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Eduardo et a Rio de Janeiro k originalmente isponível em so em RBsche Essays os economias Estratégico do hio Secretaria Essovolvímento Comunicação ento único à eoresentações 4 1 1900 tencialidades eríicanas de prática sócio Brasil 2000 Froeaà gestão pão revista foi E a estratégia Otília ef al A boolis Vozes r 11052006 8º 17062006 6 p 123142 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE CIDADES MÉDIAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO Departamento de Geografia Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do CNPq mebspositoQprudenetcombr RESUMO O conjunto de mudanças que marca o período atual impõe novos desafios ao pesquisador do ponto de vista da condução da pesquisa Neste artigo tratamos dos desafios que se nos apresentam para a adoção da abordagem interescalar no estudo das cidades médias cujos papéis vêm se alterando de modo profundo à medida que as relações que se estabelecem entre elas e outros espaços urbanos não são apenas hierárquicas e podem alcançar a escala internacional A articulação da produção e seleção de imagens sobre diferentes espaços intervêm no processo de condução da pesquisa tanto quanto a experiência pessoal do pesquisador enriquece ou dificulta o processo de elaboração do pensamento PALAVRASCHAVE Escalas geográficas Abordagem interescalar Cidades médias THE METHODOLOGICAL CHALLENGE OF INTERSCALE APPROACH IN THE STUDY OF MIDDLE SIZE CITIES IN THE CONTEMPORARY WORLD ABSTRACT The many changes that mark the present times bring new challenges to the reseacher from the point of view of conducting the research This article deals with the challenges researchers face to adopt the interscale approach in the study of middlesize cities the role of which have been deeply changing as the relations between them and other urban spaces are not only hierachical and may reach the international scale The articulation of image production and selection on different spaces interfere in the process of Professora do Departamento de Geografia e pesquisadora do Grupo de pesquisa Produção do espaço e redefinições regionais GASPERR da Universidade Estadual Paulista UNESP Campus de Presidente Prudente Brasil mebspositoBprudenetcombr CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO research conduction as much as the researchers personal experience either enriches or hinders the process of thought elaboration KEYWORDS Geographic scales Interscale approach Middle size cities Tem havido nos estudos geográficos preocupação com o tratamento da escala Entretanto a tradição tem sido muito mais a da consideração do espaço do que a do tratamento do tempo apesar da importância do trabalho de alguns autores que desenvolvem pesquisas no âmbito da Geografia Histórica Apesar da importância dessas iniciativas são esforços que se referem à compreensão do geográfico em outros tempos históricos não havendo sempre preocupações da mesma natureza nos estudos acerca do presente Além disso o domínio espacial da realidade tem sido mais considerado do ponto de vista da escala cartográfica do que da escala geográfica Assim há o desafio de se avançar na abordagem de processos dinâmicas e fenômenos de caráter geográfico a partir da consideração do tempo e do espaço de suas múltiplas articulações e da apreensão das escalas geográficas que se configuram por meio dessas articulações Como pesquisadora voltada aos estudos urbanos relativos a cidades médias entendidas como aquelas que desempenham papéis intermediários no âmbito das redes urbanas temos nos deparado com esse desafio continuamente pois num período de grandes transformações como este em que vivemos a ampliação das possibilidades de telecomunicações redefine os papéis das cidades médias e os fluxos que a partir delas e até elas se desenham estabelecidos com cidades próximas e distantes Essa perspectiva analítica apresenta questões de método que são também metodológicas Tal debate é o que apresentamos neste artigo A DEFINIÇÃO DO OBJETO E AS ESCALAS DE TEMPO E ESPAÇO Do ponto de vista do encaminhamento da pesquisa aqui entendida em seu sentido mais amplo diálogo entre o teórico e o empírico a definição do objeto requer ao mesmo tempo a clara delimitação de um recorte territorial e de um recorte temporal No caso da Geografia Histórica que vem se desenvolvendo no Brasil destacamse os trabalhos de Maurício de Almeida Abreu Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pedro de Almeida Vasconcelos Universidade Federal da Bahia 144 CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 a aa o àoovioogT gv Q MA A Em 61 29G1Eh1 0 9002 GU EA SIGVOIO Ieodxe sanb es anb op oesuaasdwoo 2 BJBd sIeuawWwepuny sajueutuvajop se sienh 1enayuooses op sapepinoup sep ogôuny we epepmsa EBonewoegod e esed OAnesrdxa Lewaisis WIN ep oBóelogeja E BNP epule e jInul 1os e seBayo epod eAISsodun S9ZOA SENNUW Jas sou ep wWweje anh o opepnisa oJei no ouauwiguo EOIWEUIP Ossegod un ep eunolsiy e epo o assugÊ e seradnoas ap ouyjegeu CAHSNEXA O WIOI OPIPUNJUOS Jas sozaen seynuw epod ojuawipesod je Sodwa Sono so os segóBIa SENS Wa Opesuad 1os saep je souauQUa BSIWEUIP Ossagosd 000 Wa EBoneuajgold ep esijeue e ejed oplujop opoliad o sienh se opunãeas sieljoduio sejeosa se Uy9p eBled sazioos agDajageisa ap oyesep o opesinhsad oe esejuasande auaWeron serdoyn 1auos 919p e apod Buuoy essap e orou o e Onio Jesuad es ep epepiygissod E Jojuoo eidwuas enep ajueseid o o opessed o egos oJUaWNASUUOS O BUE UIApe oRJapod ay anb sejanbe owos Weselasua o anb sajanhe OJUEL sodwa sono e opiyjcoasa opoliad o Jeuoloejas otessavau 9 OSSI BJed OPIAIA O à Opesued o aua oouiduwo o 8 cola O eua sapóemnome sep sjuswenesseneu Iejinser anop enb ofojeip wWn ap ejees enb 1ezip esiiubis anb o Jemoajau ezaineu ep obojeip WIN ap ojuawespesuasap OB OWOI LWaq sopiyjoosa savooe SO anua sagórIA ianajageisa e lopesinhsad o 1enej 2aSp oluawesusd OP OBÓBIOGEA E Bjap olew 10d 9 Beja WO 9 esinbsad ep oBÔnpuoo y BIyE16oues Bjeossa euwun ap oiauwi 10d ejuesada es anb jelsedsa ese ewun 2p olaw od ossesdxe 19s apod e seproap no SOoue sap ojeraquI wun 10d esseidxe as anb jeijodure opousad ep awWou O JBAG apod aja OSIA WISSYy EpINBTSp OjUOd o seusde 9 aja sew oejus esauyap feloedsa a jeloduwe sejeosa jaaju wn euuoy 1onbjenh aq OARNPpoId ewajsis op oBÓBZIqIXa Ep OEÍUNI WS SIBMSNPUI SESSIdwWS Sep SIBUOIDEDO SEU0OS SBAOU ap Ossagpold op esljeue BU OWOO BUBQIN Bale BUIN BMOS anb enbep osuno un ap sauanseu sep ouaWIBaJOssEe OB WeAS enb sewajgord sop opnjisa OU OJUB OJSIA Jas apod oss esinbsad ep oyjuauwsajornuasep Op Jauoaap ou sopljuyapas aiduwas asenh saooas sasse uUNOp os sejap EuwWI9 WS 8 Sapepligissod nos sesajodiy ap ojunfuoo win Woo 1eyjegen ep epepiliqgissod e seuade sou E BEpeBp 9 sezen sep aped 1olew en euawenunuos Waulyapas E à WenNysuos E anb sagóeuruuiajap SISAISSOd se ojuenhb opnjaigos sew estnbsad ens saow anb esneuwejgod E ojuenh sopesinhsed op ezerejo aodnssaeid aja enh ef epepixejduwioo ewaxa ep eo soduis ejusweuatede ojusuwimpanosd essa AA OGNLSA ON UYIVY SANILN WADVYAHOEY YA 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estudo e própria elas que 8ínios São pnstituem re a área poção em kem si relações pntre uma tório Em 5 cabe no a análise eBnamente sdades e Fcatória e fPnrenor é priemente pcões que Es podem es ou não re países écias O bos papéis social do cecisões e nserem e alterado rencido a sos papéis en uma como é O k Dara a dos muitas EE 0143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE vezes por critérios que não são os mais relevantes para a análise em curso bem como não é desejável que apenas vejamos a área estudada no âmbito de outras áreas mais amplas definidas também por critérios que nem sempre podemos ou estamos constantemente avaliando TEMPOS E ESPAÇOS ARTICULADOS TEMPOS E ESPAÇOS SOCIAIS E NATURAIS Se aceitarmos a idéia sucintamente apresentada na secção um deste artigo temos pelos menos dois novos desafios Sobre o primeiro novo desafio já fizemos referência o que se apresenta ao intelectual como tarefa não é a inserção de um período na sucessão de tempos históricos ou de um território no conjunto organizado hierarquicamente de territórios mais amplos mas a apreensão das relações entre um período e outros e entre um território e outros Em outras palavras é a articulação entre períodos adequadamente recortada que nos permite reconhecer tempos que sejam relevantes do ponto de vista histórico e portanto teórico para a análise do período escolhido para o estudo Da mesma forma é o reconhecimento inteligente dos recortes e sobretudo das articulações que se estabelecem entre diferentes áreas o que assegura a apreensão de relações espaciais o que é mais do que apenas relações entre diferentes níveis de recortesterritoriais Desse ponto de vista é preciso lembrar que em nenhum outro