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Psicologia Social
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A 1 CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE Jefferson Silva Krug Clarissa Marceli Trentini Denise Ruschel Bandeira avaliação psicológica clínica com fins diagnósticos é uma prática muito comum no Brasil Há décadas muitos profissionais habituaramse a chamar essa atividade de psicodiagnóstico No entanto constatamos que o uso do termo é mais comum quando durante o seu desenvolvimento o profissional se vale de testes psicológicos para coletar informações sobre o consultante Nas avaliações em que esses testes não são empregados ou inexistem para os objetivos do exame outros termos se destacam como avaliação clínica avaliação psicológica entrevistas preliminares diagnóstico psicológico etc Krug 2014 Essa constatação nos levou a questionar o conceito clássico de psicodiagnóstico e a examinar se a compreensão desses profissionais quanto à associação direta do termo psicodiagnóstico com a administração de testes também é compartilhada pela literatura da área O PSICODIAGNÓSTICO EXIGE A APLICAÇÃO DE TESTES PSICOLÓGICOS Ao consultar a literatura identificamos convergências conceituais Arzeno 1995 p 5 diz por exemplo que fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são necessários ou con venientes Portanto parece claro o entendimento da autora de que toda avaliação psicológica que não utilize testes não deva ser nomeada de psicodiagnóstico Cunha 2000 p 23 grifo nosso em concordância preconiza que psicodiagnóstico é um termo que designa um tipo de avaliação psicológica com propósitos clínicos em que há a utilização de testes e de outras estratégias para avaliar um sujeito de forma sistemática científica orientada para a resolução de problemas A autora segue afirmando que Psicodiagnóstico é um processo científico limitado no tempo que utiliza técnicas e testes psicológicos input em nível individual ou não seja para entender problemáticas à luz de pressupostos teóricos identificar e avaliar aspectos específicos seja para classificar o caso e prever seu curso possível comunicando os resultados output na base dos quais são propostas soluções se for o caso Cunha 2000 p 26 grifo nosso Observamos que em todas as definições de Cunha 2000 o uso da expressão e sugere a obrigatoriedade do uso de testes para que o processo de avaliação psicológica clínica seja chamado de psicodiagnóstico Aparentemente Castro Campezatto e Saraiva 2009 também entendem dessa forma diferenciando período de avaliação de psicodiagnóstico Para as autoras durante o período de avaliação que precede a psicoterapia o psicólogo poderá realizar um psicodiagnóstico ou fazer o encaminhamento para outro psicólogo que o realize quando ocorrer a aplicação de testes psicológicos a aplicação de testes pode ser realizada pelo próprio psicoterapeuta se esse dominar as técnicas necessárias e se sentir confortável para tal ou por um colega especializado em psicodiagnóstico Castro et al 2009 p 100 Em Ocampo e Arzeno 19792009 também encontramos a ideia de que o processo psicodiagnóstico inclui obrigatoriamente uma etapa de aplicação de testes e técnicas projetivas Para explicar seu posicionamento as autoras diferenciam a prática avaliativa que chamam de psicodiagnóstico da prática avaliativa de psicanalistas em suas primeiras consultas referindo que nestas últimas se tem a possibilidade do uso de entrevistas livres ou totalmente abertas algo não viável no psicodiagnóstico devido à limitação do tempo Neste debate sobre a terminologia adotada para a atividade avaliativa clínica observamos que excluindose a necessidade de aplicação de testes as descrições do processo psicodiagnóstico contidas nos manuais citados relatam exatamente o que é feito pelos profissionais que dizem não realizar psicodiagnóstico Dito de outra forma o que diferencia a avaliação clínica feita por psicólogos que nomeiam sua prática de psicodiagnóstico da daqueles que não a chamam assim é apenas o uso de testes psicológicos Krug 2014 Parecenos infrutífera essa distinção terminológica uma vez que para nós o que define um psicodiagnóstico relacionase mais ao caráter investigativo e ao diagnóstico do que à necessidade do uso de determinado tipo de instrumento de coleta de dados Diferentemente dos trabalhos citados encontramos outros autores que defendem a ideia de que o uso de testes pode não ser necessário em um psicodiagnóstico Conforme Trinca 1983 por exemplo o uso ou não de testes depende do psicólogo e de seu pensamento clínico em relação a cada paciente Tomemos como referência para essa reflexão as definições feitas pelo Conselho Federal de Psicologia CFP para alguns termos comumente utilizados na área A definição de avaliação psicológica do CFP 2013 p 11 por exemplo engloba qualquer atividade com ou sem o uso de testes A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação no qual se conhece o avaliado e sua demanda com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo Mais especialmente a avaliação psicológica referese à coleta e interpretação de dados obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica Quanto à diferença entre avaliação psicológica e testagem psicológica a Cartilha CFP 2013 p 13 diz A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes dentre elas testes entrevistas observações e análise de documentos enquanto a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica editada em 2007 pelo CFP 2007 não há referência ao termo psicodiagnóstico Já na Cartilha de 2013 CFP 2013 p 34 há apenas uma menção ao termo descrito como uma modalidade de avaliação psicológica sem a especificação da necessidade ou não do uso de testes no âmbito da intervenção profissional os processos de investigação psicológica são denominados de avaliação psicológica descritos em termos de suas modalidades psicodiagnóstico exame psicológico psicotécnico ou perícia CFP 2013 p 34 grifo nosso Portanto a partir da reflexão sobre o uso do termo psicodiagnóstico podemos fazer os seguintes questionamentos as chamadas entrevistas preliminares entrevistas de avaliação ou entrevistas iniciais conduzidas por psicólogos de diferentes abordagens teóricas antes de indicar ao paciente uma análise uma psicoterapia ou qualquer modalidade de tratamento psicológico ou de outra área não poderiam ser consideradas uma prática de avaliação psicológica A avaliação clínica inicial feita pelo psicólogo com o objetivo de conhecer aspectos psíquicos do paciente à luz da teoria psicanalítica ou de qualquer outra teoria não se configura como uma prática de avaliação psicológica Ou o mais apropriado seria chamar essa prática psicológica orientada pela teoria psicanalítica de avaliação psicanalítica e a prática de profissionais orientados pelo comportamentalismo de avaliação comportamental Somente quando um psicanalista um gestaltista ou um comportamentalista aplica testes psicológicos durante o período de entrevistas preliminares diagnósticas é que poderíamos chamar essa prática avaliativa de psicodiagnóstico E ainda não poderemos chamar de psicodiagnóstico os processos de avaliação psicológica clínica com pacientes para os quais não dispomos de testes psicológicos aprovados pelo CFP Por fim sabendo que o profissional durante uma avaliação clínica tem o dever e a liberdade de optar pelas estratégias mais indicadas para realizar o procedimento caso deseje realizar um psicodiagnóstico terá ele de obrigatoriamente aplicar testes psicológicos Essa confusão conceitual é descrita pela literatura Wainstein 2011 Wainstein Bandeira 2013 Nesses estudos investigouse o que profissionais da saúde e da educação entendem e esperam de um processo psicodiagnóstico para crianças e adolescentes assim como de que forma encaminham seus pacientes para esse tipo de avaliação Os resultados indicaram que o conceito de psicodiagnóstico é associado ao uso de algum instrumento psicológico mais especificamente testes que avaliam as capacidades cognitivas e sugeriram que os profissionais que encaminham seus pacientes não sabem ao certo a nomenclatura que deve ser utilizada usando psicodiagnóstico avaliação diagnóstica psicoavaliação testagem conforme o tipo de interesse aspectos cognitivos aspectos sociais e outros Essa pesquisa apontou que todas as nomenclaturas usadas representam a avaliação psicológica clínica mas o termo que aparenta ser o melhor para esses casos é psicodiagnóstico que tem uma definição clara de todo o processo Para as autoras não é o uso ou não de testes ou de determinados tipos de testes que configura a realização de um psicodiagnóstico uma vez que em alguns casos o psicólogo abrirá mão do uso de testes especialmente quando não houver testes validados no mercado Lembram que para a avaliação de crianças préescolares 0 a 6 anos a observação do de senvolvimento infantil baseada em critérios tem sido muito usada entre os profissionais que costumam trabalhar com essa faixa etária Por fim concluem dizendo que parece não haver um consenso a respeito da nomenclatura utilizada para designar o encaminhamento de um indivíduo para avaliação psicológica DEFINIÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO A definição encontrada nos manuais consultados que associam a prática de psicodiagnóstico à obrigatoriedade de aplicação de testes psicológicos está em desacordo com a compreensão de muitos profissionais da área da avaliação psicoló gica sobre o que é um psicodiagnóstico na atualidade Defendemos a ideia de que a prática realizada por psicólogos tanto aqueles que nunca se valem de testes psicológicos quanto aqueles que os usam ocasionalmente independentemente de sua teoria de base também possa ser nomeada de psicodiagnóstico Portanto em nosso entendimento há a necessidade de se rever a definição do termo na atualidade de maneira a abranger variadas formas de realização desse procedimento investigativo clínico a partir de diferentes teorias psicológicas Compreendemos que o psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica limitado no tempo que emprega técnicas eou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando um diagnóstico psicológico descritivo eou dinâmico construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos Assim o psicodiagnóstico pressupõe a adoção de um ponto de vista científico sobre o fenômeno avaliado Em psicologia acreditamos que esse caráter