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Administração ·

Psicanálise

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Percepção Signo perceptivo Inconsciente Preconsciente Consciência FREUD S Carta 52 FREUD S A interpretação dos sonhos FREUD S O ego e o id SAUSSURE Ferdinand de Curso de Linguística Geral COMUNICAÇÃO E PSICANÁLISE A LINGUAGEM E SUA DUPLA ARTICULAÇÃO A LINGUÍSTICA ESTRUTURAL Ferdinand de Saussure Livro Curso de Linguística Geral 1915 LÍNGUA tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade só na massa falante existe de modo completo é essencial e social é ARBITRÁRIA CÓDIGO FALA manifestação individual do USO da língua é momentânea acidental acessória ato individual de vontade e inteligência o indivíduo por si só não pode modificar a língua deve submeterse a ela para estabelecer a comunicação cada falante combina os elementos de acordo com as regras do código MENSAGEM LINGUAGEM LÍNGUA FALA O SIGNO LINGUÍSTICO CONCEITO IMAGEM ACÚSTICA SIGNIFICANTE SIGNIFICADO SIGNO NÃO É um nome que representa uma coisa A língua não pode ser reduzida a uma nomenclatura um conjunto de nomes associado a coisas Ela constituise como um SISTEMA DE ELEMENTOS QUE MANTÊM RELAÇÕES SOLIDÁRIAS ENTRE SI fenômeno complexo a unidade linguística o signo é uma coisa dupla constituída da união de dois termos um SOM e uma IDEIA Articula uma IMAGEM ACÚSTICA é psíquico a um CONCEITO A LÍNGUA É UM SISTEMA DE VALORES Os elementos do sistema não têm uma identidade absoluta mas assumem um valor na relação com os demais Caráter DIFERENCIAL dos elementos do sistema linguístico Exemplos CAPA PAPA Tanto o SIGNO como o SIGNIFICADO e o SIGNIFICANTE não existem de modo solitário mas apenas como parte de um CONJUNTO DE RELAÇÕES Sua identidade está ligada ao lugar que ele assume entre os demais elementos de um sistema Exemplo o sistema monetário SIGNIFICAÇÃO DEPENDE do valor linguístico Relação entre SIGNIFICANTE e SIGNIFICADO em determinado contexto O VALOR LINGUÍSTICO IDENTIDADE é sempre relativa constróise a partir das DIFERENÇAS das OPOSIÇÕES entre os termos de um sistema Visto a língua ser um sistema em que todos os termos são solidários e o valor de um resulta tão somente da presença simultânea de outros segundo o esquema abaixo OS DOIS EIXOS DE RELAÇÃO o da COORDENAÇÃO sintagma e o da ASSOCIAÇÃO paradigma seleção as primeiras se dão EM PRESENÇA e a outras se dão EM AUSÊNCIA sinônimos e sua diferença Relações associativas ou PARADIGMÁTICAS RELAÇÕES COORDENATIVAS ou SINTAGMÁTICAS Não acreditando no inferno não tinha onde meter o diabo venceu a dificuldade agasalhandoo no seu coração Machado de Assis Conto O sainete Fechava os olhos mas o sono andava pelas casas dos indiferentes não queria nada com uma pessoa em quem as esperanças mortas reviviam com vigor da adolescência Machado de Assis Conto Uma carta Tudo nele era postiço tudo dos outros Graciliano Ramos Romance Angústia Eu escorregava nesses silêncios boiava nesses silêncios como numa água pesada Graciliano Ramos Romance Angústia Sua caneta indicava seu fascínio por outras épocas O atacante humilhou o zagueiro aplicandolhe uma caneta Internos de um manicômico fazem TV Exemplos Exemplos de frases eixo sintagmático DEMITIDAPROMOVIDASUBSTITUIDA como isso também aparece na imagem Não são cores sons temperaturas cheiros o que percebemos do mundo são informações já cifradas Olhos narizes ouvidos peles não se limitam a fotografar o real mas o codificam enquadrandoo em uma grade de relações As culturas são análogas às regras dos jogos definem quais são os jogadores quais sãos os apetrechos e metas como se devem computar os pontos que jogadas são permitidas ou proibidas Viver em sociedade é de certa forma conhecer e sobretudo obedecer às regras do jogo social RODRIGUES José Carlos Antropologia e comunicação Gosto nojo paladar audição espaço tempo etc Ritual do Kuarup NOSSA CULTURA as múltiplas tribos LINGUAGEM PERCEPÇÃO SENSAÇÕES E PENSAMENTO O Espelho Esboço de uma nova teoria da alma humana Machado de Assis Quatro ou cinco cavaleiros debatiam uma noite várias questões de alta transcendência sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos A casa ficava no morro de Santa Teresa a sala era pequena alumiada a velas cuja luz fundiase misteriosamente com o luar que vinha de fora Entre a cidade com as suas agitações e aventuras e o céu em que as estrelas pestanejavam através de uma atmosfera límpida e sossegada estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo Por que quatro