período da História foram tão amplas essas relações ampliando a muttiplicidade de papéis que simultânea e contraditoriamente cada lugar desempenha no sentido da noção de espacialidades múltiplas já apresentada por Jacques Lévy 1991 p 118 As cidades médias estavam em etapas pretéritas do desenvolvimento do capitalismo inseridas em redes urbanas hierarquicamente organizadas Assim as articulações espaciais que definiam seus papéis eram pensadas em relação às cidades grandes e à metrópole principal num movimento a montante e em relação às cidades pequenas num movimento a jusante No que se refere à definição das articulações temporais o que se exigia do pesquisador era a recuperação das determinações que instituíam a cidade em estudo no âmbito da rede urbana hierarquicamente organizada Atualmente o reconhecimento da inserção de uma cidade média no âmbito de uma rede urbana tornouse extremamente mais complexo No geral ela continua a compor a estrutura da rede hierárquica na qual seus papéis intermediários se definiram mas há um vasto conjunto de possibilidades de estabelecimento de relações com outras cidades e CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO espaços que não compõem de fato a rede a que pertence essa cidade À mundialização da economia e o desenvolvimento das telecomunicações ampliaram muito os fluxos que uma cidade pode estabelecer com espaços distantes e esses fluxos não se desenham apenas com cidades maiores ou menores ao contrário eles também se estabelecem entre cidades da mesma importância e entre essas e outras cidades constitutivas de outras redes urbanas Em outras palavras ainda que se considere a manutenção ainda forte de relações e fluxos interurbanos de natureza hierárquica é crescente a presença de relações do tipo complementares ou do tipo competitivas entre cidades de mesmo nivel ou de níveis diferentes no âmbito da mesma rede urbana ou entre redes urbanas diferentes superandose a tradição de organização piramidal das redes urbanas que vigiu até recentemente e que foi fundamenta para o sistema fordista de produção A reestruturação produtiva que vem promovendo a substituição desse sistema pelo sistema de produção flexível exige a redefinição dos papéis das cidades médias promovendo oportunidades econômicas para essas cidades de desempenharem papéis industriais ou comerciais e de serviços que estiveram durante grande parte dos séculos XIX e XX restritos às metrópoles e cidades grandes e simultaneamente têm trazido para essas cidades tanto como para outras maior instabilidade no que se refere à definição de seus papéis na divisão econômica do trabalho que pressupõe uma divisão territorial do trabalho O segundo desafio é articular essas duas dimensões tempo e espaço ser e estar de nossa existência natural e social Essa é ou ao menos deveria ser uma preocupação de todos os intelectuais que lidam com a elaboração do conhecimento científico já que aqui não estamos nos referindo apenas ao espaço geográfico e ao tempo histórico mas a espaço e tempo como categorias filosóficas e não como conceitos que interessam a diferentes campos do conhecimento da Física à Geografia da Química à História Essa preocupação ganha dimensões ainda maiores no âmbito de um campo científico como o da Geografia pois não bastassem os desafios já destacados temos que lidar com dois níveis muito diferentes entre si de tempo e espaço o da natureza e o da sociedade o que deve ser notado e requer cuidados quanto ao domínio de procedimentos metodológicos capazes de considerar o que não quer dizer compatibilizar essas duas dimensões Desse ponto de vista não estamos falando apenas de pedaços de tempo e de território que são da escala da sociedade os anos as décadas 148 CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 3 SRU RhAS davogos Rel qu BRJd CusoQo mm 6O h cidade À eoicações rr espaços Ps maiores ucades da ce outras prda forte ente a as entre a rede ição de e e que pão desse jts papéis bra essas serviços Titos às essas refere à pressupõe empo e todos os ko já que leo tempo Bão como fca Física Bo de um desafios já ere si de notado e Ógicos kas duas Haços de oécadas E 27143757 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE os séculos o bairro a cidade o bloco supranacional mas também das escalas em que as dinâmicas da natureza se constituem e se desenvolvem os períodos as eras geológicas o planeta Terra o sistema solar Mais que isso estamos nos referindo ao embricamento articulado mas conflituoso entre essas dimensões e escalas tão distintas entre si No caso de cidades não metropolitanas como é o caso das cidades médias essa preocupação ainda não assume dimensões tão grandes pois nas maiores cidades os problemas decorrentes da dificuldade de se pensar ao mesmo tempo as escalas geológicas e as históricogeográficas aparecem com muito maior evidência Mesmo assim apesar das preocupações crescentes com os problemas ambientais e com a definição de políticas urbanas que consideram a cidade como ambiente que é ao mesmo tempo natural e social muito ainda há que se fazer No caso das cidades médias brasileiras pouco se realizou até o momento no sentido de se preservar seus patrimônios naturais e de se pensar um projeto urbano que não tenha como princípio filosófico a adaptação da natureza à cidade No geral o que se observa é a tendência à idealização e proposição de políticas urbanas orientadas pelos primados da associação entre urbanização e modernização e da oposição entre cidade e natureza À partir dessa perspectiva as intervenções urbanas são mais frequentes na direção por exemplo de retificar ou encobrir cursos dágua do que de proteger seus espaços naturais que compreendem seu leito e sua bacia de inundação ao se definirem planos urbanos ou políticas de investimentos de recursos públicos para saneamento urbano Essa tendência está presente no Brasil em cidades de diferentes portes e importâncias mas é acentuada nas cidades médias pela força da associação entre desenvolvimento e metropolização entre crescimento urbano e econômico relações essas que orientam e legitimam no plano políticoideológico quaisquer tipos de intervenções urbanas que promovam crescimento mesmo que alterando processos e dinâmicas da natureza ou desrespeitando o princípio da manutenção do patrimônio natura como legado para as gerações futuras Essa postura reflete desconhecimento das diferenças entre o tempo da natureza e o da sociedade e entre as escalas dos eventos naturais e aquela dos sociais e sobretudo expressam a não consideração das relações entre essas escalas temporais e espaciais Sintetizando reconhecer uma escala geográfica não seria apenas avaliar o resultado das articulações entre diferentes recortes territoriais mas a forma como o tempo incide sobre diferentes territórios oferecendo CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 149 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO condições para o estabelecimento de relações de diferentes tipos naturais econômicas políticas sociais culturais que se refletem no espaço e nele se apóiam e que são de fato interações espaçotemporais Esse entrelaçamento tem base na forma como o tempo resulta da combinação contraditória entre os ritmos diferentes das dinâmicas naturais ou dos acontecimentos sociais em cada território ou seja da combinação entre as determinações ações e decisões que levam às mudanças e às inércias ou resistências que expressam as permanências ARTICULAÇÃO ENTRE ESCALAS PRODUÇÃO E SELEÇÃO DE IMAGENS E INFORMAÇÕES As relações entre as escalas temporais e espaciais históricas e geográficas também podem ser estudadas do ponto de vista das imagens que elaboramos sobre nossas experiências sobre o que selecionamos para guardar na memória e nela buscar para nossas decisões e ações Desse ponto de vista as práticas socioespaciais de todos os agentes indivíduos governos empresas partidos entidades etc estão sendo continuamente redefinidas pelas imagens que elaboramos e pelas imagens elaboradas por outrem que apreendemos em seus discursos e em suas manifestações de toda ordem As imagens que temos do tempo e do espaço são em grande parte formadas pela nossa experiência mas também por meio das experiências daqueles com quem convivemos da Geografia e da História que se aprende na escola da elaboração que o jornalismo faz acerca do mundo do discurso político que se constrói acerca do espaço e do tempo da literatura e de toda sorte de arte à qual temos a oportunidade de ter acesso contemplar eou experimentar Assim o que pensamos sobre espaço e tempo ao resultar de múltiplos níveis de determinação objetivos e subjetivos empíricos e abstratos resulta também numa forma de conduzir por meio da pesquisa a elaboração do pensamento e de definir nesse percurso como vamos articular as diferentes escalas temporais e espaciais Esse