científico é adquirido por meio de métodos e técnicas de intervenção com base em teorias psicológicas O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA TEORIA PSICOLÓGICA QUE O FUNDAMENTE Felizmente nas últimas décadas a área da avaliação psicológica no Brasil tem investido muito no desenvolvimento de instrumentos mais confiáveis construídos a partir da nossa realidade cultural É perceptível o aumento da oferta e da qualidade dos testes em nosso país o que proporcionou maior qualificação dos serviços prestados à população Sem dúvida o estudo desses instrumentais qualificou os testes mas não o processo psicodiagnóstico Observamos na atualidade uma supervalorização dos instrumentos psicométricos e projetivos em detrimento da escuta e da tarefa de síntese compreensiva que deve ser realizada pelo psicólogo a partir de todas as informações coletadas durante a avaliação Em alguns casos a teoria psicológica tem cada vez menos influência no processo seja por não orientar o próprio processo avaliativo seja por não estar contemplada na construção dos instrumentos que são utilizados de forma indiscriminada Veemse verdadeiros frankensteins técnicos e teóricos quando psicólogos adotam em seus processos avaliativos técnicas que se estruturam em diferentes teorias muitas vezes com concepções teóricas e epistemológicas conflitantes Assim como avaliar a personalidade de um paciente utilizando ao mesmo tempo instrumentos que se alicerçam na psicanálise na psicologia positiva na gestalt e na neuropsicologia O resultado é uma total dependência do profissional ao resultado do teste fazendo com que ele construa a conclusão de sua avaliação desconsiderando os aspectos específicos de cada disciplina teórica e montando seu diagnóstico de forma ateórica Entendemos que não é possível descuidar da formação teórica do profissional que deve escolher administrar interpretar e integrar os resultados desses instrumentos em um procedimento clínico como o psicodiagnóstico sob pena de ficarmos reféns dos testes para a realização de qualquer avaliação Compreendemos que o aperfeiçoamento dos testes tornandoos mais válidos e fidedignos para o que se propõem examinar deve ser acompanhado por uma formação teórica que também possibilite um psicólogo válido Bandeira 2015 capaz de compreender os resultados de um teste ou de uma entrevista com base em uma teoria psicológica que fundamente o trabalho de qualquer psicólogo Por esse motivo defendemos que o ensino da avaliação psicológica não pode se abster do aprofundado estudo das teorias psicológicas que fundamentam a técnica de coleta e análise de informações adotada em processos avaliativos Não compactuamos com uma proposta de avaliação ateórica e não interventiva por entendermos que qualquer leitura e intervenção sobre o comportamento humano seja com instrumentos objetivos como testes psicométricos seja com técnicas menos diretivas como testes projetivos e entrevistas clínicas está embasada em paradigmas teóricos e produz modificação no objeto analisado Assim não existe a possibilidade de o psicólogo trabalhar sem uma teoria de base uma vez que os fenômenos são observados e analisados à luz de pressupostos teóricos em um processo interativo O PSICODIAGNÓSTICO É UMA INTERVENÇÃO O afastamento percebido na atualidade entre a área da avaliação psicológica e as teorias psicológicas pode ser compreendido também pelas reflexões de Barbieri 2008 p 583 Para ela o predomínio do pensamento positivista nas Ciências Sociais e Humanas trouxe consigo ao longo da história uma dissociação entre pesquisa acadêmica e prática profissional Essa situação ocasionou um empobrecimento na produção de conhecimentos oriundos do trato direto com as pessoas ou a ele destinados promovendo um distanciamento daquilo que deveria se constituir na meta principal do nosso trabalho como psicólogos É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas em sua dimensão investigativa excluindo os aspectos interventivos e terapêuticos que lhes são inerentes Para Barbieri 2008 a separação entre as atividades de investigação e de intervenção é resultado do olhar positivista que busca atingir um ideal de objetividade para a pesquisa científica A autora entende que um psicodiagnóstico isento de intervenções pode trazer ao paciente muitos malefícios As entrevistas iniciais empregadas sem intervenção além de não atingirem seus objetivos de formular o diagnóstico e iniciar o tratamento desperdiçam a chance de o paciente estabelecer contato com outra pessoa o que pode resultar em uma experiência terapêutica negativa Assim entendese que usar o termo psicodiagnóstico apenas para as situações em que os testes psicológicos são utilizados com a intenção de tornar mais objetiva a avaliação parece estar em consonância com a visão positivista Podese pensar que a rejeição por parte de alguns profissionais que realizam avaliações clínicas ao uso tradicional do termo psicodiagnóstico para a descrição das práticas avaliativas é uma forma de manterse distante da perspectiva positivista de investigação do objeto totalmente separada do observador Além disso essa noção está em desacordo com as muitas propostas contemporâneas que debatem a complexidade humana e a intersubjetividade Portanto ao considerarmos as características da pesquisa qualitativa e quantitativa pósmoderna associadas à prática avaliativa podese pensar que o uso do termo psicodiagnóstico deva incluir a preocupação clínica não apenas com a objetividade diagnóstica mas também com o processo avaliativo Por meio de relatos produzidos em entrevistas eou com o uso de outras técnicas o sujeito conta sua história suas experiências as revive no relacionamento com o psicólogo fazendo com que como afirma Barbieri 2010 possa modificarse com o auxílio das devoluções CONSIDERAÇÕES FINAIS O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas observação entrevista testes projetivos testes psicométricos etc reconhecidas pela ciência psicológica Não sugerimos a adoção do termo para situações avaliativas em contextos jurídicos ou organizacionais uma vez que nessas situações estão presentes outras variáveis geralmente não encontradas no contexto clínico como a simulação e a dissimulação conscientes Também não compreendemos que o psicodiagnóstico se limite em todos os casos a uma avaliação de sinais e sintomas tendo com resultado apenas um diagnóstico nosológico o que se aproximaria muito de uma avaliação psiquiátrica Tampouco entendemos que uma simples aplicação de um teste por mais complexo que ele possa ser deva ser entendida como psicodiagnóstico Reservamos o termo para descrever um procedimento complexo interventivo baseado na coleta de múltiplas informações que possibilite a elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica REFERÊNCIAS Arzeno M E G 1995 Psicodiagnóstico clínico Novas contribuições Porto Alegre Artmed Bandeira D R 2015 Prefácio In S M Barroso F ScorsoliniComin E Nascimento Eds Avaliação Psicoló gica Da teoria às aplicações Rio de Janeiro Vozes Barbieri V 2008 Por uma ciênciaprofissão O psicodiagnóstico interventivo com o método de investigação científic a Psicologia em Estudo 133 575584 Barbieri V 2010 Psicodiagnóstico tradicional e interventivo Confronto de paradigmas Psicologia Teoria e Pesqu isa 263 505513 Castro E K de Campezatto P V M Saraiva L A 2009 As etapas da psicoterapia com crianças In M G K Castro A Stürmer Eds Crianças e adolescentes em psicoterapia A abordagem psicanalítica Porto Alegre Artmed Conselho Federal de Psicologia CFP 2007 Cartilha sobre avaliação psicológica Brasília CFP Recuperado de httpsitecfporgbrwpcontentuploads201305CartilhaAvaliaC3A7C3A3oPsicolC3B3gicapdf Conselho Federal de Psicologia CFP 2013 Cartilha avaliação psicológica 2013 Brasília CFP Recuperado d e httpsatepsicfporgbrdocscartilhapdf Cunha J A 2000 Fundamentos do psicodiagnóstico In J A Cunha Ed Psicodiagnóstico V 5 ed Porto Aleg re Artmed Krug J S 2014 Entrevista lúdica diagnóstica psicanalítica Fundamentos teóricos procedimentos técnicos e critérios de análise do brincar infantil Tese de doutorado não publicada Universidade Federal do Rio Grande do S ul Porto Alegre Ocampo M L S Arzeno M E G 2009 O processo psicodiagnóstico In M L S Ocampo M E G Arzeno E G Piccolo Eds O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas São Paulo Martins Fontes Publicad o originalmente em 1979 Trinca W 1983 O pensamento clínico em diagnóstico da personalidade Petrópolis Vozes Wainstein E A Z 2011 Um estudo sobre as formas de encaminhamento descrição e esclarecimentos do proc esso psicodiagnóstico para as crianças e adolescentes Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização Unive rsidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Wainstein E A Z Bandeira D R 2013 Psicodiagnóstico A contribuição da avaliação psicológica no trabalho c om crianças In J Outeiral J Treiguer Eds Psicanálise de crianças e adolescentes Curitiba Maresfield Garde ns P 2 PSICODIAGNÓSTICO FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS Denise Ruschel Bandeira Clarissa Marceli Trentini Jefferson Silva Krug ara fazer um psicodiagnóstico o profissional deve saber avaliar com cuidado a demanda trazida pelo paciente ou pela fonte de encaminhamento para a partir disso realizar considerações éticas sobre o pedido e quando essas forem favoráveis tecer os objetivos de sua realização Essa tarefa não é nada simples uma vez que necessariamente envolve um conjunto de habilidades e competências do psicólogo inicialmente desenvolvidas no curso de bacharelado em Psicologia posteriormente aperfeiçoadas em outros níveis de ensino como cursos de extensão especializações mestrados e doutorados sempre perpassando o cuidado com os aspectos pessoais do próprio psicólogo que pretende desenvolver essa atividade profissional A realização do psicodiagnóstico pressupõe um preparo pessoal e técnico que inclui o domínio de diferentes saberes psicológicos e de áreas afins além da capacidade de reflexão quanto aos aspectos éticos inerentes à realização da atividade Entendemos que a formação ética e técnica para a realização do psicodiagnóstico tem sua base na graduação mas alcança sua real possibilidade a partir do cuidado de cada profissional com sua constante atualização quanto aos instrumentos e processos de avaliação Além disso lembramos que o psicólogo precisa investir em seu desenvolvimento pessoal realizando