·

Psicologia ·

Psicologia Social

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

QUEIXA ESCOLAR ANÁLISE DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA À LUZ DA PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA E DOS PRINCÍPIOS TÉCNICOS DA ORIENTAÇÃO À QUEIXA ESCOLAR OQE Aline Eleuterio Matos Danieli de Cássia Barreto Goessler Elisana Marta Machado Souza e Laura Rafaella Ramos Silva Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo São Paulo 2021 SUMÁRIO 1 Introdução 3 2 A psicologia escolar crítica e a queixa escolar 6 3 Princípios fundamentais da Orientação à Queixa escolar 9 4 Procedimentos 13 5 Resultados e discussão 15 51 Caracterização dos artigos encontrados 15 52 Caracterização dos artigos da Psicologia e da Educação nas perspectivas não 20 crítica e crítica 521 A queixa escolar enquanto objeto de investigação alguns apontamentos 23 53 Relatos de experiênciaintervenção à luz da Orientação à Queixa Escolar OQE 30 6 Considerações finais 37 7 Referências 39 RESUMO A queixa escolar é um fenômeno que vêm sendo amplamente discutido na Psicologia Escolar e Educacional em vista de problematizar e superar concepções e práticas profissionais tradicionais que individualizam e compreendem as queixas advindas da escola desconectadas da realidade histórica e social das pessoas envolvidas Neste percurso a Orientação à Queixa Escolar surge como uma possibilidade de transformar o atendimento psicológico de quem passa por sofrimentos eou dificuldades no processo de escolarização Diante da potencialidade dessa abordagem nos indagamos sobre o impacto das contribuições tanto da Psicologia Escolar Crítica como da OQE na produção científica relacionada à queixa escolar O objetivo geral foi caracterizar a produção científica relacionada ao tema bem como refletir sobre as apropriações da Psicologia Escolar Crítica e dos princípios da OQE nesta produção Por meio de um estudo bibliográfico foram selecionados artigos publicados em revistas indexadas na base de dados SciELO Brasil Scientific Electronic Library Online sem filtro temporal Os artigos foram caracterizados categorizados e analisados na perspectiva crítica da psicologia escolar e aqueles que trataram de intervenções com referências à OQE foram analisados à luz de seus princípios A análise dos 63 artigos encontrados permitiu concluir que houve um aumento de produção de conhecimento científico a partir de 2005 com oscilações sendo o período de maior produção de 2005 a 2015 Quanto aos artigos selecionado para a análise da área da Psicologia e Educação houve predominância de artigos considerados críticos n 39 764 em relação aos não críticos n12 235 95 faziam menção à perspectiva crítica da psicologia escolar e 50 deles assumiram explicitamente aproximações eou citaram a obra Orientação à Queixa Escolar em suas referências De forma divergente à encontrada em outros levantamentos as publicações analisadas a respeito da queixa escolar como objeto de investigação preocuparamse em reiterar a necessidade de entendêla de forma ampliada e crítica incluindo questões escolares como possíveis produtoras e mantenedoras do fracasso escolar Dos relatos de intervenção constatamos que grande parte contempla os princípios técnicos da OQE indicando a possibilidade de diferentes manejos desses princípios enquanto constructo teóricoprático para espaços diversos em que haja atenção à queixa escolar Palavraschave Queixa Escolar Psicologia Escolar Orientação à Queixa Escolar 2 1 INTRODUÇÃO A escrita deste trabalho se delineia diante das diversas reflexões sobre a queixa escolar que surgiram durante o curso em Orientação à Queixa Escolar e reiteraram a 1 importância de pensála em sua totalidade compreendendo que as queixas escolares não são originárias de dificuldades individuais de crianças e adolescentes mas se constroem dialeticamente na realidade social histórica e concreta dos indivíduos A edição 2021 do curso de atualização Orientação à Queixa Escolar OQE em função da crise sanitária de COVID19 que impôs a impossibilidade de realização do curso em sua forma presencial foi oferecido de maneira remota o que imprimiu uma característica peculiar ao possibilitar o encontro de nove psicólogas e um psicólogo de várias regiões do país com experiências diversificadas e um interesse comum de conhecer os fundamentos aprofundar os princípios e refletir sobre as possibilidades da OQE diante da necessidade de se reinventar frente aos desafios sanitários políticos sociais e econômicos acentuados pela pandemia O conteúdo programático do curso gravitou em torno de temas pungentes no tocante à Psicologia e os processos de escolarização como funcionamentos escolares e a produção do fracasso escolar olhares críticos à escola e reflexões sobre outras possibilidades reflexão crítica quanto à razão subjacente ao uso dos testes psicológicos fundamentos de uma avaliação interventiva e importância para a OQE apontamentos sobre o material escolar e sua análise discussões sobre a educação medicalizada humilhação social e racismo confinamento da vida e a natureza nas práticas em Saúde Mental e Educação e intervenções institucionais da Psicologia Escolar Além das discussões teóricas o curso prevê a realização de um atendimento em OQE com supervisão didática através do qual foi possível vislumbrar os princípios o processo de 1 O curso de atualização em Orientação à Queixa escolar é oferecido desde 2001 pela Universidade de São Paulo sob a coordenação de Ms Beatriz de Paula Souza e a responsabilidade da Prof Dra Marilene Proença Rebello de Souza 3 atendimento psicológico nessa modalidade bem como seus resultados Ainda em coerência com a perspectiva de uma educação emancipadora foinos proposta a elaboração de um artigo que em conexão com os temas abordados sintetizasse as aprendizagens e expandisse os saberes Considerando que a realidade brasileira marcada por profundas desigualdades sociais e no acesso aos bens culturais impõe complexidade e dramaticidade aos fenômenos educacionais a Psicologia Escolar e Educacional se vê diante do desafio da ruptura e questionamento dos modelos clínicos e medicalizantes reconhecendo os contextos múltiplos e diversos nos aspectos presentes na constituição de uma queixa escolar Em uma perspectiva crítica mobilizase a reflexão constante de práticas e suas implicações na rede envolvida no processo de escolarização conhecendo a realidade e suas limitações e principalmente as potencialidades para se pensar em ações articuladas com a comunidade escolar na melhoria do ensino Afinal estamos construindo uma Psicologia Escolar a serviço de quê Para quem A OQE enquanto proposta nasceu da necessidade de uma abordagem de atendimento psicológico que rompesse com as práticas até então vigentes que consideravam a problemática escolar como determinada por fatores individuais sem a investigação dos fatores institucionais e relacionais do contexto escolar SOUZA 2006 Assim diante da potencialidade dessa abordagem indagamos em que medida as discussões propostas pela OQE nortearam a produção científica relacionada à queixa escolar E o que se pode afirmar em relação à apropriação das contribuições da Psicologia Escolar Crítica Os estudos que sinalizam a utilização do aporte teóricometodológico da OQE contemplam seus princípios em suas ações O presente artigo se inscreve na tentativa de responder a essas questões mediante a realização de uma pesquisa do tipo bibliográfica tendo como base revistas indexadas na Scielo Brasil sem filtro temporal sobre queixa escolar Os artigos selecionados foram categorizados e analisados na perspectiva crítica da psicologia escolar e aqueles que trataram de intervençõesexperiências com referências à OQE foram analisados à luz de seus princípios 4 OBJETIVO GERAL Caracterizar a produção científica relacionada à queixa escolar bem como refletir sobre as apropriações da Psicologia Escolar Crítica e dos princípios da OQE nesta produção OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar a produção científica sobre a queixa escolar considerando área de concentração localização Revista ano e tipo de publicação Classificar os artigos considerando a definição de Souza Silva e Yamamoto 2014 perspectivas críticas e não críticas Identificar e analisar os relatos de intervençãoexperiência à luz dos princípios técnicos da OQE SOUZA 2007 Refletir sobre as apropriações das contribuições da Psicologia escolar crítica e da OQE nas publicações de perspectiva crítica sobre a queixa escolar 5 2 A PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA E A QUEIXA ESCOLAR No campo da Psicologia Escolar e Educacional a queixa escolar tem sido um fenômeno amplamente discutido a fim de problematizar e superar concepções e práticas profissionais tradicionais que individualizam e compreendem as demandas advindas da escola desconectadas da realidade histórica e social das crianças e adolescentes envolvidos No território escolar é recorrente a perda do lugar da singularidade de modos de aprender e se comportar onde a diversidade que compõe o processo de escolarização é vista como um problema a ser solucionado por profissionais da educação eou saúde Historicamente as dificuldades de estudantes no processo de escolarização foram compreendidas por meio de estudos psicométricos no final do século XIX e também de teorias críticas que buscaram a compreensão contextualizada sobre tais questões LEONARDO LEMES FACCI 2016 Neste processo durante muitos anos as dificuldades de aprendizagem e os problemas de comportamento se constituíram como demandas produzidas e que emergiram enquanto problemas intelectuais e afetivos individuais quer seja das próprias crianças e adolescentes ou de suas famílias No momento em que não há correspondência às expectativas socialmente vigentes de aprendizagem e comportamentos preconizase a individualização a psicologização e biologização dos processos sociais em que estudantes são encaminhados para psicoterapias ou para outros profissionais sustentando a ideia de que estes são os únicos responsáveis pelas dificuldades que vivenciam SOUZA 2007 Estes encaminhamentos derivam em um elevado número