ou cinco Rigorosamente eram quatro os que falavam mas além deles havia na sala um quinto personagem calado pensando cochilando cuja espórtula no debate não passava de um ou outro resumo de aprovação Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros entre quarenta e cinqüenta anos era provinciano capitalista inteligente não sem instrução e ao que parece astuto e cáustico Não discutia nunca e defendiase da abstenção com um paradoxo dizendo que a discussão é a forma polida do instinto batalhador que jaz no homem como uma herança bestial e acrescentava que os serafins e os querubins não controvertiam nada e aliás eram a perfeição espiritual e eterna Como desse esta mesma resposta naquela noite contestoulha um dos presentes e desafiouo a demonstrar o que dizia se era capaz Jacobina assim se chamava ele refletiu um instante e respondeu Pensando bem talvez o senhor tenha razão Vai senão quando no meio da noite sucedeu que este casmurro usou da palavra e não dois ou três minutos mas trinta ou quarenta A conversa em seus meandros veio a cair na natureza da alma ponto que dividiu radicalmente os quatro amigos Cada cabeça cada sentença não só o acordo mas a mesma discussão tornouse difícil senão impossível pela multiplicidade das questões que se deduziram do tronco principal e um pouco talvez pela inconsistência dos pareceres Um dos argumentadores pediu ao Jacobina alguma opinião uma conjetura ao menos Nem conjetura nem opinião redargüiu ele uma ou outra pode dar lugar a dissentimento e como sabem eu não discuto Mas se querem ouvirme calados posso contarlhes um caso de minha vida em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata Em primeiro lugar não há uma só alma há duas Duas Nada menos de duas almas Cada criatura humana traz duas almas consigo uma que olha de dentro para fora outra que olha de fora para dentro Espantemse à vontade podem ficar de boca aberta dar de ombros tudo não admito réplica Se me replicarem acabo o charuto e vou dormir A alma exterior pode ser um espírito um fluido um homem muitos homens um objeto uma operação Há casos por exemplo em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa e assim também a polca o voltarete um livro uma máquina um par de botas uma cavatina um tambor etc Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida como a primeira as duas completam o homem que é metafisicamente falando uma laranja Quem perde uma das metades perde naturalmente metade da existência e casos há não raros em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira Shylock por exemplo A alma exterior daquele judeu eram os seus ducados perdêlos equivalia a morrer Nunca mais verei o meu ouro diz ele a Tubal é um punhal que me enteras no coração Vejam bem esta frase a perda dos ducados alma exterior era a morte para ele Agora é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma Não Não senhor muda de natureza e de estado Não aludo a certas almas absorventes como a pátria com a qual disse o Camões que morria e o poder que foi a alma exterior de César e de Cromwell São almas enérgicas e exclusivas mas há outras embora enérgicas de natureza mudável Há cavaleiros por exemplo cuja alma exterior nos primeiros anos foi um chocalho ou um cavalinho de pau e mais tarde uma provedoria de irmandade suponhamos Pela minha parte conheço uma senhora na verdade gentilíssima que muda de alma exterior cinco seis vezes por ano Durante a estação lírica é a ópera cessanda a estação a alma exterior substituise por outra um concerto um baile do Cassino a Rua do Ouvidor Petrópolis Perdão essa senhora quem é Essa senhora é parente do diabo e tem o mesmo nome chamase Legião E assim outros muitos casos Eu mesmo tenho experimentado dessas trocas Não as relato porque iria longe restrinjome ao episódio de que lhes falei Um episódio dos meus vinte e cinco anos Os quatro companheiros ansiosos de ouvir o caso prometido esqueceram a controvérsia Santa curiosidade tu não és só a alma da civilização és também o pomo da concórdia fruta divina de outro sabor que não aquele pomo da mitologia A sala até há pouco ruidosa de física e metafísica é agora um mar morto todos os olhos estão no Jacobina que concerta a ponta do charuto recolhendo as memórias Eis aqui como ele começou a narração Tinha vinte e cinco anos era pobre e acabava de ser nomeado alferes da guarda nacional Não imaginam o acontecimento que isto foi em nossa casa Minha mãe ficou tão orgulhosa tão contente Chamavame o seu alferes Primos e tios foi tudo uma alegria sincera e