processo tornouse extremamente mais complexo no mundo contemporâneo na medida em que as imagens elaboradas por nós acerca do tempo e do espaço são cada vez mais também determinadas por experiências fatos dinâmicas muitos deles eventos na Concepção dada a este termo por Milton Santos não vividos por nós mas aos quais se tem acesso não apenas por relatos orais e textos como em tempos pretéritos 150 CIDADES v 3 n 5 2006 DAÁSIIS7 cA o tipos Betem no hporais Esulta da k naturais iriinação kiças e às tão DE ftóricas e magens os para ecentes Ec sendo k nagens om suas pe parte periências E que se mundo po da BP acesso e múltiplos eostratos scuisa a Ec vamos mo mundo ÉS acerca pmadas por po dada a ss se tem pretéritos E 0143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE mas por meio de imagens que nos trazem o distante fotos filmes e grande parte delas recebidas online pela TV ou pela internet Dessa perspectiva podese dizer que apreendemos as experiências dos outros de uma forma muito mais frequente ainda que nem sempre mais densa comparativamente ao modo como essa apreensão se realizava anteriormente por isso a relação entre o vivido e concebido se redefine nesse movimento Por outro lado temos que admitir que mais filtros se interpõem entre o pesquisador e o pesquisado já que as informações e as imagens às quais temos acesso sobre o espaço e o tempo que não são apenas o espaço e o tempo da nossa própria experiência não são todas as imagens e todas as informações Elas são selecionadas por quem nos informa e são também selecionadas por nós que escolhemos os meios sobretudo midiáticos que queremos acessar e a frequência com que os acessamos Essa seleção é por sua vez muito relativa O marketing por exemplo desenvolve estratégias que levam à imposição da difusão daquilo que se quer divulgar Na cidade não podemos escolher não ver os outdoors Nos espaços públicos não podemos não ouvir os sons que nos acometem e por meio dos quais as informações nos chegam Se aceitarmos esse fato como significativo temos que admitir que o pesquisador tem diante de si uma tarefa muito mais árdua e que exige maior capacidade de discernimento e astúcia na coridução da pesquisa e por conseguinte na definição das escalas de tomada dos dados recorte territorial e período do estudo das escalas que enfeixam o conjunto das determinações sobre o que se estuda e na articulação entre elas para a elaboração do pensamento ou da explicação sobre a problemática que move a investigação Nesse sentido o empírico tem novo conteúdo conceitual porque ele não é mais como era há cem ou cinquenta anos o resultado do contato que o pesquisador tem com o pesquisado porque dele fazem parte também as imagens e informações levantadas e tabuladas por outros às quais temos acesso e com as quais nos relacionamos No caso das pesquisas sobre as cidades médias essa questão também se apresenta como relevante Ampliamse as relações entre elas e espaços distantes pois como já ressaltamos a cidade média não pode mais ser analisada apenas no contexto de seu espaço de influência uma região e nas suas relações com as cidades hierarquicamente superiores Com a combinação entre sistemas de comunicação por satélite e sistemas de informatização por computação negócios são realizados a longas CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 151 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO distâncias ampliando a escala e a abrangência das relações das cidades médias com outros espaços Alterase assim o perfil dessas cidades de desempenharem apenas papéis intermediários ou de ligação entre as cidades maiores e menores já que vêm progressivamente participando de uma divisão territorial do trabalho que atinge a escala internacional realizando negócios com empresas que estão sediadas em outros países são selecionadas por congiomerados transnacionais para sediar unidades de produção industrial de suas empresas e ainda são parte das escolhas locacionais dos agentes econômicos que atuando em escala nacional ou supranacional têm como meta a ampliação do consumo de bens e serviços cada vez mais sofisticados Ao pesquisador cabe nesse novo contexto trabalhar com dados e informações sobre cidades com as quais as cidades médias objeto de sua investigação científica mantém relações Muitas vezes são cidades distantes que ele não conhece ou conhece eventualmente e com as quais não irá manter durante o desenvolvimento da pesquisa nenhuma experiência empírica que possa relativizar se não anular os impactos negativos resultantes dos filtros que selecionam as informações e as imagens a partir das quais elaboramos nosso construto sobre uma dada realidade Sintetizando o que apresentamos nesta secção do artigo podemos afirmar que nesse quadro de determinações em que há ampliação dos meios de comunicação e da difusão das informações são também maiores os desafios que se apresentam ao pesquisador Se de um lado ampliamse as possibilidades dele de ter acesso a dados de todo tipo por outro lado são maiores os perigos de imprecisão ou de elaboração de explicações demasiadamente parciais sobre um dado conjunto de relações que uma cidade média estabelece com espaços distantes dela e de sua região de influência direta porque as imagens e informações que se elaboram sobre os espaços de todo tipo estão impregnadas de imagens e são difundidas segundo filtros que não são propriamente de caráter científico AS ESCALAS ESPACIAIS E TEMPORAIS DA EXPERIÊNCIA DO PESQUISADOR A noção e consciência sobre o pertencimento a um território ou a alguns territórios aos quais se associam nossas experiências de vida bem como conhecer um período do tempo ou mais que isso viver ou não no CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 O PRQ ao Rn og RR 2 Sao Sue eo 2002 R cdades anenas hnores já jral do lrs com kras por ircustrial agentes como mais kcados e beto de cidades es quais penhuma armpactos es e às ma dada podemos bção dos bh maiores BCesso a Bcisão ou em dado espaços nagens e po estão não são IkCIA DO frio ou a vida bem ku não No Ep f43157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE decorrer de nossas vidas os períodos densos em que as transformações acontecem de forma profunda e em larga escala são também elementos a serem considerados Essa problemática se relaciona àquela apresentada na secção anterior e levanta novas dimensões da mesma questão As ações do pesquisador são por isso determinadas pelas relações que se estabelecem em sua experiência e em seu pensamento entre a ordem próxima e a ordem distante Numa avaliação rápida poderia se supor que o acesso a mais informações e a possibilidade de apreender outros níveis escalares por meio das imagens que recebemos de outros espaços e tempos redundaria em diminuição da necessidade do pesquisador se deslocar espacialmente já que ainda não podemos nos deslocar temporalmente quando de fato parecenos que agora a prática é mais necessária do que nunca e não apenas porque somos geógrafos Em primeiro lugar porque sabemos que se ampliam os níveis de determinação do global sobre o nacional o regional e o local e por isso é cada vez mais significativo conhecer como essas múltiplas determinações incidem em cada contexto geográfico e histórico não importando aqui à escala que tenhamos tomado como ponto de partida área e período de estudo Em segundo lugar porque se elaboram cada vez mais fábulas acerca do espaço e do tempo e ao pesquisador cabe literalmente ir ao campo no sentido tradicional dessa expressão entre os geógrafos Assim a definição dos níveis escalares para a abordagem dos fenômenos geográficos passa pela necessidade de relativização do grande número de informações e imagens que recebemos sobre os lugares estabelecendo com os espaços estudados relações não intermediadas por outrem Assim o tempo que ficamos ou não em nossas áreas de estudos nosso tempo de vida mais denso ou não são fundamentais para a necessária distinção entre o pesquisado e o pesquisador Essa afirmação tem como base a constatação de que a mudança e ampliação do ponto de vista do pesquisador sobre o pesquisado o que é fundamental para a qualidade do pensamento que se elabora tem relação direta com sua possibilidade de viver experiências em diferentes lugares e ao longo de um tempo já que esse aspecto incide diretamente sobre as relações entre presença e ausência entre nós e os outros sobre o que se pensa como Tomamos aqui a metáfora utilizada por Milton Santos 2000 para conceituar uma das dimensões da globalização Esse aspecto tem relação com o maior tempo de vida do pesquisador mas não resulta apenas deste tempo porque depende da natureza e intensidade de suas experiências e reflexões acerca do mundo CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO igual e o que se quer definir como desigual o que é parecido e o que é