de diagnósticos elaborados por profissionais da Psicologia os quais recorrentemente utilizam modos de avaliação psicológica que foram construídos por matrizes teóricas que prezam pela adaptação do sujeito ao seu contexto social a fim de manter o status quo FACCI LEONARDO SOUZA 2019 Nessa esteira a psicometria encontrou no campo educacional solo fértil para a utilização de 6 testes psicológicos como oportunidade para justificar cientificamente as dificuldades encontradas no processo de escolarização A utilização indiscriminada de testes em uma sociedade de classes tem uma função ideológica de ignorar os múltiplos determinantes da queixa escolar justificando as desigualdades sociais culturais e econômicas Como regra o exame psicológico conclui pela presença de deficiências ou distúrbios mentais nos alunos encaminhados prática que terá resultados diferentes em função da classe social a que pertencem em se tratando de crianças da média e da alta burguesia os procedimentos diagnósticos levarão a psicoterapias terapias pedagógicas e orientação de pais que visam a adaptálas a uma escola que realiza os seus interesses de classe no caso de crianças das classes subalternas ela termina com um laudo que mais cedo ou mais tarde justificará a exclusão da escola PATTO 1997 p 47 Assim neste cenário em que a sociedade capitalista tem interesse em manter a crença de que distúrbios e doenças são a causa das dificuldades escolares eximindo dessa forma os governantes de responsabilidade de incentivar e financiar a educação LEONARDO LEMES FACCI 2016 p 277 na tentativa de encaixotar os estudantes em um único modo de aprender e de se comportar perdese a promoção de transformações e experiências significativas para todos os envolvidos nessa trama escolar Para promover rupturas nesta lógica que ignora dimensões políticas no processo de avaliação da queixa escolar é necessário pensar na complexidade do processo de escolarização e perceber o estudante diante das suas potencialidades Assim na contramão dessa visão reducionista a queixa escolar é repensada a partir de uma perspectiva crítica de atuação sendo imprescindível considerar que as dificuldades de leitura escrita e comportamento apresentadas pela escola como oriundas da criança de sua família ou da classe social à qual a criança pertence precisam ser compreendidas a partir de novas bases a de que tais dificuldades dos estudantes expressam dimensões pedagógicas relacionais institucionais culturais e políticas do processo de escolarização que precisam ser esclarecidas e enfrentadas LESSA SOUZA 2019 p 248 Nesse sentido os encaminhamentos de estudantes para atendimentos especializados e que expressam dificuldades vivenciadas no processo de escolarização devem ser entendidos como queixas escolares SOUZA 2008 culminando em um processo reflexivo que 7 problematize as questões da ordem da escolarização Esse conceito expressa o olhar crítico dos fenômenos escolares que permite uma interpretação que não seja calcada apenas nos estudantes encaminhados com problemas no processo de escolarização mas que os perceba enquanto uma expressão da demanda escolar Por muitas décadas foram construídas críticas sobre a perspectiva teórica tradicional que subsidiava o serviço de psicólogosas escolares e nesse momento estamos diante a necessidade de criar possibilidades em termos de contextos práticos para a atuação na interface psicologia e educação Conforme propôs Meira 2000 p58 no despontar deste milênio um caminho possível para esse avanço pode ser delineado se tomarmos como nosso objeto de estudo e atuação não o indivíduo e nem tampouco o processo educacional mas sim o encontro entre o sujeito humano e a educação 8 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ORIENTAÇÃO À QUEIXA ESCOLAR A OQE tratase de uma proposta teóricoprática criada pelo serviço de psicologia escolar da Universidade de São Paulo considerada uma forma de atendimento clínico breve e focal que se utiliza da interface psicologia e educação e pautase na compreensão crítica dos fenômenos escolares SOUZA 2006 A OQE surge como uma alternativa às atuações de cunho institucional que não dão conta de sofrimentos e fracassos individuais que embora atravessados pela instituição permanecem cristalizados SOUZA 2007 p97 enfatizando dentre tantas contribuições um olhar que aprofunde a compreensão das relações em que o indivíduo e instituição se constituem mutuamente cuidando de não negar nem a um nem a outro Ibidem p 97 A OQE emerge a partir de uma necessidade evidenciada por uma lacuna no conhecimento do Serviço e da Psicologia Escolar o atendimento às queixas escolares no âmbito da clínica com foco no indivíduo e sua relação com a instituição escolar p99 Nesse sentido a abordagem preconiza a necessidade de considerar os elementos escolares como centrais para a compreensão das queixas escolares para além dos aspectos familiares tradicionalmente investigados nas práticas clínicas e também evidencia a importância de compreender oa estudante nas dimensões sociais reconhecendo a escola como imbricada nas queixas SOUZA 2006 e desse modo considera a queixa escolar como um fenômeno constituído nas dimensões institucionais e relacionais nas escolas e na sociedade LIMA et al 2014 Toassa 2009 reforça que a OQE faznos ver que uma atuação mesmo clínica em psicologia escolar não precisa ser apolítica nem tecnicamente distante da escola p167 A proposta da OQE encontrase ancorada em três princípios técnicos fundamentais Constituídos como parâmetros para o desenvolvimento de uma atuação baseada na perspectiva tais princípios são orientativos das ações desenvolvidas no processo de atendimento à queixa escolar 9 a obter e problematizar as versões de cada participante da rede criança família e escola b promover a circulação das informações pertinentes e integração ou confronto das mesmas dentro dessa rede propiciando releituras e buscando soluções conjuntamente c identificar mobilizar e fortalecer as potências contidas nessa rede de modo a que esta passe a movimentarse no sentido da superação da situação produtora da queixa SOUZA 2006 p 314 Considerando tais princípios esperase que uma intervenção que se paute na perspectiva da OQE tenha procedimentos metodológicos que incluam a escuta ativa do estudante familiaresresponsáveis e escola com o cuidado de que a participação escolar envolva professoresas que tenham contato com o atendido e outros protagonistas como coordenadoresas orientadoresas diretoresas a depender da configuração da queixa escolar Além disso fazse importante que as estratégias para compreensão da queixa e intervenção sejam construídas coletivamente com osas envolvidosas e se configurem de forma a tornar essa rede independente e autogestionada SOUZA 2006 2007 Rompendo com as práticas tradicionais de atendimento às queixas escolares a OQE busca desvelar as potencialidades do sujeito atendido estudante para além das dificuldades que originaram a queixa e é possível apreender da abordagem a importância de que os diferentes participantes da relação escolaestudantefamília percebam tais potencialidades Na entrevista com paisresponsáveis e estudante a investigação perpassa por um trajeto singular e personalizado com questionamentos que façam sentido para compreender a queixa escolar como fenômenos constituídos nas dimensões institucionais e relacionais na escola Assim não há ênfase em questões individuais e de desenvolvimento mas sim na compreensão das relações entre estudanteescola e vivências do espaço escolar e aprendizagem SOUZA 2006 2007 Ainda na escuta da família procurase não responsabilizar unicamente a figura materna para participar desses momentos Na OQE valorizamos a presença do pai sempre que possível dado que a tendência ainda é apesar de todas as conquistas feministas das últimas décadas a vinda apenas da mãe SOUZA 2007 p 104 sendo comum a convocação de outras pessoas importantes da dinâmica familiar independentemente da posição em que ocupam 10 A OQE não pressupõe a existência de um protocolo prédefinido de atendimentos instrumentos ou intervenções pois considera a individualidade de cada atendidoa Ainda crianças e adolescentes que participam do processo são informadasos sobre a sua queixa e durante os atendimentos são instados a pensar sobre ela trazer suas versões e problematizálas buscando possíveis saídas SOUZA 2007 Assim a perspectiva da OQE compreende oa atendidoa como protagonista durante o processo e cabe àao psicólogao investigar o que entendemos pertinente por meio da observação e interação com a criança dentro de uma relação de acolhimento confiança e aposta em sua capacidade SOUZA 2007 p 108 grifo da autora Sem a necessidade do uso de testes psicológicos durante os atendimentos são utilizados diversos recursos como jogos brinquedos livros materiais escolares materiais expressivos lápis de cor giz de cera tinta guache dentre outros O uso e exploração desses materiais escolares permite entrar em contato com diversos aspectos da vida escolar da criançaadolescente SOUZA 2007 No processo de compreensão da queixa escolar a OQE busca ressaltar o histórico escolar e as trajetórias de escolarização desse sujeito Busca também colher as versões escolares ressaltando a importância de ouvir quem na dinâmica escolar está próximo ao estudante o conhece De acordo com Souza 2006 no processo de marcação desse encontro procuramos garantir a presença do professor na qualidade daquele que lida diretamente com a criança no dia a dia escolar Esse cuidado se deve à prática comum das escolas de restringir o contato à coordenação pedagógica p 317 Como forma de garantir a articulação com a instituição e a continuidade nos desdobramentos para a resolução da queixa escolar as figuras de gestão escolar também participam dos momentos de conversa A relação com a escola e psicólogoa se constitui de forma horizontal sem pressupor superioridade entre os saberes psicologia x escola possibilitando acompanhamento e compartilhamento de versões Essa relação horizontal também é estabelecida nos contatos com estudantefamiliares mediante valorização dos saberes trazidos por eles SOUZA 2007 Além disso Souza 2006 rompendo com as intervenções tradicionais em psicologia escolar preconiza que o processo de atendimento não se divida em diagnóstico e intervenção 11 Considerase a potência dos primeiros encontros pois numa concepção de estreita articulação entre compreensãoatuação já se delineiam intervenções que impactam a queixa trazida Ressaltase também a prática de atendimentos em grupo com estudantesfamiliares como uma forma de não enfatizar a queixa escolar como uma demanda individualizada permitindo a troca e circulação de saberes entre osas atendidosas e possibilitando reflexões a respeito da característica multideterminada do fenômeno que comunga muitos aspectos interrelacionais e sociais SOUZA 2006 Por fim como fechamento do processo a OQE prevê a realização de um encontro com a criançaadolescente e os responsáveis de maneira conjunta ou de forma separada Nesse momento é possível fazer uma releitura do caso através de novas informações potencialidades e perspectivas construídas ao longo do processo de OQE À guisa de conclusão é possível afirmar que a OQE enquanto abordagem ressalta a relação existente entre os estudantes e as instituições bem como a rede de relações existentes no contexto da queixa escolar Além disso busca compreender o processo de escolarização em seus desafios e potencialidades a partir de uma práxis que possibilita mobilizar afetar se encontrar com o outro e superar a lógica individualizante da produção do fracasso escolar promovendo o estranhamento daquilo que está dado a priori sobre os desafios enfrentados pelas crianças e adolescentes na escola possibilitando a aquisição de novos significados e sentidos em relação ao que está sendo vivenciado por elas SOUZA 2007 12 4 PROCEDIMENTOS Inicialmente realizamos um levantamento de artigos publicados em Língua Portuguesa na base de dados de acesso livre Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online utilizando os seguintes descritores com e sem aspas queixa escolar e queixas escolares Em seguida a partir da leitura dos resumos excluímos as publicações que não atendiam ao tema de interesse do levantamento e caracterizamos os demais artigos considerando os seguintes aspectos área de conhecimento revista ano de publicação e modalidade de estudo revisão teóricaensaio artigo de revisão bibliográfica resenha relato de estudo de campo relato de intervençãoexperiência Selecionamos para análise na integralidade as publicações das áreas Psicologia e Educação e as classificamos em duas categorias artigos com perspectiva crítica e artigos com perspectiva não crítica segundo os critérios que Souza Silva e Yamamoto 2014 utilizaram na pesquisa sobre a atuação doa psicólogoa na rede pública de educação de Minas Gerais Assim os artigos críticos apresentam reflexão sobre o contexto escolar e o trabalho docente e uma atuação voltada para a relação ensinoaprendizagem e não para aspectos individuais do aluno Ibidem p 124 enquanto os artigos não críticos se baseiam em uma concepção individualizante das questões escolares voltadas para a adaptação dos alunos à escola e para a compreensão dos seus aspectos emocionais pautadas pela identificação e o atendimento das dificuldades de aprendizagem Ibidem p 124 Após verificarmos a proporção dos trabalhos críticos e não críticos realizamos uma classificação quanto aos principais temas abordados Por fim dentre as publicações incluídas na perspectiva crítica selecionamos dois grupos de artigos para uma análise pormenorizada das suas contribuições os que indicavam a queixa escolar como tema central e os relatos de experiênciaintervenção em OQE Nesse processo nosso interesse voltouse especialmente por compreender quais artigos sinalizam a utilização do aporte teóricometodológico da 13 Psicologia Escolar Crítica e da OQE e também se os relatos de intervenção em OQE encontrados contemplavam os seus princípios em suas ações 2 2 Buscamos verificar menção à coletânea Orientação à Queixa Escolar SOUZA 2007 Essa obra consonante com as contribuições da Psicologia Escolar Crítica conforme descreveu TOASSA 2009 p167 sintetiza uma das propostas teóricopráticas criadas no Serviço de Orientação à Queixa Escolar do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo SePEIPUSP Composta por 18 capítulos elaborados pela própria Beatriz de Paula Souza psicóloga do SePEIPUSP e por exalunos ligados e docentes do IPUSP TOASSA 2009 a referida coletânea teve por objetivo sistematizar os conhecimentos abordados no curso de atualização suas propostas e instrumentais dada a grande procura pelo curso 14 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 51 Caracterização dos artigos encontrados Conforme proposto realizamos um levantamento de artigos publicados entre os anos 2001 a 2021 em Língua Portuguesa na base de dados de acesso livre Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online Porém devido ao interesse em precisar o ano em que se iniciaram as publicações científicas sobre o tema e também em que momento os artigos passaram a indicar apropriação da Orientação à Queixa Escolar empreendemos uma nova busca sem recorte temporal e obtivemos um total de 74 publicações pouco mais de 10 da quantidade de artigos obtidos no levantamento da produção dos últimos vinte anos Desse modo resolvemos analisar os resultados da busca sem filtro de data de publicação por considerarmos a possibilidade de demarcar de forma mais precisa a produção científica sobre o tema Após a eliminação de duplicidades ficamos com 69 artigos encontrados e dentre estes excluímos 6 artigos que não abordavam a queixa escolar por estarem relacionados a outras queixas de ordem físicaorgânica objeto de outras áreas de conhecimento Na Tabela 01 apresentamos os dados dos 63 artigos segundo a área de conhecimento Tabela 01 Área de conhecimento dos estudos encontrados Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online Área de Conhecimento Quantidade Psicologia 46 730 Fonoaudiologia 9 143 Educação 5 79 MedicinaNeurologia 2 32 15 Psicopedagogia 1 16 Total 63 100 Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 Com base na categorização por área de conhecimento dos estudos foi possível identificar que grande parte deles 73 está relacionada à Psicologia seguindo por 143 à fonoaudiologia 73 à educação 32 à medicina e 16 à psicopedagogia Nesse item chamounos à atenção o quantitativo de estudos relacionados à psicologia em comparação à educação este último inclusive inferior ao produzido na área de conhecimento da fonoaudiologia Em um balanço de produção científica realizado sobre dificuldades de aprendizagem em teses e dissertações disponibilizadas no portal da CAPES do período de 1987 a 2010 Bueno 2013 encontrou resultado diverso existindo uma maior concentração dos estudos na área de Educação seguido pela Psicologia e outras áreas da saúde Bueno 2013 indicou em suas análises que os altos índices de estudos concentrados na Psicologia e outras áreas da saúde poderiam indicar um movimento de terceirização dos problemas relacionados ao baixo desempenho escolar em especial a preferência por fatores individuais para analisar esse processo Em nosso levantamento a área de maior concentração é a da psicologia seguida pela fonoaudiologia o que nos indica o quanto ainda existe a configuração da psicologia como campo de conhecimento que reproduz a patologização e individualização dos fenômenos herança do próprio histórico da inserção da psicologia na educação que discutiremos mais adiante ao detalhar os estudos em perspectivas críticas e não críticas Outra possível explicação para a maior concentração de estudos na área de conhecimento da psicologia é que diferentemente do estudo de Bueno 2013 utilizamos os descritores queixa escolarqueixas escolares por ser uma expressão muito utilizada na Psicologia Escolar Crítica o que pode ter levado a esse resultado Com essa maior concentração de estudos na Psicologia em detrimento da Educação percebemos que as discussões sobre os fenômenos educacionais ainda não alcançaram os 16 profissionais da educação reiterando o desafio de estabelecer diálogo com estes educadores contribuindo assim para a desconstrução da psicologização da educação Em relação aos periódicos em que esses estudos foram indexados apresentamos os resultados da Tabela 02 Tabela 02 Identificação dos periódicos dos artigos encontrados Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online Nome do Periódico Quantidade Psicologia Escolar e Educacional 20 31 7 Psicologia Ciência e Profissão 8 127 Estudos de Psicologia Campinas 6 95 Revista CEFAC 5 79 Psicologia em Estudo 5 79 Estudos em Psicologia Natal 3 47 Psicologia teoria e pesquisa 2 32 Pró Fono R Atualizal 1 16 Arq Neuro Psiq 1 16 Rev Saúde Pública 1 16 Rev Bras de Educação Especial 1 16 Rev Bras de Otorrinolaringologia 1 16 Paidèia Ribeirão Preto 1 16 Educação e Pesquisa online 1 16 Psicologia Reflexão e Crítica 1 16 Educar em Revista online 1 16 Revista de Psicologia online 1 16 Educação e Realidade online 1 16 Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 Tabela 02 Identificação dos periódicos dos artigos encontrados Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 17 Nome do Periódico Quantidade Revista Bras de Educação online 1 16 Psicologia USP online 1 16 Rev da Soc Bras de Fonoaudiologia 1 16 Total 63 100 De acordo com os dados apresentados na Tabela 2 a revista que reúne a maior quantidade de artigos referentes à queixa escolar é a Revista Psicologia Escolar e Educacional com 317 dos artigos Com 127 e 95 encontramos as revistas Psicologia Ciência e Profissão e Estudos de Psicologia respectivamente As revistas Cefac de fonoaudiologia e Psicologia em estudo respondem por 79 das publicações cada enquanto as revistas Estudos em Psicologia Natal e Psicologia Teoria e Pesquisa respondem por 47 e 32 respectivamente As demais revistas contam com 1 publicação cada totalizando 208 As revistas de psicologia em geral concentram 746 das publicações seguidas pelas revistas de fonoaudiologia com 111 de educação 95 e outras áreas Neuropsiquiatria Otorrinolaringologia e saúde pública com 47 Novamente ressaltamos a concentração de publicações na área de psicologia em comparação com a educação sendo que a queixa escolar é um fenômeno que ocorre no espaço escolar No gráfico 01 apresentamos uma linha do tempo indicando a quantidade de publicações sobre a queixa escolar Gráfico 01 Linha do tempo da quantidade de publicações sobre queixa escolar encontrados Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 18 Podemos observar no gráfico 01 que a primeira publicação sobre o tema foi em 1992 e depois disso não encontramos publicações até 1997 quando foi publicado um único artigo Observamos que houve uma publicação em 1999 e duas em 2001 Em 2005 ocorreu um aumento das publicações 3 artigos e em 2006 5 artigos De 2007 a 2013 foi um período de oscilação entre 2 ou 3 publicações anuais Já em 2014 2015 e 2016 localizamos seis 6 cinco 5 e seis 6 artigos respectivamente Em 2017 houve novamente a publicação de apenas 1 artigo em 2018 seis 6 artigos em 2019 apenas um 1 em 2020 três 3 e 2021 um 1 A partir dessas informações é possível notar que o interesse pelo tema enquanto objeto de pesquisa cresceu de modo significativo embora esse crescimento não tenha sido de forma constante ao longo dos anos Na tabela 03 apresentamos uma classificação dos tipos de estudos conforme informações disponibilizadas Tabela 03 Tipos dos estudos encontrados Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online Modalidade de publicação Quantidade Relato de estudo de campo 37 587 Relato de pesquisa documental 8 127 Relato de intervençãoexperiência 8 127 Artigo teóricoensaio 6 95 Artigo de revisão bibliográfica 2 32 Resenha 2 32 Total 63 100 Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 Ao caracterizar as informações por tipos de estudos identificamos que houve uma maior concentração de estudos de campo representando 587 do total Em seguida encontramos relatos de pesquisa documental e relatos de intervençãoexperiência com 127 19 cada Os artigos teóricos ou ensaios teóricos representaram 95 dos artigos e artigos de revisão bibliográfica e resenhas de livros obtiveram 32 cada Em relação a esse item chamounos a atenção que a maioria das pesquisas esteve relacionada à pesquisa de campo Como explicitaremos adiante a atuação profissional foi o tema de maior interesse dosas pesquisadoresas críticos e a leitura dos artigos indica uma preocupação com o fazer psicológico frente à queixa escolar 52 Caracterização dos artigos da Psicologia e da Educação nas perspectivas não crítica e crítica Dos 51 artigos das áreas da Psicologia e Educação encontrados 39 deles 764 foram classificados como artigos de perspectiva crítica e os demais n12 235 foram incluídos na perspectiva não crítica Quadro 1 Classificação dos artigos na perspectiva crítica e não crítica com base em Souza Silva e Yamamoto 2014 Classificação dos artigos Quantidade de Artigos Perspectiva Nãocrítica 12 artigos 235 Perspectiva Crítica 39 artigos 764 Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 e no estudo de Souza Silva e Yamamoto 2014 No nosso entendimento a totalidade dos artigos não críticos reduz eou prioriza na compreensão dos fenômenos escolares a investigaçãointervenção de fenômenos individuais desconsiderando as dimensões institucionais políticas e pedagógicas e relacionais No quadro 2 apresentamos a classificação dos artigos não críticos em relação à compreensão da queixa escolar que são apresentadas no estudo Quadro 2 Classificação dos artigos não críticos quanto à compreensão da queixa escolar neles apresentadas 20 Perspectiva Nãocrítica 12 artigos 235 10 artigos 833 reduzem a queixas escolares a fenômenos de ordem emocional cognitiva ou comportamental 1 artigo 83 reduz a queixa escolar a fenômenos relacionados ao contexto familiar 1 artigo 83 apresenta um programa de intervenção que desconsidera as dimensões institucionais pedagógicos eou relacionais Fonte elaboração própria com base nas informações no Scielo Brasil Scientific Electronic Library Online 2021 Como é possível observar dentre os artigos não críticos 10 833 reduzem as queixas escolares a fenômenos de ordem emocional cognitiva eou comportamental 1 artigo 83 reduz as queixas escolares a fenômenos relacionados ao contexto familiar e 1 artigo 83 mostra um programa de intervenção que desconsidera as dimensões institucionais pedagógicas eou relacionais Diante de tais dados em menor proporção notamos a presença da Psicologia na Educação que ainda reverbera práticas profissionais tradicionais e individualizantes Dazzani et al 2014 em artigo que investigou a produção científica sobre a queixa escolar entre 2002 a 2012 ao encontrar as mesmas publicações asseveraram que esses elementos devem ser entendidos numa complexa e dialética rede de relações e influências permeada por processos sociais históricos culturais institucionais políticos e econômicos a qual em sua integralidade constitui a real determinante dos problemas de escolarização e da queixa escolar p429 Esses artigos que classificamos como nãocríticos nos mostram os desafios de se trabalhar em direção ao processo de integração da família do estudante e da escola pensando em ações que garantam rupturas de estigmas e de situações cristalizadas do desenvolvimento e da aprendizagem Todos os artigos citados anteriormente datam da década de 1990 2000 2010 e 2020 nos evidenciando que mesmo diante do início a partir da década de 1980 de um movimento crítico em Psicologia Escolar para a superação de um modelo clínico ainda estamos 21 caminhando para a compreensão das atribuições aos profissionais que trabalham com queixas escolares e as especificidades deste fenômeno Já em relação aos artigos categorizados como críticos foi possível observar que dos 39 artigos 37 deles 95 fazem menção a esta perspectiva Além disso excetuando 3 artigos n 36 que tratavam especificamente da Orientação à Queixa Escolar 18 50 deles assumiram explicitamente aproximações eou citaram a obra Orientação à Queixa Escolar SOUZA 2007 em suas referências Na tabela 4 apresentamos os temas centrais abordados nos estudos críticos Tabela 4 Temas centrais abordados nos estudos críticos Temas Quantidade Atuação doa psicólogoa 14 359 Concepções sobre a queixa escolar 7 179 Encaminhamentos de estudantes com queixa escolar 4 102 Caracterização de demanda de clínica escola 3 77 Especificidades de atendimento à OQE 3 77 Medicalização 2 51 Estudos de levantamento bibliográfico 2 51 Indisciplina como queixa escolar 1 26 Formação do psicólogo escolar 1 26 Avaliação psicológica na queixa escolar 1 26 Pesquisas em queixa escolar 1 26 Total 39 100 Fonte elaboração própria Como disposto na Tabela 4 em relação aos temas abordados pelos artigos críticos foi possível observar uma preocupação em romper com análises e explicações que reduzem a queixa escolar a questões da ordem dos indivíduos 22 Nesse sentido os artigos críticos discutem e problematizam os seguintes temas que atravessam a queixa escolar atuação doa psicólogoa tendo sido encontrados 14 artigos 359 que se dedicaram a esse assunto concepções naturalizantes relativas à queixa escolar com 7 trabalhos 179 os encaminhamentos de estudantes com queixa escolar compareceram como temas centrais de 4 artigos 102 caracterização da demanda foi interesse de 3 publicações 77 às especificidades do atendimento em Orientação à queixa escolar foram explicitadas em 3 artigos 77 sendo um apresentando os princípios técnicos desta modalidade de trabalho outro relacionando à adolescência e uma resenha sobre a obra Orientação à Queixa escolar organizada por Souza 2007 a medicalização foi abordada explicitamente em 2 trabalhos 51 a questão da indisciplina a formação doa psicólogoa escolar e a avaliação psicológica da queixa escolar foram tratados cada um destes temas em 1 artigo 26 cada Ainda encontramos uma resenha do livro 26 Pesquisas em queixa escolar desvelando e desmistificando o cotidiano LEONARDO LEAL ROSSATO 2012 e 2 trabalhos 51 analisaram a produção científica sobre a queixa escolar entre 1996 a 2012 Observamos que a atuação doa profissional psicólogoa foi o tema sobre o qual houve maior interesse indicando uma preocupação em relação aos modos com o que fazer destesas profissionais traduzem na transformação ou não dos processos de produção do fracasso escolar Dos 39 artigos considerados críticos verificamos que 26 65 deles são resultantes de pesquisa 77 de campo e 23 documental tendo comparecido como interesse predominante n11 38 a investigação sobre a atuação dosas psicólogos 9 25 tratavamse de artigos teóricos e 4 apresentavam relatos de intervençãoexperiência Ao finalizarmos a caracterização dos artigos encontrados constatamos uma grande diversidade de temas 9 e um elevado quantitativo de artigos 39 então optamos por realizar um recorte temático e analisar com maior detalhamento somente aqueles classificados como de perspectiva crítica sobre concepções da queixa escolar 7 publicações por ter uma aproximação estreita com os objetivos desse levantamento 521 A queixa escolar enquanto objeto de investigação alguns apontamentos 23 Tomamos para uma análise mais aprofundada os 7 artigos que tratavam de concepções da queixa escolar conforme detalhamento do quadro 3 Quadro 3 Detalhamento dos artigos concepções da queixa escolar considerando título autores e ano de publicação instituição e referências a psicologia escolar crítica e OQE TÍtulo do artigo Autoresano IES Psicologia escolar crítica OQE As queixas escolares na compreensão de educadoras de escolas públicas e privadas BRAY LEONARDO 2011 UEM SIM SIM A queixa escolar na perspectiva de educadores da Educação Especial ROSSATO LEONARDO 2012 UEM SIM A queixa escolar sob a ótica de diferentes atores análise da dinâmica de sua produção CUNHA et al 2016 UFBA SIM SIM Queixa escolar repercussões na escola a partir do atendimento psicológico LABADESSA LIMA 2017 USP SIM SIM Os sentidos atribuídos à queixa escolar por profissionais de escolas públicas municipais SCHWEITZER SOUZA 2018 UFSC SIM SIM O Discurso Meritocrático nas Explicações Parentais de Crianças com Queixa Escolar GARBARINO 2020 UNIFESP SIM Queixa escolar e gênero a desconstrução de estereótipos na educação GARBARINO 2021 UNIFESP fonte elaboração própria com base nos artigos analisados A totalidade dos artigos sobre a queixa escolar trata de resultados obtidos pela realização de pesquisa de campo e os estudos são procedentes de 5 estados brasileiros Neste levantamento encontramos três trabalhos provenientes do estado de São Paulo dois trabalhos do Estado do Paraná um de Santa Catarina e um do Estado da Bahia A informação referente à origem dos trabalhos é semelhante à encontrada por Dazzani et al 2014 sobre a maioria dos trabalhos ter sido produzida no Estado de São Paulo porém encontramos maior representatividade de outras regiões do país Ainda identificamos que dos 7 artigos apenas um GARBARINO 2021 não mencionou a Psicologia Escolar Crítica e a OQE e três GARBARINO 2020 GARBARINO 2021 ROSSATO LEONARDO 2012 não citaram a OQE A leitura dos artigos permitiu compreender seus resultados em três eixos 1 denunciam a necessidade de superação dos discursos que apontam os processos de 24 individualização e patologização dos impasses escolares BRAY LEONARDO 2011 ROSSATO LEONARDO 2012 SCHWEITZER SOUZA 2018 e 2 denunciam atuação contrastante que ora anuncia uma visão ampla e crítica dos fenômenos educacionais CUNHA et al 2016 ora indica um trabalho na rede que caminha em direção à produção do fracasso escolar LABADESSA LIMA 2017 e 3 outras abordagens teóricasmetodológicas e a busca pela corresponsabilização dos diversos atores envolvidos no processo de escolarização GARBARINO 2020 GARBARINO 2021 1 denunciam a necessidade de superação dos discursos que apontam processos de individualização e patologização dos impasses escolares O artigo escrito por Bray e Leonardo 2011 apresenta um relato de pesquisa com o objetivo de verificar as compreensões sobre a queixa escolar de educadoras tanto da rede pública como da rede privada Foram realizadas entrevistas com vinte e quatro educadoras sendo metade delas oriunda de escolas públicas e a outra metade com educadoras de escolas particulares As autoras analisaram os resultados obtidos nas entrevistas distribuídas nas categorias Compreensão das participantes sobre as dificuldades de aprendizagem e Compreensão das participantes sobre problemas de comportamento Em seguida apontam estudos relacionados com a perspectiva crítica da Psicologia Escolar e Educacional e dão destaque à importância de se compreender a queixa escolar para além de um fenômeno individualizado Para isso Bray e Leonardo 2011 utilizaram contribuições de autores do materialismo históricodialético Cabe destacar também que as autoras indicaram a importância de investir numa formação crítica doa profissional psicólogoa e de se desenvolver outras pesquisas sobre o tema Rossato e Leonardo 2012 realizaram uma pesquisa de campo com o objetivo de compreender as concepções de educadores sobre as dificuldades de aprendizagem de alunos com deficiência intelectual que frequentam escolas especiais APAEs Foram entrevistadas 21 educadoras de três escolas especiais localizadas no Estado do Paraná O estudo explicitamente fundamentado nas contribuições da Psicologia Escolar Crítica e nas contribuições do psicólogo russo LS Vigotski problematiza as concepções naturalizantes e biologizantes a respeito do processo de aprendizagem dos alunos uma vez que as dificuldades 25 deste processo são tidas como comuns um caminho sem volta coladas aos sujeitos derivadas da deficiência e por conseguinte desvinculadas da questão pedagógica As autoras defendem a necessidade de uma análise ampla do contexto escolar e das múltiplas determinações que acarretam a queixa p 22 tanto dosas alunosas da Educação Especial quanto da escola regular a fim de que suas intelectualidades saiam do plano da invisibilidade da negatividade movimentando assim impossibilidades cristalizadas ao redor de naturalizações preconcebidas de desenvolvimento humano p22 Os estudos de Bray e Leonardo 2011 e Rossato e Leonardo 2012 ressaltam a necessidade de superação da lógica reducionista que naturaliza as questões da aprendizagem e alicerça o trabalho de muitos educadores na Educação Especial p22 e da Escola Regular e portanto consideramos que suas contribuições são coerentes com o referencial crítico da Psicologia escolar e da OQE os quais já vêm reiteradamente sinalizando tal necessidade De maneira semelhante Schweitzer e Souza 2018 com o objetivo de compreender os sentidos atribuídos por profissionais de escolas públicas acerca da queixa escolar entrevistaram professores diretores e assistentes técnicopedagógicos de escolas públicas municipais de um município da Grande Florianópolis Os autores partem da definição de Souza 2007 sobre a queixa escolar e sobre a necessidade de considerar os diferentes sujeitos envolvidos na sua produção Ainda assinalam os saberes fundantes da Psicologia Escolar Crítica dentre eles as contribuições de Maria Helena Souza Patto e Marilene Proença Rebello de Souza Os resultados indicaram uma atribuição de culpabilidade aos próprios estudantes e a suas famílias em relação às queixas escolares Ainda as principais estratégias de atendimento tanto das escolas quanto dos professores centraramse na própria criança e isentaram na maioria das vezes a escola da produção da queixa escolar tendo sido observada a presença de discursos que naturalizam práticas que estigmatizam estudantes com dificuldades no processo de escolarização 2 denunciam atuação contrastante que ora anuncia uma visão ampla e crítica dos fenômenos educacionais ora indica um trabalho na rede que caminha em direção à produção do fracasso escolar 26 Cunha et al 2016 com o objetivo de analisar a dinâmica de produção da queixa escolar entre de um lado professores e coordenadores pedagógicos e de outro profissionais de saúde que atuam em serviços de atenção à infância realizaram entrevistas com cinco profissionais de educação de uma escola pública municipal e quatro profissionais de saúde que atendem casos de queixa escolar em serviços de atenção à infância de uma cidade de Salvador BA Os autores partem das contribuições de Patto 1990 no que se refere aos processos de produção da queixa escolar e também da necessidade denunciada por Souza 2007 quanto à flagrante tendência histórica em enxergar de forma míope e abordar de modo reducionista os fenômenos educacionais Os resultados ratificaram os achados da literatura crítica sobre queixa escolar e corroboraram os estudos de Bray e Leonardo 2011 Rossato e Leonardo 2012 e Schweitzer e Souza 2018 citados anteriormente no que se refere aos discursos dos profissionais de educação na medida em que apontam para os processos de individualização e patologização dos impasses escolares bem como para as dinâmicas de desresponsabilização e terceirização do cuidado educativo p244 No entanto os resultados relacionados aos profissionais de saúde contrastaram com as conclusões de diversos estudos sobre o assunto em uma perspectiva crítica vez que tais profissionais longe de empreender intervenções em um modelo clínico e descontextualizado de atendimento demonstraram possuir uma visão ampla e crítica dos fenômenos educacionais no unânime esforço em estabelecer parcerias com as escolas de forma mais qualificada e integrada p244 O acesso à pesquisa de Cunha et al 2016 levanos a uma certa esperança em relação à apropriação de uma leitura crítica dos fenômenos educativos visto que a superação da miopia preemente desde a crítica fundante do fazer psicológico nesse contexto PATTO 1990 e toda produção decorrente que se ocupou de adensála ao longo dos anos parece reverberar de alguma maneira pelo menos na pesquisa em tela Já Labadessa e Lima 2017 apresentam uma pesquisa realizada em um município do estado de Rondônia na qual abordam sobre o trabalho da rede com queixas escolares envolvendo orientadoras escolares professores das classes regulares professores das salas de recursos e uma psicóloga do Núcleo de Saúde As autoras realizaram entrevistas com as orientadoras e psicóloga além de uma análise documental dos encaminhamentos e laudos 27 referentes às queixas escolares As autoras apontaram que a análise do material colhido e das entrevistas realizadas se dariam a partir da perspectiva crítica em Psicologia Escolar e Educacional Desse modo os resultados denunciam para um trabalho na rede que caminha em direção à produção do fracasso escolar Em contrapartida as autoras colocam em relevo estudos que vão ao encontro da psicologia escolar crítica mencionando alguns fatores que precisam ser analisados a partir dos resultados obtidos como a responsabilidade da escola dentro do contexto da queixa escolar o foco no laudo psicológico e em aspectos individuais dosas atendidosas possibilidades de intervenção após o encaminhamento para a psicóloga e o trabalho em conjunto entre equipamento de saúde agentes escolares família e estudante Ao finalizarem suas contribuições Labadessa e Lima 2007 traçam considerações sobre a importância de se pensar pelo viés da Psicologia Escolar e Educacional crítica ainda na graduação em Psicologia A literatura e as experiências em psicologia escolar crítica com atitudes revolucionárias já existem assim como eventos que discutem e divulgam essas novas ideias mas a postura política de muitos profissionais ainda não se modificou inferimos disso que é urgente a modificação dos currículos universitários enfocando a formação crítica e social nos cursos de Psicologia brasileiros bem como esperase dos gestores educacionais sistemas de suporte e acompanhamento mais estruturados para discutir e enfrentar a queixa escolar LABADESSA e LIMA 2007 p 376 3 outras abordagens teóricasmetodológicas e a busca pela corresponsabilização dos diversos atores envolvidos no processo de escolarização O artigo O Discurso Meritocrático nas Explicações Parentais de Crianças com Queixa Escolar 2020 retrata uma pesquisa documental em vista de discutir a leitura meritocrática do fracasso escolar e o mapeamento disto no discurso de participantes de um programa de extensão que atende crianças com queixa escolar Em seus resultados Garbarino 2020 aponta para o discurso individualizante dos adultos o qual se representa na