acompanhamento terapêutico preferencialmente orientado pela teoria psicológica de base que sustenta seu fazer clínico Todos esses cuidados juntamente à experiência clínica adquirida com as primeiras avaliações supervisionadas trarão gradativamente ao psicólogo melhores condições de avaliar as demandas e definir os objetivos de um psicodiagnóstico Portanto neste capítulo abordaremos aspectos referentes ao psicodiagnóstico em sua dimensão de formação ética bem como a avaliação de demanda e a definição de objetivos FORMAÇÃO EM PSICODIAGNÓSTICO E QUESTÕES ÉTICAS Entendemos que o psicólogo é o profissional que pode desenvolver durante sua formação a competência para realizar um psicodiagnóstico Podemos elencar algumas das competências designadas pelo Ministério da Educação Brasil 2011 p 3 em suas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia envolvidos em processo de psicodiagnóstico III identificar e analisar necessidades de natureza psicológica diagnosticar elaborar projetos planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da populaçãoalvo IV identificar definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia vinculandoas a decisões metodológicas quanto à escolha coleta e análise de dados em projetos de pesquisa V escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia tendo em vista a sua pertinência VI avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva comportamental e afetiva em diferentes contextos VII realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos de grupos e de organizações IX atuar inter e multiprofissionalmente sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar X relacionarse com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional XIII elaborar relatos científicos pareceres técnicos laudos e outras comunicações profissionais inclusive materiais de divulgação XV saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional Nos cursos de bacharelado em Psicologia no nosso país essas competências são tratadas em diferentes disciplinas como Psicologia do Desenvolvimento Psicologia da Personalidade Psicopatologia Avaliação Psicológica Psicometria Técnicas de Entrevista Pesquisa em Psicologia Psicologia Clínica Neuropsicologia entre outras Além disso outras modalidades de ensinoaprendizagem como estágios básicos e profissionais costumam incluir a necessidade de realização de avaliações psicológicas supervisionadas entre elas o psicodiagnóstico Werlang Argimon e Sá 2015 lembram que essas atividades sempre devem levar em consideração as questões éticas respeitando tais princípios Nesse sentido entendemos que o psicólogo é o profissional com melhor qualificação para realizar tal atividade Contudo destacamos que nem sempre a graduação em Psicologia é suficiente para quem quer trabalhar em avaliação psicológica O aluno de Psicologia necessita de conhecimentos específicos da área Se considerarmos que cada vez mais os cursos de Psicologia vêm implementando novos conhecimentos em seus currículos Bandeira 2010 compreenderemos que frequentemente um profissional recémformado não tem condições de realizar todos os tipos de avaliação psicológica que lhe sejam solicitadas uma vez que ainda precisa desenvolverse teórica e tecnicamente naquilo que seu curso não pôde enfatizar durante o desenvolvimento curricular Compreendemos que a ampliação das áreas de estudo da Psicologia nos cursos de bacharelado também é muito benéfica à área de avaliação psicológica contudo impõe ao profissional a necessidade de constante atualização Ainda via de regra percebemos que o adequado desenvolvimento da capacidade técnica para realizar um psicodiagnóstico relacionase à possibilidade de o profissional seguir supervisionando seus casos e buscando o conhecimento que não pôde ser desenvolvido na graduação e em cursos de pósgraduação sejam eles lato ou stricto sensu Com relação às questões éticas muito conteúdo consistente e relevante sobre a atuação ética do psicólogo já foi produzido p ex Anache Reppold 2010 Hutz 2015 Wechsler 2005 Sugerimos a leitura desses materiais assim como o acesso aos textos da The International Test Commission ITC associação de psicólogos e profissionais relacionados à área de avaliação da American Psychological Association em especial as divisões 5 Quantitative and Qualitative Methods 7 Developmental Psychology 8 Society for Personality and Social Psychology 12 Society of Clinical Psychology e 40 Society for Clinical Neuropsychology e as resoluções do Conselho Federal de Psicologia CFP órgão que regulamenta a profissão de psicólogo no Brasil Todas as resoluções editadas pelo CFP são importantes mas em relação à área de avaliação psicológica recomendamos um estudo aprofundado a da aplicação dos princípios fundamentais contidos no Código de Ética Profissional do Psicólogo Conselho Federal de Psicologia CFP 2005 b da Resolução n 0012009 que dispõe sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços psicológicos CFP 2009 c da Resolução n 0162000 que aponta a necessidade de regulamentar regras e procedimentos que devem ser reconhecidos e utilizados nas práticas em pesquisa de laboratório campo e ação CFP 2000a d da Resolução n 0022003 que define e regulamenta o uso a elaboração e a comerciali zação de testes psicológicos CFP 2003a e da Resolução n 0072003 que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo decorrentes de avaliação psicológica CFP 2003b e f da Resolução n 0112000 que reflete sobre a oferta de produtos e serviços ao público CFP 2000b Cabe ressaltar que no Brasil tanto o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica IBAP quanto a Associação Brasileira de Rorschach e outros Métodos Projetivos ASBRO são instituições que se preocupam com questões éticas na avaliação psicológica assim como com outros temas referentes à área Manterse em contato com essas e outras instituições da área participar de congressos ou atividades desenvolvidas por elas ou ao menos acompanhar os debates científicos relatados em publicações sobre avaliação psicológica são cuidados importantes a serem observados pelo profissional que realiza psicodiagnóstico Além dessas questões também nos parece adentrar ao campo da ética profissional o necessário cuidado com os aspectos pessoais do psicólogo Dessa forma entendemos como fundamental que todo profissional que realiza psicodiagnóstico tenha um espaço particular de reflexão e análise diferente do oferecido pela supervisão no qual possa trabalhar a si mesmo e como consequência diminuir possíveis pontos cegos que fazem parte de qualquer processo em que o objeto avaliado se assemelha ao objeto que avalia O tratamento pessoal é extensamente debatido e defendido pelos formadores de psicoterapeutas mas não são encontradas muitas referências na área de avaliação psicológica sobre a importância desse aspecto nas atividades de psicodiagnóstico Entendemos que uma prática ética e a atualização profissional só ocorrem com a possibilidade de abertura ao novo com autocrítica quanto ao fazer diário refletindo sobre a relação de seus desejos pessoais e suas escolhas profissionais Tais competências não são aprendidas apenas com leituras ou participações em debates clínicos mas a partir de um profundo processo de autoconhecimento Atentando para esse aspecto compreendemos que se ampliam as possibilidades de atualização profissional diminuindo muito as ações dogmáticas e cartesianas no fazer psicodiagnóstico Portanto é só a partir dos cuidados descritos que o psicólogo terá condições de realizar uma avaliação de demanda trazida pelo paciente ou por alguma fonte de encaminhamento PSICODIAGNÓSTICO PENSANDO NA DEMANDA Um psicodiagnóstico tem mais chances de ser bemsucedido quando há uma boa pergunta a ser respondida Essa pergunta nem sempre é formulada com clareza pelo paciente que busca avaliação uma vez que em muitas ocasiões ele próprio não tem condições de perceber as razões do seu sofrimento Em outras oportunidades deparamonos com demandas genéricas relacionadas ao interesse pelo seu próprio funcionamento como por exemplo o interesse em responder à pergunta como eu sou ou a ideia de eu vim aqui para me conhecer melhor De modo geral essas demandas não caracterizam uma boa pergunta a ser respondida por tratarse de questões muito amplas Nessas ocasiões recomendamos uma primeira reflexão clínica a partir das entrevistas iniciais eou do contato com a fonte encaminhadora visando especificar o motivo por trás do interesse em se conhecer por exemplo A partir dessa redefinição da demanda podese pensar no planejamento de uma atividade avaliativa Na realidade essa reflexão inicial já é o primeiro momento da avaliação e deve ser feita com muito cuidado uma vez que auxiliará a definir o que realmente precisará ser avaliado Como se trata de um processo de caráter científico o psicodiagnóstico não prescinde da construção de hipóteses Nesse sentido boas perguntas são aquelas que auxiliam o profissional a confirmar ou a refutar determinadas hipóteses por exemplo em um caso de uma criança encaminhada para avaliação por estar com dificuldades de leitura e escrita não conseguindo acompanhar o desempenho da turma Aqui temos boas perguntas a responder teria ela um transtorno específico de aprendizagem Questões emocionais eou familiares estariam interferindo nos processos de aprendizagem de leitura e escrita Haveria alguma questão neurológica envolvida Poderíamos pensar em transtorno de déficit de atençãohiperatividade TDAH Quais demandas psíquicas não estariam sendo atendidas gerando consequentemente o sintoma Contratempos no encaminhamento do paciente também acontecem Por vezes a fonte encaminhadora não tem clareza do que envolve um psicodiagnóstico ver Wainstein Bandeira 2013 ou um paciente é encaminhado para um profissional que realiza apenas avaliações psicológicas quando devido à agudização do quadro necessitaria de um atendimento psicoterápico de urgência Como exemplo temos o caso de uma pessoa com perda recente na família por acidente de trânsito que apresentava reações emocionais muito intensas e desorganizadas O certo seria encaminhála a um profissional que já pudesse realizar uma intervenção com foco terapêutico Sabese que toda a intervenção é precedida de uma avaliação mas como nessa situação se está diante de uma condição clínica aguda o processo avaliativo deve ser abreviado ou realizado concomitantemente ao processo