diferente e seus rebatimentos sobre o que se pesquisa e como se selecionam e articulam escalas para compreender as problemáticas que nos movem Nessa perspectiva os conceitos de acontecer homólogo acontecer complementar e acontecer hierárquico todos propostos por Milton Santos 1996 p 132 e outras podem ser muito úteis na definição dos níveis escalares com os quais se quer trabalhar Em outras palavras podemos afirmar que há a espacialidade e a temporalidade dos acontecimentos e problemáticas em estudo e a espacialidade e temporalidade do pesquisador Esse ponto parece banal porque isso foi igualmente importante no século l aC ou no século XVII dC Entretanto lembremonos que a espacialidade e a temporalidade dos acontecimentos têm relação com o vivido e desse ponto de vista a territorialidade na acepção do vivido não é mais apenas a da contigúidade territorial mas também se pode falar hoje de uma territorialidade sem contigúidade para os que podem rapidamente se deslocar Veltz 1995 faz referência em outro contexto analítico à importância maior no mundo atual da proximidade organizacional e informacional em detrimento das vantagens da proximidade física Poderseia afirmar que isso vale para a pesquisa e para o pesquisador desde que tenhamos o cuidado de não nos desumbrarmos com o potencial que nos oferecem as novas formas de captação e difusão de informações e imagens e tenhamos em mente a importância da proximidade física para o conhecimento da realidade e para a definição dos níveis escalares com os quais devemos trabalhar para desvendar nossas problemáticas Desse ponto de vista no que se refere ao estudo das cidades médias a articulação entre escalas diferentes para a compreensão das relações e ações que definem os papéis dessas cidades deverá considerar e sobre isso há consenso a influência das escalas mais abrangentes de nível nacional e internacional uma vez que há progressivamente influência do global sobre o local num período de mundialização crescente Tornase ainda fundamenta ao pesquisador conhecer os interesses dos agentes econômicos a natureza dos comandos definidos por eles que incidem no movimento contínuo de redefinição das cidades médias Jacques Lévy faz referência à territorialidade sem contigúidade 1991 p 1140 bem como Rogério Haesbaert tem essa preocupação teórica ao estudar os movimentos migratórios no mundo contemporâneo 154 CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 cue é ro se me nos Irtecer Bantos ríveis ea ea banal jo XVII ke dos ísta a jLidade ke sem rência pai em que ros o rem as hamos ro da bemos Irédias bções e e sobre ke nível Fcia do Eesses es que rédias como os no E 143157 O DESAFIO METGDOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE avaliando por meio da análise das articulações entre escalas as interferências da ordem distante sobre a ordem próxima Por outro lado isso não nos parece suficiente porque dialeticamente o local também influencia o nacional e o global Atores não hegemônicos redefinem seus papéis e suas estratégias aceitam ou rejeitam sempre em termos relativos as ordens dos atores hegemônicos estabelecem relações entre eles e promovem novas alianças que compõem o movimento geral mas negam ao mesmo tempo a realização completa e inequívoca do global sobre o local É desse ponto de vista que ao pesquisador sobre cidades médias assim como aqueles que pesquisam outros espaços impõese como necessário o contato direto com agentes que não comandam o movimento geral de reestruturação econômica que é também e sempre uma reestruturação política e cultural mas que fazem parte desse movimento As entrevistas parecemnos aqui um instrumento metodológico valioso pois compreender um movimento acelerado e complexo de redefinições de papéis urbanos requer dar voz e interpretar os discursos que elaboram sobre si e sobre as dinâmicas em curso os atores que em diferentes cidades médias vêemse obrigados a dialogar e interagir com as influências crescentes advindas de escalas espaciais mais abrangentes Eles reagem estabelecendo novas alianças ampliando a rede de relações em que se inserem aumentando por meio dessas iniciativas relações complementares entre cidades de diferentes portes no âmbito da rede urbana à que pertencem ou a outras redes urbanas Em outras palavras esse movimento a ser desenhado pelo pesquisador do ponto de vista do método e dos instrumentos da pesquisa marcado pela relação entre o distante e o próximo entre o teórico e o empírico requer a superação sobretudo no caso das cidades médias da tradição geográfica de separação entre os estudos da rede e os estudos do espaço interno das cidades bem como entre processos e formas espaciais urbanos Sintetizando essa parte do texto reafirmamos o papel central do pesquisador agora sob a perspectiva das relações que deverá estabelecer entre o teórico e o empírico num período de ampliação das escalas espaciais e temporais dos processos e dinâmicas que incidem sobre seu objeto de pesquisa A valorização do empírico no sentido do contato direto com espaços urbanos e atores de diferentes tipos tornase necessária mesmo num período em que são maiores as oportunidades de se obter informações e se receber imagens à distância CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 155 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO PREOCUPAÇÕES CENTRAIS E ADVERTÊNCIAS Para concluir poderíamos afirmar que é fundamental se reafirmar a preocupação com a distinção entre a escala cartográfica e a geográfica entre o tempo do calendário e o tempo histórico Para se apreender os fatos na escala cartográfica e no tempo de calendário selecionamos a extensão dos fatos e dos acontecimentos o tamanho e a duração deles para o que é fundamental definir limites Assim tratamos de formas na Geografia e de sucessões na História Para se elaborar explicações sobre os fatos precisamos das formas e das sucessões mas precisamos também dos fluxos e dos ritmos que só a boa definição de níveis de escalas espaciais e temporais e de suas articulações nos oferecem Portanto à Geografia e à História não caberia apenas o reconhecimento das formas e da sucessão dos acontecimentos mas dos processos ou seja a apreensão das relações entre o que está fixo e o que está em movimento no tempo e no espaço em cada momento em cada lugar sempre e transitoriamente No caso específico dos estudos sobre cidades médias com os quais temos nos envolvido tomando como referência o Estado de São Paulo no Brasil os pontos destacados neste artigo podem ter importância para o estabelecimento de um diálogo com outros pesquisadores que se voltam aos estudos urbanos no Brasil ou em outros países sobre cidades médias ou sobre outras cidades tanto para se encontrar pontos que poderiam ser tomados como universais para esses investigadores como aqueles que resultam de singularidades relativas aos papéis que desempenham cidades segundo seus portes e importâncias e ainda de acordo com as formações socioespaciais em que elas se inserem e que as constituíram REFERÊNCIAS LÉVY Jacques Aton encore vraiment besoin du territoire Espaces temps Paris n 5152 p 1021421991 SANTOS Milton A natureza do espaço São Paulo Hucitec 1996 Por uma outra globalização São Paulo Record 2000 SMITH Neil Desenvolvimento desigual Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1988 Geography difference and the politics of scale In DOHERTY Joe et al Post modernism and the social science London Macmillan 1992 p 5779 CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE VASCONCELOS Pedro de Almeida Questões metodológicas na Geografia Urbana Histórica In VASCONCELOS Pedro de Almeida SILVA Sylvio Bmar a Bandeira de Mello Org Novos estudos de Geografia Urbana Brasileira bográfica Salvador UFBA 1999 p 191201 VELTZ Pierre À quoi ser la proximité dans léconomie In SAVY Michel e o de VELTZ Pierre Économie globale et réinventions du local Paris Éditions de ds o FAube 1995 p 107117 mites Tempos de economia tempos da cidade as dinâmicas In ACSELRAD Henri A duração das cidades Rio de Janeiro D P A 2001 1389154 as e P je SÓ a ce suas Recebido em 05072006 Aceito em 19092006 penas O ras dos peoque em cada os quais Paulo no ks para O pe voltam s médias eram ser Ieees que pn cidades prmações Espaces sc Brasil TY Joe 1992 p CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 157 E 0143157
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Eduardo et a Rio de Janeiro k originalmente isponível em so em RBsche Essays os economias Estratégico do hio Secretaria Essovolvímento Comunicação ento único à eoresentações 4 1 1900 tencialidades eríicanas de prática sócio Brasil 2000 Froeaà gestão pão revista foi E a estratégia Otília ef al A boolis Vozes r 11052006 8º 17062006 6 p 123142 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE CIDADES MÉDIAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO Departamento de Geografia Universidade Estadual Paulista Pesquisadora do CNPq mebspositoQprudenetcombr RESUMO O conjunto de mudanças que marca o período atual impõe novos desafios ao pesquisador do ponto de vista da condução da pesquisa Neste artigo tratamos dos desafios que se nos apresentam para a adoção da abordagem interescalar no estudo das cidades médias cujos papéis vêm se alterando de modo profundo à medida que as relações que se estabelecem entre elas e outros espaços urbanos não são apenas hierárquicas e podem alcançar a escala internacional A articulação da produção e seleção de imagens sobre diferentes espaços intervêm no processo de condução da pesquisa tanto quanto a experiência pessoal do pesquisador enriquece ou dificulta o processo de elaboração do pensamento PALAVRASCHAVE Escalas geográficas Abordagem interescalar Cidades médias THE METHODOLOGICAL CHALLENGE OF INTERSCALE APPROACH IN THE STUDY OF MIDDLE SIZE CITIES IN THE CONTEMPORARY WORLD ABSTRACT The many changes that mark the present times bring new challenges to the reseacher from the point of view of conducting the research This article deals with the challenges researchers face to adopt the interscale approach in the study of middlesize cities the role of which have been deeply changing as the relations between them and other urban spaces are not only hierachical and may reach the international scale The articulation of image production and selection on different spaces interfere in the process of Professora do Departamento de Geografia e pesquisadora do Grupo de pesquisa Produção do espaço e redefinições regionais GASPERR da Universidade Estadual Paulista UNESP Campus de Presidente Prudente Brasil mebspositoBprudenetcombr CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO research conduction as much as the researchers personal experience either enriches or hinders the process of thought elaboration KEYWORDS Geographic scales Interscale approach Middle size cities Tem havido nos estudos geográficos preocupação com o tratamento da escala Entretanto a tradição tem sido muito mais a da consideração do espaço do que a do tratamento do tempo apesar da importância do trabalho de alguns autores que desenvolvem pesquisas no âmbito da Geografia Histórica Apesar da importância dessas iniciativas são esforços que se referem à compreensão do geográfico em outros tempos históricos não havendo sempre preocupações da mesma natureza nos estudos acerca do presente Além disso o domínio espacial da realidade tem sido mais considerado do ponto de vista da escala cartográfica do que da escala geográfica Assim há o desafio de se avançar na abordagem de processos dinâmicas e fenômenos de caráter geográfico a partir da consideração do tempo e do espaço de suas múltiplas articulações e da apreensão das escalas geográficas que se configuram por meio dessas articulações Como pesquisadora voltada aos estudos urbanos relativos a cidades médias entendidas como aquelas que desempenham papéis intermediários no âmbito das redes urbanas temos nos deparado com esse desafio continuamente pois num período de grandes transformações como este em que vivemos a ampliação das possibilidades de telecomunicações redefine os papéis das cidades médias e os fluxos que a partir delas e até elas se desenham estabelecidos com cidades próximas e distantes Essa perspectiva analítica apresenta questões de método que são também metodológicas Tal debate é o que apresentamos neste artigo A DEFINIÇÃO DO OBJETO E AS ESCALAS DE TEMPO E ESPAÇO Do ponto de vista do encaminhamento da pesquisa aqui entendida em seu sentido mais amplo diálogo entre o teórico e o empírico a definição do objeto requer ao mesmo tempo a clara delimitação de um recorte territorial e de um recorte temporal No caso da Geografia Histórica que vem se desenvolvendo no Brasil destacamse os trabalhos de Maurício de Almeida Abreu Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pedro de Almeida Vasconcelos Universidade Federal da Bahia 144 CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 a aa o àoovioogT gv Q MA A Em 61 29G1Eh1 0 9002 GU EA SIGVOIO Ieodxe sanb es anb op oesuaasdwoo 2 BJBd sIeuawWwepuny sajueutuvajop se sienh 1enayuooses op sapepinoup sep ogôuny we epepmsa EBonewoegod e esed OAnesrdxa Lewaisis WIN ep oBóelogeja E BNP epule e jInul 1os e seBayo epod eAISsodun S9ZOA SENNUW Jas sou ep wWweje anh o opepnisa oJei no ouauwiguo EOIWEUIP Ossegod un ep eunolsiy e epo o assugÊ e seradnoas ap ouyjegeu CAHSNEXA O WIOI OPIPUNJUOS Jas sozaen seynuw epod ojuawipesod je Sodwa Sono so os segóBIa SENS Wa Opesuad 1os saep je souauQUa BSIWEUIP Ossagosd 000 Wa EBoneuajgold ep esijeue e ejed oplujop opoliad o sienh se opunãeas sieljoduio sejeosa se Uy9p eBled sazioos agDajageisa ap oyesep o opesinhsad oe esejuasande auaWeron serdoyn 1auos 919p e apod Buuoy essap e orou o e Onio Jesuad es ep epepiygissod E Jojuoo eidwuas enep ajueseid o o opessed o egos oJUaWNASUUOS O BUE UIApe oRJapod ay anb sejanbe owos Weselasua o anb sajanhe OJUEL sodwa sono e opiyjcoasa opoliad o Jeuoloejas otessavau 9 OSSI BJed OPIAIA O à Opesued o aua oouiduwo o 8 cola O eua sapóemnome sep sjuswenesseneu Iejinser anop enb ofojeip wWn ap ejees enb 1ezip esiiubis anb o Jemoajau ezaineu ep obojeip WIN ap ojuawespesuasap OB OWOI LWaq sopiyjoosa savooe SO anua sagórIA ianajageisa e lopesinhsad o 1enej 2aSp oluawesusd OP OBÓBIOGEA E Bjap olew 10d 9 Beja WO 9 esinbsad ep oBÔnpuoo y BIyE16oues Bjeossa euwun ap oiauwi 10d ejuesada es anb jelsedsa ese ewun 2p olaw od ossesdxe 19s 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sejeosa sennho we sepeuioy oes anb sapsicap no sosmnduw ap 14ed e Zepides Jolew uwoo asWuBJSB OUujegen OP 815908 EJIWQUOIS OESINIP EU LWieyuaduwasep sepepio sesse anb SI9ded sop asigue y Jp srew epule o seios sessaop ouauw 0a9gejsa o selow sopepo sE ajuswesjinadsa clejar as onb ON IS aqua sauersip e sejuasanp Sesled ep sapepio WaJlas SaISNjour opuspod seueqin sapa Sewsaw se oBU No sausoueutad ojdwaxa 10d oesuawip ewseuw ap SEAaus 1ep os Wapod sagóeiajul sessa Sesejeose sISAIU SOJUSLIBIP SUS Wadajagejse as onh sagóesaur e soJuawinowW sonno SOJdNINUW WOI OBÍBUIQUIOS Wa 911000 ausuwajuenhais e spod ojsodo o ole 9p opuenb Jsoteuw ojad oprutyap 9 Jouauwo anb ap orsodnssatd op sowied ossi 1od e euauweonbieiay 9 BIQJEJUYISSEO9 Jesuad e Betouapus e sous anbiod eBny opunhos ua SAB BOSSA SIDAJU Sasse anus 19nBy sosad 9 Sepepisuaul sauaiasp wo Wwapod anh sapóeIa sep oesuaside e eled UIWELESSA9AU OBU 9 SIBLIOJIIA SALl0D21 SONO ap ojuswWINAjageisa ojad 9SIBUE E OpulzNpuos seuade sowejsa Jegojlf ou 9 jeuoiseu ou Jeuolõa ou aqeo je90 o anhb ordiouud 10d no voud e aujyap es opuenb YUebny ouaund UWIF oNQoWLIA OP SEpIZNPal SIBW No SEJdwWe SIBW sególod senno e B2Je BWN aqua wasajagejisa as anh sreimno no seonyod seoiwouooa siBiDos SagóBIa Sep e sieloedsa sagpóeiajul sep oesusaidwuoo E BJed auuaiauyns 18 WS 9 OBU ORBÓasul ESSO Eliessaoau enb epule OueLaug fegol6 e jeuoiseu sieuorba sowpenh snes we opnjse ap BOL E JUSSUI we ogÍednsoad eyelboas eu ey enb oezes exno 10d 9 OEN epepnmso BOJR E 24GoS SOJesIpul no sojalp sojuaunege we sienb se seçóeuluvaçap Wanuysuos os e sagóuaniau WBZIJEa es SEJOp Ned E sapsioap sepewioy OBS SOJUJLUOP SNas Wa enbiod eprjse as enh op oesussiduios e Wessesaqu anb sejanhe sejpose senno se 9 esinbsad ep olaígo op oeótuyap eudosd e ewed aseq owos e epied ep ouod ouwioo epeuwoy osino uia Opnmsa Op eloa BjeEISA E anus ObOJeip oLIBeSSADaU OP OJuaLUI0DA89qEISS ou epejduweyos les saap oegÍBdnDOaId esse BUWIOJ BUISSW EQ OLISOdS OYY1739 OVÔVNHVONA VIVIA giada no do estudo e própria elas que 8ínios São pnstituem re a área poção em kem si relações pntre uma tório Em 5 cabe no a análise eBnamente sdades e Fcatória e fPnrenor é priemente pcões que Es podem es ou não re países écias O bos papéis social do cecisões e nserem e alterado rencido a sos papéis en uma como é O k Dara a dos muitas EE 0143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE vezes por critérios que não são os mais relevantes para a análise em curso bem como não é desejável que apenas vejamos a área estudada no âmbito de outras áreas mais amplas definidas também por critérios que nem sempre podemos ou estamos constantemente avaliando TEMPOS E ESPAÇOS ARTICULADOS TEMPOS E ESPAÇOS SOCIAIS E NATURAIS Se aceitarmos a idéia sucintamente apresentada na secção um deste artigo temos pelos menos dois novos desafios Sobre o primeiro novo desafio já fizemos referência o que se apresenta ao intelectual como tarefa não é a inserção de um período na sucessão de tempos históricos ou de um território no conjunto organizado hierarquicamente de territórios mais amplos mas a apreensão das relações entre um período e outros e entre um território e outros Em outras palavras é a articulação entre períodos adequadamente