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Psicologia Institucional
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Mariana Inés Garbarino Avaliação psicopedagógica institucional Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Simone M P Vieira CBR 8a4771 Garbarino Mariana Inés Avaliação psicopedagógica institucional Mariana Inés Garbarino São Paulo Editora Senac São Paulo 2021 Série Universitária Bibliografia eISBN 9788539631810 ePub2021 eISBN 9788539631827 PDF2021 1 Educação Psicologia 2 Psicopedagogia 4 Psicopedagogia institucional 5 Avaliação educacional I Título II Série 211448t CDD 37015 3707 155 BISAC EDU009000 PSY039000 Índice para catálogo sistemático 1 Educação Psicologia 37015 2 Pedagogia 3707 3 Psicologia do desenvolvimento 155 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL Mariana Inés Garbarino Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho GerentePublisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação EditorialProspecção Dolores Crisci Manzano Ricardo Diana Administrativo grupoedsadministrativospsenacbr Comercial comercialeditorasenacspcombr Acompanhamento Pedagógico Otacília Pereira da Pazl Designer Educacional Priscila Cristina do Nascimento Preparação e Revisão de Texto Amanda Andrade Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Proibida a reprodução sem autorização expressa Antonio Carlos De Angelis Todos os direitos desta edição reservados à Editoração Eletrônica Editora Senac São Paulo Stephanie dos Reis Baldin Rua 24 de Maio 208 3o andar Ilustrações Centro CEP 01041000 São Paulo SP Stephanie dos Reis Baldin Caixa Postal 1120 CEP 01032970 São Paulo SP Tel 11 21874450 Fax 11 21874486 Imagens Email editoraspsenacbr Adobe Stock Photos Home page httpwwwlivrariasenaccombr Ebook Rodolfo Santana Editora Senac São Paulo 2022 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Sumário Capítulo 1 Instituições organizações e processos grupais 7 1 As instituições forças instituídas e forças instituintes 9 2 Dinâmicas e processos grupais 12 3 A análise institucional 15 Considerações finais 20 Referências 21 Capítulo 2 Organização da avaliação institucional elementos e objetivos 23 1 Grupos operativos 24 2 Transversalidade e o fator analisador 30 3 Os elementos do processo grupal 36 Considerações finais 39 Referências 40 Capítulo 3 Instrumentos de avaliação psicopedagógica institucional 43 1 Entrevistas anamnese e observação questões teóricopráticas e éticas 44 2 Tarefas e propostas grupais arte movimento propósitos 49 3 Vínculos ensinoaprendizagem e comunicação um olhar sistêmico 52 Considerações finais 56 Referências 57 Capítulo 4 Diagnóstico e sistemas de hipóteses usos devolutivas e encaminhamentos 59 1 A construção de hipóteses diagnósticas 60 2 O relatório psicopedagógico institucional ressignificação da demanda e das necessidades institucionais 64 3 Encaminhamentos e planejamento da intervenção institucional 67 Considerações finais 69 Referências 70 Sobre a autora 73 7 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Capítulo 1 Instituições organizações e processos grupais O campo de estudos e práticas da avaliação psicopedagógica ins titucional é relativamente recente e se define em uma concepção in terdisciplinar que abrange diferentes perspectivas teóricas e práticas Envolve contribuições de diversas áreas tais como a psicologia clínica e social a análise institucional a arteterapia o psicodrama e as teorias e técnicas grupais Refletir acerca da avaliação psicopedagógica institucional exige de início definir cada um desses três termos O processo de avaliação envol ve um conjunto de práticas e instrumentos que permitem construir uma hipótese diagnóstica acerca de uma situação de ensinoaprendizagem 8 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo em contextos diversos Constitui um processo dinâmico que nos apro xima dos conflitos e impasses que impedem o desenvolvimento de uma pessoa ou de uma organização observando as potencialidades e os obstáculos que permeiam suas manifestações A avaliação psicopedagógica toma como principais instrumentos a escuta e a observação do avaliador que apoia sua prática em subsídios teóricopráticos e em instrumentos já validados e explorados nas pes quisas e literatura do campo psicopedagógico são delas que nos ocu paremos neste livro além de usar como base as próprias experiências e vivências institucionais Além disso o psicopedagogo constrói de forma criativa e singular adaptações e novas ferramentas de avaliação em função do que quer indagar e das peculiaridades dos contextos ins titucionais com os quais trabalha A especificidade da avaliação psico pedagógica institucional aponta à aprendizagem das pessoas tanto na modalidade individual como nos contextos grupais tentando identificar quais são suas principais necessidades e fatores e de que modo interfe rem e são interferidas no processo de ensinoaprendizagem O diagnóstico psicopedagógico não é um ponto de chegada mas um ponto de partida que abre um caminho possível para intervir e apri morar as aprendizagens e as interações das pessoas com os objetos de conhecimento e com as tarefas e desafios que enfrentam em um contexto coletivo de implicação subjetiva e de trocas enriquecedoras com os outros A psicopedagogia institucional contribui com um enfo que sistêmico de compreensão dos obstáculos das organizações sus tentando um olhar holístico e integral acerca das dinâmicas de grupo que emergem e se desenvolvem em contextos institucionais diversos escolares hospitalares empresariais etc Não é possível organizar uma trilha de intervenção psicopedagógi ca ou planejar estratégias transformadoras sem ter um panorama das necessidades da organização e sem realizar uma análise prévia acerca das queixas e demandas que justificam um determinado dispositivo 9 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo de intervenção A avaliação psicopedagógica é processual e deman da tempo não é realizada de um dia para outro nem em apenas uma sessão É um processo dinâmico que requer vários encontros e que se constrói a partir da aplicação de diversos instrumentos e ferramentas que permitem coletar dados Essas informações são obtidas em lingua gens verbais comportamentais gráficas corporais atitudinais entre outras e serão interpretadas e analisadas em conjunto considerando as possíveis articulações convergências divergências recorrências e influências recíprocas Neste capítulo ofereceremos uma introdução de conceitoschave do desenvolvimento teórico clássico e contemporâneo acerca das instituições em uma perspectiva dinâmica e dialética de forças ins tituídas e instituintes Abordaremos as dinâmicas grupais e seus ele mentos constituintes tais como as identificações com os líderes e os sentimentos de pertencimento e exclusão Por último trataremos do campo da análise institucional e usaremos alguns exemplos concre tos de demanda 1 As instituições forças instituídas e forças instituintes No senso comum costuma se relacionar o termo instituição com o local físico de uma organização ou seja com o espaço que ela ocupa uma escola uma igreja um clube etc Entretanto uma instituição é um conceito que envolve características e dinâmicas que se refletem em um conjunto de práticas e crenças perpetuadas ao longo do tem po pelo fenômeno de repetição e pelo hábito de reproduzir determi nadas ideias e rituais Mas ao mesmo tempo essas normas podem ser questionadas e transformadas gerando o complexo dinamismo do institucional 10 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Berguer e Luckman são autores frequentemente referenciados nos estudos sobre as instituições Seu livro A construção social da realida de BERGUER LUCKMAN 2001 enfatizou a análise do pressuposto de que a realidade sociocultural não é natural nem é dada de antemão por forças sobrenaturais As representações e imaginários sociais respon dem a uma conjuntura sóciohistórica são fruto de relações de poder de uma época que oferece determinadas coordenadas para pensar signifi car e interpretar os laços sociais Essa base teórica clássica é de suma importância para a avaliação institucional considerando que se parte do pressuposto de que toda norma e regra que organiza uma dinâmica de trabalho e de relacionamento social é construída e portanto pode ser transformada O que esses autores verificaram foi uma tendência a esquecer que essas normas são datadas que tem uma origem e que foram criadas por outros sujeitos que em algum momento acharam que um determinado conjunto de diretrizes e ideias podiam ser válidas e positivas na organização de um grupo humano Tal como apontado por Bock Furtado e Teixeira 2008 a vida em grupo exige organização pautas e normas que ofereçam uma regulari dade nos comportamentos da nossa vida cotidiana Essa normatização chamase de institucionalização Esse processo faz com que diversos hábitos tornem a vida mais econômica e rápida e a sua perpetuação dá forma às tradições que se repetem e são herdadas de geração em geração Com o tempo a origem acaba sendo esquecida o que resulta em um traço característico da institucionalização por exemplo o caso da família monogâmica patriarcal A reificação é o processo pelo qual essas normas e práticas são na turalizadas encobrindo sua construção social de origem BERGUER LUCKMAN 2001 Esse processo de naturalização da realidade social dificulta a percepção das regras como plausíveis de serem mudadas conforme as necessidades e demandas dos grupos 11 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Segundo René Laurau 1970 um dos fundadores da análise institu cional que trataremos a seguir a instituição é um conceito dinâmico que envolve tanto forças instituídas como instituintes As primeiras en volvem forma ordem regras e racionalidade estabelecidas as segun das referemse aos processos ou seja aos movimentos sociais que as apoiam ou questionam Nessa ótica nenhuma organização ou grupo é univocamente permissivo ou repressivo a situação de institucionali zação é dinâmica Tal como o significado e o significante do signo de Saussure instituído e instituinte são as duas faces da mesma moeda Conforme Laurau a instituição é um conceito complexo e problemático que nunca se oferece de maneira direta ao observador Ela está simul taneamente presente e ausente oferecendo mensagens falsas pela sua ideologia e verdadeiras nas formas da sua organização LAURAU 1970 IMPORTANTE Uma instituição compõe forças instituídas e instituintes As instituições não se resumem a puras forças instituídas ou seja uma mera reprodução de hábitos regras e crenças Ao mesmo tempo também não são somen te forças instituintes que desconstroem continuamente essas normas Toda instituição é dinâmica e apresenta a dialética dessas duas forças Nessa mesma linha a instituição foi definida por Guilhon Albuquerque 1978 apud GUIRADO 2010 p 36 como um conjunto de práticas so ciais que se repetem e nessa repetição legitimamse por efeitos de reconhecimento e desconhecimento De acordo com Guirado a con figuração da fronteira de uma instituição é operada nas práticas que se repetem e autolegitimam demarcando um território próprio sobre o qual se exerce o monopólio do poder e cuja legitimidade é naturalizada No caso da instituição escolar por exemplo os pontos de resistência e a percepção do caráter relacional de poder que ela possui permitem des construir o caráter de corpo estranho acima de nossas cabeças com vida própria e independente de nós GUIRADO 2010 p 37 12 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo A reprodução e manutenção das instituições se concretiza nas or ganizações que são os estabelecimentos institucionais e constituem sua base material Exemplos de organizações são as igrejas os minis térios as empresas as escolas etc Nas organizações os grupos são os sujeitos que reproduzem normas e valores mas que também os re formulam e criam regras transformando suas dinâmicas Quando um grupo está no registro de sujeito ativo questionando e transformando o instituído estamos no campo das forças instituintes que saem da mera repetição acrítica do grupo objeto ou grupo sujeitado BOCK FURTADO TEIXEIRA 2008 PARA PENSAR A sociedade ocidental capitalista perpetua instituições como o casa mento patriarcal monogâmico por exemplo Refletir acerca de como seria viver em uma cultura poligâmica ou matriarcal requer desconstruir valores e hábitos instituídos 2 Dinâmicas e processos grupais Em Psicologia das massas e análise do eu Freud 2011 estuda duas instituições paradigmáticas a Igreja e o Exército Ainda que Freud fa lasse de massas e não de grupos vários elementos das suas contribui ções deram subsídio aos trabalhos pósfreudianos e contemporâneos sobre dinâmicas grupais Entre as contribuições conceituais podemos mencionar o narcisismo das pequenas diferenças e as identificações com os pares com o líder e com as tarefas e valores que dão coesão social aos grupos O termo freudiano narcisismo das pequenas diferenças define o desencontro do sujeito com aquilo que lhe resulta diferente estranho e desconhecido aquilo que não responde ao instituído do seu âmbito 13 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo familiar O narcisismo resulta abalado quando o diferente funciona para o sujeito como uma crítica ao que ele é faz e acredita Nas organiza ções esse fenômeno resulta perceptível e frequente quando ingressam novos colegas ou coordenadoreschefes Para a psicopedagogia ins titucional essa dinâmica é significativa porque pode dar lugar a aver sões e hostilidades não disfarçadas que manifestam a expressão de um amor a si próprio um narcisismo que se empenha na afirmação de si e se comporta como se a ocorrência de um desvio em relação a seus desenvolvimentos individuais acarretasse uma crítica deles e uma exortação a modificálos FREUD 2011 p 44 No campo das organizações escolares a inclusão de crianças e adolescentes com deficiências transtorno do espectro autista TEA ou altas habilidades explicitam diferenças cognitivas de comunicação e socioemocionais Em função desses desencontros com o diferente diversas escolas e famílias ainda resistem à inclusão de sujeitos com Necessidades Educativas Especiais NEE na escola regular comum Quando essas diferenças são especialmente expressivas se produz ade mais um abalo estrutural que desestabiliza o cerne do exercício docente ensinar a alunos com necessidades diferentes que não aprendem nem se comportam dentro de certas médias esperadas e normas instituídas A miséria psicológica do narcisismo das pequenas diferenças se tra duz em rótulos e estereótipos que transformam a alteridade em uma caricatura ou em um objeto criando heterogeneidade intergrupal e ao mesmo tempo homogeneidade intragrupal REINO ENDO 2011 Essa separação de grupos já é vislumbrada na categoria de sujeitos inclu ídos ou com NEE e o restante Nesse sentido em decorrência dessa heterogeneidade intergrupal observase o frequente apagamento da criançasujeito no hábito de nominála com a anteposição de um diag nóstico como o significante autismo expressado pelasos docentes em frases como tenho duas inclusões ou tenho dois autistas 14 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo O que acontece nas relações hierárquicas dos grupos De que modo se configuram os vínculos verticalizados de lídergrupo diante de diver sos estilos de lideranças A respeito dessa questão o elemento freu diano relação tiranomassa contribui para analisar de que modo as lideranças autoritárias podem interferir na dinâmica de grupos gerando efeitos de grupo objeto ou grupo sujeitado Tal como apontado por Endo 2012 a relação tiranomassa se sustenta em uma identificação em um pacto inconsciente de vínculos eróticos regressivos e identitários que perpetuam o servilismo totalitário Nessa dinâmica a massa res taura a figura de um pai e a adesão a um líder tirano toma como sub sídio afetivo os superinvestimentos eróticoamorosos Dessa forma a política e o convívio heterogêneo nas instituições são destruídos pela imposição de um aparente consenso permanente Os efeitos de massa incluem a intolerância do convívio heterogêneo a domesticação da singularidade via fenômenos hipnóticos de adesão paixão e mecanismos de indiferenciação A massa é agida pelas pala vras do comando tirano a quem só consegue obedecer assim a dupla massatirania se contrapõe e combate tanto a memória como a política ENDO 2012 Em momentos históricos extremos a euforia e a adesão total ou parcial das massas diante da tirania militar da época condu ziram à manutenção e ao apoio de diversos governos totalitários fas cistas e ultranacionalistas O nazismo sob liderança do alemão Adolf Hitler é um exemplo paradigmático desse fenômeno de massas Figura 1 Fenômenos de massa 15 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Nesse sentido Lidia Fernandes 1994 lembra que o grupo regula o comportamento individual O sujeito humano se constitui nas tramas de relações de sucesso previamente pautadas e que pela socialização são interiorizadas e passam a funcionar como regulações internas as sim como acontece com as primeiras figuras de autoridade da infân cia personificadas pelos pais O não cumprimento das regras grupais encarnam o perigo do castigo tanto interno como externo e de ser excluído do corpo grupal o que torna o sujeito excluído um estrangeiro Outra contribuição significativa no âmbito da pesquisaação com gru pos foi o conceito de campo do estadunidense Kurt Lewin quem en tendeu o comportamento e a interação dos grupos e dos indivíduos na conformação de um campo de forças dinâmicas denominado o todo estrutural Além disso a proposta dele distanciouse das abordagens positivistas que salientavam uma suposta neutralidade do avaliador que deveria e poderia ficar fora desse campo Na última fase da sua teoriza ção ademais o próprio grupo analisado foi incorporado na análise e dis cussão acerca do seu comportamento diluindo ainda que em aparência a fronteira entre formadores e formandos ROSSI PASSOS 2014 3 A análise institucional A análise institucional surgiu na França nas décadas de 6070 con tribuindo para questionar os sentidos e relações de poder cristalizados das instituições e promovendo novas perguntas e reflexões Tal como apontado por Rossi e Passos 2014 essa perspectiva teóricoprática enfatizou a diferença entre o estabelecimento institucional físicoge ográfico e o conceito de instituição entendendo que ela não se reduz à análise edilícia dos organogramas da organização de pessoas e da circulação da informação Diferentemente a análise se expande para os próprios conceitos de saúdedoença educação políticas etc ROSSI PASSOS 2014 16 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo A abordagem denominada socioanalista que reúne sociologia e psicanálise e cujos principais exponentes foram os franceses George Lapassade e René Laurau expandiu as abordagens grupalistas da épo ca Conforme Rossi e Passos 2014 a análise institucional desnatu ralizou os grupos concebendoos como instituições e evidenciando as suas forças instituintes mas também mostrou seu caráter utilitário modelado pelos objetivos prévios à conformação de cada um deles A análise institucional consolidouse assim em um campo de produção de conhecimento e de intervenção articulando conceitos e perguntas básicas tais como análise da demanda e análise da encomenda quem pede intervenção e o que é pedido análise da oferta o que o analista oferta e quais os efeitos da sua intervenção analisador que acontecimentos põem em análise a realidade institucional e princi palmente análise da implicação como estamos todos envolvidos na realidade institucional ROSSI PASSOS 2014 p 160 Nesse sentido a intervenção institucional promove a utilização ou geração de analisadores ou seja de acontecimentos ou situações de conflito críticas que produzem rupturas e desnaturalizam as institui ções O conceito de implicação vai ressaltar a separação fictícia entre sujeito e objeto de pesquisa mostrando que são constituídos no mes mo espaço e portanto estão implicados A noção de autogestão em contraposição à heterogestão cotidiana busca evidenciar que estamos imbuídos em relações de poder naturalizadas e não questionadas nas quais outros dizem o que como e por que determinadas ações preci sam ser realizadas FERNANDES et al 2003 Para Lidia Fernandes 1994 a análise institucional envolve a ob servação do que acontece nas organizações em seus emergentes mas também no próprio sujeito que avalia e observa Isso se fundamenta na ideia de que as instituições estão também dentro de nós introjetadas nas nossas crenças hábitos e marcos de interpretação Dessa forma os sujeitos encontram simultaneamente segurança desenvolvimento e pertencimento nas instituições mas também alienação exclusão e 17 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo sofrimento Isso produz uma tensão incontornável entre os desejos in dividuais e as formas socialmente aceitas das instituições Portanto a análise institucional é sempre de mão dupla e constitui um momento de enfrentar o que está oculto no cotidiano FERNANDES 1994 Figura 2 Perspectivas Segundo Fernandes 1994 o institucional articula duas dimensões em tensão a tendência a proteger e a mudar o estabelecido Essa dialé tica envolve significações psicoemocionais vinculadas ao mundo inter no e significações políticas derivadas do entramado relacional de siste mas de poder O institucional articula ambos os níveis Para a autora há três níveis de manifestação no funcionamento institucional 1 o nível formal que delimita fatos e produtos da interação dos in divíduos e grupos em função de tarefas e objetivos institucionais 2 o nível informal que constitui fatos e produtos das relações so cioemocionais dos indivíduos e grupos e 18 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo 3 o nível fantasmático que abrange fatos e produtos em que parti cipam ansiedades fantasias e imaginários A seguir abordaremos alguns exemplos frequentes de demanda de análise institucional no contexto escolar No caso da análise de práti cas escolares cabe lembrar que a escola é uma criação da moderni dade dificilmente relativizada como forma de ensino porque tende a ser legitimada no efeito do desconhecimento da própria relatividade Professores e alunos agentes e clientela repetem rituais cotidianos de disciplinação do corpo e do pensamento GUIRADO 2010 Um dos im pactos desse desconhecimento é a abordagem reducionista e individu alizante das dificuldades de aprendizagem que focaliza o aluno como casoproblema em abstrato evitando analisar a instituição que produz a queixa Assim o encaminhamento tornase sintoma da despotencia lização da instituição escolar capturada em múltiplas demandas e cuja função vai ficando diluída e à deriva de outras instituições Dessa forma a queixa escolar e o ingresso do discurso científico de peritos e técni cos nos prédiagnósticos do professor constituem um modo de fugir da análise das matrizes institucionais da dificuldade de aprendizagem que se encarnam no aluno mas que o transcendem AQUINO 1997 O disciplinamento escolar baseado na importação do discurso mé dico sobre o não aprender parte de um duplo desconhecimento do ca ráter relativo tanto da instituição escola como da instituição médica Em uma perspectiva foucaultiana o discurso se sustenta em relações de poder e portanto é disciplinar e produtor de subjetividade No cerne do contexto escolar essa produção de subjetividade emerge em atos de discurso que reproduzem nossas crenças apreendidas e valores ins tituídos GUIRADO 2010 Assim os discursos se fazem nos rituais das práticas institucionais configurando um campo de verdade que se re produz em atos tais como o encaminhamento de alunos a serviços de saúde a medicalização da educação ou a culpabilização das famílias pelas dificuldades de aprendizagem 19 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo NA PRÁTICA O movimento antimanicomial inspirado nos trabalhos do italiano Fran co Basaglia 19241980 e na análise institucional produziu diversos questionamentos e mudanças nas instituições psiquiátricas O filme brasileiro Bicho de sete cabeças 2000 e o longa estadunidense Um Estranho no Ninho 1962 ilustram elementos nocivos e desumanizan tes dessas instituições Além deles o filme francês Os incompreendidos 1959 de François Trouffaut retrata a expansão do discurso institucional reformatório de menores e da medicalização punitiva para o campo de experiências pró prias dos processos adolescentes O discurso do fracasso escolar é outro exemplo frequente de anali sador nas instituições escolares especialmente no momento de rece ber os resultados das avaliações externas em larga escala tais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica Saeb Esse discur so se constitui como ato e como articulador de poder e saber ele produz o sujeito e é produzido por ele nas análises dos efeitos cumulativos de erros e da cristalização cronificada do sujeito supostamente portador de distúrbios da aprendizagem Em síntese o discurso é prática que produz subjetividade em uma conjuntura sóciohistórica de produção O discurso escolar é produtor de sentido e se materializa nas organiza ções pela enunciação de cada um dos atores envolvidos professores alunos famílias coordenação secretarias de educação organismos in ternacionais etc Outra situação assídua de demanda de análise institucional nas or ganizações se fundamenta no desafio da inclusão mencionado no item anterior O excessivo apego às diferenças das crianças e adolescentes com NEE se expressa em tensão e malestar grupal e organizacional Cabe ressaltar que também a queixa pelo desencontro entre o seme lhante e o diferente nas organizações toma corpo em conjunturas his tóricopolíticas e não acontece de maneira isolada A inclusão escolar 20 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo é um tópico que exige transformações institucionais e atitudinais es pecialmente no que diz respeito às crenças e sentimentos dos sujeitos que conformam as equipes de professores e funcionários Nesse sen tido conforme Mantoán 2006 tratar as pessoas de modo diferente enfatiza as diferenças mas tratar a todos por igual em nome de uma igualdade abstrata as oculta e não promove relações justas na escola Na emergência do dilema entre mostrar ou ocultar o todos da racio nalidade moderna tende a homogeneizar e ordenar o mundo com seus supostos disciplinadores evitando a ambiguidade e a incerteza da dife rença e do não conhecido MANTOÁN 2006 PARA SABER MAIS O curta brasileiro Acorda Raimundo Acorda Alfredo Alves 1990 analisa as relações sociais e práticas que reproduzem estereótipos de gênero instituídos O documentário Crip Camp Revolução para a Inclu são 2020 mostra as crenças e limitações perpetuadas nas instituições em torno dos sujeitos com deficiências Considerações finais Neste capítulo abordamos elementos básicos da avaliação institu cional psicopedagógica em referência a três eixos principais institui ções dinâmicas grupais e análise institucional Refletimos acerca da importância de entender a instituição como um conceito dinâmico que não remete a um espaço físico mas a práticas e normas que se perpe tuam e estão dentro de nós sujeitos produtores e produzidos pela dinâ mica institucional Mas a instituição não se configura exclusivamente em repetição e permanência as forças instituintes dinamizam descons truções e questionamentos do instituído 21 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo As bases concretas das instituições são as organizações confor madas por grupos Vários autores como Sigmund Freud e Kurt Lewin deram subsídios para analisar dinâmicas grupais no que diz respeito às relações verticais e horizontais sustentadas em identificações com líde res Os estilos de lideranças promovem efeitos diversos e apontamos alguns desses efeitos em relação aos líderes autoritários Foram desenvolvidos ademais conceitos e ideias de autores na cionais e internacionais da análise institucional que contribuíram com construtos tais como analisadores discurso e demanda propiciando um marco de interpretação para o processo de análise das instituições e da introjeção delas em nossos hábitos e crenças Apresentamos exemplos frequentes de demanda de análise tais como o fracasso es colar e a inclusão de sujeitos com NEE Fica assim apresentada a complexidade conceitual que nos permite realizar uma análise psicopedagógica institucional que se distancie do sensocomum e da reificação dos processos sociais Esses conceitos constituem ferramentas teóricopráticas que subsidiam a observação e interpretação daquilo que tende a se naturalizar e que portanto cro nificando e cristalizando práticas inibem possibilidades de mudanças e transformações institucionais que promovam relações mais justas e enriquecedoras para seus atores Referências AQUINO J O malestar na escola contemporânea In Aquino J G org Erro e fracasso na escola São Paulo Summus 1997 BERGUER P LUCKMAN T A construção social da realidade Petrópolis Vozes 2001 BICHO de sete cabeças Direção Laís Bodansky Produção Buriti Filmes Brasil Columbia Pictures do Brasil 2001 DVD 84 min BOCK A M B FURTADO O TEIXEIRA M L T Psicologias uma introdução ao estudo de psicologia 14 ed São Paulo Saraiva 2008 22 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo CRIP Camp revolução para a inclusão Direção James Lebrecht Nicole Newnham Produção Netflix 2020 Netflix 105 min ENDO P C Ruínas de palavra vida nua estado de exceção e testemunho In LEITE N V A MILÁNRAMOS J G MORAES M R S org De um discurso sem palavras Campinas Mercado das Letras 2012 UM ESTRANHO no ninho Direção Milos Forman Produção Fantasy Films EUA United Artists 1975 DVD 129 min FERNANDES A M D et al Perspectivas em psicologia institucional investiga çãointervenção em escolas públicas da Maré Psicologia Ciência e Profissão v 23 n 4 p 5663 2003 FERNANDES LIDIA Instituciones educativas dinámicas institucionales em si tuaciones críticas Buenos Aires Paidós 1994 FREUD S Psicologia das massas e análise do eu In Obras completas Psicologia das massas e análise do eu e outros textos Tradução P C de Souza v 15 São Paulo Companhia das Letras 2011 GUIRADO M A análise institucional do discurso como analítica da subjeti vidade Tese de livre docência Instituto de Psicologia Universidade de São Paulo São Paulo 2010 OS INCOMPREENDIDOS Direção François Truffaut Produção Les Films du Carrosse França Cocinor 1959 DVD 94 min LAURAU R El análisis institucional Buenos Aires Amorrortu Editores 1970 MANTOÁN T Igualdade e diferenças na escola como andar no fio da navalha In ARANTES V A org Inclusão escolar pontos e contrapontos São Paulo Summus 2006 PINTO A D C MENEGHEL S N MARQUES A P M K Acorda Raimundo homens discutindo violências e masculinidade Psico v 38 n 3 3 abr 2008 REINO L M G ENDO P C Três versões do narcisismo das pequenas diferen ças em Freud Trivium Estudos Interdisciplinares v 3 n 2 p 1627 2011 ROSSI A PASSOS E Análise institucional revisão conceitual e nuanças da pesquisaintervenção no Brasil Revista EPOS Rio de Janeiro v 5 n 1 p 156 181 janjun 2014
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Capítulo 2: Organização da Avaliação Institucional e Avaliação Psicopedagógica
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O acesso às tecnologias no contexto escolar
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Inclusão e Exclusão Digital na Psicopedagogia
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O Papel do Psicopedagogo e as TIC na Educação
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Capítulo 4: Diagnóstico e Sistemas de Hipóteses para Relatórios Psicopedagógicos
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Interdisciplinaridade e Relações Sociais na Era Digital
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Reflexões sobre o Ser Professor - Análise da Construção de um Professor Intelectual
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Triagem Psicologica em Clinica Escola-Evolucao e Desafios
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Cadernos de Psicologia - Os Tempos no Hospital Oncológico - INCA 2015
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Mariana Inés Garbarino Avaliação psicopedagógica institucional Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Simone M P Vieira CBR 8a4771 Garbarino Mariana Inés Avaliação psicopedagógica institucional Mariana Inés Garbarino São Paulo Editora Senac São Paulo 2021 Série Universitária Bibliografia eISBN 9788539631810 ePub2021 eISBN 9788539631827 PDF2021 1 Educação Psicologia 2 Psicopedagogia 4 Psicopedagogia institucional 5 Avaliação educacional I Título II Série 211448t CDD 37015 3707 155 BISAC EDU009000 PSY039000 Índice para catálogo sistemático 1 Educação Psicologia 37015 2 Pedagogia 3707 3 Psicologia do desenvolvimento 155 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL Mariana Inés Garbarino Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho GerentePublisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação EditorialProspecção Dolores Crisci Manzano Ricardo Diana Administrativo grupoedsadministrativospsenacbr Comercial comercialeditorasenacspcombr Acompanhamento Pedagógico Otacília Pereira da Pazl Designer Educacional Priscila Cristina do Nascimento Preparação e Revisão de Texto Amanda Andrade Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Proibida a reprodução sem autorização expressa Antonio Carlos De Angelis Todos os direitos desta edição reservados à Editoração Eletrônica Editora Senac São Paulo Stephanie dos Reis Baldin Rua 24 de Maio 208 3o andar Ilustrações Centro CEP 01041000 São Paulo SP Stephanie dos Reis Baldin Caixa Postal 1120 CEP 01032970 São Paulo SP Tel 11 21874450 Fax 11 21874486 Imagens Email editoraspsenacbr Adobe Stock Photos Home page httpwwwlivrariasenaccombr Ebook Rodolfo Santana Editora Senac São Paulo 2022 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Sumário Capítulo 1 Instituições organizações e processos grupais 7 1 As instituições forças instituídas e forças instituintes 9 2 Dinâmicas e processos grupais 12 3 A análise institucional 15 Considerações finais 20 Referências 21 Capítulo 2 Organização da avaliação institucional elementos e objetivos 23 1 Grupos operativos 24 2 Transversalidade e o fator analisador 30 3 Os elementos do processo grupal 36 Considerações finais 39 Referências 40 Capítulo 3 Instrumentos de avaliação psicopedagógica institucional 43 1 Entrevistas anamnese e observação questões teóricopráticas e éticas 44 2 Tarefas e propostas grupais arte movimento propósitos 49 3 Vínculos ensinoaprendizagem e comunicação um olhar sistêmico 52 Considerações finais 56 Referências 57 Capítulo 4 Diagnóstico e sistemas de hipóteses usos devolutivas e encaminhamentos 59 1 A construção de hipóteses diagnósticas 60 2 O relatório psicopedagógico institucional ressignificação da demanda e das necessidades institucionais 64 3 Encaminhamentos e planejamento da intervenção institucional 67 Considerações finais 69 Referências 70 Sobre a autora 73 7 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Capítulo 1 Instituições organizações e processos grupais O campo de estudos e práticas da avaliação psicopedagógica ins titucional é relativamente recente e se define em uma concepção in terdisciplinar que abrange diferentes perspectivas teóricas e práticas Envolve contribuições de diversas áreas tais como a psicologia clínica e social a análise institucional a arteterapia o psicodrama e as teorias e técnicas grupais Refletir acerca da avaliação psicopedagógica institucional exige de início definir cada um desses três termos O processo de avaliação envol ve um conjunto de práticas e instrumentos que permitem construir uma hipótese diagnóstica acerca de uma situação de ensinoaprendizagem 8 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo em contextos diversos Constitui um processo dinâmico que nos apro xima dos conflitos e impasses que impedem o desenvolvimento de uma pessoa ou de uma organização observando as potencialidades e os obstáculos que permeiam suas manifestações A avaliação psicopedagógica toma como principais instrumentos a escuta e a observação do avaliador que apoia sua prática em subsídios teóricopráticos e em instrumentos já validados e explorados nas pes quisas e literatura do campo psicopedagógico são delas que nos ocu paremos neste livro além de usar como base as próprias experiências e vivências institucionais Além disso o psicopedagogo constrói de forma criativa e singular adaptações e novas ferramentas de avaliação em função do que quer indagar e das peculiaridades dos contextos ins titucionais com os quais trabalha A especificidade da avaliação psico pedagógica institucional aponta à aprendizagem das pessoas tanto na modalidade individual como nos contextos grupais tentando identificar quais são suas principais necessidades e fatores e de que modo interfe rem e são interferidas no processo de ensinoaprendizagem O diagnóstico psicopedagógico não é um ponto de chegada mas um ponto de partida que abre um caminho possível para intervir e apri morar as aprendizagens e as interações das pessoas com os objetos de conhecimento e com as tarefas e desafios que enfrentam em um contexto coletivo de implicação subjetiva e de trocas enriquecedoras com os outros A psicopedagogia institucional contribui com um enfo que sistêmico de compreensão dos obstáculos das organizações sus tentando um olhar holístico e integral acerca das dinâmicas de grupo que emergem e se desenvolvem em contextos institucionais diversos escolares hospitalares empresariais etc Não é possível organizar uma trilha de intervenção psicopedagógi ca ou planejar estratégias transformadoras sem ter um panorama das necessidades da organização e sem realizar uma análise prévia acerca das queixas e demandas que justificam um determinado dispositivo 9 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo de intervenção A avaliação psicopedagógica é processual e deman da tempo não é realizada de um dia para outro nem em apenas uma sessão É um processo dinâmico que requer vários encontros e que se constrói a partir da aplicação de diversos instrumentos e ferramentas que permitem coletar dados Essas informações são obtidas em lingua gens verbais comportamentais gráficas corporais atitudinais entre outras e serão interpretadas e analisadas em conjunto considerando as possíveis articulações convergências divergências recorrências e influências recíprocas Neste capítulo ofereceremos uma introdução de conceitoschave do desenvolvimento teórico clássico e contemporâneo acerca das instituições em uma perspectiva dinâmica e dialética de forças ins tituídas e instituintes Abordaremos as dinâmicas grupais e seus ele mentos constituintes tais como as identificações com os líderes e os sentimentos de pertencimento e exclusão Por último trataremos do campo da análise institucional e usaremos alguns exemplos concre tos de demanda 1 As instituições forças instituídas e forças instituintes No senso comum costuma se relacionar o termo instituição com o local físico de uma organização ou seja com o espaço que ela ocupa uma escola uma igreja um clube etc Entretanto uma instituição é um conceito que envolve características e dinâmicas que se refletem em um conjunto de práticas e crenças perpetuadas ao longo do tem po pelo fenômeno de repetição e pelo hábito de reproduzir determi nadas ideias e rituais Mas ao mesmo tempo essas normas podem ser questionadas e transformadas gerando o complexo dinamismo do institucional 10 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Berguer e Luckman são autores frequentemente referenciados nos estudos sobre as instituições Seu livro A construção social da realida de BERGUER LUCKMAN 2001 enfatizou a análise do pressuposto de que a realidade sociocultural não é natural nem é dada de antemão por forças sobrenaturais As representações e imaginários sociais respon dem a uma conjuntura sóciohistórica são fruto de relações de poder de uma época que oferece determinadas coordenadas para pensar signifi car e interpretar os laços sociais Essa base teórica clássica é de suma importância para a avaliação institucional considerando que se parte do pressuposto de que toda norma e regra que organiza uma dinâmica de trabalho e de relacionamento social é construída e portanto pode ser transformada O que esses autores verificaram foi uma tendência a esquecer que essas normas são datadas que tem uma origem e que foram criadas por outros sujeitos que em algum momento acharam que um determinado conjunto de diretrizes e ideias podiam ser válidas e positivas na organização de um grupo humano Tal como apontado por Bock Furtado e Teixeira 2008 a vida em grupo exige organização pautas e normas que ofereçam uma regulari dade nos comportamentos da nossa vida cotidiana Essa normatização chamase de institucionalização Esse processo faz com que diversos hábitos tornem a vida mais econômica e rápida e a sua perpetuação dá forma às tradições que se repetem e são herdadas de geração em geração Com o tempo a origem acaba sendo esquecida o que resulta em um traço característico da institucionalização por exemplo o caso da família monogâmica patriarcal A reificação é o processo pelo qual essas normas e práticas são na turalizadas encobrindo sua construção social de origem BERGUER LUCKMAN 2001 Esse processo de naturalização da realidade social dificulta a percepção das regras como plausíveis de serem mudadas conforme as necessidades e demandas dos grupos 11 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Segundo René Laurau 1970 um dos fundadores da análise institu cional que trataremos a seguir a instituição é um conceito dinâmico que envolve tanto forças instituídas como instituintes As primeiras en volvem forma ordem regras e racionalidade estabelecidas as segun das referemse aos processos ou seja aos movimentos sociais que as apoiam ou questionam Nessa ótica nenhuma organização ou grupo é univocamente permissivo ou repressivo a situação de institucionali zação é dinâmica Tal como o significado e o significante do signo de Saussure instituído e instituinte são as duas faces da mesma moeda Conforme Laurau a instituição é um conceito complexo e problemático que nunca se oferece de maneira direta ao observador Ela está simul taneamente presente e ausente oferecendo mensagens falsas pela sua ideologia e verdadeiras nas formas da sua organização LAURAU 1970 IMPORTANTE Uma instituição compõe forças instituídas e instituintes As instituições não se resumem a puras forças instituídas ou seja uma mera reprodução de hábitos regras e crenças Ao mesmo tempo também não são somen te forças instituintes que desconstroem continuamente essas normas Toda instituição é dinâmica e apresenta a dialética dessas duas forças Nessa mesma linha a instituição foi definida por Guilhon Albuquerque 1978 apud GUIRADO 2010 p 36 como um conjunto de práticas so ciais que se repetem e nessa repetição legitimamse por efeitos de reconhecimento e desconhecimento De acordo com Guirado a con figuração da fronteira de uma instituição é operada nas práticas que se repetem e autolegitimam demarcando um território próprio sobre o qual se exerce o monopólio do poder e cuja legitimidade é naturalizada No caso da instituição escolar por exemplo os pontos de resistência e a percepção do caráter relacional de poder que ela possui permitem des construir o caráter de corpo estranho acima de nossas cabeças com vida própria e independente de nós GUIRADO 2010 p 37 12 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo A reprodução e manutenção das instituições se concretiza nas or ganizações que são os estabelecimentos institucionais e constituem sua base material Exemplos de organizações são as igrejas os minis térios as empresas as escolas etc Nas organizações os grupos são os sujeitos que reproduzem normas e valores mas que também os re formulam e criam regras transformando suas dinâmicas Quando um grupo está no registro de sujeito ativo questionando e transformando o instituído estamos no campo das forças instituintes que saem da mera repetição acrítica do grupo objeto ou grupo sujeitado BOCK FURTADO TEIXEIRA 2008 PARA PENSAR A sociedade ocidental capitalista perpetua instituições como o casa mento patriarcal monogâmico por exemplo Refletir acerca de como seria viver em uma cultura poligâmica ou matriarcal requer desconstruir valores e hábitos instituídos 2 Dinâmicas e processos grupais Em Psicologia das massas e análise do eu Freud 2011 estuda duas instituições paradigmáticas a Igreja e o Exército Ainda que Freud fa lasse de massas e não de grupos vários elementos das suas contribui ções deram subsídio aos trabalhos pósfreudianos e contemporâneos sobre dinâmicas grupais Entre as contribuições conceituais podemos mencionar o narcisismo das pequenas diferenças e as identificações com os pares com o líder e com as tarefas e valores que dão coesão social aos grupos O termo freudiano narcisismo das pequenas diferenças define o desencontro do sujeito com aquilo que lhe resulta diferente estranho e desconhecido aquilo que não responde ao instituído do seu âmbito 13 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo familiar O narcisismo resulta abalado quando o diferente funciona para o sujeito como uma crítica ao que ele é faz e acredita Nas organiza ções esse fenômeno resulta perceptível e frequente quando ingressam novos colegas ou coordenadoreschefes Para a psicopedagogia ins titucional essa dinâmica é significativa porque pode dar lugar a aver sões e hostilidades não disfarçadas que manifestam a expressão de um amor a si próprio um narcisismo que se empenha na afirmação de si e se comporta como se a ocorrência de um desvio em relação a seus desenvolvimentos individuais acarretasse uma crítica deles e uma exortação a modificálos FREUD 2011 p 44 No campo das organizações escolares a inclusão de crianças e adolescentes com deficiências transtorno do espectro autista TEA ou altas habilidades explicitam diferenças cognitivas de comunicação e socioemocionais Em função desses desencontros com o diferente diversas escolas e famílias ainda resistem à inclusão de sujeitos com Necessidades Educativas Especiais NEE na escola regular comum Quando essas diferenças são especialmente expressivas se produz ade mais um abalo estrutural que desestabiliza o cerne do exercício docente ensinar a alunos com necessidades diferentes que não aprendem nem se comportam dentro de certas médias esperadas e normas instituídas A miséria psicológica do narcisismo das pequenas diferenças se tra duz em rótulos e estereótipos que transformam a alteridade em uma caricatura ou em um objeto criando heterogeneidade intergrupal e ao mesmo tempo homogeneidade intragrupal REINO ENDO 2011 Essa separação de grupos já é vislumbrada na categoria de sujeitos inclu ídos ou com NEE e o restante Nesse sentido em decorrência dessa heterogeneidade intergrupal observase o frequente apagamento da criançasujeito no hábito de nominála com a anteposição de um diag nóstico como o significante autismo expressado pelasos docentes em frases como tenho duas inclusões ou tenho dois autistas 14 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo O que acontece nas relações hierárquicas dos grupos De que modo se configuram os vínculos verticalizados de lídergrupo diante de diver sos estilos de lideranças A respeito dessa questão o elemento freu diano relação tiranomassa contribui para analisar de que modo as lideranças autoritárias podem interferir na dinâmica de grupos gerando efeitos de grupo objeto ou grupo sujeitado Tal como apontado por Endo 2012 a relação tiranomassa se sustenta em uma identificação em um pacto inconsciente de vínculos eróticos regressivos e identitários que perpetuam o servilismo totalitário Nessa dinâmica a massa res taura a figura de um pai e a adesão a um líder tirano toma como sub sídio afetivo os superinvestimentos eróticoamorosos Dessa forma a política e o convívio heterogêneo nas instituições são destruídos pela imposição de um aparente consenso permanente Os efeitos de massa incluem a intolerância do convívio heterogêneo a domesticação da singularidade via fenômenos hipnóticos de adesão paixão e mecanismos de indiferenciação A massa é agida pelas pala vras do comando tirano a quem só consegue obedecer assim a dupla massatirania se contrapõe e combate tanto a memória como a política ENDO 2012 Em momentos históricos extremos a euforia e a adesão total ou parcial das massas diante da tirania militar da época condu ziram à manutenção e ao apoio de diversos governos totalitários fas cistas e ultranacionalistas O nazismo sob liderança do alemão Adolf Hitler é um exemplo paradigmático desse fenômeno de massas Figura 1 Fenômenos de massa 15 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Nesse sentido Lidia Fernandes 1994 lembra que o grupo regula o comportamento individual O sujeito humano se constitui nas tramas de relações de sucesso previamente pautadas e que pela socialização são interiorizadas e passam a funcionar como regulações internas as sim como acontece com as primeiras figuras de autoridade da infân cia personificadas pelos pais O não cumprimento das regras grupais encarnam o perigo do castigo tanto interno como externo e de ser excluído do corpo grupal o que torna o sujeito excluído um estrangeiro Outra contribuição significativa no âmbito da pesquisaação com gru pos foi o conceito de campo do estadunidense Kurt Lewin quem en tendeu o comportamento e a interação dos grupos e dos indivíduos na conformação de um campo de forças dinâmicas denominado o todo estrutural Além disso a proposta dele distanciouse das abordagens positivistas que salientavam uma suposta neutralidade do avaliador que deveria e poderia ficar fora desse campo Na última fase da sua teoriza ção ademais o próprio grupo analisado foi incorporado na análise e dis cussão acerca do seu comportamento diluindo ainda que em aparência a fronteira entre formadores e formandos ROSSI PASSOS 2014 3 A análise institucional A análise institucional surgiu na França nas décadas de 6070 con tribuindo para questionar os sentidos e relações de poder cristalizados das instituições e promovendo novas perguntas e reflexões Tal como apontado por Rossi e Passos 2014 essa perspectiva teóricoprática enfatizou a diferença entre o estabelecimento institucional físicoge ográfico e o conceito de instituição entendendo que ela não se reduz à análise edilícia dos organogramas da organização de pessoas e da circulação da informação Diferentemente a análise se expande para os próprios conceitos de saúdedoença educação políticas etc ROSSI PASSOS 2014 16 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo A abordagem denominada socioanalista que reúne sociologia e psicanálise e cujos principais exponentes foram os franceses George Lapassade e René Laurau expandiu as abordagens grupalistas da épo ca Conforme Rossi e Passos 2014 a análise institucional desnatu ralizou os grupos concebendoos como instituições e evidenciando as suas forças instituintes mas também mostrou seu caráter utilitário modelado pelos objetivos prévios à conformação de cada um deles A análise institucional consolidouse assim em um campo de produção de conhecimento e de intervenção articulando conceitos e perguntas básicas tais como análise da demanda e análise da encomenda quem pede intervenção e o que é pedido análise da oferta o que o analista oferta e quais os efeitos da sua intervenção analisador que acontecimentos põem em análise a realidade institucional e princi palmente análise da implicação como estamos todos envolvidos na realidade institucional ROSSI PASSOS 2014 p 160 Nesse sentido a intervenção institucional promove a utilização ou geração de analisadores ou seja de acontecimentos ou situações de conflito críticas que produzem rupturas e desnaturalizam as institui ções O conceito de implicação vai ressaltar a separação fictícia entre sujeito e objeto de pesquisa mostrando que são constituídos no mes mo espaço e portanto estão implicados A noção de autogestão em contraposição à heterogestão cotidiana busca evidenciar que estamos imbuídos em relações de poder naturalizadas e não questionadas nas quais outros dizem o que como e por que determinadas ações preci sam ser realizadas FERNANDES et al 2003 Para Lidia Fernandes 1994 a análise institucional envolve a ob servação do que acontece nas organizações em seus emergentes mas também no próprio sujeito que avalia e observa Isso se fundamenta na ideia de que as instituições estão também dentro de nós introjetadas nas nossas crenças hábitos e marcos de interpretação Dessa forma os sujeitos encontram simultaneamente segurança desenvolvimento e pertencimento nas instituições mas também alienação exclusão e 17 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo sofrimento Isso produz uma tensão incontornável entre os desejos in dividuais e as formas socialmente aceitas das instituições Portanto a análise institucional é sempre de mão dupla e constitui um momento de enfrentar o que está oculto no cotidiano FERNANDES 1994 Figura 2 Perspectivas Segundo Fernandes 1994 o institucional articula duas dimensões em tensão a tendência a proteger e a mudar o estabelecido Essa dialé tica envolve significações psicoemocionais vinculadas ao mundo inter no e significações políticas derivadas do entramado relacional de siste mas de poder O institucional articula ambos os níveis Para a autora há três níveis de manifestação no funcionamento institucional 1 o nível formal que delimita fatos e produtos da interação dos in divíduos e grupos em função de tarefas e objetivos institucionais 2 o nível informal que constitui fatos e produtos das relações so cioemocionais dos indivíduos e grupos e 18 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo 3 o nível fantasmático que abrange fatos e produtos em que parti cipam ansiedades fantasias e imaginários A seguir abordaremos alguns exemplos frequentes de demanda de análise institucional no contexto escolar No caso da análise de práti cas escolares cabe lembrar que a escola é uma criação da moderni dade dificilmente relativizada como forma de ensino porque tende a ser legitimada no efeito do desconhecimento da própria relatividade Professores e alunos agentes e clientela repetem rituais cotidianos de disciplinação do corpo e do pensamento GUIRADO 2010 Um dos im pactos desse desconhecimento é a abordagem reducionista e individu alizante das dificuldades de aprendizagem que focaliza o aluno como casoproblema em abstrato evitando analisar a instituição que produz a queixa Assim o encaminhamento tornase sintoma da despotencia lização da instituição escolar capturada em múltiplas demandas e cuja função vai ficando diluída e à deriva de outras instituições Dessa forma a queixa escolar e o ingresso do discurso científico de peritos e técni cos nos prédiagnósticos do professor constituem um modo de fugir da análise das matrizes institucionais da dificuldade de aprendizagem que se encarnam no aluno mas que o transcendem AQUINO 1997 O disciplinamento escolar baseado na importação do discurso mé dico sobre o não aprender parte de um duplo desconhecimento do ca ráter relativo tanto da instituição escola como da instituição médica Em uma perspectiva foucaultiana o discurso se sustenta em relações de poder e portanto é disciplinar e produtor de subjetividade No cerne do contexto escolar essa produção de subjetividade emerge em atos de discurso que reproduzem nossas crenças apreendidas e valores ins tituídos GUIRADO 2010 Assim os discursos se fazem nos rituais das práticas institucionais configurando um campo de verdade que se re produz em atos tais como o encaminhamento de alunos a serviços de saúde a medicalização da educação ou a culpabilização das famílias pelas dificuldades de aprendizagem 19 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo NA PRÁTICA O movimento antimanicomial inspirado nos trabalhos do italiano Fran co Basaglia 19241980 e na análise institucional produziu diversos questionamentos e mudanças nas instituições psiquiátricas O filme brasileiro Bicho de sete cabeças 2000 e o longa estadunidense Um Estranho no Ninho 1962 ilustram elementos nocivos e desumanizan tes dessas instituições Além deles o filme francês Os incompreendidos 1959 de François Trouffaut retrata a expansão do discurso institucional reformatório de menores e da medicalização punitiva para o campo de experiências pró prias dos processos adolescentes O discurso do fracasso escolar é outro exemplo frequente de anali sador nas instituições escolares especialmente no momento de rece ber os resultados das avaliações externas em larga escala tais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica Saeb Esse discur so se constitui como ato e como articulador de poder e saber ele produz o sujeito e é produzido por ele nas análises dos efeitos cumulativos de erros e da cristalização cronificada do sujeito supostamente portador de distúrbios da aprendizagem Em síntese o discurso é prática que produz subjetividade em uma conjuntura sóciohistórica de produção O discurso escolar é produtor de sentido e se materializa nas organiza ções pela enunciação de cada um dos atores envolvidos professores alunos famílias coordenação secretarias de educação organismos in ternacionais etc Outra situação assídua de demanda de análise institucional nas or ganizações se fundamenta no desafio da inclusão mencionado no item anterior O excessivo apego às diferenças das crianças e adolescentes com NEE se expressa em tensão e malestar grupal e organizacional Cabe ressaltar que também a queixa pelo desencontro entre o seme lhante e o diferente nas organizações toma corpo em conjunturas his tóricopolíticas e não acontece de maneira isolada A inclusão escolar 20 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo é um tópico que exige transformações institucionais e atitudinais es pecialmente no que diz respeito às crenças e sentimentos dos sujeitos que conformam as equipes de professores e funcionários Nesse sen tido conforme Mantoán 2006 tratar as pessoas de modo diferente enfatiza as diferenças mas tratar a todos por igual em nome de uma igualdade abstrata as oculta e não promove relações justas na escola Na emergência do dilema entre mostrar ou ocultar o todos da racio nalidade moderna tende a homogeneizar e ordenar o mundo com seus supostos disciplinadores evitando a ambiguidade e a incerteza da dife rença e do não conhecido MANTOÁN 2006 PARA SABER MAIS O curta brasileiro Acorda Raimundo Acorda Alfredo Alves 1990 analisa as relações sociais e práticas que reproduzem estereótipos de gênero instituídos O documentário Crip Camp Revolução para a Inclu são 2020 mostra as crenças e limitações perpetuadas nas instituições em torno dos sujeitos com deficiências Considerações finais Neste capítulo abordamos elementos básicos da avaliação institu cional psicopedagógica em referência a três eixos principais institui ções dinâmicas grupais e análise institucional Refletimos acerca da importância de entender a instituição como um conceito dinâmico que não remete a um espaço físico mas a práticas e normas que se perpe tuam e estão dentro de nós sujeitos produtores e produzidos pela dinâ mica institucional Mas a instituição não se configura exclusivamente em repetição e permanência as forças instituintes dinamizam descons truções e questionamentos do instituído 21 Instituições organizações e processos grupais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo As bases concretas das instituições são as organizações confor madas por grupos Vários autores como Sigmund Freud e Kurt Lewin deram subsídios para analisar dinâmicas grupais no que diz respeito às relações verticais e horizontais sustentadas em identificações com líde res Os estilos de lideranças promovem efeitos diversos e apontamos alguns desses efeitos em relação aos líderes autoritários Foram desenvolvidos ademais conceitos e ideias de autores na cionais e internacionais da análise institucional que contribuíram com construtos tais como analisadores discurso e demanda propiciando um marco de interpretação para o processo de análise das instituições e da introjeção delas em nossos hábitos e crenças Apresentamos exemplos frequentes de demanda de análise tais como o fracasso es colar e a inclusão de sujeitos com NEE Fica assim apresentada a complexidade conceitual que nos permite realizar uma análise psicopedagógica institucional que se distancie do sensocomum e da reificação dos processos sociais Esses conceitos constituem ferramentas teóricopráticas que subsidiam a observação e interpretação daquilo que tende a se naturalizar e que portanto cro nificando e cristalizando práticas inibem possibilidades de mudanças e transformações institucionais que promovam relações mais justas e enriquecedoras para seus atores Referências AQUINO J O malestar na escola contemporânea In Aquino J G org Erro e fracasso na escola São Paulo Summus 1997 BERGUER P LUCKMAN T A construção social da realidade Petrópolis Vozes 2001 BICHO de sete cabeças Direção Laís Bodansky Produção Buriti Filmes Brasil Columbia Pictures do Brasil 2001 DVD 84 min BOCK A M B FURTADO O TEIXEIRA M L T Psicologias uma introdução ao estudo de psicologia 14 ed São Paulo Saraiva 2008 22 Avaliação psicopedagógica institucional Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo CRIP Camp revolução para a inclusão Direção James Lebrecht Nicole Newnham Produção Netflix 2020 Netflix 105 min ENDO P C Ruínas de palavra vida nua estado de exceção e testemunho In LEITE N V A MILÁNRAMOS J G MORAES M R S org De um discurso sem palavras Campinas Mercado das Letras 2012 UM ESTRANHO no ninho Direção Milos Forman Produção Fantasy Films EUA United Artists 1975 DVD 129 min FERNANDES A M D et al Perspectivas em psicologia institucional investiga çãointervenção em escolas públicas da Maré Psicologia Ciência e Profissão v 23 n 4 p 5663 2003 FERNANDES LIDIA Instituciones educativas dinámicas institucionales em si tuaciones críticas Buenos Aires Paidós 1994 FREUD S Psicologia das massas e análise do eu In Obras completas Psicologia das massas e análise do eu e outros textos Tradução P C de Souza v 15 São Paulo Companhia das Letras 2011 GUIRADO M A análise institucional do discurso como analítica da subjeti vidade Tese de livre docência Instituto de Psicologia Universidade de São Paulo São Paulo 2010 OS INCOMPREENDIDOS Direção François Truffaut Produção Les Films du Carrosse França Cocinor 1959 DVD 94 min LAURAU R El análisis institucional Buenos Aires Amorrortu Editores 1970 MANTOÁN T Igualdade e diferenças na escola como andar no fio da navalha In ARANTES V A org Inclusão escolar pontos e contrapontos São Paulo Summus 2006 PINTO A D C MENEGHEL S N MARQUES A P M K Acorda Raimundo homens discutindo violências e masculinidade Psico v 38 n 3 3 abr 2008 REINO L M G ENDO P C Três versões do narcisismo das pequenas diferen ças em Freud Trivium Estudos Interdisciplinares v 3 n 2 p 1627 2011 ROSSI A PASSOS E Análise institucional revisão conceitual e nuanças da pesquisaintervenção no Brasil Revista EPOS Rio de Janeiro v 5 n 1 p 156 181 janjun 2014