psicoterápico exigindo que o profissional também tenha conhecimentos e habilidades voltados à intervenção no sentido terapêutico Ainda são encaminhados casos de crianças com dificuldades em acompanhar o que está sendo dado em sala de aula e ao recebêlas no consultório o psicólogo percebe que têm dificuldades de visão Nesse sentido é função do profissional exercer um papel educativo orientando toda a rede que faz uso de avaliações psicológicas Uma das fontes encaminhadoras mais comuns nos casos de crianças é a escola É nela que os adultos pais ou professores ao comparar uma criança com as demais percebem suas dificuldades e a encaminham para avaliação Nesses casos o psicólogo acaba sendo um dos primeiros profissionais a olhála de forma global Como o processo de psicodiagnóstico envolve certo número de encontros o psicólogo passa a ter uma visão mais aprofundada do caso que vai além de aspectos emocionais e cognitivos Por isso é importante que tenha conhecimento de aspectos físicos motores e neurológicos a fim de poder encaminhar o paciente de forma correta a outros profissionais Outro aspecto interessante a ser observado tem relação com a demanda para o psicodiagnóstico Há algumas décadas a procura por psicodiagnóstico estava relacionada somente com a definição de um diagnóstico para o paciente Atualmente em grande parte das vezes dado mais relacionado à demanda infantil conforme Wainstein Bandeira 2013 o paciente já chega com um diagnóstico dado por algum médico ou outro profissional da saúde ou até mesmo por um professor da escola Nessas situações devese refletir sobre o que está sendo solicitado podendo caber ao psicólogo entre outros a realizar a avaliação da pertinência do diagnóstico b realizar o diagnóstico diferencial c identificar forças e fraquezas do paciente e de sua rede de atenção visando subsidiar um projeto terapêutico d ampliar a compreensão do caso por meio da elaboração de um entendimento dinâmico alicerçada em teoria psicológica e e refletir sobre encaminhamentos necessários ao caso Ainda em relação ao público encaminhado para psicodiagnósticoatendimento psicológico dados de pesquisas em clínicasescola no Brasil locais que geralmente publicam estudos sobre o perfil atendido mostram que a maioria dos indivíduos encaminhados são crianças Borsa Segabinazi Stenert Yates Bandeira 2013 meninos em maior frequência Cunha Benetti 2009 Rocha Ferreira 2006 Santos 2006 Scortegagna Levandowski 2004 Silvares Meyer Santos Gerencer 2006 Outras pesquisas indicam que há certa igualdade entre percentuais de crianças e adolescentes ao serem comparados a adultos Campezatto Nunes 2007 Louzada 2003 Romaro Capitão 2003 Já quando as pesquisas envolvem a clientela adulta o sexo feminino predomina Campezatto Nunes 2007 Maravieski Serralta 2011 Os quadros clínicos mais comumente encaminhados para psicodiagnóstico diferemse por faixa etária No que se refere a crianças e adolescentes dados de uma pesquisa conduzida no Centro de Avaliação Psicológica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Borsa et al 2013 apontam que prevalecem problemas de atenção seguidos por problemas de interação social e de ansiedade e depressão segundo dados coletados com o Child Behavior Checklist Achenbach CBCL Achenbach 2001 Outras pesquisas apontam problemas de aprendizagem como motivos comuns de encaminhamento Graminha Martins 1994 Santos 2006 SchoenFerreira Silva Farias Silvares 2002 Scortegagna Levandoswski 2004 Problemas afetivos de agressividade e de comportamento também são frequentes Cunha Benetti 2009 Santos 2006 No caso de adultos costumam aparecer problemas emocionais e de relacionamento familiar Louzada 2003 Maravieski Serralta 2011 Concomitantemente à definição do que se está recebendo como demanda das hipóteses e das estratégias de avaliação é possível que haja necessidade de avaliações de outros profissionais Por vezes só se consegue completar o processo psicodiagnóstico com avaliações de outros profissionais como fonoaudiólogos neurologistas e psiquiatras Esse é o momento de aproveitar para discutir o caso Em nossa experiência a troca com outros profissionais tem sido muito rica gerando aprofundamento do caso em questão Portanto levando em consideração os aspectos já expostos o psicólogo realizará a avaliação da demanda para caso se mostre válido estabelecer os objetivos do psicodiagnóstico São esses objetivos que nortearão a eleição das técnicas eou instrumentos a serem utilizados posteriormente OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO Entendemos que psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica limitado no tempo que emprega técnicas eou testes psicológicos com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando um diagnóstico psicológico descritivo eou dinâmico construído à luz de uma orientação teórica que subsidie a compreensão da situação avaliada gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos Levando em consideração esse conceito acreditamos que ele pode ser realizado de diferentes maneiras e com diferentes objetivos A avaliação da demanda indicará qual aspecto avaliativo deverá ser priorizado em cada caso situandose o objetivo do psicodiagnóstico a partir dessa reflexão inicial Segundo Cunha 2000 precursora do psicodiagnóstico em nosso meio os objetivos podem priorizar a a classificação simples b a descrição c a classificação nosológica d o diagnóstico diferencial e a avaliação compreensiva e o entendimento dinâmico f a prevenção g o prognóstico e h a perícia forense Concordamos basicamente com Cunha 2000 com relação a esse aspecto Contudo entendemos que ao realizar uma perícia forense não necessariamente está se fazendo um psicodiagnóstico Na perícia forense o objetivo na maioria das vezes é responder a quesitos legais solicitados pelo juiz para uma leitura mais aprofundada ver Rovinski 2013 Conforme Rovinski 2010 p 95 a avaliação forense mais especificamente quando exercida como atividade pericial diferenciase em muitos aspectos daquela realizada no contexto clínico A não diferenciação de tais padrões de avaliação acaba por gerar conflitos de papéis e consequentemente condutas antiéticas Uma pessoa que busca auxílio de um psicólogo para lidar com o sofrimento geralmente estabelece com o profissional uma relação de cooperação e aliança de trabalho diferente daquele sujeito que é encaminhado para uma perícia em contexto jurídico Neste último fenômenos como simulação e dissimulação conscientes inerentes a essa realidade avaliativa acabam exigindo cuidados técnicos específicos que diferem daqueles eminentemente clínicos Ainda assim reconhecemos a semelhança entre muitos aspectos técnicos adotados na perícia e no psicodiagnóstico CONSIDERAÇÕES FINAIS Ressaltamos que o psicodiagnóstico é uma atividade profissional do psicólogo cuja formação durante o período de graduação é essencial mas carece de um estudo continuado especialmente no que tange aos avanços em termos de instrumentos de avaliação psicológica e psicopatologia O cuidado com aspectos psíquicos da pessoa do psicólogo é condição sine qua non para a abertura à atualização e à reflexão técnica e o consequente fazer avaliativo adequado Assim os objetivos do psicodiagnóstico são coerentes com essa formação e exigem do psicólogo amplo conhecimento de competências além de estudos sobre diversas áreas da psicologia A forma de conduzir um processo psicodiagnóstico será trabalhada intensamente neste livro mas nesse momento queremos marcar a necessidade de se ter claro ao iniciálo o que é esperado com que tipo de população se trabalha e o que é possível atingir com ele de forma que sua potencialidade possa ser atingida reconhecendose suas forças e limitações sempre respeitando os preceitos éticos da profissão Matéria Psicodiagnóstico Atividades Realizar MAPAS MENTAIS dos Capítulo 1 Conceituação de psicodiagnóstico na atualidade e Capítulo 2 Psicodiagnóstico Formação cuidados éticos avaliação de demanda e estabelecimento de objetivos do livro Psicodiagnóstico Cada capítulo é um mapa mental 0 Referese ao processo de avaliação psicológica realizado por um profissional qualificado com o objetivo de compreender e diagnosticar os problemas emocionais comportamentais e cognitivos de um indivíduo DEFINIÇÃO Referese à evolução histórica do psicodiagnóstico e suas principais influências como a psicanálise a psicologia experimental e a psicologia clínica HISTÓRIA MODELOS TEÓRICOS Referese às diferentes abordagens teóricas utilizadas no psicodiagnóstico como o modelo psicodinâmico comportamental cognitivo entre outros Referese às etapas envolvidas no processo de avaliação psicodiagnóstica incluindo entrevistas testes psicológicos observação e análise de dados Referese aos principais instrumentos utilizados no psicodiagnóstico como testes de personalidade testes projetivos entrevistas estruturadas entre outros Os instrumentos de avaliação devem ser selecionados de acordo com as necessidades do paciente e o contexto clínico PROCESSO DE AVALIAÇÃO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO CONCLUSÃO 0 0 0 0 0 0 CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE 0 Referese à importância da formação adequada para realizar o psicodiagnóstico de forma ética e eficiente FORMAÇÃO Referese aos princípios éticos que devem ser seguidos durante o processo de psicodiagnóstico como confidencialidade consentimento informado e respeito aos direitos do cliente CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DA DEMANDA Referese à avaliação da demanda do cliente e identificação das questões que precisam ser abordadas no processo de psicodiagnóstico Referese à definição dos objetivos terapêuticos a serem alcançados por meio do psicodiagnóstico levando em consideração as necessidades do cliente e o contexto clínico Referese às etapas seguintes ao processo de avaliação envolvendo a intervenção terapêutica propriamente dita e o feedback ao cliente Os cuidados éticos devem ser seguidos durante todo o processo de psicodiagnóstico desde a avaliação da demanda até o feedback ao paciente ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS PROCESSO DE INTERVENÇÃO E FEEDBACK CONCLUSÃO 0 0 0 0 0 0 FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS
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A 1 CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE Jefferson Silva Krug Clarissa Marceli Trentini Denise Ruschel Bandeira avaliação psicológica clínica com fins diagnósticos é uma prática muito comum no Brasil Há décadas muitos profissionais habituaramse a chamar essa atividade de psicodiagnóstico No entanto constatamos que o uso do termo é mais comum quando durante o seu desenvolvimento o profissional se vale de testes psicológicos para coletar informações sobre o consultante Nas avaliações em que esses testes não são empregados ou inexistem para os objetivos do exame outros termos se destacam como avaliação clínica avaliação psicológica entrevistas preliminares diagnóstico psicológico etc Krug 2014 Essa constatação nos levou a questionar o conceito clássico de psicodiagnóstico e a examinar se a compreensão desses profissionais quanto à associação direta do termo psicodiagnóstico com a administração de testes também é compartilhada pela literatura da área O PSICODIAGNÓSTICO EXIGE A APLICAÇÃO DE TESTES PSICOLÓGICOS Ao consultar a literatura identificamos convergências conceituais Arzeno 1995 p 5 diz por exemplo que fazer um diagnóstico psicológico não significa necessariamente o mesmo que fazer um psicodiagnóstico Este termo implica automaticamente a administração de testes e estes nem sempre são necessários ou con venientes Portanto parece claro o entendimento da autora de que toda avaliação psicológica que não utilize testes não deva ser nomeada de psicodiagnóstico Cunha 2000 p 23 grifo nosso em concordância preconiza que psicodiagnóstico é um termo que designa um tipo de avaliação psicológica com propósitos clínicos em que há a utilização de testes e de outras estratégias para avaliar um sujeito de forma sistemática científica orientada para a resolução de problemas A autora segue afirmando que Psicodiagnóstico é um processo científico limitado no tempo que utiliza técnicas e testes psicológicos input em nível individual ou não seja para entender problemáticas à luz de pressupostos teóricos identificar e avaliar aspectos específicos seja para classificar o caso e prever seu curso possível comunicando os resultados output na base dos quais são propostas soluções se for o caso Cunha 2000 p 26 grifo nosso Observamos que em todas as definições de Cunha 2000 o uso da expressão e sugere a obrigatoriedade do uso de testes para que o processo de avaliação psicológica clínica seja chamado de psicodiagnóstico Aparentemente Castro Campezatto e Saraiva 2009 também entendem dessa forma diferenciando período de avaliação de psicodiagnóstico Para as autoras durante o período de avaliação que precede a psicoterapia o psicólogo poderá realizar um psicodiagnóstico ou fazer o encaminhamento para outro psicólogo que o realize quando ocorrer a aplicação de testes psicológicos a aplicação de testes pode ser realizada pelo próprio psicoterapeuta se esse dominar as técnicas necessárias e se sentir confortável para tal ou por um colega especializado em psicodiagnóstico Castro et al 2009 p 100 Em Ocampo e Arzeno 19792009 também encontramos a ideia de que o processo psicodiagnóstico inclui obrigatoriamente uma etapa de aplicação de testes e técnicas projetivas Para explicar seu posicionamento as autoras diferenciam a prática avaliativa que chamam de psicodiagnóstico da prática avaliativa de psicanalistas em suas primeiras consultas referindo que nestas últimas se tem a possibilidade do uso de entrevistas livres ou totalmente abertas algo não viável no psicodiagnóstico devido à limitação do tempo Neste debate sobre a terminologia adotada para a atividade avaliativa clínica observamos que excluindose a necessidade de aplicação de testes as descrições do processo psicodiagnóstico contidas nos manuais citados relatam exatamente o que é feito pelos profissionais que dizem não realizar psicodiagnóstico Dito de outra forma o que diferencia a avaliação clínica feita por psicólogos que nomeiam sua prática de psicodiagnóstico da daqueles que não a chamam assim é apenas o uso de testes psicológicos Krug 2014 Parecenos infrutífera essa distinção terminológica uma vez que para nós o que define um psicodiagnóstico relacionase mais ao caráter investigativo e ao diagnóstico do que à necessidade do uso de determinado tipo de instrumento de coleta de dados Diferentemente dos trabalhos citados encontramos outros autores que defendem a ideia de que o uso de testes pode não ser necessário em um psicodiagnóstico Conforme Trinca 1983 por exemplo o uso ou não de testes depende do psicólogo e de seu pensamento clínico em relação a cada paciente Tomemos como referência para essa reflexão as definições feitas pelo Conselho Federal de Psicologia CFP para alguns termos comumente utilizados na área A definição de avaliação psicológica do CFP 2013 p 11 por exemplo engloba qualquer atividade com ou sem o uso de testes A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação no qual se conhece o avaliado e sua demanda com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo Mais especialmente a avaliação psicológica referese à coleta e interpretação de dados obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confiáveis entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica Quanto à diferença entre avaliação psicológica e testagem psicológica a Cartilha CFP 2013 p 13 diz A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes dentre elas testes entrevistas observações e análise de documentos enquanto a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica editada em 2007 pelo CFP 2007 não há referência ao termo psicodiagnóstico Já na Cartilha de 2013 CFP 2013 p 34 há apenas uma menção ao termo descrito como uma modalidade de avaliação psicológica sem a especificação da necessidade ou não do uso de testes no âmbito da intervenção profissional os processos de investigação psicológica são denominados de avaliação psicológica descritos em termos de suas modalidades psicodiagnóstico exame psicológico psicotécnico ou perícia CFP 2013 p 34 grifo nosso Portanto a partir da reflexão sobre o uso do termo psicodiagnóstico podemos fazer os seguintes questionamentos as chamadas entrevistas preliminares entrevistas de avaliação ou entrevistas iniciais conduzidas por psicólogos de diferentes abordagens teóricas antes de indicar ao paciente uma análise uma psicoterapia ou qualquer modalidade de tratamento psicológico ou de outra área não poderiam ser consideradas uma prática de avaliação psicológica A avaliação clínica inicial feita pelo psicólogo com o objetivo de conhecer aspectos psíquicos do paciente à luz da teoria psicanalítica ou de qualquer outra teoria não se configura como uma prática de avaliação psicológica Ou o mais apropriado seria chamar essa prática psicológica orientada pela teoria psicanalítica de avaliação psicanalítica e a prática de profissionais orientados pelo comportamentalismo de avaliação comportamental Somente quando um psicanalista um gestaltista ou um comportamentalista aplica testes psicológicos durante o período de entrevistas preliminares diagnósticas é que poderíamos chamar essa prática avaliativa de psicodiagnóstico E ainda não poderemos chamar de psicodiagnóstico os processos de avaliação psicológica clínica com pacientes para os quais não dispomos de testes psicológicos aprovados pelo CFP Por fim sabendo que o profissional durante uma avaliação clínica tem o dever e a liberdade de optar pelas estratégias mais indicadas para realizar o procedimento caso deseje realizar um psicodiagnóstico terá ele de obrigatoriamente aplicar testes psicológicos Essa confusão conceitual é descrita pela literatura Wainstein 2011 Wainstein Bandeira 2013 Nesses estudos investigouse o que profissionais da saúde e da educação entendem e esperam de um processo psicodiagnóstico para crianças e adolescentes assim como de que forma encaminham seus pacientes para esse tipo de avaliação Os resultados indicaram que o conceito de psicodiagnóstico é associado ao uso de algum instrumento psicológico mais especificamente testes que avaliam as capacidades cognitivas e sugeriram que os profissionais que encaminham seus pacientes não sabem ao certo a nomenclatura que deve ser utilizada usando psicodiagnóstico avaliação diagnóstica psicoavaliação testagem conforme o tipo de interesse aspectos cognitivos aspectos sociais e outros Essa pesquisa apontou que todas as nomenclaturas usadas representam a avaliação psicológica clínica mas o termo que aparenta ser o melhor para esses casos é psicodiagnóstico que tem uma definição clara de todo o processo Para as autoras não é o uso ou não de testes ou de determinados tipos de testes que configura a realização de um psicodiagnóstico uma vez que em alguns casos o psicólogo abrirá mão do uso de testes especialmente quando não houver testes validados no mercado Lembram que para a avaliação de crianças préescolares 0 a 6 anos a observação do de senvolvimento infantil baseada em critérios tem sido muito usada entre os profissionais que costumam trabalhar com essa faixa etária Por fim concluem dizendo que parece não haver um consenso a respeito da nomenclatura utilizada para designar o encaminhamento de um indivíduo para avaliação psicológica DEFINIÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO A definição encontrada nos manuais consultados que associam a prática de psicodiagnóstico à obrigatoriedade de aplicação de testes psicológicos está em desacordo com a compreensão de muitos profissionais da área da avaliação psicoló gica sobre o que é um psicodiagnóstico na atualidade Defendemos a ideia de que a prática realizada por psicólogos tanto aqueles que nunca se valem de testes psicológicos quanto aqueles que os usam ocasionalmente independentemente de sua teoria de base também possa ser nomeada de psicodiagnóstico Portanto em nosso entendimento há a necessidade de se rever a definição do termo na atualidade de maneira a abranger variadas formas de realização desse procedimento investigativo clínico a partir de diferentes teorias psicológicas Compreendemos que o psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica limitado no tempo que emprega técnicas eou testes com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando um diagnóstico psicológico descritivo eou dinâmico construído à luz de uma orientação teórica que subsidia a compreensão da situação avaliada gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos Assim o psicodiagnóstico pressupõe a adoção de um ponto de vista científico sobre o fenômeno avaliado