recortada que nos permite reconhecer tempos que sejam relevantes do ponto de vista histórico e portanto teórico para a análise do período escolhido para o estudo Da mesma forma é o reconhecimento inteligente dos recortes e sobretudo das articulações que se estabelecem entre diferentes áreas o que assegura a apreensão de relações espaciais o que é mais do que apenas relações entre diferentes níveis de recortesterritoriais Desse ponto de vista é preciso lembrar que em nenhum outro período da História foram tão amplas essas relações ampliando a muttiplicidade de papéis que simultânea e contraditoriamente cada lugar desempenha no sentido da noção de espacialidades múltiplas já apresentada por Jacques Lévy 1991 p 118 As cidades médias estavam em etapas pretéritas do desenvolvimento do capitalismo inseridas em redes urbanas hierarquicamente organizadas Assim as articulações espaciais que definiam seus papéis eram pensadas em relação às cidades grandes e à metrópole principal num movimento a montante e em relação às cidades pequenas num movimento a jusante No que se refere à definição das articulações temporais o que se exigia do pesquisador era a recuperação das determinações que instituíam a cidade em estudo no âmbito da rede urbana hierarquicamente organizada Atualmente o reconhecimento da inserção de uma cidade média no âmbito de uma rede urbana tornouse extremamente mais complexo No geral ela continua a compor a estrutura da rede hierárquica na qual seus papéis intermediários se definiram mas há um vasto conjunto de possibilidades de estabelecimento de relações com outras cidades e CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO espaços que não compõem de fato a rede a que pertence essa cidade À mundialização da economia e o desenvolvimento das telecomunicações ampliaram muito os fluxos que uma cidade pode estabelecer com espaços distantes e esses fluxos não se desenham apenas com cidades maiores ou menores ao contrário eles também se estabelecem entre cidades da mesma importância e entre essas e outras cidades constitutivas de outras redes urbanas Em outras palavras ainda que se considere a manutenção ainda forte de relações e fluxos interurbanos de natureza hierárquica é crescente a presença de relações do tipo complementares ou do tipo competitivas entre cidades de mesmo nivel ou de níveis diferentes no âmbito da mesma rede urbana ou entre redes urbanas diferentes superandose a tradição de organização piramidal das redes urbanas que vigiu até recentemente e que foi fundamenta para o sistema fordista de produção A reestruturação produtiva que vem promovendo a substituição desse sistema pelo sistema de produção flexível exige a redefinição dos papéis das cidades médias promovendo oportunidades econômicas para essas cidades de desempenharem papéis industriais ou comerciais e de serviços que estiveram durante grande parte dos séculos XIX e XX restritos às metrópoles e cidades grandes e simultaneamente têm trazido para essas cidades tanto como para outras maior instabilidade no que se refere à definição de seus papéis na divisão econômica do trabalho que pressupõe uma divisão territorial do trabalho O segundo desafio é articular essas duas dimensões tempo e espaço ser e estar de nossa existência natural e social Essa é ou ao menos deveria ser uma preocupação de todos os intelectuais que lidam com a elaboração do conhecimento científico já que aqui não estamos nos referindo apenas ao espaço geográfico e ao tempo histórico mas a espaço e tempo como categorias filosóficas e não como conceitos que interessam a diferentes campos do conhecimento da Física à Geografia da Química à História Essa preocupação ganha dimensões ainda maiores no âmbito de um campo científico como o da Geografia pois não bastassem os desafios já destacados temos que lidar com dois níveis muito diferentes entre si de tempo e espaço o da natureza e o da sociedade o que deve ser notado e requer cuidados quanto ao domínio de procedimentos metodológicos capazes de considerar o que não quer dizer compatibilizar essas duas dimensões Desse ponto de vista não estamos falando apenas de pedaços de tempo e de território que são da escala da sociedade os anos as décadas 148 CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 3 SRU RhAS davogos Rel qu BRJd CusoQo mm 6O h cidade À eoicações rr espaços Ps maiores ucades da ce outras prda forte ente a as entre a rede ição de e e que pão desse jts papéis bra essas serviços Titos às essas refere à pressupõe empo e todos os ko já que leo tempo Bão como fca Física Bo de um desafios já ere si de notado e Ógicos kas duas Haços de oécadas E 27143757 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE os séculos o bairro a cidade o bloco supranacional mas também das escalas em que as dinâmicas da natureza se constituem e se desenvolvem os períodos as eras geológicas o planeta Terra o sistema solar Mais que isso estamos nos referindo ao embricamento articulado mas conflituoso entre essas dimensões e escalas tão distintas entre si No caso de cidades não metropolitanas como é o caso das cidades médias essa preocupação ainda não assume dimensões tão grandes pois nas maiores cidades os problemas decorrentes da dificuldade de se pensar ao mesmo tempo as escalas geológicas e as históricogeográficas aparecem com muito maior evidência Mesmo assim apesar das preocupações crescentes com os problemas ambientais e com a definição de políticas urbanas que consideram a cidade como ambiente que é ao mesmo tempo natural e social muito ainda há que se fazer No caso das cidades médias brasileiras pouco se realizou até o momento no sentido de se preservar seus patrimônios naturais e de se pensar um projeto urbano que não tenha como princípio filosófico a adaptação da natureza à cidade No geral o que se observa é a tendência à idealização e proposição de políticas urbanas orientadas pelos primados da associação entre urbanização e modernização e da oposição entre cidade e natureza À partir dessa perspectiva as intervenções urbanas são mais frequentes na direção por exemplo de retificar ou encobrir cursos dágua do que de proteger seus espaços naturais que compreendem seu leito e sua bacia de inundação ao se definirem planos urbanos ou políticas de investimentos de recursos públicos para saneamento urbano Essa tendência está presente no Brasil em cidades de diferentes portes e importâncias mas é acentuada nas cidades médias pela força da associação entre desenvolvimento e metropolização entre crescimento urbano e econômico relações essas que orientam e legitimam no plano políticoideológico quaisquer tipos de intervenções urbanas que promovam crescimento mesmo que alterando processos e dinâmicas da natureza ou desrespeitando o princípio da manutenção do patrimônio natura como legado para as gerações futuras Essa postura reflete desconhecimento das diferenças entre o tempo da natureza e o da sociedade e entre as escalas dos eventos naturais e aquela dos sociais e sobretudo expressam a não consideração das relações entre essas escalas temporais e espaciais Sintetizando reconhecer uma escala geográfica não seria apenas avaliar o resultado das articulações entre diferentes recortes territoriais mas a forma como o tempo incide sobre diferentes territórios oferecendo CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 149 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO condições para o estabelecimento de relações de diferentes tipos naturais econômicas políticas sociais culturais que se refletem no espaço e nele se apóiam e que são de fato interações espaçotemporais Esse entrelaçamento tem base na forma como o tempo resulta da combinação contraditória entre os ritmos diferentes das dinâmicas naturais ou dos acontecimentos sociais em cada território ou seja da combinação entre as determinações ações e decisões que levam às mudanças e às inércias ou resistências que expressam as permanências ARTICULAÇÃO ENTRE ESCALAS PRODUÇÃO E SELEÇÃO DE IMAGENS E INFORMAÇÕES As relações entre as escalas temporais e espaciais históricas e geográficas também podem ser estudadas do ponto de vista das imagens que elaboramos sobre nossas experiências sobre o que selecionamos para guardar na memória e nela buscar para nossas decisões e ações Desse ponto de vista as práticas socioespaciais de todos os agentes indivíduos governos empresas partidos entidades etc estão sendo continuamente redefinidas pelas imagens que elaboramos e pelas imagens elaboradas por outrem que apreendemos em seus discursos e em suas manifestações de toda ordem As imagens que temos do tempo e do espaço são em grande parte formadas pela nossa experiência mas também por meio das experiências daqueles com quem convivemos da Geografia e da História que se aprende na escola da elaboração que o jornalismo faz acerca do mundo do discurso político que se constrói acerca do espaço e do tempo da literatura e de toda sorte de arte à qual temos a oportunidade de ter acesso contemplar eou experimentar Assim o que pensamos sobre espaço e tempo ao resultar de múltiplos níveis de determinação objetivos e subjetivos empíricos e abstratos resulta também numa forma de conduzir por meio da pesquisa a elaboração do pensamento e de definir nesse percurso como vamos articular as diferentes escalas temporais e espaciais Esse processo tornouse extremamente mais complexo no mundo contemporâneo na medida em que as imagens elaboradas por nós acerca do tempo e do espaço são cada vez mais também determinadas por experiências fatos dinâmicas muitos deles eventos na Concepção dada a este termo por Milton Santos não vividos por nós mas aos quais se tem acesso não apenas por relatos orais e textos como em tempos pretéritos 150 CIDADES v 3 n 5 2006 DAÁSIIS7 cA o tipos Betem no hporais Esulta da k naturais iriinação kiças e às tão DE ftóricas e magens os para ecentes Ec sendo k nagens om suas pe parte periências E que se mundo po da BP acesso e múltiplos eostratos scuisa a Ec vamos mo mundo ÉS acerca pmadas por po dada a ss se tem pretéritos E 0143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE mas por meio de imagens que nos trazem o distante fotos filmes e grande parte delas recebidas online pela TV ou pela internet Dessa perspectiva podese dizer que apreendemos as experiências dos outros de uma forma muito mais frequente ainda que nem sempre mais densa comparativamente ao modo como essa apreensão se realizava anteriormente por isso a relação entre o vivido e concebido se redefine nesse movimento Por outro lado temos que admitir que mais filtros se interpõem entre o pesquisador e o pesquisado já que as informações e as imagens às quais temos acesso sobre o espaço e o tempo que não são apenas o espaço e o tempo da nossa própria experiência não são todas as imagens e todas as informações Elas são selecionadas por quem nos informa e são também selecionadas por nós que escolhemos os meios sobretudo midiáticos que queremos acessar e a frequência com que os acessamos Essa seleção é por sua vez muito relativa O marketing por exemplo desenvolve estratégias que levam à imposição da difusão daquilo que se quer divulgar Na cidade não podemos escolher não ver os outdoors Nos espaços públicos não podemos não ouvir os sons que nos acometem e por meio dos quais as informações nos chegam Se aceitarmos esse fato como significativo temos que admitir que o pesquisador tem diante de si uma tarefa muito mais árdua e que exige maior capacidade de discernimento e astúcia na coridução da pesquisa e por conseguinte na definição das escalas de tomada dos dados recorte territorial e período do estudo das escalas que enfeixam o conjunto das determinações sobre o que se estuda e na articulação entre elas para a elaboração do pensamento ou da explicação sobre a problemática que move a investigação Nesse sentido o empírico tem novo conteúdo conceitual porque ele não é mais como era há cem ou cinquenta anos o resultado do contato que o pesquisador tem com o pesquisado porque dele fazem parte também as imagens e informações levantadas e tabuladas por outros às quais temos acesso e com as quais nos relacionamos No caso das pesquisas sobre as cidades médias essa questão também se apresenta como relevante Ampliamse as relações entre elas e espaços distantes pois como já ressaltamos a cidade média não pode mais ser analisada apenas no contexto de seu espaço de influência uma região e nas suas relações com as cidades hierarquicamente superiores Com a combinação entre sistemas de comunicação por satélite e sistemas de informatização por computação negócios são realizados a longas CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 151 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO distâncias ampliando a escala e a abrangência das relações das cidades médias com outros espaços Alterase assim o perfil dessas cidades de desempenharem apenas papéis intermediários ou de ligação entre as cidades maiores e menores já que vêm progressivamente participando de uma divisão territorial do trabalho que atinge a escala internacional realizando negócios com empresas que estão sediadas em outros países são selecionadas por congiomerados transnacionais para sediar unidades de produção industrial de suas empresas e ainda são parte das escolhas locacionais dos agentes econômicos que atuando em escala nacional ou supranacional têm como meta a ampliação do consumo de bens e serviços cada vez mais sofisticados Ao pesquisador cabe nesse novo contexto trabalhar com dados e informações sobre cidades com as quais as cidades médias objeto de sua investigação científica mantém relações Muitas vezes são cidades distantes que ele não conhece ou conhece eventualmente e com as quais não irá manter durante o desenvolvimento da pesquisa nenhuma experiência empírica que possa relativizar se não anular os impactos negativos resultantes dos filtros que selecionam as informações e as imagens a partir das quais elaboramos nosso construto sobre uma dada realidade Sintetizando o que apresentamos nesta secção do artigo podemos afirmar que nesse quadro de determinações em que há ampliação dos meios de comunicação e da difusão das informações são também maiores os desafios que se apresentam ao pesquisador Se de um lado ampliamse as possibilidades dele de ter acesso a dados de todo tipo por outro lado são maiores os perigos de imprecisão ou de elaboração de explicações demasiadamente parciais sobre um dado conjunto de relações que uma cidade média estabelece com espaços distantes dela e de sua região de influência direta porque as imagens e informações que se elaboram sobre os espaços de todo tipo estão impregnadas de imagens e são difundidas segundo filtros que não são propriamente de caráter científico AS ESCALAS ESPACIAIS E TEMPORAIS DA EXPERIÊNCIA DO PESQUISADOR A noção e consciência sobre o pertencimento a um território ou a alguns territórios aos quais se associam nossas experiências de vida bem como conhecer um período do tempo ou mais que isso viver ou não no CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 O PRQ ao Rn og RR 2 Sao Sue eo 2002 R cdades anenas hnores já jral do lrs com kras por ircustrial agentes como mais kcados e beto de cidades es quais penhuma armpactos es e às ma dada podemos bção dos bh maiores BCesso a Bcisão ou em dado espaços nagens e po estão não são IkCIA DO frio ou a vida bem ku não No Ep f43157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE decorrer de nossas vidas os períodos densos em que as transformações acontecem de forma profunda e em larga escala são também elementos a serem considerados Essa problemática se relaciona àquela apresentada na secção anterior e levanta novas dimensões da mesma questão As ações do pesquisador são por isso determinadas pelas relações que se estabelecem em sua experiência e em seu pensamento entre a ordem próxima e a ordem distante Numa avaliação rápida poderia se supor que o acesso a mais informações e a possibilidade de apreender outros níveis escalares por meio das imagens que recebemos de outros espaços e tempos redundaria em diminuição da necessidade do pesquisador se deslocar espacialmente já que ainda não podemos nos deslocar temporalmente quando de fato parecenos que agora a prática é mais necessária do que nunca e não apenas porque somos geógrafos Em primeiro lugar porque sabemos que se ampliam os níveis de determinação do global sobre o nacional o regional e o local e por isso é cada vez mais significativo conhecer como essas múltiplas determinações incidem em cada contexto geográfico e histórico não importando aqui à escala que tenhamos tomado como ponto de partida área e período de estudo Em segundo lugar porque se elaboram cada vez mais fábulas acerca do espaço e do tempo e ao pesquisador cabe literalmente ir ao campo no sentido tradicional dessa expressão entre os geógrafos Assim a definição dos níveis escalares para a abordagem dos fenômenos geográficos passa pela necessidade de relativização do grande número de informações e imagens que recebemos sobre os lugares estabelecendo com os espaços estudados relações não intermediadas por outrem Assim o tempo que ficamos ou não em nossas áreas de estudos nosso tempo de vida mais denso ou não são fundamentais para a necessária distinção entre o pesquisado e o pesquisador Essa afirmação tem como base a constatação de que a mudança e ampliação do ponto de vista do pesquisador sobre o pesquisado o que é fundamental para a qualidade do pensamento que se elabora tem relação direta com sua possibilidade de viver experiências em diferentes lugares e ao longo de um tempo já que esse aspecto incide diretamente sobre as relações entre presença e ausência entre nós e os outros sobre o que se pensa como Tomamos aqui a metáfora utilizada por Milton Santos 2000 para conceituar uma das dimensões da globalização Esse aspecto tem relação com o maior tempo de vida do pesquisador mas não resulta apenas deste tempo porque depende da natureza e intensidade de suas experiências e reflexões acerca do mundo CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO igual e o que se quer definir como desigual o que é parecido e o que é diferente e seus rebatimentos sobre o que se pesquisa e como se selecionam e articulam escalas para compreender as problemáticas que nos movem Nessa perspectiva os conceitos de acontecer homólogo acontecer complementar e acontecer hierárquico todos propostos por Milton Santos 1996 p 132 e outras podem ser muito úteis na definição dos níveis escalares com os quais se quer trabalhar Em outras palavras podemos afirmar que há a espacialidade e a temporalidade dos acontecimentos e problemáticas em estudo e a espacialidade e temporalidade do pesquisador Esse ponto parece banal porque isso foi igualmente importante no século l aC ou no século XVII dC Entretanto lembremonos que a espacialidade e a temporalidade dos acontecimentos têm relação com o vivido e desse ponto de vista a territorialidade na acepção do vivido não é mais apenas a da contigúidade territorial mas também se pode falar hoje de uma territorialidade sem contigúidade para os que podem rapidamente se deslocar Veltz 1995 faz referência em outro contexto analítico à importância maior no mundo atual da proximidade organizacional e informacional em detrimento das vantagens da proximidade física Poderseia afirmar que isso vale para a pesquisa e para o pesquisador desde que tenhamos o cuidado de não nos desumbrarmos com o potencial que nos oferecem as novas formas de captação e difusão de informações e imagens e tenhamos em mente a importância da proximidade física para o conhecimento da realidade e para a definição dos níveis escalares com os quais devemos trabalhar para desvendar nossas problemáticas Desse ponto de vista no que se refere ao estudo das cidades médias a articulação entre escalas diferentes para a compreensão das relações e ações que definem os papéis dessas cidades deverá considerar e sobre isso há consenso a influência das escalas mais abrangentes de nível nacional e internacional uma vez que há progressivamente influência do global sobre o local num período de mundialização crescente Tornase ainda fundamenta ao pesquisador conhecer os interesses dos agentes econômicos a natureza dos comandos definidos por eles que incidem no movimento contínuo de redefinição das cidades médias Jacques Lévy faz referência à territorialidade sem contigúidade 1991 p 1140 bem como Rogério Haesbaert tem essa preocupação teórica ao estudar os movimentos migratórios no mundo contemporâneo 154 CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 cue é ro se me nos Irtecer Bantos ríveis ea ea banal jo XVII ke dos ísta a jLidade ke sem rência pai em que ros o rem as hamos ro da bemos Irédias bções e e sobre ke nível Fcia do Eesses es que rédias como os no E 143157 O DESAFIO METGDOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE avaliando por meio da análise das articulações entre escalas as interferências da ordem distante sobre a ordem próxima Por outro lado isso não nos parece suficiente porque dialeticamente o local também influencia o nacional e o global Atores não hegemônicos redefinem seus papéis e suas estratégias aceitam ou rejeitam sempre em termos relativos as ordens dos atores hegemônicos estabelecem relações entre eles e promovem novas alianças que compõem o movimento geral mas negam ao mesmo tempo a realização completa e inequívoca do global sobre o local É desse ponto de vista que ao pesquisador sobre cidades médias assim como aqueles que pesquisam outros espaços impõese como necessário o contato direto com agentes que não comandam o movimento geral de reestruturação econômica que é também e sempre uma reestruturação política e cultural mas que fazem parte desse movimento As entrevistas parecemnos aqui um instrumento metodológico valioso pois compreender um movimento acelerado e complexo de redefinições de papéis urbanos requer dar voz e interpretar os discursos que elaboram sobre si e sobre as dinâmicas em curso os atores que em diferentes cidades médias vêemse obrigados a dialogar e interagir com as influências crescentes advindas de escalas espaciais mais abrangentes Eles reagem estabelecendo novas alianças ampliando a rede de relações em que se inserem aumentando por meio dessas iniciativas relações complementares entre cidades de diferentes portes no âmbito da rede urbana à que pertencem ou a outras redes urbanas Em outras palavras esse movimento a ser desenhado pelo pesquisador do ponto de vista do método e dos instrumentos da pesquisa marcado pela relação entre o distante e o próximo entre o teórico e o empírico requer a superação sobretudo no caso das cidades médias da tradição geográfica de separação entre os estudos da rede e os estudos do espaço interno das cidades bem como entre processos e formas espaciais urbanos Sintetizando essa parte do texto reafirmamos o papel central do pesquisador agora sob a perspectiva das relações que deverá estabelecer entre o teórico e o empírico num período de ampliação das escalas espaciais e temporais dos processos e dinâmicas que incidem sobre seu objeto de pesquisa A valorização do empírico no sentido do contato direto com espaços urbanos e atores de diferentes tipos tornase necessária mesmo num período em que são maiores as oportunidades de se obter informações e se receber imagens à distância CIDADES v 3 n 5 2006 p 143157 155 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO PREOCUPAÇÕES CENTRAIS E ADVERTÊNCIAS Para concluir poderíamos afirmar que é fundamental se reafirmar a preocupação com a distinção entre a escala cartográfica e a geográfica entre o tempo do calendário e o tempo histórico Para se apreender os fatos na escala cartográfica e no tempo de calendário selecionamos a extensão dos fatos e dos acontecimentos o tamanho e a duração deles para o que é fundamental definir limites Assim tratamos de formas na Geografia e de sucessões na História Para se elaborar explicações sobre os fatos precisamos das formas e das sucessões mas precisamos também dos fluxos e dos ritmos que só a boa definição de níveis de escalas espaciais e temporais e de suas articulações nos oferecem Portanto à Geografia e à História não caberia apenas o reconhecimento das formas e da sucessão dos acontecimentos mas dos processos ou seja a apreensão das relações entre o que está fixo e o que está em movimento no tempo e no espaço em cada momento em cada lugar sempre e transitoriamente No caso específico dos estudos sobre cidades médias com os quais temos nos envolvido tomando como referência o Estado de São Paulo no Brasil os pontos destacados neste artigo podem ter importância para o estabelecimento de um diálogo com outros pesquisadores que se voltam aos estudos urbanos no Brasil ou em outros países sobre cidades médias ou sobre outras cidades tanto para se encontrar pontos que poderiam ser tomados como universais para esses investigadores como aqueles que resultam de singularidades relativas aos papéis que desempenham cidades segundo seus portes e importâncias e ainda de acordo com as formações socioespaciais em que elas se inserem e que as constituíram REFERÊNCIAS LÉVY Jacques Aton encore vraiment besoin du territoire Espaces temps Paris n 5152 p 1021421991 SANTOS Milton A natureza do espaço São Paulo Hucitec 1996 Por uma outra globalização São Paulo Record 2000 SMITH Neil Desenvolvimento desigual Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1988 Geography difference and the politics of scale In DOHERTY Joe et al Post modernism and the social science London Macmillan 1992 p 5779 CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 O DESAFIO METODOLÓGICO DA ABORDAGEM INTERESCALAR NO ESTUDO DE VASCONCELOS Pedro de Almeida Questões metodológicas na Geografia Urbana Histórica In VASCONCELOS Pedro de Almeida SILVA Sylvio Bmar a Bandeira de Mello Org Novos estudos de Geografia Urbana Brasileira bográfica Salvador UFBA 1999 p 191201 VELTZ Pierre À quoi ser la proximité dans léconomie In SAVY Michel e o de VELTZ Pierre Économie globale et réinventions du local Paris Éditions de ds o FAube 1995 p 107117 mites Tempos de economia tempos da cidade as dinâmicas In ACSELRAD Henri A duração das cidades Rio de Janeiro D P A 2001 1389154 as e P je SÓ a ce suas Recebido em 05072006 Aceito em 19092006 penas O ras dos peoque em cada os quais Paulo no ks para O pe voltam s médias eram ser Ieees que pn cidades prmações Espaces sc Brasil TY Joe 1992 p CIDADES v 3 n 5 2006 p143157 157 E 0143157