força. Em primeiro lugar, é importante notar a forma como nós conhecemos os períodos históricos. Atualmente, definimos tudo o que ocorreu antes da queda do Império Romano como \"Antiguidade\", depois dizemos que aconteceu uma Idade Média, para, posteriormente, dizer que existiu uma Modernidade, até chegar na Idade Contemporânea. Mas será que as pessoas que viveram na Idade Média, por exemplo, chamavam esse período assim?\n\nNão. O termo \"Idade Média\" surgiu bem depois da Idade Média acabar. Ele foi aplicado pelas pessoas que viviam no que chamamos de Idade Moderna? Mas por quê?\n\nNa Idade Moderna passou-se a considerar que tudo o que tinha acontecido na medievalidade era ruim, era errado, ou seja, esse período era visto com maus olhos pela sociedade moderna, o período também era conhecido como \"idade das trevas\". Por isso a principal marca da ruptura entre Idade Média e Idade Moderna é a negação das produções culturais e intelectuais da era medieval. Você já pensou sobre como isso foi feito?\n\nAssim como nós precisamos nos basear em figuras que consideramos importantes para a nossa própria construção de identidade - e geralmente fazemos isso pensando em artistas, cantores, bandas, times de futebol, personalidades famosas em geral -, os membros das sociedades europeias do período moderno também queriam, talvez até inconscientemente, formar uma identidade cultural baseada em seus principais ídolos. Contudo, como eles condenavam a produção cultural da Idade Média, resolveram buscar essas figuras na Antiguidade, no caso, na Grécia e na Roma antigas. Um dos acusações desse movimento é de que a igreja tinha \"matado\" a produção cultural e intelectual da antiguidade, para impor uma nova forma de pensar, a forma cristã. Em contrapartida, para os que vivam neste período essa era uma forma de resgatar o pensamento antigo, ou seja uma maneira de \"ressuscitar\" o pensamento que morreu na Idade Média. Mais do que isso, diziam que fariam a cultura “renascer”. Esse movimento cultural foi chamado de Renascimento. S E R M O D E R N O É P E N S A R !\n\nMas não foi só na cultura que houve um Renascimento. No mundo filosófico e no científico muitas mudanças correram. Com a religiosidade da Idade Média, o corpo humano era um templo inviolável. Isso quer dizer que o estudo do corpo era dificuldade pela falta de possibilidade de tocar em corpos já inanimados. Mas, com a quebra de paradigmas que aconteceu na transição – lenta e gradual, é importante lembrar – para a Idade Moderna, algumas técnicas de dissecação passaram a existir. Isso quer dizer que a ideia de que o homem era o centro do mundo repercutiu na ciência, que agora queria viajar por esse espaço até então intocável: o corpo humano. É claro que isso não foi fácil. Na espanha, por exemplo, Miguel de Servet (1511-1553), um dos primeiros pesquisadores do funcionamento do corpo humano através da dissecação de cadáveres, foi condenado à morte pela Igreja, que ainda realizava perseguições através da Santa Inquisição.\n\nGiordano Bruno (1548-1600) e Galileu Galilei (1564-1642) também foram alvos do Santo Ofício, órgão da Igreja Cristã que era responsável por julgar e condenar hereges, ou seja, pessoas que questionavam as Santas Escrituras. As teorias desses dois cientistas questionavam de certo modo o pensamento cristão sobre geografia, astronomia e os estudos da presença do ser humano no universo. Isso lhes custou caro.\n\nDisso isto para que não fique a impressão de que, a partir dos movimentos culturais e científicos renascentistas, houve uma revolução no pensamento ocidental e que a Igreja não tinha mais controle sobre o que se salvava, pensava ou fazia na Idade Moderna. Não, a Igreja ainda tinha muita influência e isso se concretizava nas condenações, na repressão e na perseguido a muitos militantes cientistas e do pensamento humanista. Mas existiram também alguns filósofos que, imbuidos do pensamento crítico, promoveram uma transição para outro tipo de pensamento. Eram os Racionalistas. Talvez o exemplo mais completo seja o de René Descartes (1596-1650), filósofo que publicou o Discurso do Método, sistema que é utilizado ainda hoje para realizar pesquisas científicas. Descartes, assim como outros filósofos de seu tempo, instauraram a primeira fase do racionalismo, ou seja, um tipo de pensamento que tinha por base a razão como principal elemento para se chegar ao conhecimento verdadeiro. Assim, através do racionalismo, Descartes buscava provar a existência de Deus, utilizando a filosofia contemporânea para explicar elementos que eram o foco da filosofia da Idade Média. Portanto, ainda na Idade Moderna era possível encontrar elementos do medieval, mesmo com uma nova roupagem, com uma nova ideia e com novas perspectivas de conhecimento. Isso porque nem tudo na História é mudança profunda. Algumas continuidades se apresentam, assim como se apresentam para nós hoje. Mas isso é conversa para mais tarde. Vejamos agora como essas ideias chegaram em outros “mundos”. A EUROPA DESCOBRE O MUNDO Durante o processo de transição da Idade Média para a Idade Moderna, um elemento foi fundamental: as Grandes Navegações. Foi a partir das grandes navegações que a Europa passou a descobrir que havia outros “mundos” além daquele. Mas essas navegações não aconteceram somente porque alguns sujeitos isolados resolveram pegar navios e sair até o desconhecido. Boa parte das viagens marítimas desempenhadas pelos europeus no início da modernidade foi incentivada por uma nova política econômica daquele continente. Se no período da Idade Média o sistema econômico e político vigente era o “Feudal”, a partir do momento em que os feudos começam a perder força numa transição para regimes nacionais e formação do Estado moderno – que veremos mais adiante -, o modelo econômico também precisava passar por algumas alterações para que a economia europeia se mantivesse em pé. Esse novo modelo foi o mercantilismo. Vejamos as principais características do mercantilismo no esquema abaixo: Os elementos que compunham o mercantilismo podem ser resumidos da seguinte forma: Metalismo: a medida de valor de um Estado era feita a partir da quantidade de metais preciosos que ele possuía. Por isso uma das principais características do mercantilismo era a busca de metais preciosos – veremos que isso foi muito bem explorado nos países colonizados pela Europa. Balança comercial favorável: as exportações de produtos deveriam ser maiores do que as importações. Protecionismo: para que a política da balança comercial favorável acontecesse, a política interna dos Estados precisaria incentivar a produção de artigos manufaturados para concorrer com os produtos externos. A “proteção” era com os produtos internos. Intervencionismo: o Estado fixava tarifas sobre os produtos que vinham de fora do seu território para que fosse mais barato comprar produtos internos. Esse sistema influenciou muitos países da Europa a buscar outros espaços de poder. E claro que, em muitos casos, a descoberta dos europeus foi uma mera casualidade, mas o interesse dos novos reinos unificados e nacionais era o de ganhar metais, uma corrida mercadológica que envolveu outros territórios, para além da Europa. COLONIALISMO Os principais continentes atingidos e destruídos pelo colonialismo foram a América (norte, centro e sul), a Ásia e a África. Isso quer dizer que, ao passo em que um Estado europeu “descobria” um novo território, e conseguia seu domínio pela legislação daquele período (não bastava descobrir, era preciso reivindicar aquele território como seu), se estabelecia um Sistema Colonial. De modo geral, esse sistema consistia em 3 elementos: uma metrópole, uma colônia de exploração e um pacto colonial. Vejamos o exemplo do Antigo Sistema Colonial de Portugal-Brasil: Os países “metrópole”, como Portugal, Espanha, Inglaterra, entre outros, acreditavam que a exploração era a melhor forma de garantir. poder político naquele sistema. O mercantilismo impunha a estes Estados métodos de dominacao de outros territorios por conta do metalismo, que vimos anteriormente. Mas, por outro lado, quem faz o sistema? É importante lembrar que o \"pacto\" colonial envolvia a obrigatoriedade da colônia de enviar tudo o que fosse produzido para sua metrópole. Convertemos que o \"pacto\" não tinha nada, não é? \n\nDESCUBRINDO COSTUMES \n\nImagine você, agora, chegando em um lugar completamente desconhecido. Imagine que você foi enviado(a) para colonizar o planeta Marte. Chegando lá, você dá de cara com uma quantidade absurda de marcianos, que não compreendem sua língua, não sabem o porquê de você se vestir daquele jeito, nunca viram aquele aparelho no qual você chegou à terra deles, etc. Esse impacto cultural seria muito grande, né? Grosso modo, foi mais ou menos assim que aconteceu nas Grandes Navegações do período Moderno, entre a Europa e os outros continentes. \n\nO choque do descobrimento de costumes - que atingiu tanto os europeus quanto os habitantes dos outros continentes - foi muito alto, mas apenas alguns grupos específicos \"levaram a pior\". \n\nNo caso brasileiro, por exemplo, muitos indígenas morreram por conta da imposição de costumes europeus. A maioria dos povos indígenas dos territórios estabelecidos aqui antes de sermos chamados de \"brasileiros\" não estavam acostumados a utilizar roupas sobre suas peles, e eram tomados por doenças graves, como a pneumonia entre outras, e vinham a falecer. Para além das doenças que os colonos traziam da Europa, o que aqui se proliferavam. A \"guerra\" biológica involuntária matou muito mais indígenas do que a mão do homem branco. \n\nMas voltamos para a Europa. \n\nPROTESTANTISMO E A CRISE DA IGREJA \n\nA Igreja Cristã vinha perdendo forças no mundo político há um bom tempo. Desde o início dos primeiros pensamentos humanistas, da força da renascença e de outros movimentos importantes para esse período, a influência da Igreja foi sendo abalada. Mesmo com esses movimentos involuntários, pautados mais por estratégias científicas, houve uma série de movimentos precisamente religiosos e políticos que fizeram o poder da Igreja diminuir bruscamente, até que acabar (quase, pois o cristianismo católico ainda se perpetua nas sociedades contemporâneas ocidentais e orientais aos, obviamente, com uma força muito menor do que a tinha na Idade Média). Vejamos alguns processos históricos que ocorreram no período moderno e que agravaram a crise da Igreja: \n\nReforma Luterana: Em 1517, o papa Leão X lançou um documento permitindo o perdão de pecados para pessoas que doassem uma boa quantidade de dinheiro para a Igreja, a fim de reconstruir a Basílica de São Pedro, sede da Igreja Católica. Martinho Lutero, membro da Igreja, mas sempre crítico a ela, ficou perplexo com essa ação e pregou na porta da igreja de Wittenberg (local em que hoje fica cidade da Alemanha, mas que na época ainda não era um país) 95 teses. Essas teses eram documentos que deixava clara sua posição sobre alguns problemas da Igreja Católica. Vejamos algumas delas: \n\n21º Estão errados os pagadores de indulgências que dizem que um homem é libertado e salvo de todos os castigos dos pecados pelas indulgências papais. \n\n*Assinatura* A Igreja Cristã vinha perdendo forças no mundo político há um bom tempo. Desde o início dos primeiros pensamentos humanistas, da força da renascença e de outros movimentos importantes para esse período, a influência da Igreja foi sendo abalada. Mesmo com esses movimentos involuntários, pautados mais por estratégias científicas, houve uma série de movimentos precisamente religiosos e políticos que fizeram o poder da Igreja diminuir bruscamente, até que acabar (quase, pois o cristianismo católico ainda se perpetua nas sociedades contemporâneas ocidentais e orientais aos, obviamente, com uma força muito menor do que a tinha na Idade Média). Vejamos alguns processos históricos que ocorreram no período moderno e que agravaram a crise da Igreja: \n\nReforma Luterana: Em 1517, o papa Leão X lançou um documento permitindo o perdão de pecados para pessoas que doassem uma boa quantidade de dinheiro para a Igreja, a fim de reconstruir a Basílica de São Pedro, sede da Igreja Católica. Martinho Lutero, membro da Igreja, mas sempre crítico a ela, ficou perplexo com essa ação e pregou na porta da igreja de Wittenberg (local em que hoje fica cidade da Alemanha, mas que na época ainda não era um país) 95 teses. Essas teses eram documentos que deixava clara sua posição sobre alguns problemas da Igreja Católica. Vejamos algumas delas: \n\n21º Estão errados os pagadores de indulgências que dizem que um homem é libertado e salvo de todos os castigos dos pecados pelas indulgências papais. \n\n*Assinatura* Lutero ganhou, aos poucos, adeptos entre as elites daquele período e difundiu uma nova igreja, que protestava contra a Igreja. O Estado impedia que uma nova religião fosse criada e por isso os seguidores de Lutero protestaram, em 1529, contra essa medida. Ficaram, então, conhecidos como Protestantes, aqueles que eram cristãos mas não católicos. \n\nReforma Calvinista: João Calvino (1509-1564) foi um político e religioso importante na França e na Suíça. Disseminou a ideia de que o ser humano era \"predestinado\" por Deus a viver eternamente no céu ou no inferno, não tendo grande importância suas ações na Terra. Por isso, mais do que se importar com o que poderia acontecer com cada um de nós no futuro, Calvino disseminava a lógica de que as pessoas precisavam se preocupar com o presente, com suas vidas, suas condições financeiras, etc. Isso, na prática, influenciava as pessoas a consumirem mais, a agirem conforme um sistema econômico que estava começando a surgir. E desse movimento surgiu a frase \"tempo é dinheiro\", significando que as preocupações da vida devem ser materiais; já que o metafísico já está planejado pela divindade. A reforma calvinista foi durante perseguida pelo catolicismo, assim como a reforma luterana. \n\nReforma Anglicana: Entre 1509 e 1547, a Inglaterra foi governada por Henrique VIII, um rei que se mostrou aliado do papa por certo tempo, mas que parou de dialogar com a Igreja Católica por motivos políticos. \n\nQuando o rei decidiu se separar de sua esposa, Catarina de Aragão, o papa não concedeu o divórcio - sim, isso era importante para aquele período, diferente de hoje, em que cada pessoa decide se casar ou se \"descasa\". Como rei, Henrique não aceitou a negação, criando uma situação política complexa, em que, o parlamento Inglês e o Alto Clero daquele país reconheceram a separação de Henrique e Catarina, sendo que ele conseguiu se casar novamente, na Igreja, com outra mulher, Ana Bolena. Isso significou, na prática, que a Igreja oficial Britânica deixou de ser a Igreja Católica. Em seu lugar, Henrique VIII instaurou a Igreja Anglicana, que nesse primeiro momento, cultivava os mesmos dogmas da católica, diferenciando apenas no que dizia respeito à organização política. Somente alguns anos depois, no governo de sua sucessora, Elisabeth, é que a Igreja Anglicana iria mesclar elementos da Católica e da Protestante. \n\nAgora, uma pergunta: você acha que a Igreja iria ver todas essas reformas de câmera sem ao menos questionar? É claro que não! havia, no interior da Igreja Católica, uma Contra-Reforma, um movimento que se dedicava a combater os que desejavam aderir aos reformistas. O movimento foi cruel, envolveu uma diversidade de ações violentas infinitamente, e culminou em conflitos sangrentos, até que a Igreja chamou um Concílio, uma reunião para o discutir os rumos da Igreja. Este foi o Concílio de Trento, que durou quase 20 anos, sendo o maior e mais longo concílio da Igreja Católica. Já imaginou uma reunião que durasse 20 anos? Esse concílio foi muito importante, pois foi a partir dele que a Igreja se adaptou aos novos modelos sociais que estavam se estabelecendo.\n\nO MUNDO SE DIVIDE EM REINADOS - O SURGIMENTO DO ESTADO\n\nDesde o final da Idade Média o sistema de Feudos passou a entrar em declínio. Isso fez com que uma nova forma de organização social se estabelecesse, que foi chamada de Estado. O Estado Moderno era encarado de uma forma bem diferente, como podemos ver no quadro abaixo:\n\nO sistemas de corveia, suzerania/vassalagem, dentre outros, tinham sido abolidos (não em todos os lugares, é claro) e trocados por um novo sistema, em que a im pessoalização das relações tinha se tornado mais presente. E o que isso quer dizer na prática? Se antes a Europa era dominada por vários reis isolados, que difundiam sua forma de organizar os povos através da força dos feudos, no Estado Moderno os feudos se transformaram em partes de uma região, um Estado com força centralizada na figura do Rei, e o senhor feudal perdeu, sempre gradativamente - a influência que tinha sobre seus vassalos. Todos passaram a se tornar membros de um reino unificado. Isso aconteceu num primeiro momento, na França, na Inglaterra e na Espanha. Assim, com o Estado Moderno, as portas para o Absolutismo foram abertas.\n\nNo absolutismo, o Rei tinha um poder muito maior, e a sociedade estava dividida, mais ou menos, em um sistema com uma burocracia, um organismo militar organizado, um exército, leis pouco rígidas, e altos impostos.\n\nTodos os direitos reservados © Me Salva! 2017 É claro que, com uma nova forma de organização social, em Estados Nacionais, soberanos e absolutistas, a paz europeia não poderia durar muito tempo. Logo, diferentes nações passaram a se enfrentar em busca de supremacia nas relações diplomáticas, ou seja, em busca de um poder maior frente às outras nações. As guerras que decorriam disso, diferentes das guerras atuais ou das guerras que vimos no século XXI, eram voltadas às questões mais pessoais, pois não havia um espírito nacionalista por parte das pessoas que voltavam das guerras.\n\nA SOCIEDADE DO “VOCÊ SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?”\n\nA desigualdade jurídica entre nobres e não-nobres; A sociedade dividida em estamentos.\n\nA sociedade desse tipo de organização social, também conhecido como Antigo Regime, em que o absolutismo era a principal forma de organização do poder, era, o que o sociólogo Elias chamou de Sociedade de Corte uma sociedade em que a nobreza, aqueles que viviam na corte (espaço social da família real) tinham muito prestígio social.\n\nIsso quer dizer que no período moderno todas as pessoas eram nobres e pertenciam à corte? Não, aquela sociedade, grosso modo, se dividia assim: No fim das contas, a “lei” (que nesse caso dependia muito do rei) não era igual para todas as pessoas no início do período moderno. Somente ao longo da caminha da história é que o pensamento iluminista começa a suscitar uma ideia de igualdade que, mesmo assim, não era para todas as pessoas.\n\nNo meio dessa sociedade dividida por estamentos (algumas pessoas eram consideradas “melhores” do que outras por estarem em estamentos sociais diferentes), não era incomum ouvir coisas do tipo: “você sabe com quem está falando?”, que era uma forma de chamar atenção para o título ou nobreza que determinadas pessoas tinham. Ser nobre e não ser nobre eram distinções que aqui atingiam respeito à forma como as pessoas eram tratadas por outras na sociedade, daquele período específico. Será que algumas coisas ainda continuam iguais? Sei não...\n\nCURIOSIDADES: GASTRONOMIA, ETIQUETA E A VIDA NO INÍCIO DO MUNDO MODERNO\n\nHaydn Middleton, estudioso da História Moderna, descreveu, mais ou menos, como as pessoas viviam naquele período do início do mundo moderno. Vejamos um pouco sobre sua perspectiva: \"A rainha Elizabeth I tinha guarda-roupas repletos de vestidos magníficos, enfeitados com pedras preciosas. Ela deslumbrava seus súditos com roupas de seda bordadas com pérolas do tamanho de feijões. A maioria dos seus súditos não tinha mais do que roupas simples de lã, geralmente feitas em casa\" E aí, será que era luxuosa a vida na corte? \"A alimentação comum dos camponeses não era balanceada nem variada. Numa época de grande e constante alta dos preços, os pobres podiam comprar pouca coisa além do pão de trigo, da cevada ou do centeio. Às vezes, o pão era misturado em sopas rasas de vegetais, mas a carne era cara demais para a maioria da população. Em contraste, ricos comiam uma grande variedade de carne e de peixe. A carne era quase sempre seca e salgada, para se conservar durante o inverno.\" E quanto à alimentação, será que era justa a diferença entre nobres e não nobres? \"Durante a semana, o povo tinha pouco tempo para o lazer. Mas nos domingos, dias santos e nas grandes festas de Natal, de Páscoa e de Pentecostes, todos descansavam e se divertiam-se. As pessoas dançavam, bebiam, jogavam damas, dados, cartas e xadrez. Para os que preferiam divertimentos violentos, havia a provocação do urso e uma espécie de futebol violento, que era uma luta amistosa. A maioria do povo não sabia ler, mas gostava de ouvir pregadores e os atores. Milhares de pessoas iam se reunir para assistir aos mistérios, peças e comédias religiosas. Mas esses atores geralmente eram tratados pelas autoridades locais quase como desocupados.\" E dá uma olhadinha em como funcionava o banho daquelas pessoas? \"O sabão era muito caro e as pessoas raramente tomavam um banho completo. Os ingleses da época diziam que 'quanto mais se mexe se mexe na sujeira, mais ela fede'. Até mesmo os reis, como Henrique IV da França, precisavam usar perfumes especiais para disfarçar o mau cheiro do corpo.\" E então, será que seria fácil ficar perto desse pessoal? Já imaginaram qual não foi o choque que eles tiveram quando chegaram aqui na América, em que os habitantes daqui tomavam banho todos os dias, e às vezes, até mais de uma vez por dia? Deve ter sido, no mínimo, curioso, não? PARA ASSISTIR: 1492, A conquista do paraíso. Ridley Scott, 1992. O filme é uma ótima forma de conseguirmos compreender o quão complexo foi a navegação no mundo moderno. Ele retrata a chegada dos primeiros europeus na América, no ano de 1492, com Cristóvão Colombo. Os desafios, as conquistas e as atrocidades cometidas pelos europeus em terras coloniais são muito bem demonstrados, principalmente pela relação do protagonista do filme com um dos indígenas que cooperou com a instalação do sistema colonial. REFERÊNCIAS ELIAS, Norbert. A sociedade de corte. São Paulo: Zahar, 2001. LUIZZETO, Flávio. Reformas religiosas. São Paulo: Contexto, 1991. MIDLETON, Haydn. O cotidiano europeu no século XVI. São Paulo: Melhoramentos, 1982. PREZIA, Benedito. Terra à vista: descobrimento ou invasão? São Paulo: Moderna, 1992. RANDELL, Keith. Lutero e a Reforma alemã. São Paulo: Ática, 1999. SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro. O encontro entre culturas europeus e indígenas no Brasil. São Paulo: Atual, 1998. SHAKESPEARE, William. Hamlet, o príncipe da dinamarca. Martin Claret, 2010. SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo, Atual, 1994.