Em psicologia acreditamos que esse caráter científico é adquirido por meio de métodos e técnicas de intervenção com base em teorias psicológicas O PSICODIAGNÓSTICO NECESSITA DE UMA TEORIA PSICOLÓGICA QUE O FUNDAMENTE Felizmente nas últimas décadas a área da avaliação psicológica no Brasil tem investido muito no desenvolvimento de instrumentos mais confiáveis construídos a partir da nossa realidade cultural É perceptível o aumento da oferta e da qualidade dos testes em nosso país o que proporcionou maior qualificação dos serviços prestados à população Sem dúvida o estudo desses instrumentais qualificou os testes mas não o processo psicodiagnóstico Observamos na atualidade uma supervalorização dos instrumentos psicométricos e projetivos em detrimento da escuta e da tarefa de síntese compreensiva que deve ser realizada pelo psicólogo a partir de todas as informações coletadas durante a avaliação Em alguns casos a teoria psicológica tem cada vez menos influência no processo seja por não orientar o próprio processo avaliativo seja por não estar contemplada na construção dos instrumentos que são utilizados de forma indiscriminada Veemse verdadeiros frankensteins técnicos e teóricos quando psicólogos adotam em seus processos avaliativos técnicas que se estruturam em diferentes teorias muitas vezes com concepções teóricas e epistemológicas conflitantes Assim como avaliar a personalidade de um paciente utilizando ao mesmo tempo instrumentos que se alicerçam na psicanálise na psicologia positiva na gestalt e na neuropsicologia O resultado é uma total dependência do profissional ao resultado do teste fazendo com que ele construa a conclusão de sua avaliação desconsiderando os aspectos específicos de cada disciplina teórica e montando seu diagnóstico de forma ateórica Entendemos que não é possível descuidar da formação teórica do profissional que deve escolher administrar interpretar e integrar os resultados desses instrumentos em um procedimento clínico como o psicodiagnóstico sob pena de ficarmos reféns dos testes para a realização de qualquer avaliação Compreendemos que o aperfeiçoamento dos testes tornandoos mais válidos e fidedignos para o que se propõem examinar deve ser acompanhado por uma formação teórica que também possibilite um psicólogo válido Bandeira 2015 capaz de compreender os resultados de um teste ou de uma entrevista com base em uma teoria psicológica que fundamente o trabalho de qualquer psicólogo Por esse motivo defendemos que o ensino da avaliação psicológica não pode se abster do aprofundado estudo das teorias psicológicas que fundamentam a técnica de coleta e análise de informações adotada em processos avaliativos Não compactuamos com uma proposta de avaliação ateórica e não interventiva por entendermos que qualquer leitura e intervenção sobre o comportamento humano seja com instrumentos objetivos como testes psicométricos seja com técnicas menos diretivas como testes projetivos e entrevistas clínicas está embasada em paradigmas teóricos e produz modificação no objeto analisado Assim não existe a possibilidade de o psicólogo trabalhar sem uma teoria de base uma vez que os fenômenos são observados e analisados à luz de pressupostos teóricos em um processo interativo O PSICODIAGNÓSTICO É UMA INTERVENÇÃO O afastamento percebido na atualidade entre a área da avaliação psicológica e as teorias psicológicas pode ser compreendido também pelas reflexões de Barbieri 2008 p 583 Para ela o predomínio do pensamento positivista nas Ciências Sociais e Humanas trouxe consigo ao longo da história uma dissociação entre pesquisa acadêmica e prática profissional Essa situação ocasionou um empobrecimento na produção de conhecimentos oriundos do trato direto com as pessoas ou a ele destinados promovendo um distanciamento daquilo que deveria se constituir na meta principal do nosso trabalho como psicólogos É perigoso considerar as práticas avaliativas apenas em sua dimensão investigativa excluindo os aspectos interventivos e terapêuticos que lhes são inerentes Para Barbieri 2008 a separação entre as atividades de investigação e de intervenção é resultado do olhar positivista que busca atingir um ideal de objetividade para a pesquisa científica A autora entende que um psicodiagnóstico isento de intervenções pode trazer ao paciente muitos malefícios As entrevistas iniciais empregadas sem intervenção além de não atingirem seus objetivos de formular o diagnóstico e iniciar o tratamento desperdiçam a chance de o paciente estabelecer contato com outra pessoa o que pode resultar em uma experiência terapêutica negativa Assim entendese que usar o termo psicodiagnóstico apenas para as situações em que os testes psicológicos são utilizados com a intenção de tornar mais objetiva a avaliação parece estar em consonância com a visão positivista Podese pensar que a rejeição por parte de alguns profissionais que realizam avaliações clínicas ao uso tradicional do termo psicodiagnóstico para a descrição das práticas avaliativas é uma forma de manterse distante da perspectiva positivista de investigação do objeto totalmente separada do observador Além disso essa noção está em desacordo com as muitas propostas contemporâneas que debatem a complexidade humana e a intersubjetividade Portanto ao considerarmos as características da pesquisa qualitativa e quantitativa pósmoderna associadas à prática avaliativa podese pensar que o uso do termo psicodiagnóstico deva incluir a preocupação clínica não apenas com a objetividade diagnóstica mas também com o processo avaliativo Por meio de relatos produzidos em entrevistas eou com o uso de outras técnicas o sujeito conta sua história suas experiências as revive no relacionamento com o psicólogo fazendo com que como afirma Barbieri 2010 possa modificarse com o auxílio das devoluções CONSIDERAÇÕES FINAIS O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas observação entrevista testes projetivos testes psicométricos etc reconhecidas pela ciência psicológica Não sugerimos a adoção do termo para situações avaliativas em contextos jurídicos ou organizacionais uma vez que nessas situações estão presentes outras variáveis geralmente não encontradas no contexto clínico como a simulação e a dissimulação conscientes Também não compreendemos que o psicodiagnóstico se limite em todos os casos a uma avaliação de sinais e sintomas tendo com resultado apenas um diagnóstico nosológico o que se aproximaria muito de uma avaliação psiquiátrica Tampouco entendemos que uma simples aplicação de um teste por mais complexo que ele possa ser deva ser entendida como psicodiagnóstico Reservamos o termo para descrever um procedimento complexo interventivo baseado na coleta de múltiplas informações que possibilite a elaboração de uma hipótese diagnóstica alicerçada em uma compreensão teórica REFERÊNCIAS Arzeno M E G 1995 Psicodiagnóstico clínico Novas contribuições Porto Alegre Artmed Bandeira D R 2015 Prefácio In S M Barroso F ScorsoliniComin E Nascimento Eds Avaliação Psicoló gica Da teoria às aplicações Rio de Janeiro Vozes Barbieri V 2008 Por uma ciênciaprofissão O psicodiagnóstico interventivo com o método de investigação científic a Psicologia em Estudo 133 575584 Barbieri V 2010 Psicodiagnóstico tradicional e interventivo Confronto de paradigmas Psicologia Teoria e Pesqu isa 263 505513 Castro E K de Campezatto P V M Saraiva L A 2009 As etapas da psicoterapia com crianças In M G K Castro A Stürmer Eds Crianças e adolescentes em psicoterapia A abordagem psicanalítica Porto Alegre Artmed Conselho Federal de Psicologia CFP 2007 Cartilha sobre avaliação psicológica Brasília CFP Recuperado de httpsitecfporgbrwpcontentuploads201305CartilhaAvaliaC3A7C3A3oPsicolC3B3gicapdf Conselho Federal de Psicologia CFP 2013 Cartilha avaliação psicológica 2013 Brasília CFP Recuperado d e httpsatepsicfporgbrdocscartilhapdf Cunha J A 2000 Fundamentos do psicodiagnóstico In J A Cunha Ed Psicodiagnóstico V 5 ed Porto Aleg re Artmed Krug J S 2014 Entrevista lúdica diagnóstica psicanalítica Fundamentos teóricos procedimentos técnicos e critérios de análise do brincar infantil Tese de doutorado não publicada Universidade Federal do Rio Grande do S ul Porto Alegre Ocampo M L S Arzeno M E G 2009 O processo psicodiagnóstico In M L S Ocampo M E G Arzeno E G Piccolo Eds O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas São Paulo Martins Fontes Publicad o originalmente em 1979 Trinca W 1983 O pensamento clínico em diagnóstico da personalidade Petrópolis Vozes Wainstein E A Z 2011 Um estudo sobre as formas de encaminhamento descrição e esclarecimentos do proc esso psicodiagnóstico para as crianças e adolescentes Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização Unive rsidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Wainstein E A Z Bandeira D R 2013 Psicodiagnóstico A contribuição da avaliação psicológica no trabalho c om crianças In J Outeiral J Treiguer Eds Psicanálise de crianças e adolescentes Curitiba Maresfield Garde ns P 2 PSICODIAGNÓSTICO FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS Denise Ruschel Bandeira Clarissa Marceli Trentini Jefferson Silva Krug ara fazer um psicodiagnóstico o profissional deve saber avaliar com cuidado a demanda trazida pelo paciente ou pela fonte de encaminhamento para a partir disso realizar considerações éticas sobre o pedido e quando essas forem favoráveis tecer os objetivos de sua realização Essa tarefa não é nada simples uma vez que necessariamente envolve um conjunto de habilidades e competências do psicólogo inicialmente desenvolvidas no curso de bacharelado em Psicologia posteriormente aperfeiçoadas em outros níveis de ensino como cursos de extensão especializações mestrados e doutorados sempre perpassando o cuidado com os aspectos pessoais do próprio psicólogo que pretende desenvolver essa atividade profissional A realização do psicodiagnóstico pressupõe um preparo pessoal e técnico que inclui o domínio de diferentes saberes psicológicos e de áreas afins além da capacidade de reflexão quanto aos aspectos éticos inerentes à realização da atividade Entendemos que a formação ética e técnica para a realização do psicodiagnóstico tem sua base na graduação mas alcança sua real possibilidade a partir do cuidado de cada profissional com sua constante atualização quanto aos instrumentos e processos de avaliação Além disso lembramos que o psicólogo precisa investir em