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Psicologia Institucional

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109 Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Capítulo 7 Inclusão ou exclusão digital O título deste capítulo é um questionamento com o qual se lida no cotidiano de uma escola que se propõe a promover a educação para todos mas que na prática lida com valores metas e preconceitos de diferentes setores da sociedade que nem sempre convergem para os mesmos fins democráticos Inclusão e exclusão são faces de uma mesma moeda que retratam uma realidade social educacional ou cultural A psicopedagogia como um campo de conhecimento que tem sua origem na educação e na psicologia tem como princípio a compreensão da aprendizagem do ser humano em seus aspectos cognitivos sociais 110 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo físicos e afetivos Nesse âmbito intervir na inclusão de pessoas com deficiência vai além do uso das tecnologias para mediação do processo de aprendizagem Objetiva sobretudo a integração do ser humano sua subjetividade e afetividade Essa temática será desenvolvida da seguinte forma no primeiro tó pico será abordado um breve histórico do atendimento educacional à criança com necessidades especiais e da avaliação psicopedagógica como intervenção fundamental para indicaçãoencaminhamento da in clusão No segundo serão discutidas as tecnologias assistivas como recurso de mediação do processo de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais No terceiro será feita uma reflexão sobre a psi copedagogia na inclusão digital enquanto prática voltada à aprendiza gem à qualidade de vida do aprendente e suas interações no contexto escolar A adaptação do aprendente incluído implica também a melho ria de sua autoestima 1 Educação inclusiva e psicopedagogia Educação inclusiva é um conceito recente na história da educação Isso porque a discussão a respeito das necessidades da pessoa com deficiência é ampla envolvendo o conceito e o préconceito as políticas públicas as práticas pedagógicas e a inclusão Dessa forma a educa ção inclusiva significa a educação que engloba todas as crianças inde pendentemente de suas competências e limitações deslocando o olhar das diferenças para lidar com a diversidade Neste capítulo a discussão abrangerá uma breve apresentação histórica das práticas educativas para pessoas com deficiências que justificam o uso de diferentes terminologias e também o atendimento psicopedagógico nessa área Sabese que na atualidade as desigualdades sociais e o desrespei to às diferenças são banalizados no cotidiano e a escola por sua vez 111 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo reflete e reproduz esse cotidiano haja vista a alta incidência de bullying de violência e preconceito que se expressam do lado de dentro dos mu ros escolares A sociedade e consequentemente a escola estão envolvidas por uma lógica que determina a exclusão de alguns grupos para benefi ciar outros mesmo contrariando os valores democráticos igualitários promulgados em diversas declarações mundiais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração de Salamanca Santos e Paulino 2006 asseveram a importância da educação inclu siva pois tem como princípio básico a minimização de todo e qualquer tipo de exclusão em arenas educacionais a fim de elevar ao máximo o ní vel de participação coletiva e individual de seus integrantes Na perspec tiva de ideais democráticos a educação inclusiva se baseia no argumen to de que todos temos o mesmo valor pelo simples fato de sermos seres humanos É por esse motivo que cada pessoa precisa ser considerada e respeitada em sua maneira subjetiva e singular de existir O objetivo da educação inclusiva é reduzir os obstáculos que impe dem a pessoa de desempenhar atividades e ter participação plena na sociedade Portanto inclusão significa o direito ao exercício da cidada nia A inclusão escolar é apenas uma pequena parcela de um vasto pro cesso social a ser percorrido A cidadania da pessoa com deficiência começou a ser contempla da nas diretrizes políticas em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos SANTOS PAULINO 2006 Dias 2011 comenta que na segunda metade do século XX com o aprofundamento da crise da escola começam a se