responsabilização da criança pela queixa apresentada principalmente no que se refere a questões de concentração e atenção 28 Na mesma direção da discussão das queixas escolares Garbarino 2021 mostra um importante aspecto que perpassa o fenômeno da queixa escolar as relações de gênero O artigo Queixa escolar e gênero a desconstrução de estereótipos na educação 2021 analisou 142 fichas de matrícula 172 protocolos de observação e 10 registros de roda de conversa e constatou fenômenos sexistas incidindo sobre a queixa escolar com a qual se relaciona a agressividade física e impulsividade para meninos e o culto à beleza para as meninas Os dois artigos questionam a lógica hegemônica e sexista que desloca os processos escolares para o âmbito da saúde mental evidenciando a condução de um trabalho institucional compreendendo o fenômeno da queixa escolar em sua dimensão histórica e política constituída pelas dimensões institucionais pedagógicas e relacionais Importante destacar que os dois artigos de Garbarino 2020 2021 mencionam a teoria construtivista piagetiana e também a psicanálise como fundamentação teóricometodológica para as problematizações realizadas Assim na construção destes trabalhos foi interessante notar a importância do interesse crescente de outras abordagens teóricasmetodológicas na busca pela corresponsabilização dos diversos atores envolvidos no processo de escolarização As referências utilizadas pela autora em um de seus artigos não se relacionam diretamente ao referencial teórico crítico em Psicologia Escolar no entanto utiliza fundamentações teóricas que buscam a contextualização dos problemas educacionais e sociais comum a visão abrangente sobre a origem das queixas escolares e uma busca pelo envolvimento dos diversos segmentos na superação das dificuldades SOUZA SILVA YAMAMOTO 2014 p 138 Neste sentido entendemos que a utilização de referenciais teóricos referentes à clínica e à educação se direciona apesar de uma pequena miscelânea teórica a aceitação da conscientização como horizonte que exige transformar a perspectiva teóricaprática a partir da qual se trabalha pressupondo que oa psicólogoa recoloque seu conhecimento e sua práxis acompanhando os sujeitos envolvidos na rede escolar Um aspecto convergente entre o presente levantamento e o realizado por Dazzani et al 2014 diz respeito ao fato de que nos trabalhos encontrados houve preocupação em reiterar a necessidade de entender a queixa escolar de forma ampliada e crítica lançando um olhar sobre a imputação de responsabilização exclusiva aos pais e aos alunos incluindo questões 29 escolares como possíveis produtoras e mantenedoras do fracasso escolar Por outro lado os dados do presente estudo parecem contrastar com o levantamento sobre a queixa escolar fracasso escolar dificuldade de aprendizagem de Leonardo Leal e Rossato 2015 cujos resultados revelaram predominância das concepções centradas no indivíduo É possível que esta divergência esteja relacionada ao recorte temporal do estudo de Leonardo Leal e Rossato 2015 que investigou o período de 1996 a 2009 enquanto o presente estudo cobriu as publicações até o ano de 2021 Além disso as autoras citadas realizaram buscas em outros bancos de dados e indexadores nacionais e internacionais tendo o fracasso escolar e dificuldades de aprendizagem como descritores além da queixa escolar Nesse sentido é possível concluir que a discordância pode ser explicada pelo fato de que o termo queixa escolar esteja relacionado mais especificamente a perspectivas críticas o qual emergiu como um giro conceitual com centralidade nos processos de escolarização conforme Dazzani et al 2014 53 Relatos de experiênciaintervenção à luz da Orientação à Queixa Escolar OQE Conforme assinalamos anteriormente selecionamos os relatos de intervençãoexperiência para analisálos à luz dos princípios técnicos da OQE pelo fato destes últimos se constituírem enquanto constructos teóricos que orientam práticas junto às queixas escolares Quanto aos relatos de experiência no quadro 4 reunimos os princípios da OQE que pudemos apreender da literatura publicada SOUZA2006 SOUZA 2007 Quadro 4 Princípios implícitos e explícitos proposta teóricoprática OQE Princípios Repercussões no atendimento 1 Oferecer espaços de expressões potentes Nas conversas atendimentos questionários permitir diferentes formas de expressar as versões que envolvem linguagem desenhos representações 2 Obter e problematizar as versões de cada participante da rede criança família e escola Historicizar e contextualizar a queixa e escolarização da criança Conversas com famíliaresponsáveis Conversa com o estudante Conversas com professor próximo ao estudante e outras figuras da dinâmica escolar Ouvir cada versão dando credibilidade e respeito ao que é falado 30 3 Promover a circulação das informações pertinentes e integração ou confronto das mesmas dentro dessa rede propiciando releituras e buscando soluções conjuntamente Após conversas iniciais fazer circular as versões com a discussão conjunta dos encaminhamentos e soluções 4 Identificar mobilizar e fortalecer as potências contidas nessa rede inclusive do próprio atendido de modo a que esta passe a movimentarse no sentido da superação da situação produtora da queixa e no alcance da autonomia Nos atendimentos identificar as potencialidades do estudante e não apenas o que ele não consegue ressaltando as capacidades interesses às dimensões família e escola Reconhecer as potencialidades da família e escola na condução da superação da queixa Valorização do movimento da rede nas propostas de encaminhamento e superação da queixa Incentivo à autonomia 5 Não fragmentar o atendimento em etapas como avaliaçãodiagnóstico e intervenção Nos atendimentos acreditase na potência dos encontros iniciais em já promover mudanças significativas na compreensão e superação da queixa Análise e intervenção acontecem de forma imbricada em uma relação dialética Quadro 4 Princípios implícitos e explícitos proposta teóricoprática OQE continuaçãoconclusão Princípios Repercussões no atendimento 6 Promover atendimentos coletivos quando possível por meio do agrupamento proposital de estudantes familiares para atendimentos coletivos Na contramão de práticas individualizantes possibilitar atendimento em orientação à queixa escolar em grupo potencializa as reflexões sobre a multideterminação da queixa trazida Possibilita a identificação entre pares e a circulação de saberes 7 Atenção à singularidade Não utilizar protocolostestes padronizados Construir instrumentos para atendimento personalizados para cada atendimentosituação Já nas entrevistas iniciais não há um protocolo de questões Elas fluem de acordo com a queixa trazida e com o objetivo de identificar prioritariamente as dimensões institucionais e relacionais que ocorrem na escola Há ênfase para o histórico dos fenômenos escolares Para os atendimentos há liberdade na escolha de estratégias e personalização conforme o caso com incentivo ao uso da criatividade considerando o contexto e objetivos 8 Promover Relações horizontais entre psicólogoescolaestudantefamiliaresrespo nsáveis Não há uma valorização do saber psicológico em detrimento aos demais Há um reconhecimento dos diferentes saberes vivências em relação ao estudante atendido e potencialização do papel de cada um na implicação quanto à resolução da queixa apresentada Fonte elaboração própria com base em SOUZA 2006 e SOUZA 2007 Com base nos princípios apreendidos procedemos a análise de 3 artigos que eram relatos de experiênciaintervenção e que foram classificados como pertencentes à perspectiva crítica O primeiro deles intitulado Estudar também se aprende contribuições da psicologia 3 históricocultural para a educação LUCENA ANDRADEBOCCATO e TULESKI 2018 teve por objetivo relatar as atividades de um projeto de extensão da Universidade Estadual de Maringá por estagiários do último período de Psicologia É anunciado que o projeto é baseado 3 Nessa seleção excluímos o artigo Orientação à Queixa Escolar de Freller et al 2001 por ter como uma das autoras Beatriz de Souza umas das criadoras da OQE enquanto proposta teóricoprática 31 no referencial teórico da Psicologia HistóricoCultural e que a intervenção é realizada em uma escola estadual desde o ano de 2008 As autoras descrevem a intervenção baseadas na leitura dos relatórios de estágios anteriores entrevistas com a direção pedagoga e orientadora dos sétimos anos onde se constatou que a queixa escolar era falta de interesse pelos estudos e defasagem na aprendizagem O projeto de intervenção foi elaborado e apresentado aos professores e coordenação pedagógica No primeiro encontro com os estudantes foram avaliados os hábitos de estudos por meio de um questionário Na primeira etapa de intervenção estes hábitos foram discutidos com os estudantes e acordouse com a possibilidade de apropriação do conhecimento por meio do desenvolvimento de organização para a atividade de estudo Na segunda etapa da intervenção foram trabalhados os métodos de estudo resumo paráfrase esquema e organizadores gráficos p 5 com organização de cunho prático e adaptado às características dos grupos Ao final os estudantes revisaram os conceitos aprendidos por meio de uma gincana As autoras indicam como resultados positivos que professores mudaram a concepção em relação à aprendizagem dos estudantes acreditando nas potencialidades deles Ressaltam como limitações a necessidade de maior envolvimento dos docentes inclusive com a adoção dos métodos de estudos ensinados durante as próprias aulas O segundo relato intitulado Proposições metodológicas na intervenção com estudantes com queixa escolar OLIVEIRA BRAGAGNOLO e SOUZA 2014 teve como objetivo descrever uma experiência de intervenção voltada para estudantes com histórico de fracasso escolar e que procuraram uma clínica escola de psicologia de uma universidade privada de Palhoça Santa Catarina A intervenção se pautou em 3 formas de atendimento atendimentos individuais e grupais para estudantes e para paiscuidadores e um grupo chamado de InterAção com os professores desses estudantes As autoras do artigo fazem menção ao referencial teórico da Psicologia Históricocultural como balizador das ações de atendimento e citam os estudos de Fernandes 2007 Souza 2007 e Souza 2010 como referencial para os procedimentos metodológicos sendo as duas últimas autoras responsáveis pela implementação da OQE na USP Também mencionam reflexões a partir da perspectiva da escola como produtora do fracasso escolar denunciada por Patto 1990 Ainda relatam que os estudos e atendimentos realizados na 32 clínicaescola têm como princípio norteador a compreensão do fracasso escolar como um fenômeno multifacetado imbricado numa rede de relações que inclui escola família e estudante p 478 Por fim o terceiro relato trata da queixa escolar mas não ocorre no espaço da escola O artigo O atendimento a queixas escolares no CRAS apresenta uma forma de atuação do psicólogo frente às queixas escolares que estão associadas a questões sociais SARAIVA 2018 O autor tece um relato de experiência com grupos multifamiliares devido ao descumprimento da condicionalidade frequência escolar para beneficiários do Programa Bolsa Família Neste relato a queixa escolar é a própria infrequência escolar Em um CRAS da grande São Paulo era comum o encaminhamento de dezenas de famílias que eram advertidas ou tinham seus benefícios cancelados por não garantirem a frequência escolar mínima de seus filhos Diante dessa queixa escolar que implicava inclusive em um maior risco social aos estudantes e famílias e na perda da oportunidade de transformação social possibilitada pelo acesso à educação o CRAS criou uma nova modalidade de atendimento inspirado na orientação à queixa escolar conforme proposto por Souza B 2010 4 SARAIVA 2018 p 216 Assim na intervenção breve e focal com as famílias 10 a 15 participantes eram discutidas possíveis razões para o recebimento da sanção aos moldes da triagem de orientação proposta pela autora p 216 Os encontros duravam em torno de duas horas prezando por uma relação horizontal com os participantes em uma discussão dos fatores da infrequência escolar dos filhos Os encontros que também podiam ser únicos revelavam não haver relação entre a queixa e questões familiares e sim estavam relacionadas a certos funcionamentos escolares dificuldades de deslocamentotransporte dificuldades de adquirir materiais escolaresuniformes falta de vagas em inícios de períodos letivos situações de violência institucional adolescentes não alfabetizados que não viam sentido em entrar nas aulas A partir do que as famílias relataram o CRAS buscava um diálogo com as escolas visitas e discussão dos casos 4 Aqui o autor faz menção ao livro Orientação à Queixa Escolar edição de 2010 Em outros artigos encontramos a menção ao mesmo livro publicado em 2007 33 Conforme podemos observar as três intervenções possuem ações metodológicas que contemplam princípios da OQE Porém no primeiro relato de Lucena AndradeBoccato e Tuleski 2018 as autoras não fazem nenhuma menção à adoção do referencial teórico da OQE Apesar de identificarmos vários elementos presentes que comungam da OQE e outros que se distanciam não procedemos uma análise deste à luz dos princípios da técnicos anunciados por não ser a proposta das autoras de se vincular a esse referencial A análise seguiu de forma mais aprofundada com os dois artigos de Oliveira Bragagnolo Souza 2014 e Saraiva 2018 que anunciaram a assunção a tais princípios Em relação ao cuidado em oferecer espaços de expressões potentes e obter e problematizar as versões de todos os envolvidos na queixa escolar podemos perceber que esses princípios aparecem contemplados em Oliveira Bragagnolo Souza 2014 pois escutam professores pais e estudantes inclusive sobre detalhes de seu percurso escolar sob sua própria ótica Assumiuse então o compromisso de ouvir as criançasestudantes de ouvir as histórias que contavam sobre si mesmas ou seja os sentidos que imprimiam à sua trajetória de escolarização criançassujeitos que expressavam sua compreensão sobre o que se vive na escola p 476 Em Oliveira Bragagnolo e Souza 2014 inclusive a diversidade de recursos e estratégias utilizadas para coletar as versões e realizar as intervenções é mencionado explicitamente foram utilizados roteiros de entrevista desenhos redações vídeos diários fotografias cartas brinquedos jogos literatura infantojuvenil revistas sites da internet cadernos escolares e avaliações como recursos técnicos p 479 No trabalho de Saraiva 2018 há a coleta detalhada da versão dos familiares em relação à queixa escolar infrequência escolar mas não é possível identificar se o próprio estudante é ouvido A escola também parece ser ouvida somente em situação de mediação para esclarecimentos Ao que se referese ao princípio de promover a circulação das informações nos relatos de Oliveira Bragagnolo Souza 2014 e Saraiva 2018 são bem demarcadas situações de devolutiva e discussão dos encaminhamentos Quanto ao princípio identificar mobilizar e fortalecer as potências contidas nessa rede apreendese pelo relato que Oliveira Bragagnolo Souza 2014 mobiliza as potências de todos os envolvidos na rede porém não é 34 possível identificar se há uma ênfase nas potencialidades dos estudantes O mesmo ocorre em Saraiva 2018 que parece envolver e ouvir em profundidade famílias e escolas mas não há interlocução com o próprio estudante O princípio de não fragmentar o atendimento em etapas de diagnóstico e intervenção reconhece a potência do atendimento único para a resolução da queixa escolar e também de uma intervenção sensível ao contexto a novas informações em um processo de construção a partir da queixa e suas particularidades Apenas o relato de Saraiva 2018 deixa explícita essa não divisão Em Oliveira Bragagnolo Souza 2014 fica implícito que as observações conversas e entrevistas ocorrem de forma concomitante à intervenção utilizando inclusive o recurso de observação participante nos atendimentos individuais Importante destacar que todos os relatos desenvolveram propostas de intervenção prioritariamente coletivas atendendo essa indicação de promoção de atendimentos grupais quando possível Em Oliveira Bragagnolo Souza 2014 a depender da queixa escolar de alguns estudantes que foram atendidos individualmente havia a proposição de continuidade com atendimentos em grupo A modalidade de atendimento à família e à escola também era grupal Os dois relatos também não faziam uso de testes ou instrumentos padronizados ou algum protocolo prédeterminado Em muitos momentos dos artigos apreendese a flexibilidade de mudarpropor intervenções de modo a considerar as particularidades do grupo atendido indicando seguir o princípio de atenção à singularidade Por fim o princípio de estabelecer relações horizontais nas quais não se evidenciasse uma valorização do saber da Psicologia em detrimento aos demais ficou evidente no relato de Oliveira Bragagnolo e Souza 2014 e Saraiva 2018 devido à menção de construções coletivas de estratégias em um espaço de escuta bastante horizontal Ambas experiências indicam resultados em relação à resolução e encaminhamento da queixa escolar Oliveira Bragagnolo e Souza 2014 evidenciam uma potencialização dos estudantes e compreensão dos professores que as queixas não são decorrentes de questões individuais contribuindo para a não estigmatização dos estudantes e não medicalização da queixa 35 Saraiva 2018 por sua vez tem como resultados a compreensão da queixa da infrequência escolar para além do estereótipo de culpabilização das famílias ou da pobreza Nesse sentido são desvelados fatores escolares relacionais e institucionais que têm implicância direta com a queixa e portanto também dependem da escola para alcançar mudanças Fatores sociais como problemas com transporte escolar cobranças de taxas que os pais não têm condições de arcar dificuldades para compra de uniformes e materiais escolares e ausência de vagas para determinados períodos do ano são alguns exemplos de justificativas apresentadas para a infrequência escolar e que são equivocadamente responsabilizadas unicamente às famílias Além dessas destacase os adolescentes que faltam às aulas por não serem alfabetizados e portanto não vêem a escola como possibilidade e pertencimento Os dois relatos são de intervenções em ambientes muito distintos Enquanto Oliveira Bragagnolo e Souza 2014 desenvolvem a experiência em um serviçoescola conduzidos por estudantes universitários assim como ocorre na USP berço da OQE o estudo de Saraiva 2018 é realizado em um Centro de Referência de Assistência Social Essa constatação demonstra a viabilidade de aplicação dos princípios da OQE para atendimento a queixas escolares independente do espaçolocal onde são acolhidas O trabalho de Saraiva 2018 indica que é possível esse olhar cuidadoso para a queixa e seus envolvidos considerando sua dimensão social que nesse caso é a principal justificativa para o acolhimento da queixa em um CRAS Uma questão que nos chamou a atenção se refere ao fato de que nenhuma das experiências relatadas foi realizada em instituições escolares uma vez que os princípios técnicos da OQE podem ser igualmente orientadores de práticas de natureza institucional Esperamos que com a aprovação da Lei 139352019 que prevê a inserção de psicólogosas e assistentes sociais na Educação Básica tenhamos modificações nesse cenário 36 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em linhas gerais a produção científica brasileira mostra que a queixa escolar vem sendo um fenômeno amplamente estudado por profissionais da Psicologia e da Educação em uma perspectiva crítica como podese perceber nos seguintes dados dentre os 51 artigos das áreas da Psicologia e Educação encontrados 39 deles 764 ampliam o olhar sobre esse fenômeno ao compreendêlo criticamente em suas múltiplas dinâmicas Os outros 12 artigos 235 foram incluídos na perspectiva não crítica pois estabelecem avaliações individualistas e centradas nas crianças ou em suas famílias A análise dos artigos que tratam de concepções sobre a queixa escolar em uma perspectiva crítica aqui descritos levounos ao entendimento do impacto das postulações teóricopráticas da Psicologia Escolar Crítica e da OQE no sentido de dar visibilidade à multideterminação do fenômeno profícua tanto enquanto pressuposto norteador de pesquisas como de práticas educativas e do campo da Psicologia Em função da localização de publicações que consideramos não críticas que caminham na contramão desta discussão os resultados nos levaram a refletir sobre a Psicologia enquanto ciência e profissão marcada por um corpo heterogêneo que ainda se encontra diante o desafio do compromisso éticopolítico da Psicologia Escolar e Educacional de romper com concepções e práticas reducionistas compreendendo osas psicólogosas escolares como profissionais da educação e não como profissionais de saúde que ocupam e prestam um serviço para a educação Não obstante a presença de artigos críticos e não críticos evidencia o movimento dialético da atuação profissional e da produção científica brasileira e o elevado percentual de produções científicas seguiram orientadas por denúncias e pela visibilidade de rupturas teóricometodológicas no atendimento à queixa escolar corroborando para a luta coletiva que anseia transformações nas esferas da Psicologia e da Educação Nesse processo destacamos a grande contribuição do aporte teóricometodológico produzido pela Orientação à Queixa 37 Escolar havendo grande repercussão nas pesquisas sobre a queixa escolar por suas contribuições para práticas consonantes com a Psicologia Escolar Crítica À guisa de sugestão entendemos que pesquisas que visem caracterizar e analisar a produção científica nacional em relação às contribuições da Orientação à Queixa Escolar em outros bancos de dados eou em anais de eventos poderão possibilitar uma compreensão mais ampliada sobre as práticas de psicólogosas que trabalham com essa modalidade de atendimento osas quais diante das exigências dos periódicos científicos não publicizam suas experiências em revistas indexadas como a SciELOBrasil 38 7 REFERÊNCIAS BENEDETTI M D et al Medicalização e educação análise de processos de atendimento em queixa escolar Psicologia Escolar e Educacional online v 22 n 1 pp 7381 2018 Disponível em httpsdoiorg101590217535392018010144 Acesso em 31 Outubro 2021 BRAY C T LEONARDO N S T As queixas escolares na compreensão de educadoras de escolas públicas e privadas Psicologia Escolar e Educacional online v 15 n 2 pp 251261 2011 Disponível em httpsdoiorg101590S141385572011000200007 Acesso em 21 Novembro 2021 BUENO J G S OLIVEIRA A M R de Balanço tendencial das dissertações e teses sobre dificuldades de aprendizagem 19872010 Filosofia e Educação Campinas SP v 5 n 2 p 166188 2013 Disponível em httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphprfearticleview8635399 Acesso em 24 nov 2021 CARNEIRO C COUTINHO L G Infância e adolescência como chegam as queixas escolares à saúde mental Educar em Revista online v 0 n 56 pp 181192 2015 Disponível em httpsdoiorg1015900104406037764 Acesso em 31 Outubro 2021 CHIODI C da S FACCI M G D O processo de avaliação psicológica no estado do Paraná Fractal Revista de Psicologia online v 25 n 1 pp 127144 2013 Disponível em httpsdoiorg101590S198402922013000100009 Acesso em 31 Outubro 2021 CUNHA E de O et al A queixa escolar sob a ótica de diferentes atores análise da dinâmica de sua produção Estudos de Psicologia Campinas online v 33 n 2 pp 237245 2016 Disponível em httpsdoiorg101590198202752016000200006 Acesso em 21 Novembro 2021 DAZANNI M V M et al Queixa escolar uma revisão crítica da produção científica nacional Psicologia Escolar e Educacional online v 18 n 3 pp 421428 2014 Disponível em httpsdoiorg1015902175353920140183762 Acesso em 21 Novembro 2021 ELIAS L C dos SMARTURANO E D Oficinas de linguagem proposta de atendimento psicopedagógico para crianças com queixas escolares Estudos de Psicologia Natal online v 10 n 1 pp 5361 2005 Disponível em httpsdoiorg101590S1413294X2005000100007 Acesso em 31 Outubro 2021 39 FACCI M G D LEONARDO N S T SOUZA M P R Orgs Avaliação psicológica e escolarização contribuições da psicologia históricocultural 1 ed Teresina EDUFPI 2019 FERNANDES A M D et al Histórias e práticas do sofrer na escola múltiplos atosatores na produção do alunoproblema In MACHADO A FERNANDES A ROCHA M da Orgs Novos Possíveis no encontro da Psicologia com a Educação São Paulo Casa do Psicólogo 2007 pp 145166 FERREIRA A A CONTE K de M MARTURANO E M Meninos com queixa escolar autopercepções desempenho e comportamento Estudos de Psicologia Campinas online v 28 n 4 pp 443451 2011 Disponível em httpsdoiorg101590S0103166X2011000400005 Acesso em 31 Outubro 2021 FRELLER C C et al Orientação à queixa escolar Psicologia em Estudo online v 6 n 2 pp 129134 2001 Disponível em httpsdoiorg101590S141373722001000200018Acesso 31 Outubro 2021 GARBARINO M I Queixa escolar e gênero a desconstrução de estereótipos na educação Revista Brasileira de Educação online v 26 2021 Disponível em httpsdoiorg101590S141324782021260011 Acesso em 20 Novembro 2021 GARBARINO M I O Discurso Meritocrático nas Explicações Parentais de Crianças com Queixa Escolar Psicologia Ciência e Profissão online v 40 2020 Disponível em httpsdoiorg10159019823703003195858 Acesso em 31 Outubro 2021 LABADESSA V M LIMA V A de A Queixa escolar repercussões na escola a partir do atendimento psicológico Psicologia Escolar e Educacional online v 21 n 3 pp 369377 2017 Disponível em httpsdoiorg10159021753539201702131116 Acesso em 21 Novembro 2021 LEONARDO N ST LEAL Z FRG ROSSATO SPM Pesquisas em Queixa Escolar Desvelando e desmistificando o cotidiano escolar 1ª ed Maringá EDUEM 2012 LEONARDO N S T LEAL Z F de R G ROSSATO S P M A naturalização das queixas escolares em periódicos científicos contribuições da Psicologia HistóricoCultural Psicologia Escolar e Educacional online v 19 n 1 pp 163171 2015 Disponível em httpsdoiorg1015902175353920150191816 Acesso em 22 Novembro 2021 LEONARDO N S T LEMES M J FACCI M G D O psicólogo diante da queixa escolar possibilidades de enfrentamento Ensino Em ReVista 231 275302 2016 Disponível em httpsseerufubrindexphpemrevistaarticleview3544418641Acesso em 31 de outubro de 2021 LESSA P V SOUZA M P R Avaliação psicológica na perspectiva históricocultural o que o psicólogo escolar pode fazer In FACCI M G D LEONARDO N S T SOUZA M P 40 R Orgs Avaliação psicológica e escolarização contribuições da psicologia históricocultural 1 ed Teresina EDUFPI 2019 LIMA D de P PRADO M B e S SOUZA B de P Orientação quanto à queixa escolar relativa a adolescentes especificidades Psicologia Escolar e Educacional online v 18 n 1 pp 6775 2014 Disponível em httpsdoiorg101590S141385572014000100007 Acesso em 4 Novembro 2021 MARTURANO E M TOLLER G P e ELIAS L C S Gênero adversidade e problemas socioemocionais associados à queixa escolar Estudos de Psicologia Campinas online v 22 n 4 pp 371380 2005 Disponível em httpsdoiorg101590S0103166X2005000400005 2005 Acesso em 31 Outubro 2021 MEIRA M E M Psicologia escolar pensamento crítico e práticas profissionais In TANAMACHI E RPROENÇA M ROCHA M LOrgs Psicologia e educação desafios teórico práticos São Paulo Casa do Psicólogo 2000 pp 3571 OLIVEIRA J L A P BRAGAGNOLO R I e SOUZA S V Proposições metodológicas na intervenção com estudantes com queixa escolar Psicologia Escolar e Educacional online v 18 n 3 pp 477484 2014 Disponível em httpsdoiorg1015902175353920140183770 Acesso em 23 Novembro 2021 PATTO M H de S A produção do fracasso escolar São Paulo T A Queiroz 1990 PATTO M H de S Para uma Crítica da Razão Psicométrica Psicologia USP online v 8 n 1 pp 4762 1997 Disponível em httpsdoiorg101590S010365641997000100004 Acesso em15 Novembro 2021 ROSA NETO F et al O esquema corporal de crianças com dificuldade de aprendizagem Psicologia Escolar e Educacional online v 15 n 1 pp 1522 2011 Disponível em httpsdoiorg101590S141385572011000100002 Acesso em 31 Outubro 2021 ROSSATO S P M LEONARDO N S T A queixa escolar na perspectiva de educadores da Educação Especial Psicologia Escolar e Educacional online v 16 n 1 pp 1523 2012 Disponível em httpsdoiorg101590S141385572012000100002 Acesso em 21 Novembro 2021 SARAIVA L F O O atendimento a queixas escolares no CRAS Psicologia Escolar e Educacional online v 22 n 1 pp 215217 2018 Disponível em httpsdoiorg101590217535392018011944 Acesso em 31 Outubro 2021 SCHNEIDER A C B SOUZA A P R DEUSCHLE V P Intervenção fonoaudiológica com gêneros textuais em um grupo de escolares Revista CEFAC online v 12 n 2 pp 337345 2010 Disponível em httpsdoiorg101590S151618462010000200022 Acesso em 31 Outubro 2021 SCHWEITZER L SOUZA S V Os sentidos atribuídos à queixa escolar por profissionais de escolas públicas municipais Psicologia Escolar e Educacional online v 22 n 3 pp 41 565572 2018 Disponível em httpsdoiorg101590217535392018034949 Acesso em 4 Novembro 2021 SILVA C BARRETTO E S de S Indisciplina e violência escolar um estudo de caso Educação e Pesquisa online v 44 2018 Disponível em httpsdoiorg101590S16784634201844165933 Acesso em 20 Novembro 2021 SOUZA B de P Org Orientação à queixa escolar São Paulo Casa do Psicólogo 2007 SOUZA B de P Orientação à queixa escolar considerando a dimensão social Psicologia Ciência e Profissão online v 26 n 2 pp 312319 2006 Disponível em httpsdoiorg101590S141498932006000200012 Acesso em 7 Novembro 2021 SOUZA M P R SILVA S M C YAMAMOTO K Orgs Atuação do psicólogo na educação básica concepções práticas e desafios Uberlândia EDUFU 2014 SOUZA M P R Org Ouvindo crianças na escola abordagens qualitativas e desafios metodológicos para a psicologia São Paulo Casa do Psicólogo 2010 SOUZA M P R Problemas de aprendizagem ou problemas na escolarização Repensando o cotidiano escolar à luz da perspectiva históricocrítica em Psicologia In TRENTO D OLIVEIRA M REGOT Org Psicologia Educação e as Temáticas da Vida Contemporânea vol 1 2 edSão Paulo Moderna p 177196 2008 TANAMACHI E R MEIRA M E M A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação In MEIRA M E M ANTUNES M A M Orgs Psicologia escolar práticas críticas São Paulo Casa do Psicólogo 2003 TOASSA G Orientação à queixa escolar uma nova prática em psicologia clínica Psicologia Escolar e Educacional online v 13 n 1 pp 167168 2009 Disponível em httpsdoiorg101590S141385572009000100019 Acesso em 20 Novembro 2021 42