seu desenvolvimento pessoal realizando acompanhamento terapêutico preferencialmente orientado pela teoria psicológica de base que sustenta seu fazer clínico Todos esses cuidados juntamente à experiência clínica adquirida com as primeiras avaliações supervisionadas trarão gradativamente ao psicólogo melhores condições de avaliar as demandas e definir os objetivos de um psicodiagnóstico Portanto neste capítulo abordaremos aspectos referentes ao psicodiagnóstico em sua dimensão de formação ética bem como a avaliação de demanda e a definição de objetivos FORMAÇÃO EM PSICODIAGNÓSTICO E QUESTÕES ÉTICAS Entendemos que o psicólogo é o profissional que pode desenvolver durante sua formação a competência para realizar um psicodiagnóstico Podemos elencar algumas das competências designadas pelo Ministério da Educação Brasil 2011 p 3 em suas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia envolvidos em processo de psicodiagnóstico III identificar e analisar necessidades de natureza psicológica diagnosticar elaborar projetos planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da populaçãoalvo IV identificar definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia vinculandoas a decisões metodológicas quanto à escolha coleta e análise de dados em projetos de pesquisa V escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia tendo em vista a sua pertinência VI avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva comportamental e afetiva em diferentes contextos VII realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos de grupos e de organizações IX atuar inter e multiprofissionalmente sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar X relacionarse com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional XIII elaborar relatos científicos pareceres técnicos laudos e outras comunicações profissionais inclusive materiais de divulgação XV saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional Nos cursos de bacharelado em Psicologia no nosso país essas competências são tratadas em diferentes disciplinas como Psicologia do Desenvolvimento Psicologia da Personalidade Psicopatologia Avaliação Psicológica Psicometria Técnicas de Entrevista Pesquisa em Psicologia Psicologia Clínica Neuropsicologia entre outras Além disso outras modalidades de ensinoaprendizagem como estágios básicos e profissionais costumam incluir a necessidade de realização de avaliações psicológicas supervisionadas entre elas o psicodiagnóstico Werlang Argimon e Sá 2015 lembram que essas atividades sempre devem levar em consideração as questões éticas respeitando tais princípios Nesse sentido entendemos que o psicólogo é o profissional com melhor qualificação para realizar tal atividade Contudo destacamos que nem sempre a graduação em Psicologia é suficiente para quem quer trabalhar em avaliação psicológica O aluno de Psicologia necessita de conhecimentos específicos da área Se considerarmos que cada vez mais os cursos de Psicologia vêm implementando novos conhecimentos em seus currículos Bandeira 2010 compreenderemos que frequentemente um profissional recémformado não tem condições de realizar todos os tipos de avaliação psicológica que lhe sejam solicitadas uma vez que ainda precisa desenvolverse teórica e tecnicamente naquilo que seu curso não pôde enfatizar durante o desenvolvimento curricular Compreendemos que a ampliação das áreas de estudo da Psicologia nos cursos de bacharelado também é muito benéfica à área de avaliação psicológica contudo impõe ao profissional a necessidade de constante atualização Ainda via de regra percebemos que o adequado desenvolvimento da capacidade técnica para realizar um psicodiagnóstico relacionase à possibilidade de o profissional seguir supervisionando seus casos e buscando o conhecimento que não pôde ser desenvolvido na graduação e em cursos de pósgraduação sejam eles lato ou stricto sensu Com relação às questões éticas muito conteúdo consistente e relevante sobre a atuação ética do psicólogo já foi produzido p ex Anache Reppold 2010 Hutz 2015 Wechsler 2005 Sugerimos a leitura desses materiais assim como o acesso aos textos da The International Test Commission ITC associação de psicólogos e profissionais relacionados à área de avaliação da American Psychological Association em especial as divisões 5 Quantitative and Qualitative Methods 7 Developmental Psychology 8 Society for Personality and Social Psychology 12 Society of Clinical Psychology e 40 Society for Clinical Neuropsychology e as resoluções do Conselho Federal de Psicologia CFP órgão que regulamenta a profissão de psicólogo no Brasil Todas as resoluções editadas pelo CFP são importantes mas em relação à área de avaliação psicológica recomendamos um estudo aprofundado a da aplicação dos princípios fundamentais contidos no Código de Ética Profissional do Psicólogo Conselho Federal de Psicologia CFP 2005 b da Resolução n 0012009 que dispõe sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços psicológicos CFP 2009 c da Resolução n 0162000 que aponta a necessidade de regulamentar regras e procedimentos que devem ser reconhecidos e utilizados nas práticas em pesquisa de laboratório campo e ação CFP 2000a d da Resolução n 0022003 que define e regulamenta o uso a elaboração e a comerciali zação de testes psicológicos CFP 2003a e da Resolução n 0072003 que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo decorrentes de avaliação psicológica CFP 2003b e f da Resolução n 0112000 que reflete sobre a oferta de produtos e serviços ao público CFP 2000b Cabe ressaltar que no Brasil tanto o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica IBAP quanto a Associação Brasileira de Rorschach e outros Métodos Projetivos ASBRO são instituições que se preocupam com questões éticas na avaliação psicológica assim como com outros temas referentes à área Manterse em contato com essas e outras instituições da área participar de congressos ou atividades desenvolvidas por elas ou ao menos acompanhar os debates científicos relatados em publicações sobre avaliação psicológica são cuidados importantes a serem observados pelo profissional que realiza psicodiagnóstico Além dessas questões também nos parece adentrar ao campo da ética profissional o necessário cuidado com os aspectos pessoais do psicólogo Dessa forma entendemos como fundamental que todo profissional que realiza psicodiagnóstico tenha um espaço particular de reflexão e análise diferente do oferecido pela supervisão no qual possa trabalhar a si mesmo e como consequência diminuir possíveis pontos cegos que fazem parte de qualquer processo em que o objeto avaliado se assemelha ao objeto que avalia O tratamento pessoal é extensamente debatido e defendido pelos formadores de psicoterapeutas mas não são encontradas muitas referências na área de avaliação psicológica sobre a importância desse aspecto nas atividades de psicodiagnóstico Entendemos que uma prática ética e a atualização profissional só ocorrem com a possibilidade de abertura ao novo com autocrítica quanto ao fazer diário refletindo sobre a relação de seus desejos pessoais e suas escolhas profissionais Tais competências não são aprendidas apenas com leituras ou participações em debates clínicos mas a partir de um profundo processo de autoconhecimento Atentando para esse aspecto compreendemos que se ampliam as possibilidades de atualização profissional diminuindo muito as ações dogmáticas e cartesianas no fazer psicodiagnóstico Portanto é só a partir dos cuidados descritos que o psicólogo terá condições de realizar uma avaliação de demanda trazida pelo paciente ou por alguma fonte de encaminhamento PSICODIAGNÓSTICO PENSANDO NA DEMANDA Um psicodiagnóstico tem mais chances de ser bemsucedido quando há uma boa pergunta a ser respondida Essa pergunta nem sempre é formulada com clareza pelo paciente que busca avaliação uma vez que em muitas ocasiões ele próprio não tem condições de perceber as razões do seu sofrimento Em outras oportunidades deparamonos com demandas genéricas relacionadas ao interesse pelo seu próprio funcionamento como por exemplo o interesse em responder à pergunta como eu sou ou a ideia de eu vim aqui para me conhecer melhor De modo geral essas demandas não caracterizam uma boa pergunta a ser respondida por tratarse de questões muito amplas Nessas ocasiões recomendamos uma primeira reflexão clínica a partir das entrevistas iniciais eou do contato com a fonte encaminhadora visando especificar o motivo por trás do interesse em se conhecer por exemplo A partir dessa redefinição da demanda podese pensar no planejamento de uma atividade avaliativa Na realidade essa reflexão inicial já é o primeiro momento da avaliação e deve ser feita com muito cuidado uma vez que auxiliará a definir o que realmente precisará ser avaliado Como se trata de um processo de caráter científico o psicodiagnóstico não prescinde da construção de hipóteses Nesse sentido boas perguntas são aquelas que auxiliam o profissional a confirmar ou a refutar determinadas hipóteses por exemplo em um caso de uma criança encaminhada para avaliação por estar com dificuldades de leitura e escrita não conseguindo acompanhar o desempenho da turma Aqui temos boas perguntas a responder teria ela um transtorno específico de aprendizagem Questões emocionais eou familiares estariam interferindo nos processos de aprendizagem de leitura e escrita Haveria alguma questão neurológica envolvida Poderíamos pensar em transtorno de déficit de atençãohiperatividade TDAH Quais demandas psíquicas não estariam sendo atendidas gerando consequentemente o sintoma Contratempos no encaminhamento do paciente também acontecem Por vezes a fonte encaminhadora não tem clareza do que envolve um psicodiagnóstico ver Wainstein Bandeira 2013 ou um paciente é encaminhado para um profissional que realiza apenas avaliações psicológicas quando devido à agudização do quadro necessitaria de um atendimento psicoterápico de urgência Como exemplo temos o caso de uma pessoa com perda recente na família por acidente de trânsito que apresentava reações emocionais muito intensas e desorganizadas O certo seria encaminhála a um profissional que já pudesse realizar uma intervenção com foco terapêutico Sabese que toda a intervenção é precedida de uma avaliação mas como nessa situação se está diante de uma condição clínica aguda o processo avaliativo deve ser abreviado ou realizado