consolidar as polí ticas da escola para todos resultando tanto na massificação do ensino quanto na proposta de educação inclusiva O atendimento às pessoas com deficiência passou por vários perí odos com significados diferentes Até o século XVIII as pessoas com 112 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo algum tipo de deficiência eram consideradas possuídas por algo da or dem do sobrenatural e portanto eram estigmatizadas e colocadas à margem da sociedade No fim do século XVIII e começo do século XIX com o surgimento da ciência as deficiências passaram a ser compre endidas como doenças e a pessoa com deficiência passou a ser res ponsabilizada por suas próprias dificuldades Essa concepção trouxe a possibilidade de as crianças serem levadas à escola e atendidas pela educação especial A educação especial era segregadora pois trazia essas crianças à escola mas as excluía na sala de aula com um currículo e um tratamen to diferenciado das demais Tentando romper a segregação que discri minava e rotulava os alunos com deficiência a escola então propôs a integração de todos os alunos ao mesmo currículo escolar Dias 2011 comenta que a diferença entre essas propostas era muito pequena em relação à forma como a educação desse perfil de aluno era encarada Tanto a educação especial quanto a integração tinham foco no aluno e em suas dificuldades e impedimentos Porém denotavam um esforço de compartilhamento dos alunos A proposta de educação inclusiva surge aliada às políticas de ações afirmativas que buscam a eliminação de toda e qualquer desigualdade de oportunidades entre as pessoas Com isso houve um deslocamento do foco do aluno com suas necessidades educativas especiais para a escola e os obstáculos que ela enfrenta para poder ensinar a todos Santos e Paulino 2006 afirmam que a promoção da inclusão de pessoas com deficiência deveria ser uma mudança de postura e de olhar acerca da deficiência o que ainda está longe de acontecer plena mente na sociedade Dias 2011 mostra que no Brasil a educação inclusiva passa por diversos caminhos Grupos de educadores e pais ligados às universida des ao Ministério da Educação e a instituições filantrópicas defendem modelos muito diferentes entre si Por exemplo em alguns municípios 113 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo do estado de São Paulo tem sido adotado o modelo de educação iti nerante que oferece atendimentos individualizados fora do período de aula e apoio em sala de aula regular projetos centralizados na figura de um professor tutor sem divisão tradicional das disciplinas propostas sem professor de apoio entre outras Essas diferentes propostas refle tem formas muito distintas de conceber os currículos as avaliações o papel do professor e do especialista e sobretudo diferentes concep ções a respeito da deficiência A psicopedagogia enquanto área de especialidade no atendimento às pessoas com deficiência intervém nos processos do aprender e do não aprender mas ainda é incipiente no atendimento às pessoas com necessidades educativas especiais É na avaliação psicopedagógica institucional que acontece maior participação do psicopedagogo para conhecer as possíveis necessidades educativas dos alunos em seu contexto de aprendizagem A aprendizagem no contexto da psicopedagogia é um contínuo no desenvolvimento do ser humano independentemente de suas compe tências intelectuais cognitivas perceptivas motoras e físicas Isso quer dizer que é importante oferecer na interação com o meio os recursos adequados e melhores condições ao desenvolvimento da pessoa com deficiência para que ela possa ampliar sua aprendizagem e participar de acordo com seu desejo e suas condições na escola na família e na sociedade Giné 2004 faz uma leitura muito ampla e profunda da avaliação psicopedagógica considerando que é necessário rever a concepção de ensinoaprendizagem que norteia um modelo de avaliação das necessi dades educativas dos alunos Não se pode mais utilizar uma avaliação orientada unicamente ao indivíduo com uso de instrumentos que mui tas vezes não consideram as diferenças e que são portanto insuficien tes para a formulação da resposta educativa Ressaltese que os ins trumentos de avaliação psicopedagógica nem sempre são construídos 114 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo com critérios de padronização e validade o que impossibilita a compa ração científica de resultados entre grupos específicos A avaliação das possíveis necessidades educativas dos alunos tem se revelado um dos componentes mais críticos da intervenção psico pedagógica porque é uma das maiores atividades do psicopedagogo e também porque nela se fundamentam as ações voltadas à prevenção A avaliação psicopedagógica segundo Giné 2004 deve propor cionar uma informação relevante para conhecer as necessidades dos alunos e seu contexto escolar familiar e social bem como para fun damentar e justificar a necessidade de introduzir mudanças na oferta educacional NA PRÁTICA Giné 2004 propõe uma metodologia psicopedagógica de identifica ção das necessidades especiais do aluno que contemple observações e informações que deem conta da relação entre as características do sujeito e dos contextos em que este se desenvolve Ou seja a avaliação psicopedagógica deve ser orientada para identificar as necessidades dos alunos em relação aos apoios pessoais e materiais necessários para estimular seu processo de desenvolvimento Isso envolve conhe cer através de instrumentos específicos e observacionais condições pessoais da deficiência dinâmica familiar contexto escolar contexto da sala de aula prática docente currículo apoio e serviços 115 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo 2 Tecnologia assistiva O termo tecnologia assistiva TA também conhecido como tec nologia de apoio se refere a dispositivos técnicas e processos com a finalidade de prover a assistência e reabilitação de pessoas com ne cessidades especiais ampliando sua habilidade funcional bem como melhorando sua qualidade de vida KLEINA 2012 O uso de TA no Brasil apoiouse em diferentes estudos e pesquisas que subsidiaram as políticas públicas para a reabilitação e integração das pessoas com deficiência Nesse contexto as tecnologias assistivas são entendidas como ajudas técnicas que se referem a Qualquer produto instrumento estratégia serviço e prática utiliza da por pessoas com deficiência e pessoas idosas especialmente produzido ou geralmente disponível para prevenir compensar ou neutralizar uma deficiência incapacidade ou desvantagem e me lhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos PORTU GAL 2007 apud BERSCH 2017 p 3 A TA deve ser entendida de acordo com Bersch 2017 como um auxílio que oportunizará a ampliação de uma habilidade funcional que está deficitária ou limitada por causa das circunstâncias de uma de ficiência ou do envelhecimento Essas tecnologias podem ser modes tas como uma bengala um par de óculos ou uma lupa ou elaboradas como um teclado em braille sintetizadores vocais sistemas para reco nhecer a fala do usuário sistemas computadorizados para comunica ção e controle de ambientes que podem envolver hardware e software SANTAROSA ROGETOP 2002 apud KLEINA 2012 Desse modo as TA objetivam promover às pessoas com deficiência maior independência autonomia e inclusão educacional e social por meio do incremento de sua comunicação e mobilidade do domínio do ambiente do desenvolvimento de habilidades que auxiliem o processo 116 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo de aprendizagem o trabalho a integração com a família os amigos e a sociedade em geral Conhecer esses recursos e adaptálos às necessidades especiais do aluno é um grande desafio dos profissionais da educação sobretudo do psicopedagogo cuja intervenção envolve os aspectos afetivos e re lacionais do aprendente com o ambiente de aprendizagem e no caso da criança com deficiência a forma como lida com os mediadores da aprendizagem sua aceitação e compreensão do recurso Muitas vezes o aluno tem seu potencial de desenvolvimento impe dido porque não foram oferecidos a ele os recursos adequados isto é o acesso à TA O termo tecnologia assistiva foi introduzido em 1988 com a finali dade de diferenciálos de outros recursos tecnológicos da área médica e hospitalar e padronizálos A padronização tem como objetivo auxi liar a legislação para categorizar os recursos e equipamentos KLEINA 2012 No quadro 1 é possível conhecer algumas tecnologias assistivas de acordo com uma categorização proposta por Bersch 2017 apud KLEINA 2012 Aqui serão apresentados apenas os recursos facilitado res do processo de aprendizagem Quadro 1 Categorias de tecnologia assistiva como mediadores do processo de aprendizagem CATEGORIA USUÁRIOS Comunicação Aumentativa Alternativa CAA Pessoa sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falaescrita Acessórios para computador Big track Máscara de teclado Adaptador de punho e abdutor de polegar Pessoas com privações sensoriais e motoras Pessoas com dificuldade motora manual Pessoas com baixa visão Pessoas com paralisia cerebral do tipo atetoide pessoas com Síndrome de Parkinson CATEGORIA USUÁRIOS Adequação postural Cadeirantes Exemplo cadeira escolar adaptada Auxílios para cegos ou deficientes visuais Pessoas cegas ou com visão subnormal Exemplos lentes lupas telelupas softwares leitores de tela leitores de texto ampliadores de tela impressoras braille impressoras eletrônicas agendas eletrônicas Auxílios para surdos ou deficientes auditivos Pessoas surdas ou com déficit auditivo Exemplos auxílios com equipamentos infravermelho FM aparelhos para surdez telefone com teclado teletipo sistema com alerta tátilvisual Outros recursos Pessoas com dificuldade motora manual Exemplos engrossador e tesoura adaptada com arame revestido Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Fonte adaptado de Bersch 2017 apud KLEINA 2012 e Motta 2019 No quadro 1 foram apresentadas algumas categorias de tecnolo gias assistivas Sabese que existem muitas outras que são diversifi cadas de acordo com as necessidades pedagógicas especiais Alguns exemplos estão ilustrados a seguir Imagem 1 Recursos impressos de comunicação alternativa e recursos pedagógicos acessíveis Fonte Bersch e Sartoretto 2021 Inclusão ou exclusão digital 117 Em alguns casos as tecnologias assistivas podem ser facilmente confeccionadas Porém é necessário que a confecção e o acompanha mento sejam feitos pelos profissionais especializados que atendem a criança É o caso por exemplo do engrossador que é um recurso que adapta o lápis à mão Os modelos a seguir mostram materiais escolares acessíveis órte ses de mão e colar cervical Imagem 2 Materiais escolares acessíveis órteses de mão e colar cervical Fonte Bersch e Sartoretto 2021 Como é possível observar nesses recursos de TA alguns podem ser adaptados eou construídos pelo profissional É importante salientar que a adaptação precisa ser feita pelo profissional especializado que conhece a necessidade especial da pessoa e suas condições educa tivas e psicológicas de uso Lembrando que o uso de um recurso de TA pode proporcionar à pessoa com deficiência a possibilidade de usu fruir de diversas coisas mas envolve lidar com dores sejam físicas ou psíquicas Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo 118 119 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Motta 2019 explica que utilizar a tecnologia assistiva na escola é oferecer ao aluno a oportunidade de fazer o que deseja e precisa É valorizar o seu jeito de fazer com suas habilidades aumentando suas competências de ação e interação É conhecer e criar alternativas para a comunicação a leitura a escrita a mobilidade as artes as brincadeiras a utilização de materiais escolares e pedagógicos a exploração e a pro dução de temas com o uso do computador e tantas outras atividades que as crianças gostam de fazer no espaço escolar para crescer apren der e sentirse participantes do processo escolar Entretanto cabe ressaltar que a tecnologia por si só não fará o alu no realizar suas tarefas como os demais colegas São necessários o desejo de participação do aluno e a orientação e acompanhamento do profissional não somente para o uso adequado da tecnologia mas em especial para a promoção da inclusão que envolve fortalecer a autoes tima do aluno as trocas com os colegas e a participação nas atividades do cotidiano escolar 3 A intervenção psicopedagógica na inclusão digital Para iniciar a discussão deste tópico é importante ressaltar que o serviço de TA envolve profissionais de diferentes formações como edu cadores psicólogos assistentes sociais psicopedagogos terapeutas ocupacionais fisioterapeutas médicos fonoaudiólogos engenheiros arquitetos designers entre outros A formação da equipe depende da modalidade de TA e seus objetivos A participação do psicopedagogo é fundamental quando a modalidade da TA está relacionada ao processo de aprendizagem Conforme discutido anteriormente o psicopedagogo precisa se fa miliarizar com as especificidades dos recursos tecnológicos para intro duzilos com eficácia em sua prática REAL IWASZ 2017 120 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Do mesmo modo esse profissional na inclusão digital precisa co nhecer a amplitude das deficiências e síndromes neurológicas que aco metem as pessoas causando danos em determinadas funções corpo rais necessárias à aprendizagem Ressaltese que a psicopedagogia é uma área de especializa ção aberta a profissionais de diferentes formações superiores como Matemática Tecnologia da Informação Letras entre outras que são cursos de nível superior sem vinculação com os conhecimentos da área da saúde que impliquem o estudo das patologias do sistema nervoso e das deficiências Dessa forma o psicopedagogo precisa buscar uma forma formação teórica que fundamente sua prática Não é o objetivo deste tópico abranger as patologias do sistema ner voso as deficiências e síndromes que podem acometer a criança em qualquer fase do seu desenvolvimento desde a vida intrauterina pre judicando habilidades necessárias ao processo de aprendizagem No entanto considerase que a formação do psicopedagogo que aspira trabalhar com crianças com necessidades especiais que precisam de tecnologias assistivas precisa abranger esses diferentes campos de es tudo até aqui mencionados Outro ponto importante ao psicopedagogo na inclusão digital é quanto ao aspecto psicológico do aprendente com deficiência O profis sional nos casos de deficiências lida com a disposição da pessoa para utilizar um recurso exterior ao seu corpo que irá complementar uma fun ção corporal Nesse sentido o aspecto psicológico do aprendente com deficiência é o fator central para que a intervenção seja bemsucedida É necessário fazer uma avaliação da pessoa que irá utilizar o recur so para que seja definida a tecnologia assistiva mais adequada que traga benefícios para sua aprendizagem e adaptação escolar As crianças nem sempre aceitam de imediato uma tecnologia assis tiva sobretudo aquelas mais invasivas ou dolorosas como por exemplo um adaptador de punho A criança tem a percepção de sua limitação e 121 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo o uso de um recurso funcional pode ser sentido por ela como objeto de discriminação e exclusão É preciso que a criança explore o recurso e o ressignifique para o seu próprio uso entendendo os ganhos que irá obter para a aprendizagem o bemestar e o lazer Nesse sentido é preciso integrar os alunos como um todo em re lação à introdução de um recurso tecnológico A função do psicope dagogo e também do professor é facilitar a integração envolvendo os demais alunos no processo É importante que os alunos conheçam o recurso tecnológico a ser introduzido mas é igualmente importante que os alunos se percebam enquanto seres diferentes e singulares cada um com suas competên cias e limitações Esse é o caminho para a conquista do respeito mútuo para a saída do egocentrismo no sentido piagetiano para a coopera ção A inclusão nessa perspectiva promove a aprendizagem e o desen volvimento de todos com um recurso que é mediador do processo de aprendizagem do aluno com deficiência e pode ser ressignificado por todos os participantes da sala de aula Além da avaliação inicial é também necessário fazer o acompanha mento permanente do uso da adaptação pois com o passar do tempo as pessoas com deficiência adquirem novas habilidades Podem ocor rer também alterações na área deficitária por exemplo nas deficiências de caráter progressivo Outro aspecto a se considerar é evitar o uso de tecnologias sofisti cadas além do necessário buscando sempre a simplicidade e o menor custo Kleina 2012 alerta que quando se usa a tecnologia assistiva de forma exagerada correse o risco de trazer bloqueios ao desenvol vimento da pessoa com deficiência devido ao esforço necessário para utilizálas Ao promover o uso de um recurso de tecnologia assistiva o psicope dagogo está contribuindo com o processo de aprimoramento de todos 122 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo os alunos O desenvolvimento e uso de um recurso leva a observar pes quisar conhecer avaliar e propor modificações Acima de tudo leva a ter um olhar inclusivo para a sala de aula e a escola como um todo para as relações que se estabelecem entre os alunos e as possibilidades de estigmatização e exclusão da pessoa com deficiência para as relações professoraluno e as diferentes possibilidades de circulação do afeto inconsciente IMPORTANTE A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condi ção da ordem social desigual o que implica o caráter ilusório da inclusão Todos estamos inseridos de algum modo nem sempre decente e digno no circuito reprodutivo das ativida des econômicas sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações que se desdobram para fora do econômico SAWAIA 2006 p 8 No livro As artimanhas da exclusão Bader Sawaia 2006 chama a aten ção para a concepção que introduz a ética e a subjetividade na análise sociológica da desigualdade na qual a exclusão passa a ser vista como o descompromisso político com o sofrimento do outro Conforme Real e Marques 2017 ensinam a psicopedagogia é a área do conhecimento que estuda a aprendizagem em suas diferentes relações e circunstâncias O objetivo central da intervenção psicopeda gógica é favorecer ao aprendente a conquista da autoria do pensamen to e da aprendizagem considerando que as intervenções psicopedagó gicas estão centradas na construção de estratégias para a superação do não aprender 123 Inclusão ou exclusão digital Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo Considerações finais Neste capítulo foi possível conhecer diferentes categorias de tecno logia assistiva usadas como mediadores do processo de aprendizagem Trabalhar com TA requer do psicopedagogo um conhecimento am plo não só das tecnologias da área mas também das patologias do sis tema nervoso das deficiências e síndromes que acometem as crianças A particularidade desse campo de intervenção mostra que mesmo a aprendizagem estando tão dificultada para algumas pessoas é possível favorecêla e oportunizar à criança com deficiência condições de parti cipação na escola na família e em suas atividades em geral O psicope dagogo tem um importante papel nessa modalidade de inclusão O atendimento às pessoas com deficiência seja na área da psico pedagogia ou da educação traz reflexões sobre a dicotomia inclusão exclusão Por isso as intervenções inclusivas precisam ser muito bem avaliadas não somente no sentido de se encontrar a tecnologia assis tiva mais adequada às necessidades específicas da pessoa com de ficiência mas principalmente no atendimento às suas necessidades afetivas e relacionais para que ela se integre cada vez mais à escola à família e à sociedade Referências BERSCH Rita Introdução à tecnologia assistiva Assistiva Tecnologia e Educação Porto Alegre 2017 Disponível em httpswwwassistivacombr IntroducaoTecnologiaAssistivapdf Acesso em 12 maio 2021 BERSCH Rita SARTORETTO Mara Lúcia Recursos impressos de comunica ção alternativa e recursos pedagógicos acessíveis Assistiva Tecnologia e Educação s l 2021 Disponível em httpswwwassistivacombrindexhtml Acesso 12 maio 2021 124 Psicopedagogia e as tecnologias educacionais Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD da disciplina correspondente Proibida a reprodução e o compartilhamento digital sob as penas da Lei Editora Senac São Paulo DIAS Marian Ávila de Lima e Educação inclusiva implicações a educação contemporânea In DÁREATARDELLI Denise PAULA Fraulein Vidigal de O cotidiano da escola as novas demandas educacionais São Paulo Cengage Learning 2011 GINÉ Climent A avaliação psicopedagógica In COLL César et al Desenvolvimento psicológico e educação transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais Porto Alegre Artmed v 3 p 275289 2004 KLEINA Claudio Tecnologia assistiva em educação especial e educação in clusiva Curitiba InterSaberes 2012 Série Inclusão Escolar MOTTA Eloá de Paiva Levantamento de recursos de tecnologia assistiva no auxílio aos profissionais da educação com ênfase da Deficiência Física Campinas s n 2019 REAL Luciane Magalhães Corte IWASZ Tania Beatriz Psicopedagogia e TICs Porto Alegre UFRGS 2017 SANTOS Mônica Pereira dos PAULINO Marcos Moreira orgs Inclusão em educação culturas políticas e práticas São Paulo Cortez 2006 SAWAIA Bader org As artimanhas da exclusão análise psicossocial e ética da desigualdade social 6 ed São Paulo Vozes 2006