pura Na vila notese bem houve alguns despeitados choro e ranger de dentes como na Escritura e o motivo não foi outro senão que o posto tinha muitos candidatos e que esses perderam Suponho também que uma parte do desgosto foi inteiramente gratuita nasceu da simples distinção Lembrame de alguns rapazes que se davam comigo e passaram a olharme de revés durante algum tempo Em compensação tive muitas pessoas que ficaram satisfeitas com a nomeação e a prova é que todo o fardamento me foi dado por amigos Vai então uma das minhas tias D Marcolina viúva do Capitão Peçanha que morava a muitas léguas da vila num sítio escuso e solitário desejou verme e pediu que fosse ter com ela e levasse a farda Fui acompanhado de um pajem que daí a dias tornou à vila porque a tia Marcolina apenas me pilhou no sítio escreveu a minha mãe dizendo que não me soltava antes de um mês pelo menos E abraçavame Chamavame também o seu alferes Achavame um rapagão bonito Como era um tanto patusca chegou a confessar que tinha inveja da moça que houvesse de ser minha mulher Jurava que em toda a província não havia outro que me pusesse o pé adiante E sempre alferes era alferes para cá alferes para lá alferes a toda a hora Eu pedialhe que me chamasse Joãozinho como dantes e ela abanava a cabeça bradando que não que era o senhor alferes Um cunhado dela irmão do finado Peçanha que ali morava não me chamava de outra maneira Era o senhor alferes não por gracejo mas a sério e à vista dos escravos que naturalmente foram pelo mesmo caminho Na mesa tinha eu o melhor lugar e era o primeiro servido Não imaginam Se lhes disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho obra rica e magnífica que destoava do resto da casa cuja mobília era modesta e simples Era um espelho que lhe dera a madrinha e que esta herdara da mãe que o comprara a uma das fidalgas vindas em 1808 com a corte de D João VI Não sei o que havia nisso de verdade era a tradição O espelho estava naturalmente muito velho mas viaselhe ainda o ouro comido em parte pelo tempo uns delfins esculpidos nos ângulos superiores da moldura uns enfeites de madrepérola e outros caprichos do artista Tudo velho mas bom Espelho grande Grande E foi como digo uma enorme fineza porque o espelho estava na sala era a melhor peça da casa Mas não houve forças que a demovessem do propósito respondia que não fazia falta que era só por algumas semanas e finalmente que o senhor alferes merecia muito mais O certo é que todas essas coisas carinhos atenções obséquios fizeram em mim uma transformação que o natural sentimento da mocidade ajudou e completou Imaginam creio eu Não O alferes eliminou o homem Durante alguns dias as duas naturezas equilibraramse mas não tardou que a primitiva cedesse à outra ficoume uma parte mínima de humanidade Aconteceu então que a alma exterior que era dantes o sol o ar o campo os olhos das moças mudou de natureza e passou a ser a cortesia e os rapapés da casa tudo o que me falava do posto nada do que me falava do homem A única parte do cidadão que ficou comigo foi aquela que entendia com o exercício da patente a outra dispersouse no ar e no passado Custalhes acreditar não Custame até entender respondeu um dos ouvintes Vai entender Os fatos explicarão melhor os sentimentos os fatos são tudo A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada e se bem me lembro um filósofo antigo demonstrou o movimento andando Vamos aos fatos Vamos ver como ao tempo em que a consciência do homem se obliterava a do alferes tornavase viva e intensa As dores humanas as alegrias humanas se eram só isso mal obtinham de mim uma compaixão apática ou um sorriso de favor No fim de três semanas era outro totalmente outro Era exclusivamente alferes Ora um dia recebeu a tia Marcolina uma notícia grave uma de suas filhas casada com um lavrador residente dali a cinco léguas estava mal e à morte Adeus sobrinho adeus alferes Era mãe extremosa armou logo uma viagem pediu ao cunhado que fosse com ela e a mim que tomasse conta do sítio Creio que se não fosse a aflição disporia o contrário deixaria o cunhado e iria comigo Mas o certo é que fiquei só com os poucos escravos da casa Confessolhes que desde logo senti uma grande opressão alguma coisa semelhante ao efeito de quatro paredes de um cárcere subitamente levantadas em torno de mim Era a alma exterior que se reduzía estava agora limitada a alguns espíritos bocais O alferes continuava a dominar em mim embora a vida fosse menos intensa e a consciência mais débil Os escravos punham uma nota de humildade nas suas cortesias que de certa maneira compensava a afeição dos parentes e a intimidade doméstica interrompida Notei mesmo naquela noite que eles redobravam de respeito de alegria de protestos Nhô alferes de minuto a minuto Nhô alferes é muito bonito nhô alferes há de ser coronel nhô alferes há de casar com moça bonita filha de general um concerto de louvores e profecias que me deixou extático Ah pérfidos mal podia eu suspeitar a intenção secreta dos malvados Matálo Antes assim fosse Coisa pior Ouçamme Na manhã seguinte acheime só Os velhacos seduzidos por outros ou de movimento próprio tinham resolvido fugir durante a noite e assim fizeram Acheime só sem mais ninguém entre quatro paredes diante do terreiro deserto e da roça abandonada Nenhum fôlego humano Corri a casa toda a senzala tudo nada ninguém um molequinho que fosse Galos e galinhas tão somente um par de mulas que filosofavam a vida sacudindo as moscas e três bois Os mesmos cães foram levados pelos escravos Nenhum ente humano Parecelhes que isto era melhor do que ter morrido era pior Não por medo jurolhes que não tinha medo era um pouco atrevidinho tanto que não senti nada durante as primeiras horas Fiquei triste por causa do dano causado à tia Marcolina fiquei também um pouco perplexo não sabendo se devia ir ter com ela para lhe dar a triste notícia ou ficar tomando conta da casa Adotei o segundo alvitre para não desamparar a casa e porque se a minha prima enferma estava mal eu ia somente aumentar a dor da mãe sem remédio nenhum finalmente esperei que o irmão do tio Peçanha voltasse naquele dia ou no outro visto que tinha saído havia já trinta e seis horas Mas a manhã passou sem vestígio dele e à tarde comecei a sentir a sensação como de pessoa que houvesse perdido toda a ação nervosa e não tivesse consciência da ação muscular O irmão do tio Peçanha não voltou nesse dia nem no outro nem em toda aquela semana Minha solidão tomou proporções enormes Nunca os dias foram mais compridos nunca o sol abrasou a terra com uma obstinação mais cansativa As horas batiam de século a século no velho relógio da sala cuja pêndula tictac tictac feriame a alma interior como um piparote contínuo da eternidade Quando muitos anos depois li uma poesia americana creio que de Longfellow e topei com este famoso estribilho Never for ever For ever never confessolhes que tive um calafrio recordeime daqueles dias medonhos Era justamente assim que fazia o relógio da tia Marcolina Never for ever For ever never Não eram golpes de pêndula era um diálogo do abismo um cochicho do nada E então de noite Não que a noite fosse mais silenciosa O silêncio era o mesmo que de dia Mas a noite era a sombra era a solidão ainda mais estreita ou mais larga Tictac tictac Ninguém nas salas na varanda nos corredores no terreiro ninguém em parte nenhuma Riemse Sim parece que tinha um pouco de medo Oh fora bom se eu pudesse ter medo Viveria Mas o característico daquela situação é que eu nem sequer podia ter medo isto é o medo vulgarmente entendido Tinha uma sensação inexplicável Era como um defunto andando um sonâmbulo um boneco mecânico Dormindo era outra coisa O sono davame alívio não pela razão comum de ser irmão da morte mas por outra Acho que posso explicar assim esse fenômeno o sono eliminando a necessidade de uma alma exterior deixava atuar a alma interior Nos sonhos fardavame orgulhosamente no meio da família e dos amigos que me elogiavam o garbo que me chamavam alferes vinha um amigo de nossa casa e prometiame o posto de tenente outro o de capitão ou major e tudo isso faziame viver Mas quando acordava dia claro esvaíase com o sono a consciência do meu ser novo e único porque a alma interior perdia a ação exclusiva e ficava dependente da outra que teimava em não tornar Não tornava Eu saía fora a um lado e outro a ver se descobria algum sinal de regresso Soeur Anne soeur Anne ne voistu rien venir Nada coisa nenhuma tal qual como lenda francesa Nada mais do que a poeira da estrada e o capinzal dos morros Voltava para casa nervoso desesperado estiravame no canapé da sala Tictac tictac Levantavame passeava tamborilava nos vidros das janelas assobiava Em certa ocasião lembreime de escrever alguma coisa um artigo político um romance uma ode não escolhi nada definitivamente senteime e tracei no papel algumas palavras e frases soltas para intercalar no estilo Mas o estilo como a tia Marcolina deixavase estar Soeur Anne soeur Anne Coisa nenhuma Quando muito via negrejar a tinta e alvejar o papel Mas não comia Comia mal frutas farinha conservas algumas raízes tostadas ao fogo mas suportaria tudo alegremente se não fora a terrível situação moral em que me achava Recitava versos discursos trechos latinos liras de Gonzaga oitavas de Camões décimas uma antologia em trinta volumes Às vezes fazia ginástica outras dava beliscões nas pernas mas o efeito era só uma sensação física de dor ou de cansaço e mais nada Tudo silêncio um silêncio vasto enorme infinito apenas sublinhado pelo eterno tictac da pêndula Tictac tictac Na verdade era de enlouquecer Vão ouvir coisa pior Convém dizerlhes que desde que ficara só não olhara uma só vez para o espelho Não era abstenção deliberada não tinha motivo era um impulso inconsciente um receio de acharme um e dois ao mesmo tempo naquela casa solitária e se tal explicação é verdadeira nada prova melhor a contradição humana porque no fim de oito dias deume na veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de acharme dois Olhei e recuei O próprio vidro parecia conjurado com o resto do universo não me estampou a figura nítida e inteira mas vaga esfuma da difusa sombra de sombra A realidade das leis físicas não permite negar que o espelho reproduziume textualmente com os mesmos contornos e feições assim devia ter sido Mas tal não foi a minha sensação Então tive medo atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava receei ficar mais tempo e enlouquecer Voume embora disse comigo E levantei o braço com gesto de mau humor e ao mesmo tempo de decisão olhando para o vidro o gesto lá estava mas disperso esgaçado mutilado Entrei a vestirme murmurando comigo tossindo sem tosse sacudindo a roupa com estrépito afligindome a frio com os botões para dizer alguma coisa De quando em quando olhava furtivamente para o espelho a imagem era a mesma difusão de linhas a mesma decomposição de contornos Continuei a vestirme Subitamente por uma inspiração inexplicável por um impulso sem cálculo lembroume Se forem capazes de adivinhar qual foi a minha idéia Diga Estava a olhar para o vidro com uma persistência de desespero contemplando as próprias feições derramadas e inacabadas uma nuvem de linhas soltas informes quando tive o pensamento Não não são capazes de adivinhar Mas diga diga Lembroume vestir a farda de alferes Vestia apronteime de todo e como estava defronte do espelho levantei os olhos e não lhes digo nada o vidro reproduziu então a figura integral nenhuma linha de menos nenhum contorno diverso era eu mesmo o alferes que achava enfim a alma exterior Essa alma ausente com a dona do sítio dispersa e fugida com os escravos eila recolhida no espelho Imaginei um homem que pouco a pouco emerge de um letargo abre os olhos sem ver depois começa a ver distingue as pessoas dos objetos mas não conhece individualmente uns nem outros enfim sabe que este é Fulano aquele é Sicrano aqui está uma cadeira ali um sofá Tudo volta ao que era antes do sono Assim foi comigo Olhava para o espelho ia de um lado para outro recuava gesticulava sorria e o vidro exprimia tudo Não era mais um autômato era um ente animado Daí em diante fui outro Cada dia a uma certa hora vestiame de alferes e sentavame diante do espelho lendo olhando meditando no fim de duas três horas despiame outra vez Com este regime pude atravessar mais seis dias de solidão sem os sentir Quando os outros voltaram a si o narrador tinha descido as escadas IN ASSIS Machado de Contos uma antologia Volume I São Paulo Companhia das Letras 2004 2ª edição pág 401410 1 1 INTRODUÇÃO O filme Fahrenheit 451 governado por François Truffaut e fundado no história de Ray Bradbury é uma ação quão se passa em um ulterior distópico em que lugar a interpretação é proibida e os livros curado queimados por bombeiros designados para catafalco tarefa Nesse universo a sociedade vive sob um dieta totalitário quão visa eliminar qualquer forma de raciocínio dificultoso ou individualidade transformando os cidadãos em autômatos conformados com uma realidade superficial e controlada O protagonista Montag é um desses bombeiros quão ao copioso da trama começa a instar as normas impostas e a farejar a profundeza e a beldade dos livros quão ele deveria destruir Para psicanalisar as complexidades psicológicas e sociais apresentadas em Fahrenheit 451 é necessário apegarse às teorias psicanalíticas de Sigmund Freud e aos estudos linguísticos de Ferdinand de Saussure Freud em suas obras fundamentais quão A compreensão dos sonhos e O ego e o id explora a armação da alma humana enfatizando a consideração do bruto e dos mecanismos de preservação quão utilizamos para tratar com nossos conflitos internos A coibição dos desejos e a altercação entre o id ego e superego curado conceitos chave quão ajudam a perceber o conduta de Montag e a sociedade em quão ele vive Por outro lado a generalidades do símbolo linguístico de Saussure delineada em Curso de linguística geral fornece uma lente transversalmente da qual podemos saber quão a língua e os significados curado manipulados pelo dieta opressivo para guardar o domínio sociável Saussure argumenta quão os signos curado arbitrários e quão a língua é um escola estruturado de diferenças A gasto dos livros portanto não é levemente um feito de censura tacha uma prova de cronometrar a própria armação do raciocínio e da comunhão humana restringindo a alcance das pessoas de elaborar e soletrar significados de forma desobstruído e independente Este emprego alcance observar essas dimensões psicanalíticas e linguísticas no conjuntura de Fahrenheit 451 examinando quão a coibição do bruto e a manuseação dos signos linguísticos contribuem para a subsistência da regra sociável opressiva Ao próprio tempo a viajada de Montag representa a alcance pelo autoconhecimento e pela libertação do raciocínio desafiando as estruturas impostas 2 e revelando a consideração da literatura e do raciocínio dificultoso quão ferramentas de solidez e transformação 2 DESENVOLVIMENTO 22 Análise Psicanalítica de Fahrenheit 451 221 O Inconsciente e a Repressão No ventre da teoria freudiana o irrefletido é um repositório de desejos reprimidos memórias e impulsos quão embora não estejam incontinenti acessíveis à acordo influenciam profundo o conduta e as emoções Em Fahrenheit 451 a sociedade distópica retratada encalço suprimir qualquer forma de questionamento ou introspecção ao proscrever a interpretação e abalar livros Este ação de cachada de livros pode ser aferido ao marcha de refreio descrito por Freud em qual lugar memórias ou desejos inaceitáveis restabelecido mantidos em fora da acordo para premunir ansiedade A sociedade age quanto um superego coletivo tentando eliminar qualquer fisionomia de colisão ou ardor quão possa pairar a consistência social Montag o protagonista preliminarmente se conforma com essa refreio desempenhando seu função quanto encanador quão destrói livros sem instar as ordens Ele vive uma ente superficial desprovida de impenetrabilidade emotivo ou intelectual refletindo um acatadura de refreio psíquica No entanto sua viagem começa a desviar em que ocasião ele encontra Clarisse uma júvene quão o incita a instar a efetividade ao seu volta e a espelhar sobre seu mesmo função na sociedade Esse encontro serve quanto um catalisador para a afloramento do irrefletido de Montag em qual lugar desejos e pensamentos reprimidos começam a aparecer à tona 222 Estrutura da Psique Id Ego e Superego Freud descreve a espírito humana quão composta de três partes o id o ego e o superego O id representa os impulsos primitivos e desejos instintivos o superego 3 incorpora as normas sociais e morais internalizadas e o ego atua quão avindor entre os dois tentando estabilizar as demandas do id e as restrições do superego com a efetividade externa Em Fahrenheit 451 a entidade funciona quão um superego opressor impondo regras rígidas e censurando qualquer forma de semblante pessoal ou sentido crítico No abertura do filme Montag representa a encolhimento total ao superego social Ele executa suas trabalhos sem questionar reprimindo seus próprios desejos e impulsos id para se representar às expectativas da entidade No entanto à diligência que ele começa a ver os livros que deveria destruir seu id começa a emergir impulsionado pela raridade e pelo apetite de conhecimento Este conflito internado entre tomar as regras impostas pelo superego e examinar seus desejos e impulsos representa a briga cêntrico de Montag A desenvolvimento de Montag pode estar aspecto quão uma viajada de autodescoberta e individuação Ao ver ele começa a acessar partes de seu irrefletido que foram reprimidas pela entidade enfrentando conflitos internos e emoções que haviam sido suprimidas Esse decurso é doído e desorientador imperfeição ainda libertador permitindo que ele desenvolva uma igualdade mais autêntica e integrada 223 Mecanismos de Defesa Freud também detalha vários mecanismos de preservação que o ego utiliza para saber com conflitos e ansiedades A contenção é o maquinismo mais manifesto em Fahrenheit 451 em que lugar a entidade tenta conservar pensamentos perturbadores a ao longo da acordo ao gastar livros Outros mecanismos de preservação que podem existir identificados no filme incluem a contradição e a arrojo A contradição é ostensível na figura quanto os cidadãos curado condicionados a ignorar ou arre de descrer a ser de qualquer complicação ou colisão interno Eles curado encorajados a viver vidas superficiais distraindose com entretimento vazio e evitando qualquer figura de introspecção A arrojo também pode existir aspecto na figura quanto a entidade projeta seus medos e ansiedades sobre os livros e aqueles que os leem Os livros curado demonizados e vistos quanto perigosos representando uma intimidação à regra 4 social Esta arrojo serve para mudar a reverência dos problemas internos da entidade e arrumar a erro em um outro externo 224 Sonhos e Realidade Na obra A compreensão dos sonhos Freud argumenta que os sonhos sarado uma meio de acolhimento ao inconsciente em qual lugar desejos e conflitos reprimidos se manifestam simbolicamente Em Fahrenheit 451 embora os sonhos literais de Montag não sejam explicitamente mostrados suas visões e momentos de introspecção funcionam de processo semelhante À providência que ele lê ele começa a querer uma arsenal de revelações e insights que funcionam quanto uma aparência de ilusão acordado revelando seus medos e desejos reprimidos Esses momentos de expressão e introspecção sarado cruciais para a reforma de Montag Eles permitem que ele veja afora da amenidades da associação e entenda a profundura e a dificuldade da experimento humana Os livros portanto funcionam quanto uma janela para o inconsciente proporcionando uma aparência de acessar e integralizar aspectos reprimidos de si mesmo 225 Conflito e Transformação O conflito internado de Montag entre sua camaradagem às normas sociais superego e seus desejos emergentes de notícia e liberdade id culmina em uma reformação profunda Este decurso de reformação é doloroso e atarefado de conflitos balda é também o sistema para a particularização e a efetivação pessoal Montag deve confrontar e integrar partes de si próprio que foram reprimidas e negadas enfrentando seus medos e ansiedades para se voltar uma indivíduo mais completa e autêntica Em suma Fahrenheit 451 pode estar olhado quão uma aproveitamento profunda da entendimento humana e dos processos de contenção e libertação Através da lente da psicanálise freudiana podemos compreender a viagem de Montag quão uma encalço pela associação e autoconhecimento enfrentando e superando os mecanismos de preservação que tentam segurar o bruto reprimido A 5 leitura neste contexto é uma aparência de solidez e emancipação permitindo que ele acesse e integre partes de si próprio que foram suprimidas pela sociedade 3 CONCLUSÃO A esquadrinhamento psicanalítica de Fahrenheit 451 revela camadas profundas de significado mostrando quão a refreio do inconsciente a luta entre id ego e superego e os mecanismos de resguardo desempenham papelagem cruciais na edificação da história e no ampliação dos personagens Através da lente das teorias de Freud podemos assistir quão a sociedade distópica retratada no filme tenta cronometrar e omitir qualquer forma de idéia embaraçoso ou sensibilidade individual utilizando a queimada de livros quão uma translação poderosa para a refreio psíquica 31 Repressão Social e Individual A refreio um idéia cêntrico na psicanálise freudiana é distintamente evidenciada na instituição de Fahrenheit 451 A interdição dos livros e a depreciação das ideias servem para segurar a regra conversável ao eliminar qualquer fonte de conflito ou introspecção Esta refreio é tão coletiva quão individual pois os cidadãos sanado condicionados a renegar suas próprias curiosidades e desejos conformandose a uma ente ligeiro e desprovida de profundeza emotivo e intelectual Montag preliminarmente um propulsor dessa refreio começa a treplicar sua efetividade ao penetrar em contigüidade com os livros proibidos iniciando um curso doloroso senão necessário de autodescoberta 32 Conflito Psíquico e Transformação A viagem de Montag pode existir entendida quanto uma altercação interna entre as forças do id e do superego mediadas pelo ego Freud descreve catafalco dinâmica quanto cêntrico para o energia psíquico com o id representando desejos primitivos e instintivos o superego incorporando normas e valores sociais e o ego tentando estabilizar essas forças com a realidade externa Em Fahrenheit 451 Montag primeiramente vive sob a prestígio dominante do superego social cumprindo 6 suas afazeres sem instar No entanto ao ver os livros ele começa a reconhecer seus desejos reprimidos e a instar as imposições sociais representando a afloramento do id e a altercação por equilíbrio e autoconhecimento 33 Sonhos e Revelações Os momentos de representação e introspecção de Montag funcionam quão sonhos freudianos em que lugar desejos e conflitos reprimidos se manifestam simbolicamente A interpretação dos livros proibidos proporciona a ele insights profundos funcionando quão uma janela para seu inconsciente Freud argumenta quão os sonhos curado uma via de acolhimento ao inconsciente e em Fahrenheit 451 a interpretação assume esse papel permitindo quão Montag confronte e integre partes de sua alma quão foram suprimidas Este decurso de representação é substancial para sua reformação e individuação permitindo quão ele desenvolva uma equivalência mais autêntica e completa 34 Mecanismos de Defesa Os mecanismos de resguardo descritos por Freud quanto a contradição e a projeção curado bem visíveis na sociedade retratada no filme A contradição é flagrante na figura quanto os cidadãos curado encorajados a desconhecer qualquer figura de colisão interno ou externo vivendo vidas superficiais e distraídas A projeção por sua vez é perceptível na demonização dos livros e dos leitores Ao exibir seus medos e ansiedades nos livros a sociedade desvia a reverência de seus próprios problemas internos colocando a erro em um outro externo Montag ao incoar a ler desafia esses mecanismos de resguardo reconhecendo que os livros não curado a fonte do problema senão sim a chave para a interpretação e a liberdade 35 Busca pelo Autoconhecimento A reformação de Montag é uma viajada de particularização um seguimento de autoconhecimento e incorporação de aspectos reprimidos da psique Esta viajada 7 é representativa da disputa humana mundial pela autocompreensão e liberdade Freud sugere quão a particularização é um seguimento contínuo e desafiador onde o indiviso deve incessantemente contratar entre os desejos do id e as restrições do superego Em Fahrenheit 451 a interpretação é o catalisador para catafalco reformação permitindo quão Montag explore e integre partes de si próprio quão foram suprimidas pela adequação social 36 Importância da Literatura e do Pensamento Crítico Através da leitura Montag descobre a profundez e a dificuldade da experimento humana desafiando a superficialidade imposta pela sociedade Os livros oferecem uma aparência de resistência proporcionando uma via de acolhimento ao irrefletido e permitindo a oportunismo de novas ideias e perspectivas A literatura portanto não é levemente uma intimidação à regra social senão também uma instrumento de libertação e transformação Através dos livros Montag aprende a questionar repetir e perceber o universo de método mais profunda revelando a consideração fundamental do idéia dificultoso e da opção de expressão 37 Implicações Psicológicas e Sociais A esquadrinhamento psicanalítica de Fahrenheit 451 ilumina as implicações psicológicas e sociais de uma entidade que reprime o idéia dificultoso e a semblante individual A freio do inconsciente a manuseação dos signos linguísticos e os mecanismos de resguardo sarado estratégias utilizadas para segurar o domínio sociável tacha ao empenho da propriedade e da opção A viagem de Montag representa a altercação pela reintegração dessas qualidades humanas essenciais mostrando que a verdadeira opção e autoconhecimento mero podem ser alcançados atravessadamente da comparação e agregação dos aspectos reprimidos da psique Em conclusão Fahrenheit 451 é uma atuação que oferece uma rica fundação para esquadrinhamento atravessadamente das teorias psicanalíticas de Freud A freio os conflitos internos e os mecanismos de resguardo sarado temas centrais que se entrelaçam para destinar uma julgamento poderosa sobre o domínio sociável e a valimento da opção de idéia A viagem de Montag é uma simulacro simbolismo da 8 seguimento pela agregação e autoconhecimento enfrentando e superando as forças repressivas da entidade Este seguimento de reformação é necessário para a edificação de uma equivalência mais autêntica e livre desafiando as estruturas opressivas e revelando a valimento da literatura e do idéia dificultoso na seguimento pela veracidade e pela opção 4 REFERÊNCIAS BRADBURY Ray Fahrenheit 451 São Paulo Globo 2013 FREUD Sigmund A interpretação dos sonhos São Paulo Companhia das Letras 2010 FREUD Sigmund O ego e o id São Paulo Companhia das Letras 2011