concomitantemente ao processo psicoterápico exigindo que o profissional também tenha conhecimentos e habilidades voltados à intervenção no sentido terapêutico Ainda são encaminhados casos de crianças com dificuldades em acompanhar o que está sendo dado em sala de aula e ao recebêlas no consultório o psicólogo percebe que têm dificuldades de visão Nesse sentido é função do profissional exercer um papel educativo orientando toda a rede que faz uso de avaliações psicológicas Uma das fontes encaminhadoras mais comuns nos casos de crianças é a escola É nela que os adultos pais ou professores ao comparar uma criança com as demais percebem suas dificuldades e a encaminham para avaliação Nesses casos o psicólogo acaba sendo um dos primeiros profissionais a olhála de forma global Como o processo de psicodiagnóstico envolve certo número de encontros o psicólogo passa a ter uma visão mais aprofundada do caso que vai além de aspectos emocionais e cognitivos Por isso é importante que tenha conhecimento de aspectos físicos motores e neurológicos a fim de poder encaminhar o paciente de forma correta a outros profissionais Outro aspecto interessante a ser observado tem relação com a demanda para o psicodiagnóstico Há algumas décadas a procura por psicodiagnóstico estava relacionada somente com a definição de um diagnóstico para o paciente Atualmente em grande parte das vezes dado mais relacionado à demanda infantil conforme Wainstein Bandeira 2013 o paciente já chega com um diagnóstico dado por algum médico ou outro profissional da saúde ou até mesmo por um professor da escola Nessas situações devese refletir sobre o que está sendo solicitado podendo caber ao psicólogo entre outros a realizar a avaliação da pertinência do diagnóstico b realizar o diagnóstico diferencial c identificar forças e fraquezas do paciente e de sua rede de atenção visando subsidiar um projeto terapêutico d ampliar a compreensão do caso por meio da elaboração de um entendimento dinâmico alicerçada em teoria psicológica e e refletir sobre encaminhamentos necessários ao caso Ainda em relação ao público encaminhado para psicodiagnósticoatendimento psicológico dados de pesquisas em clínicasescola no Brasil locais que geralmente publicam estudos sobre o perfil atendido mostram que a maioria dos indivíduos encaminhados são crianças Borsa Segabinazi Stenert Yates Bandeira 2013 meninos em maior frequência Cunha Benetti 2009 Rocha Ferreira 2006 Santos 2006 Scortegagna Levandowski 2004 Silvares Meyer Santos Gerencer 2006 Outras pesquisas indicam que há certa igualdade entre percentuais de crianças e adolescentes ao serem comparados a adultos Campezatto Nunes 2007 Louzada 2003 Romaro Capitão 2003 Já quando as pesquisas envolvem a clientela adulta o sexo feminino predomina Campezatto Nunes 2007 Maravieski Serralta 2011 Os quadros clínicos mais comumente encaminhados para psicodiagnóstico diferemse por faixa etária No que se refere a crianças e adolescentes dados de uma pesquisa conduzida no Centro de Avaliação Psicológica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Borsa et al 2013 apontam que prevalecem problemas de atenção seguidos por problemas de interação social e de ansiedade e depressão segundo dados coletados com o Child Behavior Checklist Achenbach CBCL Achenbach 2001 Outras pesquisas apontam problemas de aprendizagem como motivos comuns de encaminhamento Graminha Martins 1994 Santos 2006 SchoenFerreira Silva Farias Silvares 2002 Scortegagna Levandoswski 2004 Problemas afetivos de agressividade e de comportamento também são frequentes Cunha Benetti 2009 Santos 2006 No caso de adultos costumam aparecer problemas emocionais e de relacionamento familiar Louzada 2003 Maravieski Serralta 2011 Concomitantemente à definição do que se está recebendo como demanda das hipóteses e das estratégias de avaliação é possível que haja necessidade de avaliações de outros profissionais Por vezes só se consegue completar o processo psicodiagnóstico com avaliações de outros profissionais como fonoaudiólogos neurologistas e psiquiatras Esse é o momento de aproveitar para discutir o caso Em nossa experiência a troca com outros profissionais tem sido muito rica gerando aprofundamento do caso em questão Portanto levando em consideração os aspectos já expostos o psicólogo realizará a avaliação da demanda para caso se mostre válido estabelecer os objetivos do psicodiagnóstico São esses objetivos que nortearão a eleição das técnicas eou instrumentos a serem utilizados posteriormente OBJETIVOS DO PSICODIAGNÓSTICO Entendemos que psicodiagnóstico é um procedimento científico de investigação e intervenção clínica limitado no tempo que emprega técnicas eou testes psicológicos com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando um diagnóstico psicológico descritivo eou dinâmico construído à luz de uma orientação teórica que subsidie a compreensão da situação avaliada gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos Levando em consideração esse conceito acreditamos que ele pode ser realizado de diferentes maneiras e com diferentes objetivos A avaliação da demanda indicará qual aspecto avaliativo deverá ser priorizado em cada caso situandose o objetivo do psicodiagnóstico a partir dessa reflexão inicial Segundo Cunha 2000 precursora do psicodiagnóstico em nosso meio os objetivos podem priorizar a a classificação simples b a descrição c a classificação nosológica d o diagnóstico diferencial e a avaliação compreensiva e o entendimento dinâmico f a prevenção g o prognóstico e h a perícia forense Concordamos basicamente com Cunha 2000 com relação a esse aspecto Contudo entendemos que ao realizar uma perícia forense não necessariamente está se fazendo um psicodiagnóstico Na perícia forense o objetivo na maioria das vezes é responder a quesitos legais solicitados pelo juiz para uma leitura mais aprofundada ver Rovinski 2013 Conforme Rovinski 2010 p 95 a avaliação forense mais especificamente quando exercida como atividade pericial diferenciase em muitos aspectos daquela realizada no contexto clínico A não diferenciação de tais padrões de avaliação acaba por gerar conflitos de papéis e consequentemente condutas antiéticas Uma pessoa que busca auxílio de um psicólogo para lidar com o sofrimento geralmente estabelece com o profissional uma relação de cooperação e aliança de trabalho diferente daquele sujeito que é encaminhado para uma perícia em contexto jurídico Neste último fenômenos como simulação e dissimulação conscientes inerentes a essa realidade avaliativa acabam exigindo cuidados técnicos específicos que diferem daqueles eminentemente clínicos Ainda assim reconhecemos a semelhança entre muitos aspectos técnicos adotados na perícia e no psicodiagnóstico CONSIDERAÇÕES FINAIS Ressaltamos que o psicodiagnóstico é uma atividade profissional do psicólogo cuja formação durante o período de graduação é essencial mas carece de um estudo continuado especialmente no que tange aos avanços em termos de instrumentos de avaliação psicológica e psicopatologia O cuidado com aspectos psíquicos da pessoa do psicólogo é condição sine qua non para a abertura à atualização e à reflexão técnica e o consequente fazer avaliativo adequado Assim os objetivos do psicodiagnóstico são coerentes com essa formação e exigem do psicólogo amplo conhecimento de competências além de estudos sobre diversas áreas da psicologia A forma de conduzir um processo psicodiagnóstico será trabalhada intensamente neste livro mas nesse momento queremos marcar a necessidade de se ter claro ao iniciálo o que é esperado com que tipo de população se trabalha e o que é possível atingir com ele de forma que sua potencialidade possa ser atingida reconhecendose suas forças e limitações sempre respeitando os preceitos éticos da profissão Matéria Psicodiagnóstico Atividades Realizar MAPAS MENTAIS dos Capítulo 1 Conceituação de psicodiagnóstico na atualidade e Capítulo 2 Psicodiagnóstico Formação cuidados éticos avaliação de demanda e estabelecimento de objetivos do livro Psicodiagnóstico Cada capítulo é um mapa mental 0 Referese ao processo de avaliação psicológica realizado por um profissional qualificado com o objetivo de compreender e diagnosticar os problemas emocionais comportamentais e cognitivos de um indivíduo DEFINIÇÃO Referese à evolução histórica do psicodiagnóstico e suas principais influências como a psicanálise a psicologia experimental e a psicologia clínica HISTÓRIA MODELOS TEÓRICOS Referese às diferentes abordagens teóricas utilizadas no psicodiagnóstico como o modelo psicodinâmico comportamental cognitivo entre outros Referese às etapas envolvidas no processo de avaliação psicodiagnóstica incluindo entrevistas testes psicológicos observação e análise de dados Referese aos principais instrumentos utilizados no psicodiagnóstico como testes de personalidade testes projetivos entrevistas estruturadas entre outros Os instrumentos de avaliação devem ser selecionados de acordo com as necessidades do paciente e o contexto clínico PROCESSO DE AVALIAÇÃO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO CONCLUSÃO 0 0 0 0 0 0 CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE CONCEITUAÇÃO DE PSICODIAGNÓSTICO NA ATUALIDADE 0 Referese à importância da formação adequada para realizar o psicodiagnóstico de forma ética e eficiente FORMAÇÃO Referese aos princípios éticos que devem ser seguidos durante o processo de psicodiagnóstico como confidencialidade consentimento informado e respeito aos direitos do cliente CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DA DEMANDA Referese à avaliação da demanda do cliente e identificação das questões que precisam ser abordadas no processo de psicodiagnóstico Referese à definição dos objetivos terapêuticos a serem alcançados por meio do psicodiagnóstico levando em consideração as necessidades do cliente e o contexto clínico Referese às etapas seguintes ao processo de avaliação envolvendo a intervenção terapêutica propriamente dita e o feedback ao cliente Os cuidados éticos devem ser seguidos durante todo o processo de psicodiagnóstico desde a avaliação da demanda até o feedback ao paciente ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS PROCESSO DE INTERVENÇÃO E FEEDBACK CONCLUSÃO 0 0 0 0 0 0 FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS FORMAÇÃO CUIDADOS ÉTICOS AVALIAÇÃO DE DEMANDA E ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS