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Pedagogia ·
Geografia
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O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR Anailton de Souza Gama1 Sonner Arfux de Figueiredo2 Resumo O presente artigo pretende discutir o planejamento no contexto escolar entendendo que a escola tem um importante papel na formação e no desenvolvimento do homem e um aliado insubstituível dessa concepção de escola é o planejamento educacional que possibilita a ela uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula baseado na necessidade e no conhecimento de mundo dos alunos que por sua vez são os principais interessados e possivelmente os principais beneficiados com o sucesso nesse tipo de organização metodológica que visa o crescimento do homem dentro da sociedade Palavraschave Planejamento professores contexto escolar Introdução O planejar foi uma realidade que sempre acompanhou a trajetória histórica da humanidade O homem sempre pensou suas ações embora não soubesse que deste modo estaria planejando Ele pensa sobre o que fez o que deixou de fazer sobre o que está fazendo e o que pretende fazer no futuro ele usa sua razão sempre imagina o que pretende fazer ou seja suas ações O ato de imaginar pensar não deixa de ser uma forma de planejamento O planejamento está presente em nosso diaadia mesmo que implícito como o caso da pessoa que ao levantarse pela manhã pensa no seu dia no que vai acontecer ao longo dele Como não se tem certeza do que realmente irá acontecer no passar dessas vinte e quatro horas a pessoa obrigase a pesar prever imaginar e tomar decisões contudo ela sempre espera tomar as decisões mais acertadas para que sua ação alcance os objetivos esperados mesmo não tendo consciência de que está realizando um planejamento esta pessoa está fazendo o uso do ato de planejar No caso do planejamento educacional são várias as definições sendo que cada autor procura descrevêlo sob sua própria visão Segundo Martinez e Oliveira 1997 p 11 Entendese por planejamento um processo de previsão de 1 Graduado em Letras UFMS Especialista em Literatura Comparada UFMS Mestre em Lingüística pela UFMS ProfessorUEMS 2 Graduado em Matemática Mestre em Engenharia Elétrica UNITAU Professor do Curso de MatemáticaUEMS necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis a fim de alcançar objetivos concretos em prazos determinados e em etapas definidas a partir do conhecimento e avaliação cientifica da situação original Este tipo de definição não se caracteriza por um tipo específico de planejamento podendo também ser compreendido como planejamento econômico industrial ou ainda como o tipo de planejamento que o presente artigo se propõe a apresentar ou seja o planejamento educacional Para Menegola e SantAnna 2001 p 25 Planejar o processo educativo é planejar o indefinido porque educação não é o processo cujos resultados podem ser totalmente pré definidos determinados ou préescolhidos como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente mecânica e impensável Devemos pois planejar a ação educativa para o homem não impondo lhe diretrizes que o alheiem Permitindo com isso que a educação ajude o homem a ser criador de sua história Nesta definição podemos perceber que os autores preocupamse em especificar que tipo de planejamento educacional visam sobretudo enfatizar o papel como formador de opiniões e acima de tudo capaz de ser o criador de sua história Então se entende que a escola tem um importante papel na formação e no desenvolvimento do homem e um aliado insubstituível dessa concepção de escola é o planejamento educacional que possibilita a ela uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula baseado na necessidade e no conhecimento de mundo dos alunos que por sua vez são os principais interessados e possivelmente os principais beneficiados com o sucesso nesse tipo de organização metodológica que visa o crescimento do homem dentro da sociedade APROFUNDANDO O CONCEITO DE PLANEJAMENTO A discussão do conceito de planejamento à primeira vista pode parecer perda de tempo sendo que na verdade o ponto de maior importância seria discutir o como fazer Mas tornase importante perceber que a clareza no conceito do planejamento proporciona maior liberdade e mais autonomia do sujeito professor sendo que quanto menor for a conceitualização de planejamento maior será a necessidade de receitas prontas e modelos a seguir Com a ajuda de um dicionário buscaremos tornar o mais claro possível o conceito de planejamento O dicionário utilizado é o dicionário mais popular da Língua Portuguesa no Brasil que é o Aurélio Buarque de Holanda 2º edição 1986 PLANO Do latim planu projeto ou empreendimento com fim determinado Conjunto de métodos e medidas para a execução de um empreendimento PLANEJAR V T D 1 Fazer o plano de projetar traçar Um bom arquiteto planejará o edifício 2 Fazer o planejamento de elaborar um plano ou roteiro de programar planificar planejar um roubo 3 Fazer tenção ou resolução de tencionar projetar PLANEJAMENTO S M 1 Ato ou efeito de planejar 2 Trabalho de preparação para qualquer empreendimento seguindo roteiro e métodos determinados planificação o planejamento de um livro de uma comemoração PROJETO do lat Projectu lançado para diante S M Idéia que se forma de executar ou realizar algo no futuro plano intento desígnio 2 Empreendimento a ser realizado dentro de um determinado esquema Segundo Vasconcellos 2000 o conceito de planejar fica claro pois Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser realizadas e agir de acordo com o previsto Planejar não é pois apenas algo que se faz antes de agir mas é também agir em função daquilo que se pensa p79 Sendo assim planejar pode ser obra de um indivíduo de um grupo ou mesmo de uma coletividade social bem mais ampla como no caso do planejamento participativo dentro de uma rede de ensino O conceito de planejamento é algo bem amplo que pode ser compreendido de várias formas sendo que também pode ser compreendido como o define Vasconcellos 2000 p 79 O planejamento enquanto construçãotransformação de representações é uma mediação teórica metodológica para ação que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona fazer acontecer concretizar e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo Segundo a definição que Vasconcellos atribui para o ato de planejar podemos perceber que este tipo de metodologia visa a integração do indivíduo com a sociedade buscando realizações de ações articuladas dentro de um processo teóricometodológico O PLANEJAMENTO NA ESCOLA PÚBLICA Planejar o conteúdo a ser aplicado durante o ano letivo é uma tarefa que envolve tanto professores quanto diretores e coordenadores pedagógicos enfim toda massa de profissionais voltados para a área da educação pertencentes à escola O planejamento voltado para a área da educação apresenta variações sendo que o mesmo pode ser educacional curricular ou de ensino No planejamento educacional a visão que se tem é mais ampla pensase no progresso global do país Podemos então definílo segundo Joana Coaracy 1972 p 79 como Processo contínuo que se preocupa com o para onde ir e quais as maneiras adequadas para chegar lá tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras para que o desenvolvimento da educação atenda tanto às necessidades do desenvolvimento da sociedade quanto as do indivíduo O planejamento curricular visa sobretudo a ser funcional promovendo não só a aprendizagem do conteúdo mas também promovendo condições favoráveis a aplicação e integração desses conhecimentos Podemos definir o planejamento curricular nas palavras de Sarulbi 1971 p 34 como Uma tarefa multidisciplinar que tem por objetivo a organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do conhecimento de tal modo que se favoreça ao máximo o processo ensino aprendizagem O planejamento de ensino está pautado a nível mais específico dentro do contexto da escola podendo ser compreendido como Previsão das situações do professor com a classe Mattos 1968 p14 Este tipo de planejamento varia muito de uma instituição para outra O Planejamento e a LDB Em 20 de Dezembro de 1996 o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação proposta pelo senador Darci Ribeiro depois de oito anos de tramitação pelo Congresso Nacional Ela estabelece normas e procedimentos que afetam todos os níveis do sistema educacional No que diz respeito à organização da educação nacional cabe salientar que de acordo com a LDB o planejamento fica delegado aos cuidados da instituição de ensino juntamente com o corpo docente que tem um importante papel a desempenhar nesse sentido que é o da aplicação desse planejamento levando em consideração que o docente necessita acima de tudo zelar pela aprendizagem dos alunos bem como estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento escolar ou seja cabe também ao docente reorganizar o seu planejamento conforme as necessidades educacionais do aluno visando o seu objetivo que é o da preparação dos alunos não só para encarar o futuro com confiança mas sobretudo fornecer a eles condições de aprendizagem necessárias ao indivíduo para que ele possa sobressair de situações que exijam raciocínio lógico Segundo a LDB o professor tem como incumbência não só ministrar os dias letivos e horas aulas estabelecidas mas também participar de forma integral dos períodos dedicados ao planejamento além de participar também da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino a qual ele pertença A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR A metodologia do planejamento escolar enquadrase no cenário da educação como uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos quanto a sua previsão e adequação no decorrer do processo de ensino Segundo Libâneo 1994 p 222 o planejamento tem grande importância por tratarse de Um processo de racionalização organização e coordenação da ação docente articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social Sob essa linha de raciocínio que Libâneo adota ao definir a importância do planejamento fica evidente uma preocupação em integrar a coordenação da ação docente à problemática do contexto social em que o seu público alvo está inserido visando sobretudo com essa integração um maior rendimento escolar pois facilitará e muito aos alunos verem conteúdos que falem sobre a realidade que eles vivenciam em seu dia a dia Adentrando no conceito de planejamento e da importância dessa metodologia Libâneo 1994 p 222 ainda salienta que A ação de planejar portanto não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo é antes a atividade consciente da previsão das ações político pedagógicas e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas isto é a problemática social econômica política e cultural que envolve a escola os professores os alunos os pais a comunidade que integram o processo de ensino Toda a comunidade escolar necessita integrarse visando resultados positivos no ensino aprendizagem do aluno sendo que um aliado importante nessa integração é o planejamento pois é através dele que prevemos ações docentes voltadas para a problemática social econômica política e cultural que envolve toda a escola e por conseqüência dessa integração conseguimos alcançar resultados positivos quanto à educação do corpo discente O método do planejamento é útil e sobretudo muito importante mas o mais importante é o maior ou menor conhecimento que se tenha do aspecto da realidade em que se está agindo de sua inserção no conjunto Tendo em mente a importância de uma metodologia que direciona o processo educativo precisamos ainda mais saber que planejar é tomar decisões mas essas decisões não são infalíveis o planejamento sempre está em processo portanto em evolução Sendo assim podemos dizer que cabe à Escola a elaboração de seus planos curriculares partindo da orientação dada pela Lei ou pelos sistemas com a finalidade de atender às características locais e às necessidades da comunidade e sobretudo às necessidades do aluno CARACTERÍSTICAS DO BOM PLANO DE ENSINO No momento em que o professor elabora o seu planejamento algumas características precisam ser lembradas para que ele possa desenvolver um bom plano de ensino Segundo Ricardo Nervi 1967 p 56 estas são as características essenciais do bom plano de ensino COERÊNCIA as atividades planejadas devem manter perfeita coesão entre si de modo que não se dispersem em distintas direções de sua unidade e correlação dependerá o alcance dos objetivos propostos SEQÜÊNCIA deve existir uma linha ininterrupta que integre gradualmente as distintas atividades desde a primeira até a ultima de modo que nada fique jogado ao acaso FLEXIBILIDADE é outro prérequisito importante que permite a inserção sobre a marcha de temas ocasionais subtemas não previstos e questões que enriqueçam os conteúdos por desenvolver bem como permitir alteração de acordo com as necessidades ou interesses dos alunos PRECISÃO E OBJETIVIDADE os enunciados devem ser claros precisos objetivos e sintaticamente impecáveis As indicações não podem ser objetos de dupla interpretação as sugestões devem ser inequívocas Estas são segundo Ricardo Nervi algumas das principais características que o bom planejamento de ensino deve conter sendo que todo o professor deve conhecer as fontes onde buscar novos elementos relacionados à sua disciplina fundamentando o seu planejamento de ensino O professor ao realizar seu planejamento de ensino antecipa de forma coerente e organizada todas as etapas do trabalho escolar não permitindo que as atitudes propostas percam sua essência ou seja o seu trabalho a ser realizado encaixa se em uma seqüência uma linha de raciocínio em que o professor tem a real consciência do que ensina e quais os objetivos que espera atingir para que nada fique dispenso ao acaso O planejamento a primeiro momento passa por fases semelhantes sendo ele planejamento educacional curricular de ensino ou de aula Em uma visão geral a fase inicial é a de preparação que consiste em uma realização de passos que visam assegurar a sistematização o desenvolvimento e a concretização dos objetivos previstos Em um segundo momento já na fase do desenvolvimento do que anteriormente havia sido preparado a ênfase recai na ação do aluno e do professor e aos poucos com o desenvolvimento do trabalho aprimorase os níveis de desempenho do processo Já na fase do aperfeiçoamento envolve a testagem e a determinação do alcance dos objetivos Estes procedimentos de avaliação permitem os ajustes que se fizerem necessários para a execução dos objetivos demonstrando que o processo do planejamento é um organismo vivo flexível adaptável a diferentes realidades e necessidades que possam surgir contrariando os poucos que ainda acreditam que o planejamento por si só já é a solução de todos os possíveis problemas que possam surgir ao longo do desenvolvimento do trabalho em questão Assim sendo o bom planejamento de ensino é aquele que melhor adaptase a realidade sóciocultural em que o aluno está inserido é aquele que visa objetivos concretos com a utilização de linhas ininterruptas de pensamento mas flexíveis o bastante para tomar caminhos diferenciados sem perder a direção NÍVEIS DE PLANEJAMENTO No contexto escolar podem ser realizados diferentes níveis de abrangências de planejamento Segundo Vasconcellos 2000 p 95 grifo nosso são esses os diferentes níveis do planejamento O planejamento da escola tratase do que chamamos de projeto políticopedagógico ou projeto educativo sendo esse plano integral da instituição o mesmo é composto de marco referencial diagnóstico e programação Este nível envolve tanto a dimensão pedagógica quanto a comunitária e administrativa da escola Partindo para o nível de abrangência seguinte Vasconcellos 2000 p 95 define o planejamento curricular como sendo A proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pelas Escolas incorporados nos diversos componentes curriculares sendo que a proposta curricular pode ter como referência os seguintes elementos fundamentos da disciplina área de estudo desafios pedagógicos encaminhamento proposta de conteúdos processos de avaliação Este nível de abrangência das escolas é realizado sempre com base nos PCNS Parâmetros Curriculares Nacionais que foram elaborados procurando de um lado respeitar diversidades regionais culturais e políticas existentes no país e de outro lado considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras Com isso pretendese criar condições nas escolas que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania Os PCNS vêm com intuito de fortalecer a Escola como unidade do sistema escolar credenciála para a elaboração de um projeto educacional Com base no que diz os PCNS sobre o nível de projeto educativo O projeto educativo precisa ter dimensão de presente a criança o adolescente o jovem vive momentos muito especiais de suas vidas vivenciam tempos específicos da vida humana e não apenas tempos de espera ou de preparação para a vida adulta Daí a importância de a equipe escolar procurar conhecer tão profundamente quanto possível quem são seus alunos como vivem o que pensam sentem e fazem Quando os alunos percebem que a escola atenta às suas necessidades os seus problemas as suas preocupações desenvolvem autoconfiança e confiança nos outros ampliando as possibilidades de um melhor desempenho escolar isso vale também para os adultos que trabalham na escola ou que estão de alguma forma envolvidos com ela professores funcionários diretores e pais BRASIL 1997 p 87 Todos os níveis do planejamento deveriam tomar como base os parâmetros curriculares nacionais Partindo agora para outro nível de abrangência do planejamento segundo Vasconcellos 2000 p 96 o Projeto de ensino aprendizagem que é o planejamento mais próximo da prática do professor e da sala de aula diz respeito mais restritamente ao aspecto didático Pode ser subdividido em projeto de curso e plano de aula A Escola além de desenvolver todos esses níveis de planejamento já acima citados também deveria desenvolver o planejamento de projeto de trabalho que geralmente assume caráter interdisciplinar como afirma Vasconcellos idem O projeto de trabalho é o planejamento da ação educativa baseado no trabalho por projeto são projetos de aprendizagem desenvolvidos na escola por um determinado período geralmente de caráter interdisciplinar Todas as modalidades de planejamento dentro de uma instituição de ensino procuram atender aos PCNS seguindoo fielmente ou apenas baseandose nele mas sempre de acordo com o que ele diz OS PROFESSORES E O PLANEJAMENTO O ato de planejar é de fundamental importância na vida de todo ser humano principalmente quando esse planejar influencia num bom desempenho de crescimento intelectual como é o caso do planejar a educação Esse tipo de atitude favorece a organização das ações pedagógicas bem como estabelece uma metodologia de seqüência lógica que influi nos futuros resultados de ensino aprendizagem no quais professores e alunos estão submetidos dentro do espaço da sala de aula O planejamento proporciona ao professor uma linha de raciocínio que direcionao em suas ações sendo que a ação docente vai ganhando eficácia na medida em que o professor vai acumulando e enriquecendo experiências ao lidar com situações concretas de ensino pois segundo Libanêo 1994 p 225 O professor serve de um lado dos conhecimentos do processo didático e das metodologias específicas das matérias e de outro da sua própria experiência prática O docente a cada nova experiência vai assim criando sua didática e com isso enriquecendo sua prática profissional e também ganhando mais segurança sendo que agindo dessa forma o professor acaba usando o seu planejamento como fonte de oportunidade de reflexão e avaliação da sua prática O professor precisa estar preparado também para os momentos em que o seu planejamento necessite ser modificado sem que com isso o planejamento perca a sua essência observando também que planejar não significa alienarse da realidade dando assim autonomia para que o mesmo adapte o seu planejamento a cada realidade de sala de aula Mas para que isso aconteça realmente o professor necessita cada vez mais compreender que o planejamento é uma prática que procura ajudar a sanar problemas de organização de conteúdos e que ele por si próprio não é a solução absoluta de todos os problemas que surgirão quanto a organização metodológica tendo em vista que o planejamento é somente um passo de uma caminhada longa Como afirma Libanêo 1994 p 225 O planejamento não assegura por si só o andamento do processo de ensino O importante é salientar que o planejamento sirva para o professor e para os alunos que ele seja útil e funcional a quem se destina objetivamente através de uma ação consciente responsável e libertadora desconsiderando a noção de planejamento como uma receita pronta pois sabemos que cada sala de aula é uma realidade diferente com problemas e soluções diferentes cabe ao professor em conjunto com os demais profissionais na área de educação pertencentes a escola adaptar o seu planejamento para que assegure o bom desenvolvimento a que ele se propõe que é o de nortear as práticas docentes em sala de aula Em alguns determinados momentos os professores mostramse descrentes na metodologia do planejamento Segundo Menegola e SantAnna 2001 p 43 alguns professores não simpatizam com o ato de planejar Parece ser uma evidência que muitos professores não gostem e pouco simpatizem em planejar suas atividades escolares O que se observa é uma clara relutância contra a exigência de elaboração de seus planos Há uma certa descrença manifesta nos olhos na vontade e disposição dos professores quando convocados para planejamento O que acontece com esses profissionais para que mostremse desmotivados com a metodologia do planejamento ninguém sabe ao certo mas acreditamos que seja devido à descrença pois esses profissionais acreditam que planejar é apenas atender à burocracia escolar evidenciando a não utilização do que se planeja pois a partir do momento que não acreditamos nos resultados de nossas ações deixamos de praticálas da forma que ela está prevista ou seja planejamos mas não usamos o planejamento tendo em vista que não acreditamos no possível sucesso desta metodologia Cabe ao professor uma mudança de postura procurar conhecer melhor as vantagens e desvantagens de usar o planejamento para então depois resolver se é ou não viável a utilização dessa metodologia que encontrase desacreditada por alguns docentes FLEXIBILIDADE EM QUESTÃO É comum quando ouvimos falar em planejamento também ouvirmos falar sobre a flexibilidade que necessita ser uma característica essencial do planejar mas por outro lado segundo Vasconcellos 2000 p 159 há uma questão que precisa ser levada em considerarão pelo planejador Estamos aqui correndo o risco de duas tentações extremas de um lado o planejamento se tornar o tirano da ação ou de outro se tornar um simples registro um jogo de palavras desligado da prática efetiva do professor Segundo Vasconcellos 2000 observamos que ao planejar corremos dois grandes riscos de ficarmos presos ligados ao extremo no planejamento alienandonos da realidade tornandonos tiranos da ação Já por outro lado também corremos o risco de sermos flexíveis aos extremos perdendo assim a essência do planejamento deixando que essa metodologia tornese algo banal ou seja um simples registro um jogo de palavras totalmente desligados da prática do educador em sala de aula Vasconcellos 2000 p 159 procura atentarnos para um ponto muito importante Precisamos distinguir a flexibilidade de frouxidão é certo que o projeto não pode se tornar uma camisa de força obrigando o professor a realizálo mesmo que as circunstâncias tenham mudado radicalmente mas isto também não pode significar que por qualquer coisa o professor estará desprezando o que foi planejado O planejamento não pode ser colocado como diz Vasconcellos como uma camisa de força que aprisiona quem a veste mas por outro lado a frouxidão das ações também não pode ser encarada como um fator positivo pois pode colocar o planejamento em uma posição ridicularizada fazendo com que ele perca a sua credibilidade que arranha ainda mais a imagem de uma prática que para alguns professores já nasce fadada ao descrédito Uma coisa é certa em qualquer momento alguma das ações previstas pelo planejamento não serão concretizadas mas saibamos que isto ficará por conta de fatores adversos que são difíceis de serem previstos ou seja significa que se algo não for realizado como estava previsto no planejamento uma explicação lógica para a sua não realização deverá partir do professor para justificar a tal mudança O mais importante deve ser a postura de comprometimento que o professor deverá assumir visando a prevenção de uma possível acomodação já que o planejamento pode assumir uma postura flexível em alguns raros momentos REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA COARACY Joana O planejamento como processo Revista Educação 4º Ed Brasília 1972 CUNHA Maria Isabel O bom professor e sua prática Campinas São Paulo Papirus 1989 Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasília MEC Art 1214 Estrutura e Funcionamento da Educação Básica 2º Ed Editora Pioneira 2002 Vários Autores FERREIRA Francisco Whitaker Planejamento sim e não modo de agir em um mundo em permanente mudança 4º Ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1983 FILHO Geraldo Inácio A Monografia na Universidade 7º Ed Campinas Papirus 1995 GANDIN Danilo Planejamento como prática educativa São Paulo Editora Edições Loyola 1985 HAYDT Regina Célia Cazaux Curso de Didática Geral 4º Ed Editora Atica São Paulo 1997 HOLANDA Aurélio Buarque Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2º Ed Editora Nova Fronteira 1986 LIBÂNEO José Carlos Didática São Paulo Editora Cortez 1994 LUCKESI Cipriano Carlos Avaliação da Aprendizagem Escolar Estudos e Proposições 14º Ed Editora Cortez São Paulo 2002 MENEGOLLA e SANTANA Maximiliano e Ilza Martins Porque Planejar Como Planejar Currículo e ÁreaAula 11º Ed Editora Vozes Petrópolis 2001 Parâmetros curriculares nacionais Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental Introdução aos parâmetros curriculares nacionaisSecretaria de educação fundamental Brasília MECSEF 1998 VASCONCELLOS Celso dos S Planejamento Projeto de EnsinoAprendizagem e Projeto PolíticoPedagógico Ladermos Libertad1 7º Ed São Paulo 2000 ATIVIDADE DE DEPENDÊNCIA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS DISCIPLINA Fundamentos Teóricos e Metodológicos do ensino de Geografia ALUNA Katia Cilene Dassan A Geografia como ciência e sua evolução Nos mostra o homem como produtor e transformador do espaço Devemos entender suas concepções e subsídios pedagógicos à produção do conhecimento no ensino de Geografia na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental de maneira a atuar na formação do conceito de espaço pela criança Ao realizar o estudo do meio desde o local de vivência da criança ampliando para espaços maiores trará às crianças bases teóricas das categorias de análise da Geografia como paisagem espaço geográfico território região lugar Tais eixos de abordagem auxiliam na decodificação da espacialidade moderna espaço natural e espaço humanizado Devemos selecionar métodos didáticos para o ensino de Geografia em cada ano das séries iniciais do ensino fundamental que melhor contemple a evolução do currículo de Geografia paradigmas emergentes e inovações Assim como devemos pensar na elaboração de recursos didáticos acessíveis que vinculem conhecimentos de Geografia ao cotidiano dos alunos e à diversidade cultural da comunidade Desta forma segue materiais sugestivos para estudos e pesquisa O que é Geografia httpswwwyoutubecomwatchvYktYwin3sk0 O Ensino de Geografia httpswwwyoutubecomwatchvm1EENUKIB5M A geografia na BNCC httpswwwyoutubecomwatchv84Pc1Vk750 Simplificando a BNCC encontramos os eixos norteadores do ensino de geografia O sujeito e seu lugar no mundo Foco do aprendizado noções de pertencimento e identidade Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Ampliar as experiências das crianças com o espaço e o tempo por meio de jogos e brincadeiras proporcionando aprofundamento do conhecimento dos estudantes sobre si mesmos e sua comunidade 2 Permitir que as crianças percebam e compreendam a dinâmica de suas relações sociais e étnicoraciais identificandose com a sua comunidade e respeitando os diferentes contextos socioculturais 3 Estimular o desenvolvimento das relações espaciais topológicas projetivas e euclidianas além do raciocínio geográfico importantes para o processo de alfabetização cartográfica e a aprendizagem com as várias linguagens formas de representação e pensamento espacial 4 Possibilitar que os estudantes construam sua identidade relacionandose com o outro sentido de alteridade valorizem as suas memórias e marcas do passado vivenciadas em diferentes lugares e à medida que se alfabetizam ampliem a sua compreensão do mundo Conexões e escalas Foco do aprendizado articulação de diferentes espaços e escalas de análise relações existentes entre os níveis local e global Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Estimular os estudantes a compreenderem e estabelecerem interações entre sociedade e meio físico natural 2 Conduzir os alunos a estabelecerem a articulação de diferentes espaços e escalas de análise relações existentes entre os níveis local e global entre sua vida familiar seus grupos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas por exemplo 3 Promover a análise do que ocorre entre quaisquer elementos que constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam um lugar na sua totalidade como os arranjos das paisagens a localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos Mundo do trabalho Foco do aprendizado reflexão sobre atividades e funções socioeconômicas e o impacto das novas tecnologias Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Levar os estudantes a uma reflexão sobre processos e técnicas construtivas e o uso de diferentes materiais produzidos pelas sociedades em diversos tempos 2 Proporcionar uma análise das características de inúmeras atividades e suas funções socioeconômicas Formas de representação e pensamento espacial Foco do aprendizado ampliação gradativa da concepção do que é um mapa e de outras formas de representação gráfica aprendizagens que envolvem o raciocínio geográfico Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Conduzir os estudantes por meio do exercício da localização geográfica a desenvolver o pensamento espacial que gradativamente passa a envolver outros princípios metodológicos do raciocínio geográfico como os de localização extensão correlação diferenciação e analogia espacial 2 Proporcionar a alfabetização cartográfica iniciando com o domínio da leitura e elaboração de mapas e gráficos 3 Ampliar as linguagens no estudo do Componente apresentando aos alunos fotografias desenhos imagens de satélites etc Natureza ambientes e qualidade de vida Foco do aprendizado articulação da geografia física e da geografia humana com destaque para a discussão dos processos físiconaturais do planeta Terra Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Desenvolver nos estudantes as noções relativas à percepção do meio físico natural e de seus recursos 2 Possibilitar que os estudantes reconheçam que as diferentes comunidades transformam a natureza tanto em relação às inúmeras possibilidades de uso quanto aos impactos socioambientais Para exemplificar a prática em sala de aula sugerimos a leitura do artigo a seguir com a apresentação de 5 planos de aula httpsnovaescolaorgbrplanosde aulafundamental3anogeografiasequenciaalfabetizacaocartograficaintroducaoa linguagemcartografica924 Após estudar os materiais indicados neste plano de ensino elabore um trabalho final da disciplina com o tema A importância do ensino de Geografia nas séries iniciais do ensino fundamental Você pode trazer um pequeno histórico da disciplina enquanto ciência os valores que a geografia traz para a criança nesta etapa de ensino e sugerir atividades práticas ou plano de ensino Não esqueça as considerações finais resumindo um pouco de seu aprendizado e as referências FACULDADE ENAU NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 20XX NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 20XX Trabalho de dependência por acompanhamento de estudos na disciplina de XXXXX apresentado como requisito para aprovação no XX ciclo do Curso de Licenciatura em PedagogiaEducação Física da Faculdade Enau NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Avaliado em de de 20 Profa Ma Maressa Tosetti Lamonica Crespo Coordenadora do Curso CIDADE 20XX SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO XX 2 DESENVOLVIMENTO XX 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS XX REFERÊNCIAS XX ANEXO XX XX 1 INTRODUÇÃO Escrever uma introdução para o trabalho proposto com os assuntos que vão ser abordados no desenvolvimento Máximo de 1 folha 2 DESENVOLVIMENTO Faça um texto expondo o tema proposto com fundamentação teórica dos assuntos que serão tratados 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Texto reflexivo sobre o assunto contendo sua opinião baseados nas leituras e pesquisas realizadas REFERÊNCIAS Inserir as referências bibliográficas utilizadas no formato da ABNT Exercício de orientação com base em foto aérea A imagem mostra a EE Victor Civita e seus arredores em Guarulhos na Grande São Paulo Veja como ler uma foto desse tipo em classe seguindo os três passos Clique para ampliar Endereço da página httpsnovaescolaorgbrconteudo2325alfabetizacao cartografica Publicado em NOVA ESCOLA Edição 242 01 de Maio 2011 Prática Pedagógica Alfabetização cartográfica Os alunos precisam compreender a função dos mapas para que consigam interpretar e produzir suas próprias representações do espaço Saiba como iniciálos nesse trabalho Anderson Moço Conhecer a cartografia um conteúdo essencial para a compreensão das relações entre espaço e tempo permite ao aluno atender às necessidades que aparecerão no seu cotidiano qual o melhor caminho para chegar a um lugar Como conseguir localizar um amigo que vive em outra região e também estudar o ambiente em que vive Sendo assim a representação do espaço precisa ser dominada até o fim do Ensino Fundamental Interpretar e produzir mapas são habilidades que se formam gradualmente Por isso é preciso desenvolver atividades com esse objetivo desde cedo Por meio da alfabetização cartográfica a turma entende conceitos básicos para conseguir interpretar e produzir representações com proficiência crescente Para tratar da cartografia de modo aprofundado NOVA ESCOLA planejou cinco reportagens A série conta com apoio pedagógico da professora Rosângela Doin de Almeida livredocente em Prática de Ensino de Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Unesp e autora de diversos livros sobre o tema Neste mês você encontra as melhores formas de introduzir esse conteúdo nas turmas de 4º e 5º anos além de um exemplo de atividade que não pode ficar de fora do planejamento veja imagem ampliada Nas próximas quatro edições mostraremos como progredir na complexidade dos trabalhos com sugestões de atividades para o 6º 7º 8º e 9º anos A história e a linguagem dos mapas a forma de interpretálos e estabelecer correlações entre eles bem como a produção de um mapa de síntese são os pontos discutidos nas próximas reportagens Fotos áreas e de satélite ajudam a turma a analisar o espaço Para interpretar um mapa é necessário conhecer os conteúdos dele população divisão política ocupação de solo tipos de relevo e vegetação etc e saber os conceitos que fundamentaram a sua elaboração localização perspectiva proporção simbolização etc já que ele não se explica por si mesmo Para compreender essa linguagem a turma necessita aprender por exemplo conceitos de lateralidade e direção Isso será útil para entender o posicionamento do espaço representado Outro passo é entender os sinais gráficos utilizados e os significados que eles podem ter O vocabulário cartográfico é formado pelos mais diversos símbolos que se relacionam entre si Por exemplo o que quer dizer 1cm 1000 km presente no canto de um mapa Sem saber que se trata da escala de redução do espaço que ele representa é impossível entendêlo O mesmo ocorre com as representações presentes na legenda Não conhecendo a função desse recurso gráfico é difícil compreender a relação entre as cores e formas presentes no mapa e o que significam Para introduzir essas noções e ajudar a turma a adquirir visão espacial o trabalho com imagens aéreas e de satélite é um importante aliado Sites como o Google Maps e programas como o Google Earth permitem visualizar mapas e fotos que podem ser analisados e comparados com outros tipos de representação como croquis produzidos pelos alunos leia a sequência didática Essas ferramentas mostram a forma como as fotografias áreas são produzidas pela sobreposição de um mapa a uma imagem de satélite Com isso os alunos conseguem perceber a perspectiva utilizada para representar o espaço e as diferenças entre a imagem aérea e sua representação cartográfica Os mapas virtuais permitem ainda uma mobilidade de observação o aluno pode ir para cima e para baixo para a direita e para a esquerda rotacionar as imagens e alterar a escala a localização a perspectiva podendo até passear pelas ruas e os símbolos necessários para a sua compreensão Escalas reduzidas são facilmente reconhecidas pelas crianças pois têm uma forte ligação com o que é observado No Colégio Universitário Geraldo Reis ligado à Universidade Federal Fluminense UFF em Niterói na região metropolitana do Rio de Janeiro o professor Luiz Miguel Pereira analisou fotos áreas da escola e de seus arredores com as turmas de 4º ano Várias imagens da região com diferentes escalas mas todas com a mesma perspectiva foram usadas Assim a turma conseguiu identificar pontos diferentes a cada observação e foi expandindo o olhar diz o professor Usando essas imagens é possível explorar o que os alunos já sabem sobre a região e acrescentar novos elementos vale frisar que você deve conhecer bem a área representada para poder fazer intervenções durante a leitura Se a turma tiver dificuldade para identificar os elementos da paisagem indique alguns destaques da foto questionando o que predomina do lado direito São casas Áreas industriais O que não aparece Elementos da infraestrutura urbana também podem ser apontados é possível ver o posto de saúde Ele está fora da foto Ou não temos um em nossa região Lançando essas perguntas você introduzirá também a questão da ocupação do solo que já pode começar a ser trabalhada com turmas dessa faixa etária Dominar os códigos a função e as formas de representação Os desenhos e as maquetes são atividades complementares à análise de fotografias Entretanto uma não é prérequisito de abordagem à outra e não há uma ordem de ensino entre elas O importante é que os alunos tenham contato com essas diferentes representações do espaço para que possam refletir sobre a função e as formas de produção dos mapas Ao produzir maquetes você tem a oportunidade de ensinar conceitos de proporção projeção e escalas gráficas e numéricas mostrando todas as estratégias que podem ser utilizadas quando se quer recriar uma paisagem Elas permitem uma discussão sobre como mostrar toda a área sobre um só ponto de vista e de que forma manter a proporcionalidade entre os elementos representados Com base em problemas desse tipo o aluno poderá se dar conta de relações espaciais complexas diz Rosângela Outra atividade inicial importante a produção de desenhos que representem a sala de aula ou o trajeto da criança até a escola pode ser trabalhada simultaneamente Essas representações trazem informações que ajudam muito o trabalho docente É possível perceber por exemplo conceitos que as crianças já conhecem e as maneiras que elas encontram para localizar e descrever o espaço Esses desenhos não são só a cópia de objetos mas a interpretação do real O mapa também é o recorte de uma realidade explica Fernanda Padovesi docente da Universidade de São Paulo USP Alunos que são incentivados a fazer esse tipo de desenho desenvolvem referência e orientação espacial fundamentais para o entendimento de mapas Num segundo momento com sua ajuda eles podem construir símbolos para representar no mapa o que veem no mundo real Por exemplo se querem mostrar áreas verdes ou um lago têm que representá los por símbolos diversos Assim aos poucos e trabalhando com essas atividades eles aprendem a explorar essa linguagem e se apropriam da gramática necessária para compreender e produzir mapas Reportagem sugerida por 3 leitores Jaqueline Mathias Pereira Volta Redonda RJ Lindinalva Barbosa Santos Santana do Ipanema AL e Paulo Torres Caruaru PE Dica do especialista É preciso ensinar a cartografia como uma ciência crítica e não como o mero cálculo de escalas e coordenadas É possível por exemplo incluir histórias para contextualizar fatos cartográficos importantes como a criação do Primeiro Meridiano de Greenwich Os alunos precisam pensar na utilidade dessa linguagem e no impacto histórico desses recursos Jorn Seemann professor do Departamento de Geociências da Universidade Regional do Cariri Urca Quer saber mais CONTATOS Jorn Seemann Rosângela Doin de Almeida BIBLIOGRAFIA Cartografia Escolar Rosângela Doin de Almeida org 224 págs Ed Contexto tel 11 38325838 39 reais Do Desenho ao Mapa Rosângela Doin de Almeida 120 pág Ed Contexto 25 reais INTERNET Mapas variados e ferramentas para criar cartografias com dados sociais populacionais e econômicos Imagens aéreas e mapas gratuitos Informações sobre como trabalhar com o tema Universidade Federal de Santa Maria PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial 1ªEdição 2005 METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA 4º Semestre C345m Cassol Roberto Metodologia do ensino da geografia 4º semestre elaboração do conteúdo Prof Roberto Cassol Profª Eunice Maria Mussoi Angélica Cirolini Patrícia Nascimento Mota acadêmicas colaboradoras revisão padagógica e de estilo Profª Ana Cláudia Pavão Siluk et al 1 ed Santa Maria UFSM PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial 2005 80 p il 30 cm 1 Educação 2 Geografia 3 Geografia Ensino 4 Ensino Metodologia 5 Educação infantil I Mussoi Eunice Maria II Cirolini Angélica III Mota Patrícia Nascimento IV Siluk Ana Cláudia Pavão V Universidade Federal de Santa Maria PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial VI Título CDU 91137 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Inácio Goularte CRB10990 Biblioteca Central UFSM Elaboração do Conteúdo Profa Eunice Maria Mussoi Prof Roberto Cassol Professores Pesquisadores Conteudistas Angélica Cirolini Patrícia Nascimento Mota Acadêmicas Colaboradoras Desenvolvimento das Normas de Redação Profa Ana Cláudia Pavão Siluk Profa Luciana Pellin Mielniczuk Curso de Comunicação Social Jornalismo Coordenação Profa Maria Medianeira Padoin Professora Pesquisadora Colaboradora Danúbia Matos Iuri Lammel Marques Acadêmicos Colaboradores Revisão Pedagógica e de Estilo Profa Ana Cláudia Pavão Siluk Profa Eunice Maria Mussoi Profa Eliana da Costa Pereira de Menezes Profa Cleidi Lovatto Pires Profa Maria Medianeira Padoin Comissão Revisão Textual Curso de Letras Português Profa Ceres Helena Ziegler Bevilaqua Coordenação Angelise Fagundes da Silva Marta Azzolin Acadêmicas Colaboradoras Direitos Autorais Direitos Autorais Núcleo de Inovação e de Transferência Técnológica UFSM Projeto de Ilustração Curso de Desenho Industrial Programação Visual Prof André Krusser Dalmazzo Coordenação Paulo César Cipolatt de Oliveira Técnico Alan Roberto Giondo André Schmitt da Silva Mello Bruno da Veiga Thurner Lucas Franco Colusso Rodrigo Oliveira de Oliveira Romullo Engers Perim Acadêmicos Colaboradores Fotografia da Capa Fotografias retiradas do Banco de Imagens STOCKXCHNG Projeto Gráfico Diagramação e Produção Gráfica Curso de Desenho Industrial Programação Visual Prof Volnei Antonio Matté Coordenação Clarissa Felkl Prevedello Técnica Bruna Lora Borin da Silva Acadêmicos Colaboradores Impressão Gráfica e Editora Pallotti o texto produzido é de inteira responsabilidade dos autores Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Ministério da Educação Fernando Haddad Ministro da Educação Prof Ronaldo Mota Secretário de Educação a Distância Profa Cláudia Pereira Dutra Secretária de Educação Especial Universidade Federal de Santa Maria Prof Paulo Jorge Sarkis Reitor Prof Clóvis Silva Lima ViceReitor Prof Roberto da Luz Júnior PróReitor de Planejamento Prof Hugo Tubal Schmitz Braibante PróReitor de Graduação Profa Maria Medianeira Padoin Coordenadora de Planejamento Acadêmico e de Educação a Distância Prof Alberi Vargas PróReitor de Administração Sr Sérgio Limberger Diretor do CPD Profa Maria Alcione Munhoz Diretora do Centro de Educação Prof João Manoel Espinã Rossés Diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas Prof Edemur Casanova Diretor do Centro de Artes e Letras Coordenação da Graduação a Distância em Educação Especial Prof José Luiz Padilha Damilano Coordenador Geral Profa Vera Lúcia Marostega Coordenadora Pedagógica e de Oferta Profa Andréa Tonini Coordenadora de Tutorias e dos Pólos Profa Vera Lúcia Marostega Coordenadora da Produção do Material do Curso Coordenação Acadêmica do Projeto de Produção do Material Didático Edital MEC SEED 0012004 Profa Maria Medianeira Padoin Coordenadora Odone Denardin CoordenadorGestor Financeiro do Projeto Lígia Motta Reis Assessora Técnica Genivaldo Gonçalves Pinto Apoio Técnico Prof Luiz Antônio dos Santos Neto Coordenador da Equipe Multidisciplinar de Apoio Sumário 4 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE A CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DA GEOGRAFIA 1 A trajetória da Geografia como ciência e como disciplina escolar 2 As tendências da Geografia e os fazeres didáticos em sala de aula 3 Conceitos fundamentais na compreensão do espaço UNIDADE B AS RELAÇÕES ESPACIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 As etapas da construção da noção de espaço pela criança 2 As relações topológicas projetivas e euclidianas 3 A criança e a representação do espaço através de prémapas UNIDADE C A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO ESPAÇO SOCIAL 1 Observação das formas e funções assim como do processo de construção dos lugares de vivência das crianças e dos outros lugares 2 O desenvolvimento da capacidade de expressar o lugar e outros lugares através de diferentes formas de linguagem pela criança UNIDADE D ORGANIZAÇÃO E SELEÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA A PRÁTICA EDUCATIVA 1 O trabalho com conteúdos conceituais procedimentais e atitudinais na educação infantil 2 A organização de situações orientadas que reproduzam contextos do cotidiano da criança 3 O lúdico e a construção e reconstrução das noções de mundo pela criança REFERÊNCIAS Referências Bibliográficas e Sugestões para Leitura Sugestões de Sites 05 07 08 18 23 29 30 38 42 47 48 54 57 58 63 70 75 75 78 5 Apresentação da Disciplina METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA 4º Semestre Esta disciplina será desenvolvida com uma carga horária de trinta 30 horasaula Esta disciplina tem como objetivo formar uma base metodológica em Geografia que possibilite ao futuro educador uma formação intelectual direcionada ao entendimento das questões relacionadas ao espaço geográfico O conteúdo está dividido em quatro unidades e em cada uma delas você encontrará informações importantes que lhe ajudarão a compreender a trajetória da geografia como ciência bem como os processos envolvidos na construção das relações espaciais desde a infância conceitos de lugar e orientações para a prática educativa Se você já exerce atividades como docente com certeza irá contribuir muito com esta disciplina e com o grupo No decorrer de cada unidade são propostas leituras complementares e atividades no caderno didático ou ainda poderão ser propostas novas atividades ou reagendadas via ambiente virtual Entenda os nossos ícones Alerta Alerta o leitor sobre algum assunto que está sendo tratado no momento Saiba Mais Recomendação Indica fontes externas e outras leituras como livros sítios na internet artigos outros itens da própria apostila etc Conteúdos Relacionados Sugere ao aluno conhecer um ou mais conteúdos específicos para melhor entendimento do conteúdo atual Atividades As atividades dizem respeito aos exercícios abordados no tópico anterior podem ser analógicas ou digitais Objetivo da Unidade UNIDADE 7 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DA GEOGRAFIA Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a compreender como ocorreu a evolução da disciplina de Geografia ampliar o seu entendimento acerca de conceitos chave da ciência Geográfica suas tendências que auxiliam na compreensão do espaço geográfico possibilitar uma análise do ensino de Geografia frente às tendências da ciência geográfica C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 8 A trajetória da geografia como ciência e como disciplina escolar 1 O ensino da Geografiana Europa iniciou aproxi madamente no fim do período histórico determinado como Iluminismo quando se deu o desenvolvimento do capitalismo industrial Este período foi marcado pela construção consolidação dos Estadosnações e pela expansão do ensino público nas escolas processo este que se acelerou no século XIX Até então o ensino estava sob o domínio da Igreja e foi através das lutas de classes que passou a ser controlado pelo Estado Assim o Estado passa a organizar a educação e o currículo de acordo com os interesses e necessidades da burguesia conquistadora cuja preocupação fun damental era a consolidação do poder do Estado Detentora do poder político a burguesia ne cessitava além da força das armas a utilização de instituições públicas e sociais como a Escola para possibilitar a imposição da nacionalidade e a criação de uma nova visão nas gerações futuras com idéias e valores adequados a essa imposição Dessa forma as redes de escolas públicas foram implantadas no interior dos territórios europeus com um caráter nacional Assim a Geografia ao lado de outras disci plinas como a História e a Língua Nacional passa a compor o Currículo Escolar Sendo que a Lín gua representava a possibilidade de uma unida de cultural inerente a um tempo representado pela História e a um espaço pela Geografia Neste cenário Pereira 1984 p26 ressalta que A geografia é incluída nos currículos por A Geografia dedicase à análise do meio físico estando implícita a idéia de um espaço ocupado pelo homem sendo que neste espaço é exercida uma determinada cidadania Brabant 1989 p 17 ao analisar a concepção inicial da Geografia no ensino menciona A geografia é antes de tudo a disciplina que permite pela descrição conhecer os lugares onde os acontecimentos se passaram Essa situação subordinada da geografia à história foi reforçada pela preocupação patriótica O objetivo não é o de raciocinar sobre o espaço mas de fazer dele um inventário para delimitar o espaço nacional e situar o cidadão nesse quadroo discurso nacional reforçou o peso dos elementos físicos pois ele utilizou sempre com predileção a gama das causalidades deterministas a partir dos dados naturais Nesse sentido a natureza era representada pela Geografia Física como uma fonte de recursos por outro lado os aspectos relaciona dos às atividades do ser humano eram estuda dos pela Geografia Humana A Geografia Geral analisava a distribuição dos fenômenos e a Geografia Regional realizava descrições regio nais individualizadas objetivando fixar a existên cia de um quadro territorial marcado pela diver sidade Em outras palavras tratavase de uma organização dicotomizada Geografia Física e Geografia Humana e dualista Geografia Geral e Geografia Regional razões geopolíticas enquanto não só marca a naturalidade do homem no espaço mas também sustenta que o homem só é 9 U N I D A D E A Figura A1 Colonialismo Refletindose a respeito da contribuição da Geografia no estudo do espaço geográfico no Brasil observase que sua contribuição iniciou antes da sua sistematização ou seja iniciou no Brasil Colônia Dessa forma tornase interessante dividir sua trajetória em três grandes períodos Colonial Imperial e da Primeira República e o Moderno este iniciado nos anos 30 CARLOS 2003 No Período Colonial a contribuição foi dada Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 10 Esse período foi de grande utilidade porque permitiu o desenvolvimento do trabalho de campo e o conhecimento de várias áreas do país por meio de pesquisas feitas nas assembléias gerais da AGB de artigos publicados na Revista Brasileira de Geografia do IBGE e de teses de doutorado defendidas na USP CARLOS 2003 p 11 A Geografia como ciência natural possuía influências deterministas de cunho positivista e influências possibilistas de cunho historicista ambas privilegiando as relações homemnatu reza O ensino da disciplina geográfica na escola Geografia Tradicional desenvolvia o estudo numa seqüência linear de conteúdos com abor dagem fragmentada e dicotomizada Privilegiava a observação localização classificação descri ção e memorização dos fatos da natureza Assim estabeleciase um levantamento de informações sobre o território através do tratamento cartográfico uma vez que o mapa era visto como meio de domínio do espaço e representava a formalização da posse atribuindo identidade ao território Possibilismo A corrente possibilista surgiu em reação ao determinismo ambiental inicialmente na França final do século XIX e posteriormente na Alemanha início do século XX e Estados Unidos década de 20 Não foi por acaso que esta corrente nasceu na França O possibilismo francês em sua origem opõe se ao determinismo ambiental germânico Esta oposição fundamentase nas diferenças entre os dois países CORRÊA 1991 p 12 As rivalidades existentes entre França e Alemanha existentes há muito tempo aumentaram com a perda da região francesa da Alsácia Lorena para a Prússia durante a guerra francoprussiana Esse fato impulsionou o crescimento da Geografia na França visto que a perda da guerra pela França foi atribuída não ao exército alemão mas sim à sua Geografia Vale destacar que no Brasil segundo Manuel Correia de Andrade 1988 p 184 a geografia científica moderna teria sido introduzida por Delgado de Carvalho de formação francesa e desenvolvida segundo duas vertentes A primeira de acordo com as concepções da por naturalistas que realizavam descrições da Terra e dos povos que aqui viviam No Período Imperial e da Primeira República os trabalhos dos naturalistas continuaram a produzir informações sobre as populações existentes muito diversificadas no que se refere à origem sistemas de exploração da terra e aos níveis culturais Carlos 2003 p 10 menciona que neste momento já se discutia a necessidade de levar a cidadania à maioria da população formada por negros em grande parte escravos e indígenas em sua maioria localizados em áreas de difícil acesso No período posterior à Primeira Guerra a preocupação dos estudiosos era referente aos problemas territoriais e ao destino dos estados nacionais Com a Revolução de 1930 houve uma renovação na ciência causando o crescimento da leitura e da reflexão sobre o Brasil Assim iniciaram os estudos superiores de geografia nas Universidades do Distrito Federal e de São Paulo e em seguida as atividades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Neste momento também foi fundada a Associação de Geógrafos Brasileiros AGB por Pierre Deffontanes em 07 de setembro de 1934 que veio ao Brasil para ajudar a organizar o Curso de Geografia na Universidade de São Paulo USP teve posteriormente outros dois nomes Pierre Monbeig e Francis Ruellan SPOSITO 2004 Nos anos 30 a Geografia brasileira se estru turou e se tornou autônoma portanto ela passa a apresentar quatro subperíodos o domínio da escola francesa com alguma influência alemã o período da quantificação de domínio anglo saxônico a geografia crítica com alguns representantes da escola marxista leninista e finalmente o atual mais eclético em que se procuram modelos brasileiros para responder aos desafios do país CARLOS 2003 p 11 No primeiro período com o domínio do Estado Novo buscouse despolitizar a Geografia fazendo com que ela se tornasse uma análise de descrições de paisagens diminuindo a influência geopolítica 11 U N I D A D E A Sob a égide possibilis ta a Geografia francesa se desenvolve tendo em Vidal de La Blache seu grande mestre A natureza passou a ser encarada como uma fornecedora de possibilidades para a modificação humana e não determinando sua evolução sendo o homem o principal agente geográfico La Blache também rede fine o conceito de gênero de vida herda do do determinismo tratase não mais de uma conseqüência inevitável da natureza mas de um acervo de técnicas hábitos usos e costumes que lhe permitiram utilizar os recursos naturais disponíveis CORRÊA 1991 p 13 apud CLAVAL 1974 Os gêneros de vida ocorrem em uma paisagem geográfica aquela que já foi natural e passou a ser modificada pela ação humana que possui uma extensão territorial razoavelmente identificável Assim uma região é a expressão espacial da ocorrência de uma mesma paisagem geográfica CORRÊA 1991 p 13 portanto sendo o objeto da Geografia possibilista a região ela se confunde com a Geografia Regional Figura A2 II Guerra Mundial escola possibilista nas Universidades de São Paulo e na do Distrito Federal no Rio de Janeiro assim como no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE E a segunda corrente teórica representada pelas idéias de Ratzel ligadas ao determinismo geográfico Paulo César Cipolatt de Oliveira Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 12 O índice de Gini que varia de zero a um é um indicador da igualdade ou desigualdade de uma determinada distribuição renda serviços educacionais ou de saúde por exemplo Quando o índice é igual a zero significa que há situação teórica de igualdade Quando igual a um ocorre a situação de máxima desigualdade Portanto à medida em que se aproxima de um significa que uma dada distribuição estáse concentrando Disponível em http wwwcomunicartecombr indicadoresphpAcesso em 20 out 2005 Com o golpe de Estado de 1964 procurou se desenvolver no país uma política de crescimento econômico sem preocupação com problemas ecológicos e nem sociais mas apenas com o crescimento da produção em função da demanda dos mercados Essa orientação levou o meio universitário a se voltar para os modelos saxônicos geralmente elaborados em função de determinados desafios e aplicados de forma sumária em qualquer situação CARLOS 2003 p 11 Posteriormente à Segunda Guerra Mundial com a promoção dos Estados Unidos e das formas mais agressivas de utilização do espaço este país passou a desenvolver uma política de formação de aliados militares e econômicos Também transferiu para os países dependentes os seus métodos e técnicas de pensamento e de ensino Com isso houve a ênfase ao uso da estatística da análise fatorial do Índice de Gini tanto entre os economistas como entre os cientistas sociais e geógrafos No Brasil inicialmente difundiram o uso e a defesa dos métodos estatísticos e em seguida uma geografia teorética que pregava uma ruptura com toda a geografia até então desenvolvida e classificada como tradicional Inicialmente no período de liberdades democráticas de feição populista a reestruturação educacional ocorreu a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBN 402461 que oportunizou as Secretarias estaduais e municipais bem como as escolas em geral elaborarem seus próprios planos de ensino e organizarem seus currículos Além disso a Lei reduziu o número de séries com o ensino de Geografia determinando a necessidade de nas duas primeiras séries do ginásio ser ministrada a Geografia do Brasil continuando assim as preocupações governamentais com a integração do EstadoNação brasileiro Essas modificações geraram protestos discussões apelos e sugestões emanados de diversos órgãos do país ligados ao desenvolvi mento e ensino da Geografia dirigidos ao Conselho Federal de Educação CFE sob a alegação do seu importante papel como disciplina formadora e considerando constituir falta de fundamento científico o ensino da Geografia do Brasil logo na primeira série ginasial antes de ser efetuado o estudo da Geografia Geral Física e Humana Esta por se constituir numa ampla análise dos fenômenos geográficos acompanhada da necessidade de apropriação de muitos conceitos exige elevado grau de abstração algo impróprio à faixa etária dos alunos na mencionada série Nessa mesma época com a reorganização espacial causada pelo movimento capitalista tornouse necessária a criação de novos parâmetros para a produção do conhecimento do espaço Surge no âmbito acadêmico a Nova Geografia dando ênfase à teorização e quantificação e voltandose para o planejamen to econômico do espaço Nesta fase a Geogra fia que antes era vista como uma ciência natural que estudava através do determinismo ou do possibilismo as relações homemnatureza passa a ser considerada uma ciência social Seu objeto de estudo era a organização do espaço pelo homem organização esta que resulta da projeção no espaço das leis de mercado e da ação planejada do Estado Com isso houve uma acelerada industrialização urbanização e metropolização o que acarretou uma reestruturação do Sistema Educacional 13 U N I D A D E A Figura A3 Industrialização Atualmente os níveis de 1º e 2º graus correspondem ao ensino fundamental e ao ensino médio respectivamente Ambos compõem a educação básica Para saber mais sobre ela e suas modalidades bibliografias artigos notícias e muito mais navegue nas páginas do site do Ministério da Educação http wwwmecgovbr No ensino de Geografia devese considerar além dos conteúdos conceituais as condições psicológicas e socioculturais dos alunos para que haja uma construção da aprendizagem Logo após ter recebido algumas sugestões o CFE aprovou uma nova organização determinando a Geografia Geral para a 1ª série do ginásio e a Geografia do Brasil para a 2ª série mas permanecendo a redução das séries com o ensino da Geografia Anos depois houve a necessidade de uma educação economicista e tecnicista assim o governo decidiu efetuar uma reforma nos níveis de 1º e 2º graus Lei 569271 para que a escola apressasse o desenvolvimento econômico investindo na profissionalização do aluno e portanto nas disciplinas consideradas mais importantes para o alcance desse objetivo Dessa forma a Geografia por ser considerada disciplina ligada à área humanística passou a um segundo plano restandolhe sob a ótica do governo a incumbência de ser veículo de transmissão ideológica a serviço dos interesses dominantes André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 14 Após a Revolução técnicocientíficoinforma cional e com a globalização ganhando velocidade foi implantada uma Nova Ordem Mundial na qual o Brasil está inserido com avanços tecnológicos novos conflitos e tensões relativo declínio dos Estadosnacionais formação de blocos comerciais e político econômicos preocupações com as questões ambientais com a permanência do subdesenvolvimento e a desterritorialização de grupos humanos Isso se estende até os dias atuais e conduz a uma revisão dos pressupostos teóricometodológicos da Geografia levandoa a assumir uma postura crítica em relação à Geografia Tradicional e à Teoréticoquantitativa A Geografia na perspectiva crítica apre sentase como uma ciência social estuda o espaço intimamente ligado à sua produção e reprodução pela sociedade A sua complexidade expressase ao longo da história pelas lutas que ocorrem nas mais diversas escalas local regional nacional e global e em diversos campos social econômico político e cultural Logo o espaço geográfico estudado pela Geografia Crítica deve ser compreendido como resultado de um processo universal de apropriação do espaço natural e de construção de um espaço social pelas diferentes sociedades ao longo da história através do trabalho Para tal as sociedades utilizam as técnicas de que dispõem no seu momento histórico de acordo com suas necessidades e interesses Esse estudo no entanto não pode Perante as determinações da Reforma Educacional a disciplina geográfica passa a compor a área de Estudos Sociais objetivando Seguindo este pensamento o aluno era submetido ao meio e não era ensinado a ler criticamente o espaço a compreender a realidade vivida da qual é parte integrante e perceber que era agente de mudanças e de transformações Portanto elegemse como valores a serem cultuados pelos Estudos Sociais pela Geografia a ordem a harmonia e a conservação do status quo na perspectiva do desenvolvimento do Brasil Os conteúdos curriculares passam a ser selecionados e organizados em guias curriculares pelos técnicos das Secretarias de Educação incluindo conteúdos e métodos com a finalidade de alcançar objetivos pré estabelecidos expressos a partir de verbos comportamentais A abordagem passou a ser enciclopédica e fragmentada sem referências ao contexto mais próximo do aluno ou seja à sua prática social A natureza continuou a ser vista apenas como fonte de recursos para o aproveitamento econômico É dado o privilégio ao estudo das Grandes Regiões das Regiões de Planejamento levando o aluno à consciência de uma complexidade diante da qual ele se sente impotente fazendoo crer que realmente são necessárias as intervenções do Estado o todo poderoso Desse modo procurouse por intermédio o ajustamento crescente do educando ao meio cada vez mais amplo e complexo em que deve não apenas viver como conviver dandose ênfase ao conhecimento do Brasil na perspectiva do seu desenvolvi mento CFE RESOLUÇÃO nº 871 Art3º do ensino da Geografia enquanto uma disciplina ufanista dissimuladora da realidade a formação de um aluno a quem compete sobretudo enaltecer o Estado nas suas atuações territoriais 15 U N I D A D E A ficar restrito ao espaço visto apenas enquanto resultado mas deve levar à busca da compreensão do seu processo de formação histórica numa visão de totalidade A Geografia Crítica estuda também como o ser humano tem ou não acesso aos recursos aos bens produzidos coletivamente definido pelas suas condições de vida e pela sua situação social Ele destaca que a apropriação do espaço dentro do capitalismo é desigual e motiva o ser humano a um engajamento político à busca pela transformação da sociedade Essa geografia Figura A4 Globalizaçao homem frente às tecnologias adota como conceito de homem um ser político um sujeito ativo no processo de construção do espaço geográfico Inserida nesse movimento de renovação da Geografia emerge a Geografia Humanista que considera os sentimentos espaciais e as idéias do indivíduo do grupo de um povo sobre o espaço a partir da experiência vivida e ocorre a retomada da Geografia Cultural que ressalta a cultura desenvolvida ao longo da história uma vez que a força do imaginário social participa significativamente na produção do espaço Lucas Franco Colusso C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 16 Figura A5 Problemas ambientais poluição Para saber mais consulte também http geocitiescombr cartografiatematica textosteorichtm Neste site você encontrará uma explanação sobre a Cartografia Temática e sua inserção na ciência geográfica Com base nesses pressupostos o homem passa a ser visto sobretudo como um ser cultural possuidor de valores sentimentos percepções do espaço no qual desenvolve sua experiência de vida e inclusive o exercício de sua cidadania CORRÊA 1995 Na atualidade o grande dilema que o geó grafo brasileiro enfrenta é analisar e procurar soluções geográficas para alguns problemas fun damentais que ocorrem no espaço geográfico como a pobreza a desigualdade social o desní vel no desenvolvimento regional os problemas ambientais que comprometem tanto a qualidade de vida das pessoas como a da flora e da fauna geográfico e da paisagem Desse modo a Geografia Humanista e a Cultural vão estar preocupadas com a subjetividade os sentimentos o simbolismo a experiência as imagens mentais a cultura privilegiando o singular e não o universal Daí a busca pela apreensão do comportamento e das maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares e ao espaço do cotidiano análise dos significados Nessa perspectiva há a revalorização do conceito de paisagem sendo eleito como conceitochave por excelência o lugar enquan to espaço do vivido que faz estabelecer laços de afetividade passando a fazer parte da nossa identidade Bruno da Veiga Thurner 17 U N I D A D E A Na opinião de Carlos et al 2003 p13 O geógrafo deve utilizar o seu potencial teórico o domínio das técnicas modernas e o seu comprometimento com os altos objetivos nacionais para dar uma contribuição positiva à solução dos problemas do país Ciência é também política e o cientista deve saber porque é utilizada como é utilizada e em favor dos interesses de quem ela é utilizada A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBN 932496 as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio DCN e os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN reacenderam a discussão sobre o currículo e em particular sobre a Geografia escolar uma vez que apresentam novas determinações e propostas para a reorganização curricular pautada nos princípios da interdisciplinaridade contextualiza ção e construção de competências e habilidades Assim o ensino da Geografia voltase para a formação de alunos críticos e participativos com possibilidades para o exercício de sua função social não se detendo apenas à reprodução da sociedade mas atuando sobretudo como instrumento de transformação de leitura e compreensão do mundo em que vivemos Com isso abremse possibilidades para um Reflexão Elabore uma resenha crítica a respeito da trajetória da Geografia como disciplina escolar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina LEMBRETE A cada capítulo inclua suas reflexões sobre esta disciplina e seu processo de aprendizagem no diário de bordo Expresse suas alegrias dúvidas angústias e seus sucessos assim estaremos aprendendo juntos e contribuindo com o que se fizer necessário ensino que desenvolva o pensamento autônomo a partir da internalização do raciocínio geográfico orientando a formação de educandos para aprender a conhecer aprender a fazer aprender a conviver e aprender a ser transformando indivíduos tutelados em pessoas em pleno exercício da cidadania BRASIL 1997 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 18 As primeiras tendências da Geografia no Brasil nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo USP e do seu respectivo Departamento de Geografia quando a partir da década de 40 a disciplina Geografia passou a ser ensinada por professores licenciados com forte influência da escola francesa de Vidal de La Blache PCN 1997 Era uma Geografia marcada pela explicação objetiva e quantitativa da realidade que fundamentava a escola francesa abordava as relações entre o homem e a natureza de forma As tendências da geografia e os fazeres didáticos em sala de aula 2 objetiva sem priorizar as relações sociais valorizando o papel do homem como sujeito histórico analisando a produção do espaço geográfico Baseavase em estudos empíricos articulavase de forma fragmentada e com forte viés naturalizante No ensino traduziuse pelo estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas Os procedimentos didáticos adotados promoviam principalmente a descrição e a memorização dos elementos que compõem as paisagens sem contudo esperar que os alunos estabelecessem relações analogias ou Figura A6 Era Espacial Paulo César Cipolatt de Oliveira 19 U N I D A D E A A partir dos anos 60 sob influência das teorias marxistas surge uma tendência crítica à Geografia Tradicional cujo centro de preocupações passa a ser as relações entre a sociedade o trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico Criticase a Geografia Tradicional do Estado e das classes sociais dominantes propondose uma Geografia das lutas sociais Num processo quase militante de importantes geógrafos brasileiros assim difundese a Geografia Marxista Figura A7 Movimento social generalizações Pretendiase ensinar uma Geografia neutra Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados da década de 70 Ainda hoje muitos livros didáticos apresentam em seu corpo idéias interpretações ou até expectativas de aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional O levantamento feito através de estudos empíricos tornouse insuficiente pois era preciso realizar estudos voltados para a análise das relações mundiais de ordem econômica social política e ideológica Por outro lado o meio técnico e científico passou a exercer forte influência nas pesquisas realizadas no campo da Geografia Assim para estudar o espaço geográfico começouse a Para aprofundar seus conhecimentos sobre sensoriamento remoto Sistemas de Informa ções Geográficas SIG consulte também os seguintes sites httpwwwigeoufrjbr gruporetissigtiki indexphp httpwww multimidiaprudente unespbrarletegis introthtm httpwwwctgeo combrsolucoes solucoesphp recorrer às tecnologias aeroespaciais tais como sensoriamento remoto imagens de satélite e o computador Nesse momento surgem os SIG ou SGI Sistemas de Informações Geográficas ou Sistemas Geográficos de Informações Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 20 Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o mundo é preciso transformá lo Assim inseremse na Geografia conteúdos políticos que são importantes na formação do cidadão As transformações teóricas e metodológicas dessa Geografia tiveram grande influência na produção científica das últimas décadas Para o ensino essa perspectiva trouxe uma nova forma de se interpretar as categorias de espaço geográfico de território e de paisagem A partir dos anos 80 ocorreu uma série de propostas curriculares voltadas para o segmento de quinta a oitava séries Figura A8 Marx Essas propostas curriculares foram centradas em questões referentes a explicações econômicas e a relações de trabalho que se mostraram no geral inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade devido a sua complexidade Além disso a prática da maioria dos professores e muitos livros didáticos conservaram a linha tradicional descritiva e descontextualizada herdada da Geografia Tradicional até mesmo quando o enfoque dos assuntos estudados era marcado pela Geografia Marxista Conforme os PCN 1997 p 105 Uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia desta última década é justamente a definição de abordagens que considerem as dimensões subjetivas e portanto singulares que os homens em sociedade estabelecem com a natureza Essas dimensões são socialmente elaboradas fruto das experiências individuais marcadas pela cultura na qual se encontram inseridas e resultam em diferentes percepções do espaço geográfico e sua construção Nesse sentido buscase uma Geografia que não seja apenas centrada na descrição das observações das paisagens tampouco pautada exclusivamente na interpretação política e econômica do mundo que trabalhe tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um espaço o espaço geográfico As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da ciência geográfica presentes no meio acadêmico tiveram repercussões diversas no ensino fundamental positivas de certa forma já que foram um estímulo para a inovação e a produção de novos modelos didáticos Por outro lado a rápida incorporação das mudanças produzidas pelo meio acadêmico provocou a produção de várias propostas didáticas sem afetar o professor em sala de aula principalmente o professor das séries iniciais que sem apoio técnico e teórico continuou e continua a ensinar Geografia apoiandose na descrição dos fatos e baseando se na utilização do livro didático Não apenas na prática do professor se encontram esses problemas têmse ainda abandono de conceitos e conteúdos Paulo César Cipolatt de Oliveira 21 U N I D A D E A fundamentais da Geografia modismos que buscam sensibilizar os alunos para temáticas mais atuais sem uma real preocupação de promover compreensão das variáveis espacias maior preocupação com conteúdos conceituais sem o emprego de práticas didáticas separação da Geografia Humana da Geografia Física nas propostas pedagógicas o que dificulta a produção do conhecimento geográfico utilização da memorização como prática didática principalmente no ensino fundamental PARA SABER MAIS Você pode ler os Parâmetros Curriculares Nacionais da disciplina de Geografia Disponível no site httpwwwmecgovbr sefestrut2pcnpdf livro051pdf Para o ensino fundamental é importante considerar quais são as categorias da Geografia mais adequadas para os alunos em relação à sua faixa etária ao momento da escolaridade Na atualidade a Geografia tem buscado práticas pedagógicas que apresentem aos alunos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno em diferentes momentos da escolaridade de modo que os alunos possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito em que se encontram e às capacidades que se espera que eles desenvolvam Embora o espaço geográfico deva ser o objeto central de estudo as categorias paisagem território e lugar devem também ser abordadas principalmente nos ciclos iniciais quando se mostram mais acessíveis aos alunos tendo em vista suas características cognitivas e afetivas PCN 1997 Figura A9 Educação na era digital Para aprofundar seus estudos sugeremse a aquisição e leitura da bibliografia citada abaixo nela você encontrará textos sobre o processo de aprendizagem MONTANGERO Jacques MAURICE NAVILLE Danielle Piaget ou a Inteligência em evolução Trad Fernando Becker e Tânia Beatriz Iwaszko Marques Porto Alegre ArtMed 1998 INHELDER BOVET SINCLAIR Aprendizagem e estruturas do conhecimento São Paulo Saraiva 1977 André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 22 Desse modo as práticas didáticas deveriam abarcar procedimentos de problematização observação registro descrição documentação representação e pesquisa dos fenômenos sociais culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico a fim de formularem hipóteses e explicações referentes às relações e transformações que ocorrem no espaço devendo haver uma interrelação entre o estudo da sociedade e da natureza No ensino e aprendizagem devese entender que sociedade e natureza constituem a base material ou física sobre a qual o espaço geográfico é construído Tornase fundamental que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar a observação descrição experimentação analogia e síntese as quais devem ser ensinadas possibilitando aos alunos o aprendizado dos processos de construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios Assim podem ser empregados recursos como ilustrações fotografias não métricas fotografias aéreas imagens de satélites gravuras e vídeos os quais podem ser utilizados como fontes de informação e de leitura do espaço e da paisagem Nesse cenário inserese o estudo da linguagem cartográfica que por sua vez tem reafirmado sua importância desde o início da escolaridade contribuindo não apenas para que os alunos venham a compreender e utilizar os documentos cartográficos como também venham a desenvolver capacidades relativas à representação e ao entendimento do espaço geográfico Para isso é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolve proporcionalidade uso de signos ordenados e técnicas de projeção Também é uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas como chegar a um lugar que não se conhece entender o trajeto dos mananciais por exemplo às mais específicas como delimitar áreas de plantio compreender zonas de influência do clima A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela BRASIL 1997 Salientase que obter conhecimentos de Geografia é algo importante para a vida em sociedade em particular para o desempenho das funções de cidadania A aquisição desses conhecimentos possibilitam uma maior consciência dos limites e das responsabilidades da ação individual e coletiva com relação ao seu lugar e a contextos mais amplos de escala nacional e mundial Após as leituras e discussões desta unidade como você analisa o trabalho metodológico desenvolvido no ensino geográfico nas séries iniciais Sugira possíveis melhorias Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 23 U N I D A D E A O espaço geográfico é constituído pela sociedade suas atividades e seu modo de vida Essa sociedade utiliza a natureza segundo suas necessidades e objetivos Assim a ciência Conceitos fundamentais na compreensão do espaço 3 geográfica ao analisar essas relações sociedades humanas e o funcionamento da natureza necessita da interpretação do espaço geográfico e da paisagem Figura A10 Homem urbano e homem rural A Geografia ao trabalhar com diferentes noções espaciais e temporais bem como com os fenômenos sociais culturais e naturais que são característicos de cada paisagem permite uma compreensão processual e dinâmica de sua constituição buscando identificar e relacionar aquilo que na paisagem representa as heranças das sucessivas relações no tempo entre sociedade e natureza Nesse cenário o estudo da paisagem deve enfatizar as dinâmicas de suas transformações e não a descrição e o estudo de um mundo estático A compreensão dessas dinâmicas exige movimentos constantes entre os processos sociais físicos e biológicos inseridos em contextos particulares ou gerais A preocupação básica é abranger os modos de produzir de existir e de perceber os diferentes espaços geográficos Assim ao se analisar o espaço partese primeiramente do estudo de uma totalidade isto é da paisagem como síntese de múltiplos Romullo Engers Perim C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 24 espaços e tempos Devemse considerar o espaço topológico o espaço vivido espaço percebido e o espaço produzido onde se dá a relação homem natureza Pensar as noções espaciais pressupõe considerar a compreensão subjetiva da paisagem como lugar bem como os significados As percepções que as pessoas grupos ou sociedades têm do lugar nos quais se encontram e as relações singulares que com ele estabelecem fazem parte do processo de elaboração das representações de imagens do mundo e do espaço geográfico Conforme os PCNs 1997 no que se refere ao ensino fundamental é importante considerar quais são as categorias da Geografia mais adequadas para os alunos em relação à sua faixa etária ao momento da escolaridade em que se encontram e às capacidades que se espera que eles desenvolvam Embora o espaço geográfico deva ser o objeto central de estudo as categorias paisagem território e lugar devem também ser abordadas principalmente nos ciclos iniciais quando se mostram mais acessíveis aos alunos tendo em vista suas características cognitivas e afetivas Figura A11 Perímetro Urbano de Santa Maria RS O conceito geográfico de território foi originalmente incorporado nos estudos geográfi cos por Auguste Comte como categoria funda mental para as explicações geográficas Na con cepção de Ratzel esse conceito vinculase pela propriedade ou seja o território para as socie dades humanas representa uma parcela do espaço identificada pela posse sendo domina Na geopolítica o território é o espaço nacio nal ou área controlada por um Estado Nação sendo um conceito político que serve como ponto de partida para explicar muitos fenôme nos geográficos relacionados à organização da sociedade e suas interações com as paisagens Conforme os Parâmetros Curriculares do por uma comunidade ou por um Estado Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte 17981857 17981857 17981857 17981857 17981857 Seus estudos eram baseados na teoria positivista que entre outras coisas defendia uma ação governamental baseada mais em princípios técnicos e científicos do que políticos foi utilizada por alguns grupos republicanos de formação autoritária particularmente os círculos militares ligados a Benjamin Constant como embasamento teórico para justificar a proclamação da República e para defender a instalação de um governo munido de amplos poderes que promovesse a ordem e o progresso É bom lembrar que a influência do positivismo na República recém proclamada foi bem menor do que muitas vezes se afirma e que as primeiras leis do novo regime inclusive a Constituição de 1891 não faziam praticamente nenhuma concessão aos princípios positivistas Paulo César Cipolatt de Oliveira Alan Roberto Giondo 25 U N I D A D E A Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel 1844 1904 1844 1904 1844 1904 1844 1904 1844 1904 Naturalista baseouse nos postulados de Darwin incorporando o evolucionismo à geografia Na Geografia realizou o estudo das influências que as condições naturais exercem sobre a humanidade A natureza influenciaria a constituição social e atuaria na possibilidade de expansão de um povo Desse modo a sociedade é entendida como um organismo que mantém as relações duráveis com o solo demonstradas nas condições de moradia e alimentação Quanto maior o vínculo com o solo tanto maior seria para a sociedade a necessidade de manter sua posse Por esse motivo a sociedade cria o Estado organizandose para defender o território Contribuições Teoria do Espaço Vital e Determinismo Geográfico Território não é apenas a configuração política de um Estado Nação mas sim o espaço construído pela formação social Para estudar essa categoria é necessário que os alunos compreendam que os limites territoriais são variáveis e dependem do fenômeno geográfico considerado Hoje por exemplo quando se estudam os blocos econômicos o que se entende por território vai muito além do Estado Nação Então compreender o que significa território implica entender a complexidade da convivência em um mesmo espaço nem sempre harmônica da diversidade de Figura A14 Paisagem de Santa Maria RS Nacionais 1997 p 111 tendências das idéias das crenças dos sistemas de pensamento e das tradições de diferentes povos e etnias É reconhecer que apesar de uma convivência comum múltiplas identidades coexistem e por vezes influenciamse reciprocamente definindo e redefinindo aquilo que poderia ser chamado de uma identidade nacional A categoria território possui ainda uma relação com a de paisagem isto é pode ser considerada como o conjunto de paisagens contido pelos limites políticos e administrativos de uma cidade estado ou país É algo criado pelos homens é uma instituição Paulo César Cipolatt de Oliveira André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 26 Teoria do Espaço Vital O espaço representava uma proporção de equilíbrio entre uma população de uma sociedade e os recursos disponíveis para prover suas necessidades determinando desse modo suas necessidades de progredir e suas premências territoriais Determinismo Geográfico Ratzel considerou o homem como um elemento passivo da paisagem ou seja o homem é visto como produto do meio Possibilismo Geográfico Teve origem na França com Paul Vidal de La Blache que realizou estudos regionais procurando demonstrar que a natureza exercia influências sobre o homem mas que o homem tinha possibilidades de modificar e de melhorar o meio dando origem ao possibilismo A categoria paisagem entretanto possui um caráter específico para a Geografia sendo definida como uma unidade visível que possui uma identidade visual caracterizada por fatores de ordem social cultural e natural Tendo espaços e tempos distintos nos quais se verificam o passado e o presente Para Castrogiovanni 2000 p 96 A paisagem revela a realidade do espaço em um determinado momento do processo O espaço é construído ao longo do tempo de vida das pessoas considerando a forma como vivem o tipo de relação que existe entre as elas e que estabelecem com a natureza Dessa forma o lugar mostra através da paisagem a história da população que ali vive os recursos naturais de que dispõe e a forma como se utiliza de tais recursos A paisagem é o resultado do processo de construção do espaço No principal livro de Ratzel publicado em 1882 que se denomina Antropogeografia fundamentos da aplicação da Geografia à História fazem parte da paisagem de uma cidade o seu relevo a orientação dos rios e córregos da região vias expressas o conjunto de construções humanas a distribuição da população que nela vive o registro das tensões sucessos e fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram É nela que estão presentes os traços da história de uma sociedade fazendo assim da paisagem uma soma de tempos desiguais uma combinação de espaços geográficos Nas palavras de Castrogiovanni 2000 p 97 estudar as paisagens é portanto interessante para se poder compreender a realidade Para Claval 1999 p 318 as paisagens trazem a marca das culturas e ao mesmo tempo as influenciam Elas vão surgindo à medida que a sociedade vai vivendo e produzindo suas vidas sendo um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificias A categoria paisagem está relacionada à categoria lugar Pertencer a um território e a sua paisagem significam fazer deles o seu lugar de vida e estabelecer uma identidade com eles Figura A15 A praça Paulo César Cipolatt de Oliveira 27 U N I D A D E A Nesse contexto a categoria lugar traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que racionais e objetivos uma praça onde se brinca desde menino a janela de onde se vê a rua o alto de uma colina de onde se avista a cidade O lugar é onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico PCN 1997 As categorias espaço geográfico paisagem território e lugar atualmente estão associados à força da imagem explorada pela mídia Pela imagem a mídia ressalta valores a serem incorporados e posturas a serem adotadas retrata as contradições em que se vive confundindo no imaginário aquela que é real e a que se deseja como ideal A mídia toma para si a tarefa de impor e estabelecer um modelo de mundo de reproduzir o cotidiano por meio de imagens repetidas pela publicidade Nesse contexto a Geografia estaria identificada como a ciência que procura decodificar as imagens presentes no cotidiano impressas e expressas nas paisagens e em suas representações numa reflexão direta e imediata sobre o espaço geográfico e o lugar Assim a Geografia contribui para que se compreenda como se estabelecem as relações locais com as universais como o contexto mais próximo contém e está contido em um contexto mais amplo e quais as possibilidades e implicações que essas dimensões possuem Desse modo é fundamental que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam entender melhor a paisagem local o espaço vivido Entretanto não se deve trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente o espaço vivido pode não ser o real imediato pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e sobretudo que são capazes de pensar sobre A compreensão de como a realidade local relacionase com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade de modo cada vez mais abrangente desde os ciclos iniciais PCN 1997 Com base no conteúdo desta unidade elabore uma explanação contendo o seu entendimento sobre as categorias espaço geográfico paisagem território e lugar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina No text present in this image Objetivo da Unidade UNIDADE 29 AS RELAÇÕES ESPACIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a entender como se desenvolve a construção das noções espaciais pela criança e como ela realiza a representação do espaço geográfico C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 30 1 A psicogênese da noção de espaço passa pelos níveis ou etapas próprios da evolução geral da criança na construção do conhecimento do espaço vivido ao percebido e deste ao concebido ALMEIDA 1999 p 26 O espaço vivido referese ao espaço físico vivenciado através do movimento e do deslocamento Figura B1 apreendido pela criança por meio de brincadeiras ou por outras formas ao percorrêlo delimitálo ou organizá lo conforme os seus interesses Figura B2 Daí As etapas da construção da noção de espaço pela criança Os exercícios rítmicos e psicomotores são importantes para que a criança explore com o próprio corpo as dimensões e relações espaciais como se vê nas figuras que seguem a importância de exercícios rítmicos e psicomotores para que ela explore com o próprio corpo as dimensões e relações espaciais ALMEIDA PASSINI 2004 Figura B1 Espaço vivido Lucas Franco Colusso 31 U N I D A D E B Figura B2 Amarelinha Exercício Rítmico Alan Roberto Giondo C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 32 O espaço percebido não necessita ser experimentado fisicamente Desse modo a criança da escola primária é capaz de lembrar se do percurso de sua casa à escola Figura B3 o que não acontecia anteriormente à medida que era preciso percorrêlo para identificar os edifícios logradouros e ruas Figura B3 Criança brincando de caça ao tesouro Observandose uma foto nessa etapa do desenvolvimento mental a criança já é capaz de avistar as distâncias e a localização dos objetos Antes só era capaz de perceber o aqui depois atinge também o acolá Ocorreu nessa passagem a ampliação do campo empírico da criança ou seja a análise do espaço passa a ser feita através da observação Podese dizer que neste momento inicia se para ela o estudo da geografia Por isso nas séries iniciais do 1º grau o professor deve se preocupar em propor atividades que desenvolvam conceitos e noções mais do que um conteúdo sistemático ALMEIDA PASSINI 2004 p 26 O espaço concebido começa a ser compreendido pelo aluno em torno de 1112 anos sendolhe possível estabelecer relações Paulo César Cipolatt de Oliveira 33 U N I D A D E B espaciais entre elementos somente por meio de sua representação isto é o aluno é capaz de raciocinar sobre uma área representada em um mapa sem têla visto antes Para esse processo evolutivo da construção das noções espaciais o educador deve realizar um trabalho no sentido da estruturação do espaço pois a criança apresenta uma visão sincrética do mundo Para ela os objetos e o espaço que eles ocupam são indissociáveis A posição de cada objeto é dada em função do todo no qual ele se insere E a criança percebe esse todo e não cada parte distintamente Por esse motivo para crianças pequenas até aproximadamente 6 anos a localização e o deslocamento de elementos são definidos a partir de referenciais dela quer dizer de sua própria posição ALMEIDA PASSINI 2004 Ainda para as autoras Essa sua percepção do espaço dificulta a distinção de categorias de localização espacial como perto de abaixo no limite de etc tanto para situarse como para situar os elementos de forma objetiva Cabe ao professor ajudar o aluno a estabelecer e aclarar essas categorias para chegar a estruturas de organização espacial LEMBRESE No processo evolutivo da construção da noção de espaço a criança tem uma visão sincrética do mundo ou seja entende que a posição de cada objeto é dada em função do todo no qual ela se insere Sobre o desenvolvimento infantil Newcombe 1999 p 111 afirma que As oportunidades de usar as habilidades motoras conforme elas emergem ou a falta dessas mesmas oportunidades podem acelerar ou atrasar o desenvol vimento da habilidades universais de coordenação motora Uma outra influência sobre o desenvolvi mento motor é a presença de visão útil As crianças cegas tipicamente engatinham e caminham com atraso Elas também demoram mais tempo para começar a estender a mão em direção a objetos que elas podem ver FREIBERG 1977 Entretanto as crianças cegas acabam por desenvolver capacidades motoras normais uma vez que os atrasos parecem não ter uma causa física A visão parece impelir as crianças para o trabalho de exploração de seu mundo Ao mesmo tempo o professor deve levar o aluno a estender os conceitos adquiridos sobre o espaço localizandose e localizando elementos em espaços cada vez mais distantes e portanto desconhecidos A apreensão desses espaços é possível através de sua representação gráfica a qual envolve uma linguagem própria a da cartografia que a criança deve começar a conhecer Cabe pois ao professor introduzir essa linguagem e através do trabalho pedagógico levar o aluno à penetração cada vez mais profunda na estruturação e extensão do espaço em nível de sua concepção e representação ALMEIDA PASSINI 2004 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 34 Figura B4 A criança descobrindo o espaço ocupado pelo seu corpo Para Hannoum 1977 essa questão envolve a tomada de consciência por parte do aluno do seguinte do espaço ocupado por seu corpo da localização dos objetos no espaço das posições relativas dos objetos no espaço o que envolve deslocamento e orientação das distâncias das medidas e da esquematização do espaço A exploração do espaço ocorre por meio das experiências que a criança realiza em seu entorno Ao ser tocada acariciada segurada no colo ao mamar a criança inicia o processo de aprendizagem do espaço Em sua memória corporal são registrados os referenciais dos lados e das partes do corpo os quais servirão de base para os referenciais espaciais Assim a criança começa a desenvolver a construção da função simbólica ou seja a substituição da ação ou objeto por símbolos imagens ou palavras ocorrendo a construção do espaço representativo De acordo com Castrogiovanni 2002 p 16 O espaço representativo é formado por dois momentos o intuitivo manifestado por representações estáticas e irreversíveis e o Lucas Franco Colusso 35 U N I D A D E B operatório que operacionaliza os elementos espaciais possibilitando a ordenação e a reversibilidade das relações Piaget em suas obras realiza uma abordagem psicológica apresentando o desenvolvimento mental da noção de espaço na criança como uma construção onde há uma interação entre a percepção e a representação espacial Com isso podese dizer que o desenvolvimento do espaço é coerente com o desenvolvimento mental da criança como um todo Em seus trabalhos sobre psicologia infantil incluiu estudos acerca do espaço enfatizando a representação do espaço assim como a do mundo e a gênese da geometria espontânea nas crianças O autor analisa também como a criança constrói a realidade mediante o relacionamento do objeto com o espaço e como desenvolve a formação do símbolo mediante a imitação e o jogo sendo que sua preocupação central está ligada aos mecanismos perceptivos e à imagem mental atribuindo um papel importante mas não decisivo a esses aspectos no desenvolvimento da mente De acordo com Piaget 1971 o desenvolvimento mental da criança pode ser caracterizado em três períodos 1 Período sensóriomotor estendese desde o nascimento até a aparição da lingua gem compreendendo mais ou menos os dois primeiros anos de vida A inteligência sensório motora é a ação prática do sujeito sobre a própria realidade e não comporta distâncias muito longas entre a ação e a realidade 2 Período préoperatório apresentase como uma etapa de preparação e organização das operações concretas de classes relações e números Este período se inicia com o aparecimento da função simbólica que permite o uso das palavras de maneira simbólica e termina quando a criança é capaz de organizar seu pensamento mediante operações concretas Este período apresenta duas etapas distintas a pensamento representativo que se estende até ao redor dos quatro anos e se caracteriza pelas funções simbólica e representativa b pensamento intuitivo dominado pelas percepções imediatas isto é pelo aspecto ao qual se prende a atenção e se caracteriza pela incapacidade de guardar mais do que uma relação ao mesmo tempo Este é o período de elaboração de noções tais como classes séries e relações que permitirão à criança no período seguinte operar com as noções de número e espaço 3 Período operatório iniciase ao redor de 6 7 anos com o aparecimento da noção de invariância Sucessivamente aparecem as noções de conservação de substância de peso e do volume Quando a criança domina estas três conservações mais ou menos entre 11 12 anos atinge a etapa final deste subperíodo Assim este período possui dois subperíodos a das operações concretas quando a criança opera sobre os objetos ou sobre as ações exercidas sobre os objetos b das operações lógicas quando os indivíduos operam sobre operações prescindindo da presença concreta do objeto C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 36 Quadro B1 Operações mentais preparatórias para a leitura de mapas Fonte Adaptado de Passini 1994 Dessa forma inicialmente a construção do espaço se prende a um espaço sensóriomotor ligado à percepção e à motricidade Este espaço sensóriomotor emerge dos diversos espaços orgânicos anteriores como o postural o bucal o tátil o locomotor entre outros O espaço sensóriomotor não é constituído por simples reflexos mas por uma interação entre o organismo e o meio ambiente durante a qual o sujeito se organiza e se adapta continuamente em relação ao objeto Em seguida a construção do espaço passa a ser representativa coincidindo com o aparecimento da imagem e do pensamento simbólico que são contemporâneos ao desenvolvimento da linguagem OLIVEIRA 1978 Assim a construção do espaço tanto no plano perceptivo como no representativo é engendrada pelas atividades operatória perceptiva e representativa Para rever e aprofundar seus estudos sobre as teorias cognitivas de Piaget e Vygotsky consulte o caderno pedagógico da disciplina de Psicologia visto no 3º semestre 37 U N I D A D E B Com base no Quadro 1 crie duas atividades de alfabetização cartográfica para cada etapa do desenvolvimento cognitivo a fim de serem desenvolvidas com crianças nas escolas e contextualizadas a realidade local Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 38 Como vimos no item anterior desta unidade as relações espaciais iniciam no período operatório conforme Piaget 1971 Podemos distinguir três tipos de relações espaciais topológicas projetivas e euclidianas Das relações topológicas é que posterior mente derivam as relações projetivas e as euclidianas As relações espaciais topológicas se limitam a um objeto particular não havendo a necessidade de situálo em relação a um outro seja em função de uma perspectiva ou de um ponto de vista particular seja em função de um sistema de eixos ou coordenadas As primeiras relações espaciais que a criança estabelece se referem ao espaço próximo usando referenciais elementares dentro fora ao lado na frente atrás perto longe entre outros não sendo considerados distâncias medidas e ângulos denominadas relações espaciais topológicas elementares Essas relações começam a ser estabelecidas pela criança desde o nascimento e são a base para a gênese posterior das relações espaciais mais complexas sendo mais importante considerarmos no início da atividade escolar 6 7 anos De acordo com Almeida Passini 2004 Castrogiovanni 2002 p 17 explica que As relações topológicas projetivas e euclidianas 2 No caso do espaço topológico a percepção e a manipulação ativa das relações de vizinhança separação ordem sucessão envolvimento e continuidade servem de ponto de partida para as noções representativas mais ou menos estruturadas do espaço intuitivo ou seja espaço pré lógico até o momento que se pode estabelecer por volta dos sete anos A reversibilidade nas relações espaciais acontece mais ou menos aos sete anos quando já ocorre a conservação As relações entre os objetos já se apresentam numa inversão de ordem e vizinhança Para aprofundar seus conhecimentos leia também ALMEIDA R D de PASSINI E Y O espaço geográfico ensino e representação 13 ed São Paulo Contexto 2004 Disponível na biblioteca do Pólo Já as relações projetivas permitem a coordenação dos objetos entre si num sistema de referência móvel dado pelo ponto de vista do observador Esta acrescenta a necessidade de situar os objetos ou os elementos de um mesmo grupo uns em relação aos outros desenvolvendo as noções fundamentais que envolvem as relações projetivas de direita e esquerda frente e atrás em cima e embaixo e ao lado de Inicialmente o ponto de partida para a localização dos objetos é o corpo da própria criança mas com a liberação do egocentrismo de acordo com Castrogiovanni 2002 p19 a criança Consegue usando as relações projetivas dar a posição de objetos nas três fases ou seja colocando vários objetos a sua frente consegue localizálos em relação aos outros pois exerce movimentos espaciais de situação descentrada Com isso está dando os passos que permitem a transposição da orientação corporal para a geográfica no plano perceptivo as relações espaciais se processam na seguinte ordem vizinhança separação ordem envolvimen to continuidade 39 U N I D A D E B estabelecendo as relações de NorteSul e LesteOeste num espaço de três dimensões ou no mapa Por fim as relações euclidianas têm como base a noção de distância situando os objetos uns em relação aos outros considerando um sistema fixo de referência O espaço euclidiano de acordo com Paganelli 1982 p 74 coordena os próprios objetos entre si e em relação a um quadro de conjuntos ou sistemas de referência estável que exige como ponto de partida a conservação das superfícies e das distâncias Sobre este assunto Castrogiovanni 2002 p 21 diz que As primeiras evidências das relações euclidianas ocorrem nas primeiras conquistas da atividade perceptiva como as primeiras constatações de grandeza e de forma pela criança e já são organizadas em nível da inteligência sensóriomotora permanência do objeto ausente por exemplo mas permanecem intuitivas sujeitas às deformações geradas pelo caráter estático e irreversível das representações imagináveis Quando ocorre o período das operações concretas surgem as primeiras conservações verdadeiras como superfície comprimento distância necessárias ao progresso do espaço propriamente métrico e quantificado Para haver a conservação de distância comprimento e superfície é necessária a utilização de um sistema de coordenadas Mas somente aos dez anos de idade é que a criança coordena as medidas de duas ou três dimensões e utiliza as referências horizontal e vertical possibilitando a construção do sistema de coordenadas Entre as relações projetivas e euclidianas são possíveis algumas formas intermediárias como as transformações afins ou seja aquelas que conservam as linhas paralelas e as retas não conservando os ângulos ou as distâncias e as semelhanças que conservam os ângulos como invariantes O espaço euclidiano se baseia na noção de distância e a equivalência das figuras depende de sua igualdade matemática O espaço projetivo ao contrário é baseado na noção de reta e é a perspectiva ou a possibilidade de transformação projetiva que permite a equivalência das figuras enquanto o espaço topológico se fundamenta sobre as relações puramente qualitativas tais como vizinhança separação envolvimento entre outros inerentes a uma figura particular Seguindo o pensamento de Oliveira 1978 podese observar que inicialmente a criança concebe topologicamente o espaço este espaço topológico é para ela uma reunião de espaços fragmentados e distintos ela não é capaz de situar os objetos uns em relação aos outros segundo um plano de conjunto As fronteiras deste espaço são fixadas pelo campo perceptivo ou pela unidade funcional de cada campo de experiência particular de cada criança Para que ela disponha de estruturas espaciais acabadas é preciso que considere as distâncias objetivas e os pontos de vista possíveis coordenando esses espaços parcelados em um espaço total Essa coordenação só será possível mediante a construção de dois sistemas de conjuntos diferentes e complementares Um deles é o sistema de coordenadas fonte do espaço euclidiano em que a criança situa os objetos uns em relação aos outros e coloca os objetos em uma mesma estrutura Por meio desse sistema a criança engloba C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 40 os objetos e os lugares por eles ocupados O outro sistema é o de perspectivas fonte do espaço projetivo em que são fornecidos à criança os meios para coordenar os objetos entretanto considerando os diferentes pontos de vista reais ou possíveis Dessa forma a coordenação de perspectivas faz com que a criança organize um sistema de referência articulando as dimensões projetivas de direitaesquerda frenteatrás e acimaabaixo em relação às posições sucessivas de um mesmo observador Figura B5 Figura B5 O corpo como referencial para a localização A utilização de um sistema de coordenadas geográficas paralelos e meridianos corresponde à abstração na construção do espaço em nível psicológico sendo que através dessas coordenadas nas relações espaciais euclidianas é possível situar os objetos e dar orientação de seu deslocamento em função de uma estrutura cujos referenciais são independentes a esses objetos Alan Roberto Giondo 41 U N I D A D E B Conforme Almeida Passini 2004 p 39 é possível afirmar que As crianças das séries iniciais do 1 grau não possuem ainda estruturas psicológicas para compreender os sistemas de localização geográfica com coordenadas Somente entre 9 e 10 anos serão capazes de coordenar medidas e utilizar os referenciais de altura e comprimento horizontal e vertical os quais são essenciais à construção do sistema de coordenadas A criança que inicialmente partia do uso do seu próprio corpo como referencial para a localização dos objetos começa a perceber que podem ser usados outros referenciais sem que isso altere a localização sendo assim situa os objetos a partir das relações espaciais entre eles utilizando um sistema de coordenadas Divididos em grupos no máximo 04 alunos ou duplas escolham uma escola pública ou particular e pesquisem quais são os conteúdos referentes às noções espaciais que são trabalhados nas séries iniciais de 1ª a 4ª série ou corres pondente bem como quais são as metodologias e recursos didáticos emprega dos pelos professores em suas aulas Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Lembrete Digite em seu diário de bordo suas reflexões pessoais sobre este capítulo o desenvolvimento desta atividade em grupo e as descobertas feitas C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 42 A necessidade de mapear as variáveis geográficas principalmente aquelas que se apresentavam como mais importantes sempre esteve presente nas sociedades humanas que 3 A criança e a representação do espaço através de prémapas Figura B6 Desenho de criança procuravam representar graficamente localidades e acontecimentos As origens da atividade de mapear se confundem com o próprio homem pois antes Paulo César Cipolatt de Oliveira 43 U N I D A D E B mesmo de o homem inventar a escrita ele registrou através de representações as rotas percorridas para poder localizálas mais tarde Ao fazer o desenho dos trajetos das aldeias e viagens o homem recorreu a símbolos procurando obedecer às proporções e aos significados dos objetos a serem representados Vygotsky 1988 afirma que o uso de signos conduz os seres humanos a uma estrutura específica de comportamento que se desloca do desenvolvimento biológico e cria novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura De acordo com esta mesma teoria o conhecimento acontece por meio de interações de fatores cognitivos ambientais e sociais O conhecimento reflete o mundo exterior filtrado e influenciado pela cultura pela linguagem pelas crenças e interações com outros Por esse motivo o ensino de Geografia tem sido objeto de preocupação dos educadores principalmente daqueles que trabalham com o Ensino Fundamental A leitura do espaço mesmo o mais próximo tornase muitas vezes incompreensível ao aluno quando ele não domina o instrumental básico para aquela ação LOPES 1996 A questão cartográfica é essencial para estudos geográficos entretanto esta questão enfrenta sérias dificuldades quando desenvolvida nas séries iniciais Talvez tal problemática ocorra pela falta de estímulo ao desenvolvimento da linguagem gráfica Na escola os desenhos normalmente são mais valorizados na disciplina de Artes como forma de expressão Nesse tipo de trabalho no entanto as crianças deixam claras as primeiras noções de localização e proporção que não são Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história dos mapas leia o capítulo 1 da obra RAISZ E Cartografia Geral Trad Neide M Schneider Rio de Janeiro Científica 1969 Disponível na biblioteca da UFSM consideradas Notase aí uma falha apontada por estudiosos Os desenhos que elas elaboram são a interpretação do real Nova Escola 2003 É na escola que deve ocorrer a aprendizagem espacial voltada para a compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza seu espaço por meio da utilização de representa ções formais desse espaço Nesse sentido Almeida Passini 1981 p 11 questionam a precária formação do Ensino Fundamental destacando a importância do papel do professor no processo de formação do conhecimento considerando que é na escola que deve ocorrer a aprendizagem espacial e que compete ao professor A localização ou o mapeamento das variáveis observadas não finaliza uma análise geográfica ao contrário delimita seu início Essa análise acontece quando o aluno se reporta ao processo de produção do espaço e o confronta com a configuração espacial do mapa A compreensão do mapa traz uma mudança qualitativa na capacidade do aluno pensar o espaço Este documento cartográfico atua como um conjunto de signos que lhe possibilita usar um recurso externo à sua memória com alto poder de representação e sintetização Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN é papel da Geografia tornar o mundo compreensível para os alunos Não faz sentido apresentar uma descrição estática de fatos e acontecimentos Ao contrário é ajudar o aluno a estabelecer correlações levar o aluno a estender os conceitos adquiridos sobre o espaço localizandoo e localizando elementos em espaços cada vez mais distantes portanto desconhecidos introduzir essa linguagem cartográfica através do trabalho pedagógico C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 44 necessário mostrar que o mundo é dinâmico e passível de transformações Essa deve ser a meta do professor de Geografia durante as aulas NOVA ESCOLA 2003 A construção das noções espaciais pela criança está relacionada com o processo de descentração no qual há a tomada de consciência do corpo objeto referencial pelo indivíduo sujeito e esta consiste na construção do mapa corporal Assim a representação do mapa corporal pela criança possibilita transposições para outros espaços portanto a operação em outros mapas Para Almeida Passini 1991 p 15 a preparação do aluno para a leitura de mapas deve passar por preocupações metodológicas tão sérias quanto a de se ensinar a ler e escrever contar e fazer cálculos matemáticos Para que a criança aprenda a fazer uma leitura de mapas é necessário que anteriormente aprenda a construílos Podese dizer que o aluno precisa ser preparado para ler representações cartográficas de maneira crítica decodificando e transpondo Figura B7 Desenho de um mapa representando o caminho da casa até a escola suas informações para o cotidiano Os PCN ainda acrescentam que o espaço em que o aluno vive deve ser o ponto de partida Paulo César Cipolatt de Oliveira 45 U N I D A D E B dos estudos Dessa forma ele compreenderá como os aspectos pessoais locais regionais e globais guardam relação entre si Assim dominar conceitos de espaço território paisagem e lugar são imprescindíveis para a compreensão da Geografia como forma de desvendar a natureza dos lugares e do mundo como habitat do homem No entanto dispor de recursos visuais é indispensável para o ensino da Geografia Desenhos fotografias maquetes jogos mapas e imagens de satélite são ferramentas básicas para o professor em sala de aula NOVA ESCOLA 2003 O processo de mapeamento do espaço pelas crianças está inserido no processo geral de desenvolvimento mental em especial na construção do espaço Tornase então necessário realizar investigações sobre como as crianças constroem seus mapas Com isso é necessário analisar os mecanismos cognitivos e perceptivos aos quais a criança recorre para mapear o seu espaço estudar o desenvolvimento intelectual em termos de mapeamento e observar as condutas das crianças diante da atividade de mapeamento A aprendizagem do mapa está vinculada à aprendizagem em geral mas convém destacar que apresenta peculiaridades próprias à sua natureza como objeto de estudo A criança precisa agir sobre os mapas e também necessita dispor de estruturas cognitivas que permitam esta ação Nesse sentido a aprendizagem do mapa depende tanto da experiência física como da experiência matemática Na prática é impossível em relação ao mapa separar o objeto mapa da ação exercida pelo sujeito sobre o objeto representação espacial Com isso a aprendizagem do mapa é um tipo diferente de aprendizagem Oliveira 1978 p 47 afirma que A criança para conhecer um objeto e apreender as suas propriedades manipula o mediante a experiência tocando vendo ouvindo sacudindo enfim agindo sobre o mesmo Mas para conhecer o espaço a criança precisa movimentarse dentro dele locomoverse através dele espaço este que inclui por sua vez entidades animadas e inanimadas e de muitos tipos Assim o processo de aprendizagem exige uma participação do sujeito no meio externo mediante experiências A seguir apresentase um resumo sobre a aprendizagem conforme o sistema piagetiano CASTRO 1974 1º A preocupação piagetiana encontrase primordialmente nas relações que pesquisa entre aprendizagem como um determinado tipo de aquisição de conhecimentos em função da experiência e as estruturas cognitivas que marcam sua possibilidade e seus limites 2º A construção das estruturas cognitivas depende da atuação do sujeito sobre a realidade mas se explica por equilibração 3º A aprendizagem é colocada como aquisição em função do desenvolvimento pois deste dependem as estruturas que a permitem os esquemas assimiladores que a tornam possível 4º Um esquema não é nem aprendido nem memorizado É construído e conservado É imprescindível à memória como é à aprendizagem 5º Num sentido amplo tanto a aprendiza gem quanto a memória podem ser entendidas como aquisição ou conservação de conteúdos específicos acrescidos de mecanismos 46 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M coordenadores que dão coerência àqueles conteúdos Entretanto esse processo de aprendizagem ocorrerá se o aluno participou do processo de construção reconstrução do conhecimento através da prática escolar orientada pelo professor E quanto ao domínio espacial envolve préaprendizagens relativas a referenciais e categorias essenciais ao processo de concepção do espaço ALMEIDA PASSINI 2004 p 13 As representações são criações sociais ou individuais de esquemas pertinentes do real Essas imagens quando dizem respeito à questão da representação do espaço quando levam em consideração a orientação localização ou outras informações sobre o lugar de vida são constituídas em mapas mentais NOGUEIRA 1994 p 64 Conforme Dowbor 2001 p 12 O mundo que hoje surge constitui ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade ao mundo da educação É um desafio porque o universo de conhecimentos está sendo revolucionado tão profundamente que ninguém vai sequer perguntar à educação se ela quer se atualizar A mudança é hoje uma questão de sobrevivência e a contestação não virá de autoridades e sim do crescente e insustentável saco cheio dos alunos que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens científicos que surgem na televisão nos jornais com as mofadas apostilas e repetitivas lições da escola Surge também a oportunidade à medida que o conhecimento matériaprima da educação está se tornando o recurso estratégico do desenvolvimento moderno nos mais diversos países Assim devese organizar a assimilação produtiva do conhecimento geográfico por meio de um conjunto de instrumentos poderosos que poderão funcionar efetivamente ao se promover a mudança cultural em sentido mais amplo Nesse cenário Katuta Souza 2001 afirmam que no Ensino Fundamental e Médio a grande maioria dos professores dão ênfase ou se preocupam apenas com os conteúdos A única preocupação no processo de ensino e aprendizagem resumese então à escolha de um conjunto de conteúdos a serem trabalhados ao longo do ano letivo Em outras palavras muitas vezes o professor preocupase apenas com os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula esquecendose dos objetivos pedagógicos que iriam e deveriam obrigatoriamente nortear sua escolha Reflexão Conforme parágrafo da página 44 deste caderno didático Como futuro profissional da educação de que maneira você acredita ser possível levar a criança aluno a compreender o espaço geográfico através de prémapas Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina podese dizer que o aluno precisa ser preparado para ler representações cartográficas de maneira crítica decodifi cando e transpondo suas informações para o cotidiano Objetivo da Unidade UNIDADE 47 Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a compreender que o espaço é representável que faz parte de um todo que pode ser vivenciado simbolizado e transformado perceber que esta experimentação proporciona a construção de conceitos fundamentais ao indivíduo A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO ESPAÇO SOCIAL C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 48 O lugar como categoria de análise pressupõe que se ressalte como objeto de estudo o espaço geográfico considerando os aspectos relativos e relacionais ao contexto no qual está inserido Para se conhecer o lugar o que existe nele e a sua localização no conjunto do espaço é necessário que se realize um estudo do espaço como uma nação Brasil por exemplo uma unidade da federação Estado do Rio Grande do Sul por exemplo uma cidade Santa Maria ou uma região Campanha Gaúcha Castrogiovanni 2002 p 104 afirma que Observação das formas e funções assim como do processo de construção dos lugares de vivência das crianças e de outros lugares 1 De um modo geral muitos conceitos estão presentes no diaadia de nossas vidas Os alunos têm as suas próprias concepções a respeito de muitas coisas Porém o trabalho de superação do senso comum como verdade e a busca das explicações que permitem entender os fenômenos como verdades universais exige que se faça reflexões sobre o lugar como o espaço de vivência analisando a configuração histórica destes lugares para além de suas aparências Para que ocorra o aprendizado é necessário conforme Vygotsky 1991 considerar o processo de ensino e aprendizagem incluindo sempre aquele que aprende aquele que ensina e a relação entre essas pessoas justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo O estudo do lugar possibilita contatos ou convívio envolvendo sujeitos sociais que se encontram num espaço conhecido ou pelo menos aproximado e oportuniza possibilidades de intervenção no lugar Desse modo professor e alunos estarão envolvidos em situações de aprendizagem que consideram a observação o reconhecimento do que existe no lugar os conhecimentos que o aluno traz consigo a partir de suas vivências e as buscas de teorização dessas verdades Os alunos fazem as abstrações trabalhando com conceitos científicos e desencadeando a compreensão que permite uma maior generalização das experiências particulares e o entendimento da realidade de forma mais ampla Ao compreender a dinâmica da formação da territorialidade vivida no cotidiano podem se realizar essas abstrações possibilitando a compreensão da realidade O lugar é visto como uma reprodução do global ou do mundo num determinado tempo e espaço sendo que as relações ultrapassam 49 U N I D A D E C as distâncias lineares e contínuas estabelecendose a partir de interesses que são externos na maioria das vezes Dependendo da vivência da criança ela terá compreensão e domínio de espaços que em termos relativos lhe são significativos Por exemplo a criança pequena que é levada de casa até a escola de carro conhece o espaço percorrido de modo superficial e se tivesse que andar sozinha dificilmente conseguiria No entanto poderá ter o domínio de outros espaços que lhe sejam familiares por viajar por freqüentar a praia e assim por diante Outra criança da mesma idade que costuma passar de casa em casa pedindo esmolas terá um domínio do espaço Podese considerar o espaço de ação cotidiana da criança como o espaço a ser representado onde serão construídas as noções espaciais A criança percebe o seu espaço de ação antes de representálo e para realizar esta representação utilizase de símbolos Com isso antes de ser leitora de mapas ela deverá agir como mapeadora do espaço conhecido percorrido que lhe é significativo Ela o percorre e o conhece pois ele faz parte de sua sobrevivência CASTROGIOVANNI 2002 p 108 Figura C1 Sala de aula como espaço da ação das crianças Bruno da Veiga Thurner C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 50 Assim Almeida Passini 2004 p 23 afirmam que Ao reverter esse processo estará lendo o mapa primeiro do seu espaço próximo para conseguir aos poucos abstrair espaços mais distantes através da generalização e transferência de conhecimento Isto através das deduções lógicomatemáticas já na idade do pensamento formal Seguindo o pensamento das mesmas autoras este processo pode ser organizado em três momentos 1º Tarefas operatórias para a construção de préaprendizagens de referências localização com a utilização de retas coordenadas como pontos que facilitarão a leitura de mapas São elas as atividades de orientação observação de pontos de referência coordenação de pontos de vista proporcionalidade conservação de forma tamanho e comprimento Piaget 1981 destaca que é fácil a utilização de retas coordenadas como pontos de referência no cotidiano uma vez que a própria natureza e os elementos urbanos do cotidiano fornecem essas coordenadas árvores ruas planas postes paredes portas chão Portanto parece que esses pontos de referência devem ser usados para localização de elementos simples como a casa da criança através da observação em relações topológicas projetivas ou euclidianas vistas na Unidade 2 item 2 deste caderno 2º Atividades de codificação do cotidiano para o exercício da função simbólica no mapeamento facilitando dessa forma a compreensão da relação significante X significado por meio da criação de significantes para o que a criança quiser representar e organizados em uma legenda 3º Leitura propriamente dita decodificar ligando o significante e o significado para melhor compreensão da legenda e toda simbologia dos mapas Esse procedimento parece estar de acordo com o pensamento de Jean Piaget pois segundo ele o ensino da representação não consiste em apresentar uma lista de palavras a aprender mas antes no desenvolvimento da capacidade de representar o conhecimento já construído em nível prático KAMII DEVRIES sd Para Pontuschka 1999 p 133 As condições de existência dos próprios alunos e seus familiares são ponto de partida e de sustentação que podem garantir a compreensão do espaço geográfico dentro de um processo que vai do particular ao geral e retorna enriquecido ao particular No mesmo sentido Callai 1998 p 59 aponta que a realidade ou o lugar em que se vive é o ponto de partida para se chegar à explicação dos fenômenos Por ele é mais fácil organizar as informações podendose teorizar abstrair do concreto na busca de explicações de comparações e de extrapolações A Geografia a ser estudada não deve ser aquela enumerativa descritiva e enciclopédica Ela deve trabalhar com a realidade do aluno uma realidade de múltiplas relações ou como propõe Demo 1988 todas as dimensões que compõem a forma de viver e o espaço que o cerca O aluno deve ser inserido dentro daquilo que se está estudando proporcionando a compreensão de que ele é um participante ativo na produção do espaço geográfico A realidade tem que ser entendida como algo em 51 U N I D A D E C processo em constante movimento pois a produção do espaço nunca está pronta e acabada Milton Santos buscou na filosofia categorias analíticas e as trouxe para a Geografia para que servissem como ferramentas à compreensão do mundo na sua totalidade de forma mais concreta desintegrando e reconstruindoa dialeticamente segundo ele As noções de estrutura processo função e forma essas velhas categorias filosóficas e velhas categorias analíticas devem ser retrabalhadas para que neste particular possam prestar novos serviços à compreensão do espaço humano e à constituição adequada de sua respectiva ciência SANTOS 1997 p 13 Para este autor a forma é o aspecto visível de uma coisa Ela referese ao arranjo ordenado de objetos a um padrão A forma também pode ser entendida como uma estrutura técnica ou objeto responsável pela execução de determinada função No espaço geográfico há formas produzidas em diferentes tempos históricos Embora o espaço seja comandado pelo presente não convém para a estrutura produtiva que caracteriza o período presente eliminar do espaço todas as formas passadas e construir formas contemporâneas e concomitantes à exigência técnicacientífica do presente Na verdade elas convivem embora as velhas formas sejam preenchidas por novos conteúdos Figura C2 Décadas de 30 70 e atual respectivamente Conforme Straforini 2004 a função do lugar está relacionada a uma tarefa ou atividade esperada de uma forma pessoa instituição ou coisa A função está vinculada à forma portanto ela é a atividade elementar que a forma se reveste A forma só se torna relevante quando a sociedade lhe confere um valor social a partir de uma função dentro de um período histórico Nesse sentido caminhamos para o entendimento de estrutura e processo A estrutura implica interrelação de todas as partes de um todo o modo de organização ou de construção Ela diz respeito à complexidade do Rodrigo Oliveira de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 52 modo de produção e relações de trabalho em outras palavras na formação socioeconômica O processo pode ser entendido como uma ação contínua desenvolvendose em direção a um resultado qualquer implicando conceitos de tempo continuidade e mudança O processo assume uma importância fundamental na relação entre forma função e estrutura pois é ele que indica o movimento do passado ao presente Cada forma sobre a paisagem é criada como resposta a determinadas funções de um presente ou de uma realidade Chamadas para dar entendimento ao espaço como totalidade essas categorias analíticas não podem ser tomadas separadamente Tomados individualmente representam apenas realidades parciais limitadas do mundo Consideradas em conjunto porém e relacionados entre si elas constroem uma base teórica e metodológica a partir da qual podemos discutir os fenômenos espaciais em totalidade SANTOS 1997 p 52 Conforme Corrêa 2000 a formação socioespacial pode ser considerada como um meta conceito um paradigma que contém e está contido nos conceitoschave de natureza operativa paisagem região espaço organização espacial lugar e território Nesse sentido não bastam apenas as categorias analíticas e filosóficas forma função estrutura e processo para dar entendimento à totalidade do espaço mas também encontrar categoriasconceitos geográficos que permitam a operacionalização dessas categorias analíticas Podese dizer que paisagem lugar região e território são as manifestações concretas do espaço ou da totalidade mundo Essas quatro categorias analíticas conferem a cada conceito geográfico a noção de totalidade isto é se num estudo for definida a região como o melhor conceito base para um conteúdo geográfico as demais categorias analíticas forma função processo e estrutura devem estar relacionadas a esta Ressaltase que tanto as categorias geográficas quanto as analíticas são essenciais pois elas são interdependentes Devido a esse crescimento epistemológico podese sugerir que as categorias analíticas forma função estrutura e processo e os conceitoschave de natureza operativa da Geografia lugar região território e paisagem são o ponto de partida para o entendimento espacial É a partir deles que se pode entender o espaço Como espaço é sinônimo de sociedade como propõe Moreira 1981 uma vez que revela a história dos homens produzindo e reproduzindo sua existência por intermédio do processo de trabalho podese trabalhar os modos de produção relações de trabalho classes desigualdades sociais os diferentes usos dos recursos paisagísticos Dialeticamente é possível partirmos do espaço geográfico para chegarmos ao entendimento da sociedade Não é de outra forma que Santos 1978 propôs a categoria formação sócioespacial como um encaminhamento metodológico para a Geografia 53 U N I D A D E C Elabore um plano de aula sobre o estudo da categoria região contextualizada voltada para uma das séries um dos anos do ensino fundamental Este plano poderá ser elaborado em duplas Para desenvolver esta atividade utilize material disponibilizado na biblioteca do ambiente virtual Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 54 2 A escola deve possibilitar ao aluno oportunidades para que ele possa desenvolver as relações espaciais sabendo localizarse por exemplo e possa analisar os espaços sociais entendendo o espaço como construção do homem ser humano em determinado momento em uma sociedade Atuar com a espacialização significa para a criança localizarse orientarse e expressarse graficamente Por exemplo saber traçar uma planta e assim por diante A construção dessas relações é gradativa e o professor deve estar atento a isso Santos 1991 em seus estudos sobre ensino e aprendizagem de Geografia verificou duas abordagens teóricometodológicas A primeira abordagem sintética caracteriza se por apresentar o estudo da localidade como ponto de partida aumentando gradativamente as dimensões espaciais a serem estudadas Na segunda abordagem analítica o processo é inverso ou seja iniciase com o que é desconhecido e distante para depois seguir em direção ao lugar de convivência da criança Dessas duas abordagens tem prevalecido principalmente no final dos anos 80 e 90 a abordagem sintética até porque essa é a que O desenvolvimento da capacidade de expressar o lugar e outros lugares através de diferentes formas de linguagem pela criança se aproxima mais do construtivismo em que a ação do indivíduo sobre o objeto é fundamental para a construção do conhecimento O conceito de realidade ou imediato concreto o que na Geografia se chama de lugar utilizado na escola não abrange sua dimensão atual Com a globalização e o avanço técnico científico e informacional o lugar não pode ser entendido como uma categoria ou uma entidade que se encerra em si Para Santos 1997 p 273 ele é cada vez mais objeto de uma razão global e de uma razão local convivendo dialeticamente As crianças de sete e oito anos ainda não conseguem estabelecer relações espaço temporais capazes de apresentar toda a complexidade explicativa para o seu imediato concreto para o seu lugar Entretanto não se pode privála de estabelecer hipóteses observar enumerar classificar descrever representar e construir suas explicações para o espaço vivido O papel do professor é auxiliar na construção do aprendizado do lugar Mas por melhor intencionada que seja a prática pedagógica do professor se ela não estiver embasada no conceito atual de lugar continuará fragmentando o espaço geográfico em partes 55 U N I D A D E C individuais não sendo visto como um todo A criança começa a perceber a divisão social do espaço na forma como se dá a organização espacial da escola como por exemplo o espaço destinado à direção aos professores e aos funcionários Ao observar diferentes espaços a criança expressa o seu entendimento também através de desenhos nos quais o professor pode verificar em que estágio de desenvolvimento cognitivo estão seus alunos ou seja como eles percebem determinados espaços fragmentado ou o todo Para Almeida Passini 1991 p 13 a realidade continua sendo o ponto de partida Todavia esse ensino só será transformador à medida que o lugar possibilite à criança o estabelecimento das primeiras relações desse com o mundo e viceversa Desse modo a categoria lugar assume na atualidade uma nova dimensão sendo entendida como O ponto de encontro de lógicas que trabalham em diferentes escalas reveladoras de níveis diversos e às vezes contrastantes na busca da eficácia e do lucro no uso de tecnologias do capital e do trabalho O lugar é o ponto de encontro de interesses longínquos e próximos locais e globais SANTOS 1994 p 18 Ainda conforme Santos 1997 o mundo é uma abstração porque ele nada mais é que um conjunto de possibilidades cuja efetivação O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a especificidade histórica do particular Deste modo o lugar se apresentaria como ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta CARLOS 1993 p 303 Straforini 2004 considera que a categoria lugar possibilita ao professor de Geografia das primeiras séries do ensino fundamental trabalhar a realidade dos alunos sem se prender apenas aos limites administrativos do bairro e do município embora esses conceitos políticos administrativos sejam importantes uma vez que revelam a sua história É uma categoria que não menospreza o real o vivido pois seus fundamentos são exatamente a presença e a coexistência de tarefas comuns mesmo que os seus projetos não sejam comuns Como uma categoria geográfica ela materializa o conceito de imediato concreto do construtivismo e o requalifica Ao mesmo tempo em que permite trabalhar o próximo ela abre caminho para encontrar as ações e as intenções que são tomadas fora do próprio lugar possibilitando dessa forma contatar outros lugares Figura C3 depende das oportunidades oferecidas pelos lugares É o lugar que oferece ao movimento do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz Para se tornar espaço o mundo depende das virtudes do lugar 56 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M Para Souza 1999 p 1557 um lugar se abre para outros lugares é o lugar de todos os lugares o lugar comum isto é o mundo É tênue a diferença portanto entre lugar e mundo Figura C3 Do mundo até o sítio urbano Fonte Adaptado de Straforini 2004 Após a leitura e entendimento desta unidade você já pode citar e justificar quais são as principais limitações que você acredita ter detectado no ensino do lugar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Alan Roberto Giondo Objetivo da Unidade UNIDADE 57 Ao final desta Unidade o aluno deverá estar apto a desenvolver o senso críticoreflexivo no que tange à utilização do lúdico no processo educacional perante as relações existentes entre os diferentes espaços ou seja o estudo do espaço geográfico ORGANIZAÇÃO E SELEÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA A PRÁTICA EDUCATIVA C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 58 Os objetivos da ciência geográfica já se encaminham por si só a algumas reflexões sobre os conteúdos a serem trabalhados em O trabalho com conteúdos conceituais procedimentais e atitudinais na educação infantil 1 Figura D1 Criança tomando consciência de seu espaço num mundo globalizado sala de aula Os conteúdos são instrumentos e a escolha desses instrumentos vai depender de sua utilidade para os alunos Bruno da Veiga Thurner 59 U N I D A D E D Deste modo o objetivo da Geografia é o de formar o raciocínio espacial constituir esses raciocínios é mais que localizar é entender as determinações e implicações das localizações e isso requer referências teóricoconceituais A idéia é a de que conceitos geográficos mais abrangentes são ferramentas recursos intelectuais fundamentais para a compreensão dos diversos espaços São esses conceitos e outros não especificamente geográficos que permitem aos alunos no estudo de Geografia localizar e dar significação aos lugares pensar nessa significação e na relação que eles têm com a vida cotidiana de cada um CAVALCANTI 2002 p 14 Nesse quadro de análise a autora afirma que o desenvolvimento do pensamento conceitual que possibilita uma mudança na relação cognoscitiva do aluno com o mundo é função precípua da escola embora não seja a única Considerando que um conceito não se forma nem se constrói na mente do indivíduo por transferência direta ou por assimilação reprodutiva as indicações para a formação de conceitos no ensino na linha de uma didática históricocrítica recomendam técnicas que proporcionem o confronto de conceitos científicos e conceitos cotidianos Os conceitos geográficos são considerados instrumentos básicos para a leitura e compreensão do mundo do ponto de vista geográfico Esse entendimento tem levado a que em algumas propostas curriculares tais conceitos orientem a organização e seleção de conteúdos no ensino fundamental BRASIL 1998 PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA 1998 Para Cavalcanti 2002 além de conteúdos estruturados a partir de desdobramentos e conceitos amplos da ciência a que corresponde a matéria de ensino têm sido destacados também em propostas curriculares os conteúdos procedimentais e valorativos Esse destaque devese ao entendimento geral de que o desenvolvimento do aluno na escola não se restringe à sua dimensão intelectual mas inclui as dimensões físicas afetivas sociais morais estéticas Na Geografia entre as capacidades e habilidades para se operar com o espaço geográfico destacamse a capacidade de observação de paisagens de discriminação de elementos dessa paisagem de discriminação e tabulação de dados estatísticos de mapeamento e leitura de dados cartográficos As atividades atuais de trabalho com a cartografia no ensino recomendam em geral exercícios que visem a desenvolver nos alunos as habilidades de mapear a realidade e de ler mapas A cartografia no ensino fundamental deve orientarse para além de um processo de alfabetização cartográfica que é o objetivo principal da cartografia na 1ª fase do ensino fundamental por dois eixos No primeiro eixo trabalhase com o produto cartográfico já elaborado tendo um aluno leitor crítico no final do processo O aluno trabalha com produtos já elaborados portanto será um leitor de mapas acima de tudo um leitor crítico e não um aluno que simplesmente usa o mapa para localizar fenômenos No segundo eixo o aluno é participante do processo ou participante efetivo resultando deste segundo eixo um aluno mapeador consciente SIMIELLI 1999 p 99 É importante saber ler o espaço e uma das formas é através do mapa pois um leitor crítico do espaço é aquele capaz de ler o espaço real e a sua representação o mapa PASSINI 1994 p 17 Castrogiovanni 2000 afirma que os mapas C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 60 em geral representam uma coisa meio mágica e até de certa forma incompreensível embora sejam usados por muitas pessoas e em situações diversas Desse modo cabenos na Geografia trabalhar o mapa como o resultado da síntese de um determinado espaço seja produzindoo a partir de observações de informações e de dados coletados seja realizando sua leitura para conhecer determinado lugar Ele sempre será uma fonte de informação Para Passini O mapa em suas variadas possibilidades de informar o conteúdo geográfico o faz de forma gráfica possibilitando ao leitor visualizar a organização do espaço de forma ampla e integrada às relações de mundo A sua linguagem é monossêmica ou seja não é ambígua É uma linguagem de comunicação visual sintética e rápida PASSINI 1994 p 19 Para conseguir ler o mapa e entendêlo é necessário que ocorra a alfabetização cartográfica quer dizer que a pessoa seja antes um mapeador Ser um fazedor de mapas é conseguir dar conta de passar para o papel a representação de lugares ou de fatos e fenômenos que ocorrem em determinados lugares Desenhar trajetos percursos desenhar plantas da sala de aula da casa pode ser o início do aprender a fazer mapas CASTROGIOVANNI 2000 Entretanto é necessário estabelecer o conhecimento procurando desenvolver a cidadania assim estes mapeamentos devem ser feitos a partir de dados reais concretos da realidade vivida para que possam levar ao conhecimento e à reflexão Neste processo o aluno aprenderá o que é a legenda o que significa a escala poderá entender que a forma de representação é uma escolha e como tal seletiva Ele poderá compreender o significado do espaço construído Figura D2 Mapa cartunizado mostrando a área central da cidade de Santa Maria RS Bruno da Veiga Thurner 61 U N I D A D E D Conforme Passini 1998 p 47 os mapas devem ser instrumentos metodológicos para se compreender os conteúdos com os quais se está trabalhando Pois o sujeito é levado a pensar de forma lógica e a utilizar o raciocínio espacial seja fazendo comparações para diferenciar classificar ordenar estabelecendo relações e correlações objeto X espaço compreendendo as extensões delimitações e repartições dos fenômenos particularizando ou generalizandoas fazendo a síntese e chegando à essência do conteúdo Habilidades como a orientação a localização a representação cartográfica e a leitura de mapas desenvolvemse ao longo da formação dos educandos fazendo parte do cotidiano das aulas dessa disciplina Os conteúdos cartográficos auxiliam o estudo dos temas geográficos seus objetos de estudo Eles ajudam a responder àquelas perguntas Onde Por que nesse lugar Ajudam a localizar fenômenos fatos e acontecimentos estudados e a fazer correlações entre eles são referências para o raciocínio geográfico CAVALCANTI 2002 Outra possibilidade que tem surgido na temática da Geografia escolar é a de viver cotidianamente na cidade A vida urbana é uma experiência mundial é um modo de vida social e espacial generalizado em nossa sociedade e que tem um grande impacto na vida das pessoas em geral Seu tratamento no ensino de Geografia é bastante relevante quando se busca o desenvolvimento de raciocínio geográfico para o exercício da cidadania Os temas da cidade e do urbano são conteúdos educativos que propiciam aos alunos possibilidades de confronto entre as diferentes imagens da cidade as cotidianas e as científicas O tratamento desses temas permite ao professor explorar concepções valores comportamentos dos alunos em relação ao espaço vivido além de permitir também analisar a gestão da cidade a partir da experiência dos alunos permite ainda trabalhar com o objetivo de se garantir o direito à cidade CAVALCANTI 2002 p 16 Outro tópico que tem sido ressaltado como conteúdo geográfico relevante para a formação de valores atitudes e convicções é o da questão ambiental Por ser considerada uma temática de abordagem interdisciplinar que perpassa todos os conteúdos da formação básica dos alunos os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs os indicam como tema transversal na forma de Educação Ambiental BRASIL 1998 Mas para ser transversal para ser interdisciplinar ele precisa ser pensado no conjunto das disciplinas e na contribuição de cada uma delas nesse conjunto Para Castrogiovanni 2000 o processo de ensino e aprendizagem supõe o uso de um determinado conteúdo e de certos métodos Porém acima de tudo é fundamental que se considere que a aprendizagem é um processo do aluno e as ações que se sucedem devem necessariamente ser dirigidas à construção do conhecimento por esse sujeito ativo Esse processo também supõe uma relação de diálogo entre educador e educando que ocorre a partir de posições diferenciadas pois o educador é o responsável pelo planejamento e desenvolvimento das atividades designando condições para que se efetive a aprendizagem por parte do educando motivandoo Sem que exista um consistente planejamento tornase difícil o desenvolvimento das tarefas O educador precisa ter clareza do processo C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 62 pedagógico como também conhecer bem os conteúdos a serem trabalhados Desse modo o educando precisa assumir o papel de querer aprender ter perguntas a fazer e não somente esperar que o professor fique falando e ele simplesmente ouvindo Dinâmica de grupo Como futuros profissionais da educação como vocês trabalhariam o conceito geográfico paisagem nas séries iniciais Criem um texto com as reflexões do grupo Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 63 U N I D A D E D No processo de elaboração do conhecimen to o educando ao formular seus conceitos vai fazêlo agindo com os conceitos do cotidiano e os conceitos científicos Em geral todos temos conceitos formulados a respeito das coisas criados a partir de nossas experiências ou vivências A tarefa da escola é propiciar a reformulação dos conceitos originários do senso comum em conceitos científicos Por isso é essencial a capacidade de argumentação que depende do acesso às informações A construção dos conceitos ocorre pela prática diária pela observação pelas experiências pelo fazer Eles vão sendo ampliados passando a graus de generalização e abstração cada vez maiores CASTROGIOVANNI 2000 Seguindo o pensamento do mesmo autor o processo de construção do conhecimento que acontece na interação do sujeito com o meio social mediado pelos conceitos sistema simbólico é um processo de mudança de qualidade na compreensão das coisas do mundo Não é um processo linear nem de treinos mas de construção pelos alunos de conhecimentos novos na busca do entendimento das suas próprias vivências considerando os saberes que trazem consigo e desvendando as explicações sobre o lugar A organização de situações orientadas que reproduzam contextos do cotidiano da criança 2 No dizer de Cavalcanti 1998 p 88 Seja como ciência seja como matéria de ensino a Geografia desenvolveu uma linguagem um corpo conceitual que acabou por constituirse numa linguagem geográfica Esta linguagem está permeada por conceitos que são requisitos para a análise dos fenômenos do ponto de vista geográfico Desse modo as primeiras análises que a criança faz sobre a organização espacial são simples e têm como objeto os espaços cotidianos tais como a sala de aula a escola os estabelecimentos comerciais a rua o bairro a cidade Anterior à análise do espaço da escola as crianças podem fazer diferentes disposições da sala de aula percebendo por exemplo quando há mais espaço vazio quando as classes formam grupos maiores ou menores quando há carteiras isoladas Auxiliadas pelo professor elas podem discutir se há mudanças na interação entre os alunos e entre professor e os alunos conforme a acomodação dos móveis da sala Imediatamente ao verificar a organização espacial da escola o aluno pode perceber que à divisão do espaço corresponde uma divisão social do trabalho Existe um espaço determina do para a direção os professores os serviços de cozinha de limpeza e assim por diante C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 64 Ao mesmo tempo fazendo uma análise destes locais os alunos começam a perceber que existe uma relação entre a construção física sua disposição espacial e sua finalidade Assim eles poderão descobrir por que a sala da direção fica em tal posição na escola ou então para que servem portões tão grandes corredores e outras construções Aos poucos o controle de entrada e saída a vigilância interna do pátio e os espaços a que essas finalidades estão ligadas ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 63 Os alunos também podem observar e desenhar os espaços de outras escolas Por meio desses desenhos o professor poderá verificar em que estágio estão seus alunos quanto à percepção do espaço se o percebem linearmente em blocos ou todo no caso o conjunto escolar ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 As autoras enfatizam ainda que nas séries mais adiantadas os alunos já podem comparar diferentes plantas de escolas com outras construções como hospitais asilos prisões percebendo os aspectos comuns a essas organizações como demonstrado na Figura D3 Figura D3 O ambiente da escola Rodrigo Oliveira de Oliveira 65 U N I D A D E D Ao se estudar a organização espacial das residências a criança deve ser estimulada a observar não apenas os materiais de que são feitas as construções e o aproveitamento de recursos naturais mas ainda as diferentes formas dessas habitações conforme a cultura e as condições socioeconômicas das pessoas Desse modo quando se pede que os educandos falem de sua casa devem ser ressaltadas pelo menos três variáveis o que Figura D4 Realidade de Santa Maria RS periferia feito por aluno de quarta série existe no domicílio quantos cômodos móveis eletrodomésticos adereços qual o tamanho da construção altura cor material se é de alvenaria ou de madeira e por fim quem vive nessa casa como é a sua vida e como se sentem essas pessoas nesse espaço Assim os alunos vão entendendo que existe uma relação entre o tipo de moradia e as condições de vida de seus moradores Figura D4 Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 66 Nesse quadro de análise é correto afirmar que Cotidianamente a criança está em contato com diferentes paisagens inclusive num mesmo bairro ela pode observar prédios em ricos condomínios e favelas Aos poucos a criança é incentivada a ver que esses contrastes tão grandes percebidos visualmente revelam os contrastes maiores da própria sociedade Ou seja os bairros a cidade como um todo revelam as contradições sociais há bairros com todas as condições para a vida urbana água esgoto asfalto transporte nos quais os valores do solo e da habitação são muitos altos Logicamente só podem morar nesses lugares pessoas de renda elevada restando às pessoas de baixa renda as periferias urbanas com moradias que não oferecem o mínimo de infraestrutura o que reflete a divisão social do espaço ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 64 Figura D5 Planta baixa do bairro feita por aluno de quarta série Romullo Engers Perim 67 U N I D A D E D Para o entendimento dessa realidade várias atividades podem ser desenvolvidas tais como entrevistas para se obter depoimentos de diferentes moradores comparação de preços de terrenos casas e apartamentos pesquisa do uso do solo de uma rua área cidade ou estado Podese também estudar os espaços através de muitas atividades como levantamento dos arredores da escola mapeamento do uso da terra na cidade com a elaboração de simbologia adequada para visualizar cada tipo de uso comércio moradia educação lazer religião indústria construção de gráficos demonstrando a compreensão das relações complementares das atividades predominantes no espaço rural A partir do estudo desses espaços no município mais tarde podese ampliar a análise para o Estado e o País de modo que a criança vá aos poucos percebendo que essa divisão do trabalho que ela vê no bairro e no município faz parte de uma divisão mais ampla de caráter internacional ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 Verificase por meio das atividades apresentadas nas Figuras D5 D6 e D7 como o aluno pode ir aprendendo desde as primeiras séries a utilizar e entender os conceitos de divisão espacial do trabalho e divisão social do espaço Figura D6 Rio Grande do Sul Romullo Engers Perim C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 68 É importante ressaltar ainda que A leitura da organização espacial deve ser iniciada pelos espaços conhecidos da criança O conteúdo da organização espacial é a própria sociedade A análise da organização do espaço revela como a sociedade o divide e Figura D7 Brasil como os grupos sociais se apropriam dele Analisando os espaços cotidianos a criança pode compreender melhor a organização de outros espaços maiores de espaços diferentes e de espaços existentes em outros tempos ANTUNES MENANDRO TOMOKO1993 Romullo Engers Perim 69 U N I D A D E D Ao se estudar a organização espacial das residências a criança deve ser estimulada a observar não apenas os materiais de que são feitas as construções e o aproveitamento de recursos naturais mas ainda as diferentes formas dessas habitações conforme a cultura e as condições socioeconômicas das pessoas Com base no fragmento acima encontrado na p 63 deste caderno didático crie uma ou mais atividades pedagógicas contextualizadas que levem os alunos a entender a situação socioespacial do seu bairro comércio moradia educação religião meio ambiente Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Não esqueça de incluir suas reflexões sobre o andamento de sua aprendizagem no diário de bordo desta disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 70 No processo ensino e aprendizagem devese estimular o interesse dos alunos com isso cada aluno tornase um desafio à competência do professor O interesse do aluno pode ser considerado como a força que comanda o processo da aprendizagem já suas experiências e descobertas podem ser o motor de seu progresso e o professor o gerador de situações estimuladoras e eficazes Dessa forma o lúdico como ferramenta da aprendizagem propõe um estímulo ao interesse do aluno desenvolvendo nele experiências pessoais e sociais e quando simboliza um instrumento pedagógico faz com que o professor seja o condutor estimulador e avaliador da aprendizagem De acordo com Antunes 2002 p 38 podese dizer que O lúdico e a construção e reconstrução das noções de mundo pela criança 3 O elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é que os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa estimular a construção de um novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória Entendese por habilidade operatória uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões Os objetivos de ensino de Geografia orientam a estruturação de conteúdos e o modo de encaminhálos nas atividades de sala de aula para propostas pedagógicas de cunho socioconstrutivista que consideram a aprendizagem como processo de construção de conhecimentos e o aluno como sujeito ativo nesse processo Nas propostas de ensino mais recentes percebese uma ênfase nas atividades que permitem essa construção do aluno uma preocupação em superar uma visão de ensino reprodutor de informações em levar as pessoas a pensarem por conta própria em permitir a construção de novas compreensões sobre o mundo BRASIL 1997 VESENTINI 1999 KAERCHER 2001 Desse modo entender como se organiza o espaço significa aprender a pensar o espaço Quando uma criança observa e analisa a organização da sala de aula de uma rua de uma cidade de uma região ou de um país ela vai compreendendo que nesses espaços existe uma rede de relações sociais econômicas políticas e culturais presentes Para Antunes Menandro Tomoko 1993 p 71 saber pensar o espaço é saber identificar essa rede de relações é a percepção de que um espaço está sujeito a relações locais regionais nacionais e internacionais podendo situarse nelas de forma centralizada ou marginalizada 71 U N I D A D E D As autoras acrescentam que saber pensar o espaço é também saber situálo dentro de uma totalidade físicoterritorial por outro lado é saber inserir espaços menores em espaços cada vez maiores Para as crianças a inserção de espaços menores em espaços maiores não é tão fácil como se pode pensar Entender por exemplo que a rua está inserida no bairro o bairro inserido na cidade a cidade no município o município no estado e o estado no país é difícil pois isso envolve conceitos que devem ser construídos pelo aluno Nesse quadro de análise percebese que até aproximadamente os 8 anos de idade as crianças não conseguem unir as partes com o todo Em se tratando de territórios elas simplesmente justapõem uns aos outros sem compreender que eles fazem parte de um todo Compreendem por exemplo que a cidade está no estado ou país mas não entendem que a cidade faz parte do estado e que esse estado faz parte do país Esta situação é superada por volta dos 910 anos de idade Nesse contexto Antunes Menandro Tomoko op cit p 71 afirmam que As autoras exemplificam ainda que um riacho um morro ou uma rua os quais o aluno pode observar concretamente são espaços que estão inseridos em conjuntos espaciais de outras ordens de grandeza bacias hidrográficas sistemas montanhosos e assim por diante Ela vai aprender que vive num espaço de muitas inserções e diferentes extensões ordem de grandeza Desse modo ao iniciar o estudo dos espaços com a criança nas primeiras séries a meta é transformar o caos da realidade não numa simplificação da mesma mas num complexo inteligível Frémont 1980 apud ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 72 Isto é o aluno passa a ordenar suas percepções dos espaços e da sociedade em geral e vai gradualmente a partir de experiências concretas elaborando os conhecimentos necessários à compreensão do espaço Todavia o que se tem verificado na prática pedagógica dos professores é uma total hierarquização do espaço geográfico Figura D8 onde cada dimensão espacial é ensinada de forma fragmentada e independentemente Assim iniciamse os estudos com os espaços da casa da criança seguida da rua da escola do bairro da cidade do estado da federação do país do continente e por fim o mundo STRAFORINI 2004 é preciso partir das experiências das crianças como a representação dos trajetos que a criança faz todos os dias por exemplo para bem mais tarde ela chegar a compreender noções complexas sobre o espaço em que ela vive C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 72 Ainda para o autor citado no parágrafo anterior o mundo de hoje é globalizado e todas as dimensões espaciais sejam elas o bairro ou o país o local ou o global encontramse numa íntima relação de proximidade As abordagens teóricometodológicas sintéticas e analíticas Figura D8 Da parte para o todo do sítio urbano de Santa Maria para o mundo Fonte Adaptado de Straforini 2004 ficam perdidas nessa nova relação estabelecida entre o lugar e o mundo Na verdade não é o ponto de partida o bairro ou o mundo que é significativo mas sim o estabelecimento das relações entre eles Figura D9 Alan Roberto Giondo 73 U N I D A D E D Os Parâmetros Curriculares Nacionais simbolizam uma proposta que visa a orientar de maneira coerente as políticas educacionais existentes nas diferentes áreas territoriais do país e que contribuem para a melhoria da Figura D9 Do todo para a parte do mundo ao sítio urbano da cidade de Santa Maria eficiência atualização e qualidade da nossa educação Os Parâmetros objetivam demonstrar uma concepção de cidadania que ajuste o aluno e conseqüentemente o cidadão à realidade e às demandas do mundo contemporâneo Alan Roberto Giondo Fonte Adaptado de Straforini 2004 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 74 Reflexão Como você acredita ser possível ao professor levar a criança a entender a dialética localglobal de maneira contex tualizada Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 75 R E F E R Ê N C I A S Referências Referências Bibliográficas e Sugestões para Leitura ALMEIDA R D de PASSINI E Y O espaço geográfico ensino e representação 13 ed São Paulo Contexto 2004 O Espaço geográfico ensino e representação 3ed São Paulo Contexto 1991 O espaço geográfico ensino e representação São Paulo Contexto 1989 ANDRADE M C de Geografia ciência da sociedade uma introdução à análise do pensamento geográfico São Paulo Atlas 1987 ANTUNES A do R MENANDRO H F TOMOKO L P Estudos Sociais Teoria e Prática Rio de Janeiro ACCESS 1993 ANTUNES C Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências 11 ed Petrópolis Vozes 2002 BELLONI M L O que é MídiaEducação Campinas SP Autores Associados 2001 Coleção Polêmicas do Nosso Tempo 78 BRABANT J M Crise da Geografia crise da escola In OLIVEIRA A U Para onde vai o ensino da Geografia São Paulo Contexto 1989 BRASIL Ministério da Educação e Cultura Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais geografia Brasília MECSEF 1997 CALLAI H C Ensino da Geografia práticas e textualizações no cotidiano Porto Alegre Mediação 2000 O ensino de geografia recortes espaciais para a análise In CASTROGIOVANNI A C et alli Org Geografia em sala de aula práticas e reflexões Porto Alegre AGB Seção Porto Alegre 1998 org O ensino em estudos sociais Ijuí Livraria Unijuí Editora 1991 CARLOS A F A A Geografia na Sala de Aula 5 ed São Paulo Contexto 2003 Org Novos caminhos da Geografia São Paulo Contexto 1999 O lugar nodo mundo São Paulo Hucitec 1996 O lugar modernização e fragmentação In SANTOS M Fim de século e globalização o novo mapa do mundo São Paulo HucitecAnpur 1993 CASTRO I E et al Geografia conceitos e temas Rio de Janeiro Bertrand 1995 CASTRO A D de Piaget e a Didática São Paulo Saraiva 1974 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 76 CORRÊA R L Rede urbana e informação espacial uma reflexão considerando o Brasil Território Ano V n 8 janjun 2000 UFRJ Rio de Janeiro 2000 As correntes do pensamento geográfico São Paulo Ática 1991 CAVALCANTI L de S Geografia e práticas de ensino Goiânia Editora Alternativa 2002 Geografia Escola e Construção de Conhecimentos Campinas Papirus 1998 CHISTOFOFOCETTI A org Perspectivas da geografia São Paulo Difel 1992 CLAVAL Paul A Geografia cultural Florianópolis Ed da UFSC 1999 DAMIANI A L O lugar e a produção do cotidiano In Encontro internacional lugar formação sociespacial mundo Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Geografia Universidade de São Paulo 1994 DEMO P Introdução à Metodologia Científica São Paulo Atlas 1988 FRÉMONT A A região espaço vivido Coimbra Almedina 1980 HANNOUM H El Niño Conquista el Medio Las Atividades Exploratórias en la Escuela Primaria Buenos Aires Kapelusz 1977 KAERCHER N A Desafios e utopias no ensino de geografia 3 ed Santa Cruz do Sul EDUNISC 2001 KAMII C DEVRIES R A teoria de Piaget e a educação préescolar Lisboa Socilcultur sd KATUTA A M SOUZA J G A cartografia no movimento de renovação da geografia brasileira e a importância do uso de mapas São Paulo Editora UNESP 2001 LACOSTE Y A Geografia isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra Campinas Papirus 1988 LOPES M D da S A percepção cartográfica dos alunos da 3ª série do 1º grau no Município de Cachoeiro do Itapemirim ES Belo Horizonte Instituto de Geociências da UFMG Dissertação Mestrado do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais 1996 MEDEIROS Edna Maria Ribeiro de A Geografia nas Propostas Curriculares 1930 1992 Recife Dissertação de Mestrado UFPE 1996 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª série Geografia Nova Escola a Revista do Professor Edição especial p 4 24 out de 2003 MORAES Antonio Carlos Robert Geografia Pequena História Crítica São Paulo Hucitec 1986 MOREIRA R O que é Geografia São Paulo Brasiliense 1981 NEWCOMBE N Desenvolvimento Infantil abordagem de Mussem Tradução de Cláudia Buchweitz 8 ed Porto Alegre Artes Médicas Sul 1999 77 R E F E R Ê N C I A S OLIVEIRA L de O Estudo Cognitivo do Mapa São Paulo Tese Concurso de Docência Livre em Planejamento do Instituto de Geociências e Ciências Exatas do Campus de Rio Claro Universidade de São Paulo 1978 PASSINI E Y A importância das representações gráficas no ensino de geografia In Schäffer Neiva Otero Ensinar e aprender Geografia Porto Alegre Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção Porto Alegre 1998 Alfabetização cartográfica e o livro didático uma análise Belo Horizonte Ed Lê 1994 PEREIRA R M F do A Da geografia que se ensina à gênese da geografia moderna Florianópolis Editora da UFSC 1999 PIAGET J La représentation de Iespace chez Ienfant Paris PUF 1981 The Construction of Reality in the Child New York Ballantine Books 1971 O raciocínio na criança Rio de Janeiro Record 1967 PONTUSCHKA N N A geografia pesquisa e ensino In CARLOS A F A Novos caminhos da geografia São Paulo Contexto 1999 PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA Secretaria Municipal da Educação Escola para o século XXI Goiânia Hagaprint 1998 ROMANELLI Otaíza de Oliveira História da educação no Brasil 19301973Petrópolis Vozes 1991 SANTOS M M D O uso do mapa no ensino aprendizagem da geografia Geografia Rio Claro 1991 SANTOS M Técnica espaço tempo Globalização e meio técnicocientífico informacional São Paulo Hucitec 1998 Espaço e método 4 ed São Paulo Nobel 1997 A natureza do espaço técnica e tempo razão e emoção 2 ed São Paulo Hucitec 1997 A natureza do espaço técnica e tempo razão e emoção 2 ed São Paulo Hucitec 1996 A redescoberta da natureza Aula inaugural da FFLCHUSP 1992 Pensando o espaço do homem São Paulo Hucitec 1991 Metamorfoses do espaço habitado São Paulo Hucitec 1988 Por uma geografia nova São Paulo Hucitec Edusp 1978 SAVIANI D Pedagogia históricocrítica primeiras aproximações São Paulo Cortez 1977 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 78 SIMIELLI M E Cartografia no ensino fundamental e médio In CARLOS Ana Fani A geografia na sala de aula São Paulo Contexto 1999 SOUZA M A A e SILVEIRA M L orgs Território globalização e fragmentação São Paulo Hucitec ANPUR 1994 SPOSITO E S Geografia e Filosofia Contribuição para o ensino do pensamento geográfico São Paulo Ed da UNESP 2004 STRAFORINI R Ensinar geografia o desafio da totalidademundo nas séries iniciais São Paulo Annablume 2004 TUAN YF Espaço e lugar perspectiva da experiência São Paulo Difel 1983 VESENTINI J W Educação e ensino de geografia instrumentos de dominação eou libertação In CASTROGIOVANNI A C et al Orgs Geografia em sala de aula práticas e reflexões Porto Alegre Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção Porto Alegre 1999 Para uma Geografia crítica na escola São Paulo Ática 1992 VYGOTSKY L S Pensamento e linguagem 3 ed São Paulo Martins Fontes 1991 VLACH V Geografia em construçãoBelo Horizonte Editora LÊ 1991 Geografia em debate Belo Horizonte Editora LÊ 1990 Sugestões de Sites httpgeocitiesyahoocombrf6mrs2005 geografoshtm httpwwwigeouerjbrVICBG2004Eixo3 E3snhtm httpwwwcomunicartecombr indicadoresphp httpwwwmecgovbr httpwwwmecgovbrsefestrut2pcnpdf livro051pdf httpwwwigeoufrjbrgruporetissigtiki indexphp httpwwwmultimidiaprudenteunespbr arletegisintrothtm httpwwwctgeocombrsolucoes solucoesphp httpgeocitiescombrcartografiatematica textosteorichtmhttpusuariosculturacombr httpplanetaterracombr wwwpedagogiaemfocoprobr A N O T A Ç Õ E S C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 80 FACULDADE ENAU NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 2023 NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Trabalho de dependência por acompanhamento de estudos na disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino de Geográfia apresentado como requisito para aprovação no XX ciclo do Curso de Licenciatura em PedagogiaEducação Física da Faculdade Enau NOME DO ALUNO CIDADE 2023 NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Avaliado em de de 20 Profa Ma Maressa Tosetti Lamonica Crespo Coordenadora do Curso NOME DO ALUNO CIDADE 20XX SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO8 2 DESENVOLVIMENTO10 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS12 REFERÊNCIAS13 1 INTRODUÇÃO A ciência Geografia tem como seus principais objetos de estudo o espaço geográfico suas paisagens recursos naturais e a relação os seres humanos o espaço que estão inseridos e o meio ambiente A origem da Geografia enquanto ciência remonta à Antiguidade Clássica mas foi somente no século XIX que foi reconhecida como disciplina acadêmica RODRIGUES et al 2014 Desde então a Geografia passou a desenvolver um vasto campo teórico e diversas correntes de pensamento além de dialogar com diversos outros campos científicos Hoje a Geografia é reconhecida por sua perspectiva crítica que busca compreender as relações entre os homens e o espaço que estão inseridos No Brasil há uma infinidade de pesquisadores que contribuíram para construir este perfil crítico da Geografia Entre estes merecem destaque dois importantes pesquisadores que contribuíram significativamente para a difusão da Geografia enquanto disciplina de análise crítica o primeiro destes é Josué de Castro que apesar de não ser geografo de formação o médico recifense produziu dois celebres trabalhos Geografia da Fome e Geopolítica da Fome Foi responsável por combater a teoria que pregava que a fome e a miséria se relacionavam ao crescimento populacional e a escassez de recursos naturais E demonstrou que a fome não estava relacionada com escassez mas com a concentração de riquezas Defendeu que a questão do combate a fome passava pela distribuição de riquezas a começar pelo acesso à terra tornando se um defensor da Reforma Agrária Também não podemos deixar de citar Milton Santos considerado o maior geografo brasileiro tendo sua obra reconhecida mundialmente e lecionado em universidades do mundo todo Propôs um olhar mais social para o espaço geográfico e era crítico de perspectivas essencialmente estatísticas Em uma de suas principais obras intitulada Por uma outra Globalização faz uma crítica ao caráter desigual do modelo de globalização vigente e sobre sua inviabilidade propondo uma nova ideia de globalização O ensino da Geografia nas séries iniciais do ensino fundamental possui um papel essencial na formação dos alunos Está disciplina possibilita ao professor que a ministra construir uma grande ponte de diálogo entre as relações vivenciadas mundo real da criança o seu cotidiano o lúdico e o conhecimento científico A Geografia contribui significativamente para construção da visão crítica da criança assim como para a reflexão sobre a comunidade que está inserida permitindo que ela perceba e identifique questões relacionadas a organização do espaço da diversidade cultural e também questões relacionadas a temática ambiental Dessa forma a Geografia tem um enorme potencial de construir os primeiros elos entre o universo lúdico da infância e o conhecimento científico 2 DESENVOLVIMENTO Para alcançar os objetivos de aprendizagem da Geografia nas séries iniciais e atrair o interesse dos alunos é de extrema importância que o professor dialogue com a realidade do aluno e procure sempre estimular a curiosidade e criatividade do aluno Uma primeira sugestão de atividade para despertar o interesse dos alunos pode ser uma brincadeira de caça ao tesouro no pátio da escola O professor divide os alunos em grupos entrega um mapa com instruções e objetivos que os alunos devem cumprir Ao final da brincadeira o professor pode fazer uma roda de conversa estimular os alunos a contarem sobre as sensações dificuldades e desafios despertados pela brincadeira Certamente muitos alunos dirão que encontraram dificuldades em seguir as pistas ou ler o mapa Esse é um momento apropriado para o professor apresentar um mapa para os alunos e ensinar os alunos a lerem esse tipo de representação apresentado todas as características desde o título do mapa as legendas contidas e o que elas representam a escala e demais orientações O professor pode utilizar diversos tipos de mapas nessa etapa demonstrando as inúmeras utilidades e finalidades que uma projeção cartográfica pode ter Em seguida o professor pode trabalhar com recursos tecnológicos como o google maps ou google Earth Primeiramente apresentando os aplicativos e seu funcionamento e em seguida estimulando os alunos a explorar essa ferramenta Em uma próxima etapa o professor pode entregar aos alunos algumas representações de áreas retiradas do google maps e estimular os alunos a Identificar se a imagem é de bairro residencial comercial industrial ou rural Localizar alguns pontos como a escola uma praça um hospital Traçar as rotas entre alguns dos pontos identificados Munidos dos conhecimentos relacionados a representação gráfica e escola o professor poderá pedir para que os alunos estimem a distância entre dois pontos determinados A execução dessa atividade contribuirá profundamente para que os alunos adquiram os objetivos de aprendizagem estimulados pela temática além de estimular a curiosidade e a criatividade dos alunos Serão inúmeras as conclusões que os alunos poderão chegar com essa atividade Certamente indo muito além do imaginado pelo professor durante o planejamento da atividade É bem provável que os alunos tragam elementos da realidade inerente ao espaço geográfico pesquisado que não seja do conhecimento de todos Como por exemplo a presença de veículos em alta velocidade em um determinado ponto incidência de violência entre outros 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino de Geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental é de extrema importância para compreensão do espaço geográfico e das relações que construímos com este Contribuindo para o desenvolvimento de habilidades cognitivas como o senso de direção a observação descrição e características dos espaços e a compreensão da diversidade cultural e social inerentes ao espaço geográfico O professor sempre que planejar suas atividades precisa sempre lembrar de se adequar ao grupo para o qual irá lecionar observando características como a faixa etária e a realidade a qual seus alunos estão inseridos Dessa forma o professor conseguirá despertar a criatividade e a reflexão de seus alunos atingindo os objetivos de aprendizagem de modo mais satisfatório O conhecimento geográfico é importante aliado para o desenvolvimento do olhar crítico e reflexivo a respeito da sociedade contribuindo também para formação de cidadãos comprometidos com suas comunidades e sujeitos participativos da transformação do espaço geográfico REFERÊNCIAS CALLAI Helena Copetti Ensino de geografia práticas e textualizações no cotidiano Porto Alegre Mediação 2010 CAVALCANTI Lana de Souza Geografia e práticas de ensino Goiânia Alternativa 2002 GAMA A S FIGUEIREDO S A O Planejamento no contexto escolar LIBÂNEO José Carlos OLIVEIRA João Ferreira TOSCHI Mirza Seabra Educação escolar políticas estrutura e organização São Paulo Cortez 2012 MOÇO Anderson Alfabetização Cartográfica Nova Escola edição 242 01 mai 2011 Disponível em httpsnovaescolaorgbrconteudo2325alfabetizacaocartografica PENA Rodolfo F Alves Josué de Castro Brasil Escola Disponível em httpsbrasilescolauolcombrgeografiajosuecastrohtm Acesso em 01 de maio de 2023 PENA Rodolfo F Alves Milton Santos Brasil Escola Disponível em httpsbrasilescolauolcombrgeografiamiltonsantoshtm Acesso em 01 de maio de 2023 RODRIGUES Auro de Jesus et al O surgimento da ciência geográfica Alexander von Humboldt e Karl Ritter Ciências Humanas e Sociais Unit Aracaju v 2 n2 p 221230 out 2014 Disponível em httpsperiodicossetedubrindexphphumanasarticleview1231 Acesso em 02 mai 2023
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Prova Metodologia do Ensino de Geografia
Geografia
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Ap Cont Met e Prática de Ens de Hist e Geog
Geografia
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Fundamentos da Geografia - Correntes do Pensamento Geográfico e a Geografia Escolar
Geografia
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Prova 965276 Didatica da Historia e Geografia 12 04 2018
Geografia
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Geografia como Ciência
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Dicas de Leitura para Formação em História e BNCC
Geografia
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O PLANEJAMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR Anailton de Souza Gama1 Sonner Arfux de Figueiredo2 Resumo O presente artigo pretende discutir o planejamento no contexto escolar entendendo que a escola tem um importante papel na formação e no desenvolvimento do homem e um aliado insubstituível dessa concepção de escola é o planejamento educacional que possibilita a ela uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula baseado na necessidade e no conhecimento de mundo dos alunos que por sua vez são os principais interessados e possivelmente os principais beneficiados com o sucesso nesse tipo de organização metodológica que visa o crescimento do homem dentro da sociedade Palavraschave Planejamento professores contexto escolar Introdução O planejar foi uma realidade que sempre acompanhou a trajetória histórica da humanidade O homem sempre pensou suas ações embora não soubesse que deste modo estaria planejando Ele pensa sobre o que fez o que deixou de fazer sobre o que está fazendo e o que pretende fazer no futuro ele usa sua razão sempre imagina o que pretende fazer ou seja suas ações O ato de imaginar pensar não deixa de ser uma forma de planejamento O planejamento está presente em nosso diaadia mesmo que implícito como o caso da pessoa que ao levantarse pela manhã pensa no seu dia no que vai acontecer ao longo dele Como não se tem certeza do que realmente irá acontecer no passar dessas vinte e quatro horas a pessoa obrigase a pesar prever imaginar e tomar decisões contudo ela sempre espera tomar as decisões mais acertadas para que sua ação alcance os objetivos esperados mesmo não tendo consciência de que está realizando um planejamento esta pessoa está fazendo o uso do ato de planejar No caso do planejamento educacional são várias as definições sendo que cada autor procura descrevêlo sob sua própria visão Segundo Martinez e Oliveira 1997 p 11 Entendese por planejamento um processo de previsão de 1 Graduado em Letras UFMS Especialista em Literatura Comparada UFMS Mestre em Lingüística pela UFMS ProfessorUEMS 2 Graduado em Matemática Mestre em Engenharia Elétrica UNITAU Professor do Curso de MatemáticaUEMS necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis a fim de alcançar objetivos concretos em prazos determinados e em etapas definidas a partir do conhecimento e avaliação cientifica da situação original Este tipo de definição não se caracteriza por um tipo específico de planejamento podendo também ser compreendido como planejamento econômico industrial ou ainda como o tipo de planejamento que o presente artigo se propõe a apresentar ou seja o planejamento educacional Para Menegola e SantAnna 2001 p 25 Planejar o processo educativo é planejar o indefinido porque educação não é o processo cujos resultados podem ser totalmente pré definidos determinados ou préescolhidos como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente mecânica e impensável Devemos pois planejar a ação educativa para o homem não impondo lhe diretrizes que o alheiem Permitindo com isso que a educação ajude o homem a ser criador de sua história Nesta definição podemos perceber que os autores preocupamse em especificar que tipo de planejamento educacional visam sobretudo enfatizar o papel como formador de opiniões e acima de tudo capaz de ser o criador de sua história Então se entende que a escola tem um importante papel na formação e no desenvolvimento do homem e um aliado insubstituível dessa concepção de escola é o planejamento educacional que possibilita a ela uma organização metodológica do conteúdo a ser desenvolvido pelos professores em sala de aula baseado na necessidade e no conhecimento de mundo dos alunos que por sua vez são os principais interessados e possivelmente os principais beneficiados com o sucesso nesse tipo de organização metodológica que visa o crescimento do homem dentro da sociedade APROFUNDANDO O CONCEITO DE PLANEJAMENTO A discussão do conceito de planejamento à primeira vista pode parecer perda de tempo sendo que na verdade o ponto de maior importância seria discutir o como fazer Mas tornase importante perceber que a clareza no conceito do planejamento proporciona maior liberdade e mais autonomia do sujeito professor sendo que quanto menor for a conceitualização de planejamento maior será a necessidade de receitas prontas e modelos a seguir Com a ajuda de um dicionário buscaremos tornar o mais claro possível o conceito de planejamento O dicionário utilizado é o dicionário mais popular da Língua Portuguesa no Brasil que é o Aurélio Buarque de Holanda 2º edição 1986 PLANO Do latim planu projeto ou empreendimento com fim determinado Conjunto de métodos e medidas para a execução de um empreendimento PLANEJAR V T D 1 Fazer o plano de projetar traçar Um bom arquiteto planejará o edifício 2 Fazer o planejamento de elaborar um plano ou roteiro de programar planificar planejar um roubo 3 Fazer tenção ou resolução de tencionar projetar PLANEJAMENTO S M 1 Ato ou efeito de planejar 2 Trabalho de preparação para qualquer empreendimento seguindo roteiro e métodos determinados planificação o planejamento de um livro de uma comemoração PROJETO do lat Projectu lançado para diante S M Idéia que se forma de executar ou realizar algo no futuro plano intento desígnio 2 Empreendimento a ser realizado dentro de um determinado esquema Segundo Vasconcellos 2000 o conceito de planejar fica claro pois Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser realizadas e agir de acordo com o previsto Planejar não é pois apenas algo que se faz antes de agir mas é também agir em função daquilo que se pensa p79 Sendo assim planejar pode ser obra de um indivíduo de um grupo ou mesmo de uma coletividade social bem mais ampla como no caso do planejamento participativo dentro de uma rede de ensino O conceito de planejamento é algo bem amplo que pode ser compreendido de várias formas sendo que também pode ser compreendido como o define Vasconcellos 2000 p 79 O planejamento enquanto construçãotransformação de representações é uma mediação teórica metodológica para ação que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona fazer acontecer concretizar e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo Segundo a definição que Vasconcellos atribui para o ato de planejar podemos perceber que este tipo de metodologia visa a integração do indivíduo com a sociedade buscando realizações de ações articuladas dentro de um processo teóricometodológico O PLANEJAMENTO NA ESCOLA PÚBLICA Planejar o conteúdo a ser aplicado durante o ano letivo é uma tarefa que envolve tanto professores quanto diretores e coordenadores pedagógicos enfim toda massa de profissionais voltados para a área da educação pertencentes à escola O planejamento voltado para a área da educação apresenta variações sendo que o mesmo pode ser educacional curricular ou de ensino No planejamento educacional a visão que se tem é mais ampla pensase no progresso global do país Podemos então definílo segundo Joana Coaracy 1972 p 79 como Processo contínuo que se preocupa com o para onde ir e quais as maneiras adequadas para chegar lá tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras para que o desenvolvimento da educação atenda tanto às necessidades do desenvolvimento da sociedade quanto as do indivíduo O planejamento curricular visa sobretudo a ser funcional promovendo não só a aprendizagem do conteúdo mas também promovendo condições favoráveis a aplicação e integração desses conhecimentos Podemos definir o planejamento curricular nas palavras de Sarulbi 1971 p 34 como Uma tarefa multidisciplinar que tem por objetivo a organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do conhecimento de tal modo que se favoreça ao máximo o processo ensino aprendizagem O planejamento de ensino está pautado a nível mais específico dentro do contexto da escola podendo ser compreendido como Previsão das situações do professor com a classe Mattos 1968 p14 Este tipo de planejamento varia muito de uma instituição para outra O Planejamento e a LDB Em 20 de Dezembro de 1996 o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação proposta pelo senador Darci Ribeiro depois de oito anos de tramitação pelo Congresso Nacional Ela estabelece normas e procedimentos que afetam todos os níveis do sistema educacional No que diz respeito à organização da educação nacional cabe salientar que de acordo com a LDB o planejamento fica delegado aos cuidados da instituição de ensino juntamente com o corpo docente que tem um importante papel a desempenhar nesse sentido que é o da aplicação desse planejamento levando em consideração que o docente necessita acima de tudo zelar pela aprendizagem dos alunos bem como estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento escolar ou seja cabe também ao docente reorganizar o seu planejamento conforme as necessidades educacionais do aluno visando o seu objetivo que é o da preparação dos alunos não só para encarar o futuro com confiança mas sobretudo fornecer a eles condições de aprendizagem necessárias ao indivíduo para que ele possa sobressair de situações que exijam raciocínio lógico Segundo a LDB o professor tem como incumbência não só ministrar os dias letivos e horas aulas estabelecidas mas também participar de forma integral dos períodos dedicados ao planejamento além de participar também da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino a qual ele pertença A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR A metodologia do planejamento escolar enquadrase no cenário da educação como uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos quanto a sua previsão e adequação no decorrer do processo de ensino Segundo Libâneo 1994 p 222 o planejamento tem grande importância por tratarse de Um processo de racionalização organização e coordenação da ação docente articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social Sob essa linha de raciocínio que Libâneo adota ao definir a importância do planejamento fica evidente uma preocupação em integrar a coordenação da ação docente à problemática do contexto social em que o seu público alvo está inserido visando sobretudo com essa integração um maior rendimento escolar pois facilitará e muito aos alunos verem conteúdos que falem sobre a realidade que eles vivenciam em seu dia a dia Adentrando no conceito de planejamento e da importância dessa metodologia Libâneo 1994 p 222 ainda salienta que A ação de planejar portanto não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo é antes a atividade consciente da previsão das ações político pedagógicas e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas isto é a problemática social econômica política e cultural que envolve a escola os professores os alunos os pais a comunidade que integram o processo de ensino Toda a comunidade escolar necessita integrarse visando resultados positivos no ensino aprendizagem do aluno sendo que um aliado importante nessa integração é o planejamento pois é através dele que prevemos ações docentes voltadas para a problemática social econômica política e cultural que envolve toda a escola e por conseqüência dessa integração conseguimos alcançar resultados positivos quanto à educação do corpo discente O método do planejamento é útil e sobretudo muito importante mas o mais importante é o maior ou menor conhecimento que se tenha do aspecto da realidade em que se está agindo de sua inserção no conjunto Tendo em mente a importância de uma metodologia que direciona o processo educativo precisamos ainda mais saber que planejar é tomar decisões mas essas decisões não são infalíveis o planejamento sempre está em processo portanto em evolução Sendo assim podemos dizer que cabe à Escola a elaboração de seus planos curriculares partindo da orientação dada pela Lei ou pelos sistemas com a finalidade de atender às características locais e às necessidades da comunidade e sobretudo às necessidades do aluno CARACTERÍSTICAS DO BOM PLANO DE ENSINO No momento em que o professor elabora o seu planejamento algumas características precisam ser lembradas para que ele possa desenvolver um bom plano de ensino Segundo Ricardo Nervi 1967 p 56 estas são as características essenciais do bom plano de ensino COERÊNCIA as atividades planejadas devem manter perfeita coesão entre si de modo que não se dispersem em distintas direções de sua unidade e correlação dependerá o alcance dos objetivos propostos SEQÜÊNCIA deve existir uma linha ininterrupta que integre gradualmente as distintas atividades desde a primeira até a ultima de modo que nada fique jogado ao acaso FLEXIBILIDADE é outro prérequisito importante que permite a inserção sobre a marcha de temas ocasionais subtemas não previstos e questões que enriqueçam os conteúdos por desenvolver bem como permitir alteração de acordo com as necessidades ou interesses dos alunos PRECISÃO E OBJETIVIDADE os enunciados devem ser claros precisos objetivos e sintaticamente impecáveis As indicações não podem ser objetos de dupla interpretação as sugestões devem ser inequívocas Estas são segundo Ricardo Nervi algumas das principais características que o bom planejamento de ensino deve conter sendo que todo o professor deve conhecer as fontes onde buscar novos elementos relacionados à sua disciplina fundamentando o seu planejamento de ensino O professor ao realizar seu planejamento de ensino antecipa de forma coerente e organizada todas as etapas do trabalho escolar não permitindo que as atitudes propostas percam sua essência ou seja o seu trabalho a ser realizado encaixa se em uma seqüência uma linha de raciocínio em que o professor tem a real consciência do que ensina e quais os objetivos que espera atingir para que nada fique dispenso ao acaso O planejamento a primeiro momento passa por fases semelhantes sendo ele planejamento educacional curricular de ensino ou de aula Em uma visão geral a fase inicial é a de preparação que consiste em uma realização de passos que visam assegurar a sistematização o desenvolvimento e a concretização dos objetivos previstos Em um segundo momento já na fase do desenvolvimento do que anteriormente havia sido preparado a ênfase recai na ação do aluno e do professor e aos poucos com o desenvolvimento do trabalho aprimorase os níveis de desempenho do processo Já na fase do aperfeiçoamento envolve a testagem e a determinação do alcance dos objetivos Estes procedimentos de avaliação permitem os ajustes que se fizerem necessários para a execução dos objetivos demonstrando que o processo do planejamento é um organismo vivo flexível adaptável a diferentes realidades e necessidades que possam surgir contrariando os poucos que ainda acreditam que o planejamento por si só já é a solução de todos os possíveis problemas que possam surgir ao longo do desenvolvimento do trabalho em questão Assim sendo o bom planejamento de ensino é aquele que melhor adaptase a realidade sóciocultural em que o aluno está inserido é aquele que visa objetivos concretos com a utilização de linhas ininterruptas de pensamento mas flexíveis o bastante para tomar caminhos diferenciados sem perder a direção NÍVEIS DE PLANEJAMENTO No contexto escolar podem ser realizados diferentes níveis de abrangências de planejamento Segundo Vasconcellos 2000 p 95 grifo nosso são esses os diferentes níveis do planejamento O planejamento da escola tratase do que chamamos de projeto políticopedagógico ou projeto educativo sendo esse plano integral da instituição o mesmo é composto de marco referencial diagnóstico e programação Este nível envolve tanto a dimensão pedagógica quanto a comunitária e administrativa da escola Partindo para o nível de abrangência seguinte Vasconcellos 2000 p 95 define o planejamento curricular como sendo A proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pelas Escolas incorporados nos diversos componentes curriculares sendo que a proposta curricular pode ter como referência os seguintes elementos fundamentos da disciplina área de estudo desafios pedagógicos encaminhamento proposta de conteúdos processos de avaliação Este nível de abrangência das escolas é realizado sempre com base nos PCNS Parâmetros Curriculares Nacionais que foram elaborados procurando de um lado respeitar diversidades regionais culturais e políticas existentes no país e de outro lado considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras Com isso pretendese criar condições nas escolas que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania Os PCNS vêm com intuito de fortalecer a Escola como unidade do sistema escolar credenciála para a elaboração de um projeto educacional Com base no que diz os PCNS sobre o nível de projeto educativo O projeto educativo precisa ter dimensão de presente a criança o adolescente o jovem vive momentos muito especiais de suas vidas vivenciam tempos específicos da vida humana e não apenas tempos de espera ou de preparação para a vida adulta Daí a importância de a equipe escolar procurar conhecer tão profundamente quanto possível quem são seus alunos como vivem o que pensam sentem e fazem Quando os alunos percebem que a escola atenta às suas necessidades os seus problemas as suas preocupações desenvolvem autoconfiança e confiança nos outros ampliando as possibilidades de um melhor desempenho escolar isso vale também para os adultos que trabalham na escola ou que estão de alguma forma envolvidos com ela professores funcionários diretores e pais BRASIL 1997 p 87 Todos os níveis do planejamento deveriam tomar como base os parâmetros curriculares nacionais Partindo agora para outro nível de abrangência do planejamento segundo Vasconcellos 2000 p 96 o Projeto de ensino aprendizagem que é o planejamento mais próximo da prática do professor e da sala de aula diz respeito mais restritamente ao aspecto didático Pode ser subdividido em projeto de curso e plano de aula A Escola além de desenvolver todos esses níveis de planejamento já acima citados também deveria desenvolver o planejamento de projeto de trabalho que geralmente assume caráter interdisciplinar como afirma Vasconcellos idem O projeto de trabalho é o planejamento da ação educativa baseado no trabalho por projeto são projetos de aprendizagem desenvolvidos na escola por um determinado período geralmente de caráter interdisciplinar Todas as modalidades de planejamento dentro de uma instituição de ensino procuram atender aos PCNS seguindoo fielmente ou apenas baseandose nele mas sempre de acordo com o que ele diz OS PROFESSORES E O PLANEJAMENTO O ato de planejar é de fundamental importância na vida de todo ser humano principalmente quando esse planejar influencia num bom desempenho de crescimento intelectual como é o caso do planejar a educação Esse tipo de atitude favorece a organização das ações pedagógicas bem como estabelece uma metodologia de seqüência lógica que influi nos futuros resultados de ensino aprendizagem no quais professores e alunos estão submetidos dentro do espaço da sala de aula O planejamento proporciona ao professor uma linha de raciocínio que direcionao em suas ações sendo que a ação docente vai ganhando eficácia na medida em que o professor vai acumulando e enriquecendo experiências ao lidar com situações concretas de ensino pois segundo Libanêo 1994 p 225 O professor serve de um lado dos conhecimentos do processo didático e das metodologias específicas das matérias e de outro da sua própria experiência prática O docente a cada nova experiência vai assim criando sua didática e com isso enriquecendo sua prática profissional e também ganhando mais segurança sendo que agindo dessa forma o professor acaba usando o seu planejamento como fonte de oportunidade de reflexão e avaliação da sua prática O professor precisa estar preparado também para os momentos em que o seu planejamento necessite ser modificado sem que com isso o planejamento perca a sua essência observando também que planejar não significa alienarse da realidade dando assim autonomia para que o mesmo adapte o seu planejamento a cada realidade de sala de aula Mas para que isso aconteça realmente o professor necessita cada vez mais compreender que o planejamento é uma prática que procura ajudar a sanar problemas de organização de conteúdos e que ele por si próprio não é a solução absoluta de todos os problemas que surgirão quanto a organização metodológica tendo em vista que o planejamento é somente um passo de uma caminhada longa Como afirma Libanêo 1994 p 225 O planejamento não assegura por si só o andamento do processo de ensino O importante é salientar que o planejamento sirva para o professor e para os alunos que ele seja útil e funcional a quem se destina objetivamente através de uma ação consciente responsável e libertadora desconsiderando a noção de planejamento como uma receita pronta pois sabemos que cada sala de aula é uma realidade diferente com problemas e soluções diferentes cabe ao professor em conjunto com os demais profissionais na área de educação pertencentes a escola adaptar o seu planejamento para que assegure o bom desenvolvimento a que ele se propõe que é o de nortear as práticas docentes em sala de aula Em alguns determinados momentos os professores mostramse descrentes na metodologia do planejamento Segundo Menegola e SantAnna 2001 p 43 alguns professores não simpatizam com o ato de planejar Parece ser uma evidência que muitos professores não gostem e pouco simpatizem em planejar suas atividades escolares O que se observa é uma clara relutância contra a exigência de elaboração de seus planos Há uma certa descrença manifesta nos olhos na vontade e disposição dos professores quando convocados para planejamento O que acontece com esses profissionais para que mostremse desmotivados com a metodologia do planejamento ninguém sabe ao certo mas acreditamos que seja devido à descrença pois esses profissionais acreditam que planejar é apenas atender à burocracia escolar evidenciando a não utilização do que se planeja pois a partir do momento que não acreditamos nos resultados de nossas ações deixamos de praticálas da forma que ela está prevista ou seja planejamos mas não usamos o planejamento tendo em vista que não acreditamos no possível sucesso desta metodologia Cabe ao professor uma mudança de postura procurar conhecer melhor as vantagens e desvantagens de usar o planejamento para então depois resolver se é ou não viável a utilização dessa metodologia que encontrase desacreditada por alguns docentes FLEXIBILIDADE EM QUESTÃO É comum quando ouvimos falar em planejamento também ouvirmos falar sobre a flexibilidade que necessita ser uma característica essencial do planejar mas por outro lado segundo Vasconcellos 2000 p 159 há uma questão que precisa ser levada em considerarão pelo planejador Estamos aqui correndo o risco de duas tentações extremas de um lado o planejamento se tornar o tirano da ação ou de outro se tornar um simples registro um jogo de palavras desligado da prática efetiva do professor Segundo Vasconcellos 2000 observamos que ao planejar corremos dois grandes riscos de ficarmos presos ligados ao extremo no planejamento alienandonos da realidade tornandonos tiranos da ação Já por outro lado também corremos o risco de sermos flexíveis aos extremos perdendo assim a essência do planejamento deixando que essa metodologia tornese algo banal ou seja um simples registro um jogo de palavras totalmente desligados da prática do educador em sala de aula Vasconcellos 2000 p 159 procura atentarnos para um ponto muito importante Precisamos distinguir a flexibilidade de frouxidão é certo que o projeto não pode se tornar uma camisa de força obrigando o professor a realizálo mesmo que as circunstâncias tenham mudado radicalmente mas isto também não pode significar que por qualquer coisa o professor estará desprezando o que foi planejado O planejamento não pode ser colocado como diz Vasconcellos como uma camisa de força que aprisiona quem a veste mas por outro lado a frouxidão das ações também não pode ser encarada como um fator positivo pois pode colocar o planejamento em uma posição ridicularizada fazendo com que ele perca a sua credibilidade que arranha ainda mais a imagem de uma prática que para alguns professores já nasce fadada ao descrédito Uma coisa é certa em qualquer momento alguma das ações previstas pelo planejamento não serão concretizadas mas saibamos que isto ficará por conta de fatores adversos que são difíceis de serem previstos ou seja significa que se algo não for realizado como estava previsto no planejamento uma explicação lógica para a sua não realização deverá partir do professor para justificar a tal mudança O mais importante deve ser a postura de comprometimento que o professor deverá assumir visando a prevenção de uma possível acomodação já que o planejamento pode assumir uma postura flexível em alguns raros momentos REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA COARACY Joana O planejamento como processo Revista Educação 4º Ed Brasília 1972 CUNHA Maria Isabel O bom professor e sua prática Campinas São Paulo Papirus 1989 Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasília MEC Art 1214 Estrutura e Funcionamento da Educação Básica 2º Ed Editora Pioneira 2002 Vários Autores FERREIRA Francisco Whitaker Planejamento sim e não modo de agir em um mundo em permanente mudança 4º Ed Rio de Janeiro Editora Paz e Terra 1983 FILHO Geraldo Inácio A Monografia na Universidade 7º Ed Campinas Papirus 1995 GANDIN Danilo Planejamento como prática educativa São Paulo Editora Edições Loyola 1985 HAYDT Regina Célia Cazaux Curso de Didática Geral 4º Ed Editora Atica São Paulo 1997 HOLANDA Aurélio Buarque Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2º Ed Editora Nova Fronteira 1986 LIBÂNEO José Carlos Didática São Paulo Editora Cortez 1994 LUCKESI Cipriano Carlos Avaliação da Aprendizagem Escolar Estudos e Proposições 14º Ed Editora Cortez São Paulo 2002 MENEGOLLA e SANTANA Maximiliano e Ilza Martins Porque Planejar Como Planejar Currículo e ÁreaAula 11º Ed Editora Vozes Petrópolis 2001 Parâmetros curriculares nacionais Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental Introdução aos parâmetros curriculares nacionaisSecretaria de educação fundamental Brasília MECSEF 1998 VASCONCELLOS Celso dos S Planejamento Projeto de EnsinoAprendizagem e Projeto PolíticoPedagógico Ladermos Libertad1 7º Ed São Paulo 2000 ATIVIDADE DE DEPENDÊNCIA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS DISCIPLINA Fundamentos Teóricos e Metodológicos do ensino de Geografia ALUNA Katia Cilene Dassan A Geografia como ciência e sua evolução Nos mostra o homem como produtor e transformador do espaço Devemos entender suas concepções e subsídios pedagógicos à produção do conhecimento no ensino de Geografia na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental de maneira a atuar na formação do conceito de espaço pela criança Ao realizar o estudo do meio desde o local de vivência da criança ampliando para espaços maiores trará às crianças bases teóricas das categorias de análise da Geografia como paisagem espaço geográfico território região lugar Tais eixos de abordagem auxiliam na decodificação da espacialidade moderna espaço natural e espaço humanizado Devemos selecionar métodos didáticos para o ensino de Geografia em cada ano das séries iniciais do ensino fundamental que melhor contemple a evolução do currículo de Geografia paradigmas emergentes e inovações Assim como devemos pensar na elaboração de recursos didáticos acessíveis que vinculem conhecimentos de Geografia ao cotidiano dos alunos e à diversidade cultural da comunidade Desta forma segue materiais sugestivos para estudos e pesquisa O que é Geografia httpswwwyoutubecomwatchvYktYwin3sk0 O Ensino de Geografia httpswwwyoutubecomwatchvm1EENUKIB5M A geografia na BNCC httpswwwyoutubecomwatchv84Pc1Vk750 Simplificando a BNCC encontramos os eixos norteadores do ensino de geografia O sujeito e seu lugar no mundo Foco do aprendizado noções de pertencimento e identidade Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Ampliar as experiências das crianças com o espaço e o tempo por meio de jogos e brincadeiras proporcionando aprofundamento do conhecimento dos estudantes sobre si mesmos e sua comunidade 2 Permitir que as crianças percebam e compreendam a dinâmica de suas relações sociais e étnicoraciais identificandose com a sua comunidade e respeitando os diferentes contextos socioculturais 3 Estimular o desenvolvimento das relações espaciais topológicas projetivas e euclidianas além do raciocínio geográfico importantes para o processo de alfabetização cartográfica e a aprendizagem com as várias linguagens formas de representação e pensamento espacial 4 Possibilitar que os estudantes construam sua identidade relacionandose com o outro sentido de alteridade valorizem as suas memórias e marcas do passado vivenciadas em diferentes lugares e à medida que se alfabetizam ampliem a sua compreensão do mundo Conexões e escalas Foco do aprendizado articulação de diferentes espaços e escalas de análise relações existentes entre os níveis local e global Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Estimular os estudantes a compreenderem e estabelecerem interações entre sociedade e meio físico natural 2 Conduzir os alunos a estabelecerem a articulação de diferentes espaços e escalas de análise relações existentes entre os níveis local e global entre sua vida familiar seus grupos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas por exemplo 3 Promover a análise do que ocorre entre quaisquer elementos que constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam um lugar na sua totalidade como os arranjos das paisagens a localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos Mundo do trabalho Foco do aprendizado reflexão sobre atividades e funções socioeconômicas e o impacto das novas tecnologias Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Levar os estudantes a uma reflexão sobre processos e técnicas construtivas e o uso de diferentes materiais produzidos pelas sociedades em diversos tempos 2 Proporcionar uma análise das características de inúmeras atividades e suas funções socioeconômicas Formas de representação e pensamento espacial Foco do aprendizado ampliação gradativa da concepção do que é um mapa e de outras formas de representação gráfica aprendizagens que envolvem o raciocínio geográfico Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Conduzir os estudantes por meio do exercício da localização geográfica a desenvolver o pensamento espacial que gradativamente passa a envolver outros princípios metodológicos do raciocínio geográfico como os de localização extensão correlação diferenciação e analogia espacial 2 Proporcionar a alfabetização cartográfica iniciando com o domínio da leitura e elaboração de mapas e gráficos 3 Ampliar as linguagens no estudo do Componente apresentando aos alunos fotografias desenhos imagens de satélites etc Natureza ambientes e qualidade de vida Foco do aprendizado articulação da geografia física e da geografia humana com destaque para a discussão dos processos físiconaturais do planeta Terra Objetivos do Ensino Fundamental 1 1 Desenvolver nos estudantes as noções relativas à percepção do meio físico natural e de seus recursos 2 Possibilitar que os estudantes reconheçam que as diferentes comunidades transformam a natureza tanto em relação às inúmeras possibilidades de uso quanto aos impactos socioambientais Para exemplificar a prática em sala de aula sugerimos a leitura do artigo a seguir com a apresentação de 5 planos de aula httpsnovaescolaorgbrplanosde aulafundamental3anogeografiasequenciaalfabetizacaocartograficaintroducaoa linguagemcartografica924 Após estudar os materiais indicados neste plano de ensino elabore um trabalho final da disciplina com o tema A importância do ensino de Geografia nas séries iniciais do ensino fundamental Você pode trazer um pequeno histórico da disciplina enquanto ciência os valores que a geografia traz para a criança nesta etapa de ensino e sugerir atividades práticas ou plano de ensino Não esqueça as considerações finais resumindo um pouco de seu aprendizado e as referências FACULDADE ENAU NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 20XX NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 20XX Trabalho de dependência por acompanhamento de estudos na disciplina de XXXXX apresentado como requisito para aprovação no XX ciclo do Curso de Licenciatura em PedagogiaEducação Física da Faculdade Enau NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Avaliado em de de 20 Profa Ma Maressa Tosetti Lamonica Crespo Coordenadora do Curso CIDADE 20XX SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO XX 2 DESENVOLVIMENTO XX 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS XX REFERÊNCIAS XX ANEXO XX XX 1 INTRODUÇÃO Escrever uma introdução para o trabalho proposto com os assuntos que vão ser abordados no desenvolvimento Máximo de 1 folha 2 DESENVOLVIMENTO Faça um texto expondo o tema proposto com fundamentação teórica dos assuntos que serão tratados 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Texto reflexivo sobre o assunto contendo sua opinião baseados nas leituras e pesquisas realizadas REFERÊNCIAS Inserir as referências bibliográficas utilizadas no formato da ABNT Exercício de orientação com base em foto aérea A imagem mostra a EE Victor Civita e seus arredores em Guarulhos na Grande São Paulo Veja como ler uma foto desse tipo em classe seguindo os três passos Clique para ampliar Endereço da página httpsnovaescolaorgbrconteudo2325alfabetizacao cartografica Publicado em NOVA ESCOLA Edição 242 01 de Maio 2011 Prática Pedagógica Alfabetização cartográfica Os alunos precisam compreender a função dos mapas para que consigam interpretar e produzir suas próprias representações do espaço Saiba como iniciálos nesse trabalho Anderson Moço Conhecer a cartografia um conteúdo essencial para a compreensão das relações entre espaço e tempo permite ao aluno atender às necessidades que aparecerão no seu cotidiano qual o melhor caminho para chegar a um lugar Como conseguir localizar um amigo que vive em outra região e também estudar o ambiente em que vive Sendo assim a representação do espaço precisa ser dominada até o fim do Ensino Fundamental Interpretar e produzir mapas são habilidades que se formam gradualmente Por isso é preciso desenvolver atividades com esse objetivo desde cedo Por meio da alfabetização cartográfica a turma entende conceitos básicos para conseguir interpretar e produzir representações com proficiência crescente Para tratar da cartografia de modo aprofundado NOVA ESCOLA planejou cinco reportagens A série conta com apoio pedagógico da professora Rosângela Doin de Almeida livredocente em Prática de Ensino de Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Unesp e autora de diversos livros sobre o tema Neste mês você encontra as melhores formas de introduzir esse conteúdo nas turmas de 4º e 5º anos além de um exemplo de atividade que não pode ficar de fora do planejamento veja imagem ampliada Nas próximas quatro edições mostraremos como progredir na complexidade dos trabalhos com sugestões de atividades para o 6º 7º 8º e 9º anos A história e a linguagem dos mapas a forma de interpretálos e estabelecer correlações entre eles bem como a produção de um mapa de síntese são os pontos discutidos nas próximas reportagens Fotos áreas e de satélite ajudam a turma a analisar o espaço Para interpretar um mapa é necessário conhecer os conteúdos dele população divisão política ocupação de solo tipos de relevo e vegetação etc e saber os conceitos que fundamentaram a sua elaboração localização perspectiva proporção simbolização etc já que ele não se explica por si mesmo Para compreender essa linguagem a turma necessita aprender por exemplo conceitos de lateralidade e direção Isso será útil para entender o posicionamento do espaço representado Outro passo é entender os sinais gráficos utilizados e os significados que eles podem ter O vocabulário cartográfico é formado pelos mais diversos símbolos que se relacionam entre si Por exemplo o que quer dizer 1cm 1000 km presente no canto de um mapa Sem saber que se trata da escala de redução do espaço que ele representa é impossível entendêlo O mesmo ocorre com as representações presentes na legenda Não conhecendo a função desse recurso gráfico é difícil compreender a relação entre as cores e formas presentes no mapa e o que significam Para introduzir essas noções e ajudar a turma a adquirir visão espacial o trabalho com imagens aéreas e de satélite é um importante aliado Sites como o Google Maps e programas como o Google Earth permitem visualizar mapas e fotos que podem ser analisados e comparados com outros tipos de representação como croquis produzidos pelos alunos leia a sequência didática Essas ferramentas mostram a forma como as fotografias áreas são produzidas pela sobreposição de um mapa a uma imagem de satélite Com isso os alunos conseguem perceber a perspectiva utilizada para representar o espaço e as diferenças entre a imagem aérea e sua representação cartográfica Os mapas virtuais permitem ainda uma mobilidade de observação o aluno pode ir para cima e para baixo para a direita e para a esquerda rotacionar as imagens e alterar a escala a localização a perspectiva podendo até passear pelas ruas e os símbolos necessários para a sua compreensão Escalas reduzidas são facilmente reconhecidas pelas crianças pois têm uma forte ligação com o que é observado No Colégio Universitário Geraldo Reis ligado à Universidade Federal Fluminense UFF em Niterói na região metropolitana do Rio de Janeiro o professor Luiz Miguel Pereira analisou fotos áreas da escola e de seus arredores com as turmas de 4º ano Várias imagens da região com diferentes escalas mas todas com a mesma perspectiva foram usadas Assim a turma conseguiu identificar pontos diferentes a cada observação e foi expandindo o olhar diz o professor Usando essas imagens é possível explorar o que os alunos já sabem sobre a região e acrescentar novos elementos vale frisar que você deve conhecer bem a área representada para poder fazer intervenções durante a leitura Se a turma tiver dificuldade para identificar os elementos da paisagem indique alguns destaques da foto questionando o que predomina do lado direito São casas Áreas industriais O que não aparece Elementos da infraestrutura urbana também podem ser apontados é possível ver o posto de saúde Ele está fora da foto Ou não temos um em nossa região Lançando essas perguntas você introduzirá também a questão da ocupação do solo que já pode começar a ser trabalhada com turmas dessa faixa etária Dominar os códigos a função e as formas de representação Os desenhos e as maquetes são atividades complementares à análise de fotografias Entretanto uma não é prérequisito de abordagem à outra e não há uma ordem de ensino entre elas O importante é que os alunos tenham contato com essas diferentes representações do espaço para que possam refletir sobre a função e as formas de produção dos mapas Ao produzir maquetes você tem a oportunidade de ensinar conceitos de proporção projeção e escalas gráficas e numéricas mostrando todas as estratégias que podem ser utilizadas quando se quer recriar uma paisagem Elas permitem uma discussão sobre como mostrar toda a área sobre um só ponto de vista e de que forma manter a proporcionalidade entre os elementos representados Com base em problemas desse tipo o aluno poderá se dar conta de relações espaciais complexas diz Rosângela Outra atividade inicial importante a produção de desenhos que representem a sala de aula ou o trajeto da criança até a escola pode ser trabalhada simultaneamente Essas representações trazem informações que ajudam muito o trabalho docente É possível perceber por exemplo conceitos que as crianças já conhecem e as maneiras que elas encontram para localizar e descrever o espaço Esses desenhos não são só a cópia de objetos mas a interpretação do real O mapa também é o recorte de uma realidade explica Fernanda Padovesi docente da Universidade de São Paulo USP Alunos que são incentivados a fazer esse tipo de desenho desenvolvem referência e orientação espacial fundamentais para o entendimento de mapas Num segundo momento com sua ajuda eles podem construir símbolos para representar no mapa o que veem no mundo real Por exemplo se querem mostrar áreas verdes ou um lago têm que representá los por símbolos diversos Assim aos poucos e trabalhando com essas atividades eles aprendem a explorar essa linguagem e se apropriam da gramática necessária para compreender e produzir mapas Reportagem sugerida por 3 leitores Jaqueline Mathias Pereira Volta Redonda RJ Lindinalva Barbosa Santos Santana do Ipanema AL e Paulo Torres Caruaru PE Dica do especialista É preciso ensinar a cartografia como uma ciência crítica e não como o mero cálculo de escalas e coordenadas É possível por exemplo incluir histórias para contextualizar fatos cartográficos importantes como a criação do Primeiro Meridiano de Greenwich Os alunos precisam pensar na utilidade dessa linguagem e no impacto histórico desses recursos Jorn Seemann professor do Departamento de Geociências da Universidade Regional do Cariri Urca Quer saber mais CONTATOS Jorn Seemann Rosângela Doin de Almeida BIBLIOGRAFIA Cartografia Escolar Rosângela Doin de Almeida org 224 págs Ed Contexto tel 11 38325838 39 reais Do Desenho ao Mapa Rosângela Doin de Almeida 120 pág Ed Contexto 25 reais INTERNET Mapas variados e ferramentas para criar cartografias com dados sociais populacionais e econômicos Imagens aéreas e mapas gratuitos Informações sobre como trabalhar com o tema Universidade Federal de Santa Maria PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial 1ªEdição 2005 METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA 4º Semestre C345m Cassol Roberto Metodologia do ensino da geografia 4º semestre elaboração do conteúdo Prof Roberto Cassol Profª Eunice Maria Mussoi Angélica Cirolini Patrícia Nascimento Mota acadêmicas colaboradoras revisão padagógica e de estilo Profª Ana Cláudia Pavão Siluk et al 1 ed Santa Maria UFSM PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial 2005 80 p il 30 cm 1 Educação 2 Geografia 3 Geografia Ensino 4 Ensino Metodologia 5 Educação infantil I Mussoi Eunice Maria II Cirolini Angélica III Mota Patrícia Nascimento IV Siluk Ana Cláudia Pavão V Universidade Federal de Santa Maria PróReitoria de Graduação Centro de Educação Curso de Graduação a Distância de Educação Especial VI Título CDU 91137 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Inácio Goularte CRB10990 Biblioteca Central UFSM Elaboração do Conteúdo Profa Eunice Maria Mussoi Prof Roberto Cassol Professores Pesquisadores Conteudistas Angélica Cirolini Patrícia Nascimento Mota Acadêmicas Colaboradoras Desenvolvimento das Normas de Redação Profa Ana Cláudia Pavão Siluk Profa Luciana Pellin Mielniczuk Curso de Comunicação Social Jornalismo Coordenação Profa Maria Medianeira Padoin Professora Pesquisadora Colaboradora Danúbia Matos Iuri Lammel Marques Acadêmicos Colaboradores Revisão Pedagógica e de Estilo Profa Ana Cláudia Pavão Siluk Profa Eunice Maria Mussoi Profa Eliana da Costa Pereira de Menezes Profa Cleidi Lovatto Pires Profa Maria Medianeira Padoin Comissão Revisão Textual Curso de Letras Português Profa Ceres Helena Ziegler Bevilaqua Coordenação Angelise Fagundes da Silva Marta Azzolin Acadêmicas Colaboradoras Direitos Autorais Direitos Autorais Núcleo de Inovação e de Transferência Técnológica UFSM Projeto de Ilustração Curso de Desenho Industrial Programação Visual Prof André Krusser Dalmazzo Coordenação Paulo César Cipolatt de Oliveira Técnico Alan Roberto Giondo André Schmitt da Silva Mello Bruno da Veiga Thurner Lucas Franco Colusso Rodrigo Oliveira de Oliveira Romullo Engers Perim Acadêmicos Colaboradores Fotografia da Capa Fotografias retiradas do Banco de Imagens STOCKXCHNG Projeto Gráfico Diagramação e Produção Gráfica Curso de Desenho Industrial Programação Visual Prof Volnei Antonio Matté Coordenação Clarissa Felkl Prevedello Técnica Bruna Lora Borin da Silva Acadêmicos Colaboradores Impressão Gráfica e Editora Pallotti o texto produzido é de inteira responsabilidade dos autores Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva Ministério da Educação Fernando Haddad Ministro da Educação Prof Ronaldo Mota Secretário de Educação a Distância Profa Cláudia Pereira Dutra Secretária de Educação Especial Universidade Federal de Santa Maria Prof Paulo Jorge Sarkis Reitor Prof Clóvis Silva Lima ViceReitor Prof Roberto da Luz Júnior PróReitor de Planejamento Prof Hugo Tubal Schmitz Braibante PróReitor de Graduação Profa Maria Medianeira Padoin Coordenadora de Planejamento Acadêmico e de Educação a Distância Prof Alberi Vargas PróReitor de Administração Sr Sérgio Limberger Diretor do CPD Profa Maria Alcione Munhoz Diretora do Centro de Educação Prof João Manoel Espinã Rossés Diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas Prof Edemur Casanova Diretor do Centro de Artes e Letras Coordenação da Graduação a Distância em Educação Especial Prof José Luiz Padilha Damilano Coordenador Geral Profa Vera Lúcia Marostega Coordenadora Pedagógica e de Oferta Profa Andréa Tonini Coordenadora de Tutorias e dos Pólos Profa Vera Lúcia Marostega Coordenadora da Produção do Material do Curso Coordenação Acadêmica do Projeto de Produção do Material Didático Edital MEC SEED 0012004 Profa Maria Medianeira Padoin Coordenadora Odone Denardin CoordenadorGestor Financeiro do Projeto Lígia Motta Reis Assessora Técnica Genivaldo Gonçalves Pinto Apoio Técnico Prof Luiz Antônio dos Santos Neto Coordenador da Equipe Multidisciplinar de Apoio Sumário 4 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE A CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DA GEOGRAFIA 1 A trajetória da Geografia como ciência e como disciplina escolar 2 As tendências da Geografia e os fazeres didáticos em sala de aula 3 Conceitos fundamentais na compreensão do espaço UNIDADE B AS RELAÇÕES ESPACIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 As etapas da construção da noção de espaço pela criança 2 As relações topológicas projetivas e euclidianas 3 A criança e a representação do espaço através de prémapas UNIDADE C A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO ESPAÇO SOCIAL 1 Observação das formas e funções assim como do processo de construção dos lugares de vivência das crianças e dos outros lugares 2 O desenvolvimento da capacidade de expressar o lugar e outros lugares através de diferentes formas de linguagem pela criança UNIDADE D ORGANIZAÇÃO E SELEÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA A PRÁTICA EDUCATIVA 1 O trabalho com conteúdos conceituais procedimentais e atitudinais na educação infantil 2 A organização de situações orientadas que reproduzam contextos do cotidiano da criança 3 O lúdico e a construção e reconstrução das noções de mundo pela criança REFERÊNCIAS Referências Bibliográficas e Sugestões para Leitura Sugestões de Sites 05 07 08 18 23 29 30 38 42 47 48 54 57 58 63 70 75 75 78 5 Apresentação da Disciplina METODOLOGIA DO ENSINO DA GEOGRAFIA 4º Semestre Esta disciplina será desenvolvida com uma carga horária de trinta 30 horasaula Esta disciplina tem como objetivo formar uma base metodológica em Geografia que possibilite ao futuro educador uma formação intelectual direcionada ao entendimento das questões relacionadas ao espaço geográfico O conteúdo está dividido em quatro unidades e em cada uma delas você encontrará informações importantes que lhe ajudarão a compreender a trajetória da geografia como ciência bem como os processos envolvidos na construção das relações espaciais desde a infância conceitos de lugar e orientações para a prática educativa Se você já exerce atividades como docente com certeza irá contribuir muito com esta disciplina e com o grupo No decorrer de cada unidade são propostas leituras complementares e atividades no caderno didático ou ainda poderão ser propostas novas atividades ou reagendadas via ambiente virtual Entenda os nossos ícones Alerta Alerta o leitor sobre algum assunto que está sendo tratado no momento Saiba Mais Recomendação Indica fontes externas e outras leituras como livros sítios na internet artigos outros itens da própria apostila etc Conteúdos Relacionados Sugere ao aluno conhecer um ou mais conteúdos específicos para melhor entendimento do conteúdo atual Atividades As atividades dizem respeito aos exercícios abordados no tópico anterior podem ser analógicas ou digitais Objetivo da Unidade UNIDADE 7 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DA GEOGRAFIA Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a compreender como ocorreu a evolução da disciplina de Geografia ampliar o seu entendimento acerca de conceitos chave da ciência Geográfica suas tendências que auxiliam na compreensão do espaço geográfico possibilitar uma análise do ensino de Geografia frente às tendências da ciência geográfica C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 8 A trajetória da geografia como ciência e como disciplina escolar 1 O ensino da Geografiana Europa iniciou aproxi madamente no fim do período histórico determinado como Iluminismo quando se deu o desenvolvimento do capitalismo industrial Este período foi marcado pela construção consolidação dos Estadosnações e pela expansão do ensino público nas escolas processo este que se acelerou no século XIX Até então o ensino estava sob o domínio da Igreja e foi através das lutas de classes que passou a ser controlado pelo Estado Assim o Estado passa a organizar a educação e o currículo de acordo com os interesses e necessidades da burguesia conquistadora cuja preocupação fun damental era a consolidação do poder do Estado Detentora do poder político a burguesia ne cessitava além da força das armas a utilização de instituições públicas e sociais como a Escola para possibilitar a imposição da nacionalidade e a criação de uma nova visão nas gerações futuras com idéias e valores adequados a essa imposição Dessa forma as redes de escolas públicas foram implantadas no interior dos territórios europeus com um caráter nacional Assim a Geografia ao lado de outras disci plinas como a História e a Língua Nacional passa a compor o Currículo Escolar Sendo que a Lín gua representava a possibilidade de uma unida de cultural inerente a um tempo representado pela História e a um espaço pela Geografia Neste cenário Pereira 1984 p26 ressalta que A geografia é incluída nos currículos por A Geografia dedicase à análise do meio físico estando implícita a idéia de um espaço ocupado pelo homem sendo que neste espaço é exercida uma determinada cidadania Brabant 1989 p 17 ao analisar a concepção inicial da Geografia no ensino menciona A geografia é antes de tudo a disciplina que permite pela descrição conhecer os lugares onde os acontecimentos se passaram Essa situação subordinada da geografia à história foi reforçada pela preocupação patriótica O objetivo não é o de raciocinar sobre o espaço mas de fazer dele um inventário para delimitar o espaço nacional e situar o cidadão nesse quadroo discurso nacional reforçou o peso dos elementos físicos pois ele utilizou sempre com predileção a gama das causalidades deterministas a partir dos dados naturais Nesse sentido a natureza era representada pela Geografia Física como uma fonte de recursos por outro lado os aspectos relaciona dos às atividades do ser humano eram estuda dos pela Geografia Humana A Geografia Geral analisava a distribuição dos fenômenos e a Geografia Regional realizava descrições regio nais individualizadas objetivando fixar a existên cia de um quadro territorial marcado pela diver sidade Em outras palavras tratavase de uma organização dicotomizada Geografia Física e Geografia Humana e dualista Geografia Geral e Geografia Regional razões geopolíticas enquanto não só marca a naturalidade do homem no espaço mas também sustenta que o homem só é 9 U N I D A D E A Figura A1 Colonialismo Refletindose a respeito da contribuição da Geografia no estudo do espaço geográfico no Brasil observase que sua contribuição iniciou antes da sua sistematização ou seja iniciou no Brasil Colônia Dessa forma tornase interessante dividir sua trajetória em três grandes períodos Colonial Imperial e da Primeira República e o Moderno este iniciado nos anos 30 CARLOS 2003 No Período Colonial a contribuição foi dada Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 10 Esse período foi de grande utilidade porque permitiu o desenvolvimento do trabalho de campo e o conhecimento de várias áreas do país por meio de pesquisas feitas nas assembléias gerais da AGB de artigos publicados na Revista Brasileira de Geografia do IBGE e de teses de doutorado defendidas na USP CARLOS 2003 p 11 A Geografia como ciência natural possuía influências deterministas de cunho positivista e influências possibilistas de cunho historicista ambas privilegiando as relações homemnatu reza O ensino da disciplina geográfica na escola Geografia Tradicional desenvolvia o estudo numa seqüência linear de conteúdos com abor dagem fragmentada e dicotomizada Privilegiava a observação localização classificação descri ção e memorização dos fatos da natureza Assim estabeleciase um levantamento de informações sobre o território através do tratamento cartográfico uma vez que o mapa era visto como meio de domínio do espaço e representava a formalização da posse atribuindo identidade ao território Possibilismo A corrente possibilista surgiu em reação ao determinismo ambiental inicialmente na França final do século XIX e posteriormente na Alemanha início do século XX e Estados Unidos década de 20 Não foi por acaso que esta corrente nasceu na França O possibilismo francês em sua origem opõe se ao determinismo ambiental germânico Esta oposição fundamentase nas diferenças entre os dois países CORRÊA 1991 p 12 As rivalidades existentes entre França e Alemanha existentes há muito tempo aumentaram com a perda da região francesa da Alsácia Lorena para a Prússia durante a guerra francoprussiana Esse fato impulsionou o crescimento da Geografia na França visto que a perda da guerra pela França foi atribuída não ao exército alemão mas sim à sua Geografia Vale destacar que no Brasil segundo Manuel Correia de Andrade 1988 p 184 a geografia científica moderna teria sido introduzida por Delgado de Carvalho de formação francesa e desenvolvida segundo duas vertentes A primeira de acordo com as concepções da por naturalistas que realizavam descrições da Terra e dos povos que aqui viviam No Período Imperial e da Primeira República os trabalhos dos naturalistas continuaram a produzir informações sobre as populações existentes muito diversificadas no que se refere à origem sistemas de exploração da terra e aos níveis culturais Carlos 2003 p 10 menciona que neste momento já se discutia a necessidade de levar a cidadania à maioria da população formada por negros em grande parte escravos e indígenas em sua maioria localizados em áreas de difícil acesso No período posterior à Primeira Guerra a preocupação dos estudiosos era referente aos problemas territoriais e ao destino dos estados nacionais Com a Revolução de 1930 houve uma renovação na ciência causando o crescimento da leitura e da reflexão sobre o Brasil Assim iniciaram os estudos superiores de geografia nas Universidades do Distrito Federal e de São Paulo e em seguida as atividades do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Neste momento também foi fundada a Associação de Geógrafos Brasileiros AGB por Pierre Deffontanes em 07 de setembro de 1934 que veio ao Brasil para ajudar a organizar o Curso de Geografia na Universidade de São Paulo USP teve posteriormente outros dois nomes Pierre Monbeig e Francis Ruellan SPOSITO 2004 Nos anos 30 a Geografia brasileira se estru turou e se tornou autônoma portanto ela passa a apresentar quatro subperíodos o domínio da escola francesa com alguma influência alemã o período da quantificação de domínio anglo saxônico a geografia crítica com alguns representantes da escola marxista leninista e finalmente o atual mais eclético em que se procuram modelos brasileiros para responder aos desafios do país CARLOS 2003 p 11 No primeiro período com o domínio do Estado Novo buscouse despolitizar a Geografia fazendo com que ela se tornasse uma análise de descrições de paisagens diminuindo a influência geopolítica 11 U N I D A D E A Sob a égide possibilis ta a Geografia francesa se desenvolve tendo em Vidal de La Blache seu grande mestre A natureza passou a ser encarada como uma fornecedora de possibilidades para a modificação humana e não determinando sua evolução sendo o homem o principal agente geográfico La Blache também rede fine o conceito de gênero de vida herda do do determinismo tratase não mais de uma conseqüência inevitável da natureza mas de um acervo de técnicas hábitos usos e costumes que lhe permitiram utilizar os recursos naturais disponíveis CORRÊA 1991 p 13 apud CLAVAL 1974 Os gêneros de vida ocorrem em uma paisagem geográfica aquela que já foi natural e passou a ser modificada pela ação humana que possui uma extensão territorial razoavelmente identificável Assim uma região é a expressão espacial da ocorrência de uma mesma paisagem geográfica CORRÊA 1991 p 13 portanto sendo o objeto da Geografia possibilista a região ela se confunde com a Geografia Regional Figura A2 II Guerra Mundial escola possibilista nas Universidades de São Paulo e na do Distrito Federal no Rio de Janeiro assim como no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE E a segunda corrente teórica representada pelas idéias de Ratzel ligadas ao determinismo geográfico Paulo César Cipolatt de Oliveira Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 12 O índice de Gini que varia de zero a um é um indicador da igualdade ou desigualdade de uma determinada distribuição renda serviços educacionais ou de saúde por exemplo Quando o índice é igual a zero significa que há situação teórica de igualdade Quando igual a um ocorre a situação de máxima desigualdade Portanto à medida em que se aproxima de um significa que uma dada distribuição estáse concentrando Disponível em http wwwcomunicartecombr indicadoresphpAcesso em 20 out 2005 Com o golpe de Estado de 1964 procurou se desenvolver no país uma política de crescimento econômico sem preocupação com problemas ecológicos e nem sociais mas apenas com o crescimento da produção em função da demanda dos mercados Essa orientação levou o meio universitário a se voltar para os modelos saxônicos geralmente elaborados em função de determinados desafios e aplicados de forma sumária em qualquer situação CARLOS 2003 p 11 Posteriormente à Segunda Guerra Mundial com a promoção dos Estados Unidos e das formas mais agressivas de utilização do espaço este país passou a desenvolver uma política de formação de aliados militares e econômicos Também transferiu para os países dependentes os seus métodos e técnicas de pensamento e de ensino Com isso houve a ênfase ao uso da estatística da análise fatorial do Índice de Gini tanto entre os economistas como entre os cientistas sociais e geógrafos No Brasil inicialmente difundiram o uso e a defesa dos métodos estatísticos e em seguida uma geografia teorética que pregava uma ruptura com toda a geografia até então desenvolvida e classificada como tradicional Inicialmente no período de liberdades democráticas de feição populista a reestruturação educacional ocorreu a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBN 402461 que oportunizou as Secretarias estaduais e municipais bem como as escolas em geral elaborarem seus próprios planos de ensino e organizarem seus currículos Além disso a Lei reduziu o número de séries com o ensino de Geografia determinando a necessidade de nas duas primeiras séries do ginásio ser ministrada a Geografia do Brasil continuando assim as preocupações governamentais com a integração do EstadoNação brasileiro Essas modificações geraram protestos discussões apelos e sugestões emanados de diversos órgãos do país ligados ao desenvolvi mento e ensino da Geografia dirigidos ao Conselho Federal de Educação CFE sob a alegação do seu importante papel como disciplina formadora e considerando constituir falta de fundamento científico o ensino da Geografia do Brasil logo na primeira série ginasial antes de ser efetuado o estudo da Geografia Geral Física e Humana Esta por se constituir numa ampla análise dos fenômenos geográficos acompanhada da necessidade de apropriação de muitos conceitos exige elevado grau de abstração algo impróprio à faixa etária dos alunos na mencionada série Nessa mesma época com a reorganização espacial causada pelo movimento capitalista tornouse necessária a criação de novos parâmetros para a produção do conhecimento do espaço Surge no âmbito acadêmico a Nova Geografia dando ênfase à teorização e quantificação e voltandose para o planejamen to econômico do espaço Nesta fase a Geogra fia que antes era vista como uma ciência natural que estudava através do determinismo ou do possibilismo as relações homemnatureza passa a ser considerada uma ciência social Seu objeto de estudo era a organização do espaço pelo homem organização esta que resulta da projeção no espaço das leis de mercado e da ação planejada do Estado Com isso houve uma acelerada industrialização urbanização e metropolização o que acarretou uma reestruturação do Sistema Educacional 13 U N I D A D E A Figura A3 Industrialização Atualmente os níveis de 1º e 2º graus correspondem ao ensino fundamental e ao ensino médio respectivamente Ambos compõem a educação básica Para saber mais sobre ela e suas modalidades bibliografias artigos notícias e muito mais navegue nas páginas do site do Ministério da Educação http wwwmecgovbr No ensino de Geografia devese considerar além dos conteúdos conceituais as condições psicológicas e socioculturais dos alunos para que haja uma construção da aprendizagem Logo após ter recebido algumas sugestões o CFE aprovou uma nova organização determinando a Geografia Geral para a 1ª série do ginásio e a Geografia do Brasil para a 2ª série mas permanecendo a redução das séries com o ensino da Geografia Anos depois houve a necessidade de uma educação economicista e tecnicista assim o governo decidiu efetuar uma reforma nos níveis de 1º e 2º graus Lei 569271 para que a escola apressasse o desenvolvimento econômico investindo na profissionalização do aluno e portanto nas disciplinas consideradas mais importantes para o alcance desse objetivo Dessa forma a Geografia por ser considerada disciplina ligada à área humanística passou a um segundo plano restandolhe sob a ótica do governo a incumbência de ser veículo de transmissão ideológica a serviço dos interesses dominantes André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 14 Após a Revolução técnicocientíficoinforma cional e com a globalização ganhando velocidade foi implantada uma Nova Ordem Mundial na qual o Brasil está inserido com avanços tecnológicos novos conflitos e tensões relativo declínio dos Estadosnacionais formação de blocos comerciais e político econômicos preocupações com as questões ambientais com a permanência do subdesenvolvimento e a desterritorialização de grupos humanos Isso se estende até os dias atuais e conduz a uma revisão dos pressupostos teóricometodológicos da Geografia levandoa a assumir uma postura crítica em relação à Geografia Tradicional e à Teoréticoquantitativa A Geografia na perspectiva crítica apre sentase como uma ciência social estuda o espaço intimamente ligado à sua produção e reprodução pela sociedade A sua complexidade expressase ao longo da história pelas lutas que ocorrem nas mais diversas escalas local regional nacional e global e em diversos campos social econômico político e cultural Logo o espaço geográfico estudado pela Geografia Crítica deve ser compreendido como resultado de um processo universal de apropriação do espaço natural e de construção de um espaço social pelas diferentes sociedades ao longo da história através do trabalho Para tal as sociedades utilizam as técnicas de que dispõem no seu momento histórico de acordo com suas necessidades e interesses Esse estudo no entanto não pode Perante as determinações da Reforma Educacional a disciplina geográfica passa a compor a área de Estudos Sociais objetivando Seguindo este pensamento o aluno era submetido ao meio e não era ensinado a ler criticamente o espaço a compreender a realidade vivida da qual é parte integrante e perceber que era agente de mudanças e de transformações Portanto elegemse como valores a serem cultuados pelos Estudos Sociais pela Geografia a ordem a harmonia e a conservação do status quo na perspectiva do desenvolvimento do Brasil Os conteúdos curriculares passam a ser selecionados e organizados em guias curriculares pelos técnicos das Secretarias de Educação incluindo conteúdos e métodos com a finalidade de alcançar objetivos pré estabelecidos expressos a partir de verbos comportamentais A abordagem passou a ser enciclopédica e fragmentada sem referências ao contexto mais próximo do aluno ou seja à sua prática social A natureza continuou a ser vista apenas como fonte de recursos para o aproveitamento econômico É dado o privilégio ao estudo das Grandes Regiões das Regiões de Planejamento levando o aluno à consciência de uma complexidade diante da qual ele se sente impotente fazendoo crer que realmente são necessárias as intervenções do Estado o todo poderoso Desse modo procurouse por intermédio o ajustamento crescente do educando ao meio cada vez mais amplo e complexo em que deve não apenas viver como conviver dandose ênfase ao conhecimento do Brasil na perspectiva do seu desenvolvi mento CFE RESOLUÇÃO nº 871 Art3º do ensino da Geografia enquanto uma disciplina ufanista dissimuladora da realidade a formação de um aluno a quem compete sobretudo enaltecer o Estado nas suas atuações territoriais 15 U N I D A D E A ficar restrito ao espaço visto apenas enquanto resultado mas deve levar à busca da compreensão do seu processo de formação histórica numa visão de totalidade A Geografia Crítica estuda também como o ser humano tem ou não acesso aos recursos aos bens produzidos coletivamente definido pelas suas condições de vida e pela sua situação social Ele destaca que a apropriação do espaço dentro do capitalismo é desigual e motiva o ser humano a um engajamento político à busca pela transformação da sociedade Essa geografia Figura A4 Globalizaçao homem frente às tecnologias adota como conceito de homem um ser político um sujeito ativo no processo de construção do espaço geográfico Inserida nesse movimento de renovação da Geografia emerge a Geografia Humanista que considera os sentimentos espaciais e as idéias do indivíduo do grupo de um povo sobre o espaço a partir da experiência vivida e ocorre a retomada da Geografia Cultural que ressalta a cultura desenvolvida ao longo da história uma vez que a força do imaginário social participa significativamente na produção do espaço Lucas Franco Colusso C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 16 Figura A5 Problemas ambientais poluição Para saber mais consulte também http geocitiescombr cartografiatematica textosteorichtm Neste site você encontrará uma explanação sobre a Cartografia Temática e sua inserção na ciência geográfica Com base nesses pressupostos o homem passa a ser visto sobretudo como um ser cultural possuidor de valores sentimentos percepções do espaço no qual desenvolve sua experiência de vida e inclusive o exercício de sua cidadania CORRÊA 1995 Na atualidade o grande dilema que o geó grafo brasileiro enfrenta é analisar e procurar soluções geográficas para alguns problemas fun damentais que ocorrem no espaço geográfico como a pobreza a desigualdade social o desní vel no desenvolvimento regional os problemas ambientais que comprometem tanto a qualidade de vida das pessoas como a da flora e da fauna geográfico e da paisagem Desse modo a Geografia Humanista e a Cultural vão estar preocupadas com a subjetividade os sentimentos o simbolismo a experiência as imagens mentais a cultura privilegiando o singular e não o universal Daí a busca pela apreensão do comportamento e das maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares e ao espaço do cotidiano análise dos significados Nessa perspectiva há a revalorização do conceito de paisagem sendo eleito como conceitochave por excelência o lugar enquan to espaço do vivido que faz estabelecer laços de afetividade passando a fazer parte da nossa identidade Bruno da Veiga Thurner 17 U N I D A D E A Na opinião de Carlos et al 2003 p13 O geógrafo deve utilizar o seu potencial teórico o domínio das técnicas modernas e o seu comprometimento com os altos objetivos nacionais para dar uma contribuição positiva à solução dos problemas do país Ciência é também política e o cientista deve saber porque é utilizada como é utilizada e em favor dos interesses de quem ela é utilizada A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBN 932496 as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e Médio DCN e os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN reacenderam a discussão sobre o currículo e em particular sobre a Geografia escolar uma vez que apresentam novas determinações e propostas para a reorganização curricular pautada nos princípios da interdisciplinaridade contextualiza ção e construção de competências e habilidades Assim o ensino da Geografia voltase para a formação de alunos críticos e participativos com possibilidades para o exercício de sua função social não se detendo apenas à reprodução da sociedade mas atuando sobretudo como instrumento de transformação de leitura e compreensão do mundo em que vivemos Com isso abremse possibilidades para um Reflexão Elabore uma resenha crítica a respeito da trajetória da Geografia como disciplina escolar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina LEMBRETE A cada capítulo inclua suas reflexões sobre esta disciplina e seu processo de aprendizagem no diário de bordo Expresse suas alegrias dúvidas angústias e seus sucessos assim estaremos aprendendo juntos e contribuindo com o que se fizer necessário ensino que desenvolva o pensamento autônomo a partir da internalização do raciocínio geográfico orientando a formação de educandos para aprender a conhecer aprender a fazer aprender a conviver e aprender a ser transformando indivíduos tutelados em pessoas em pleno exercício da cidadania BRASIL 1997 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 18 As primeiras tendências da Geografia no Brasil nasceram com a fundação da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo USP e do seu respectivo Departamento de Geografia quando a partir da década de 40 a disciplina Geografia passou a ser ensinada por professores licenciados com forte influência da escola francesa de Vidal de La Blache PCN 1997 Era uma Geografia marcada pela explicação objetiva e quantitativa da realidade que fundamentava a escola francesa abordava as relações entre o homem e a natureza de forma As tendências da geografia e os fazeres didáticos em sala de aula 2 objetiva sem priorizar as relações sociais valorizando o papel do homem como sujeito histórico analisando a produção do espaço geográfico Baseavase em estudos empíricos articulavase de forma fragmentada e com forte viés naturalizante No ensino traduziuse pelo estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas Os procedimentos didáticos adotados promoviam principalmente a descrição e a memorização dos elementos que compõem as paisagens sem contudo esperar que os alunos estabelecessem relações analogias ou Figura A6 Era Espacial Paulo César Cipolatt de Oliveira 19 U N I D A D E A A partir dos anos 60 sob influência das teorias marxistas surge uma tendência crítica à Geografia Tradicional cujo centro de preocupações passa a ser as relações entre a sociedade o trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico Criticase a Geografia Tradicional do Estado e das classes sociais dominantes propondose uma Geografia das lutas sociais Num processo quase militante de importantes geógrafos brasileiros assim difundese a Geografia Marxista Figura A7 Movimento social generalizações Pretendiase ensinar uma Geografia neutra Essa perspectiva marcou também a produção dos livros didáticos até meados da década de 70 Ainda hoje muitos livros didáticos apresentam em seu corpo idéias interpretações ou até expectativas de aprendizagem defendidas pela Geografia Tradicional O levantamento feito através de estudos empíricos tornouse insuficiente pois era preciso realizar estudos voltados para a análise das relações mundiais de ordem econômica social política e ideológica Por outro lado o meio técnico e científico passou a exercer forte influência nas pesquisas realizadas no campo da Geografia Assim para estudar o espaço geográfico começouse a Para aprofundar seus conhecimentos sobre sensoriamento remoto Sistemas de Informa ções Geográficas SIG consulte também os seguintes sites httpwwwigeoufrjbr gruporetissigtiki indexphp httpwww multimidiaprudente unespbrarletegis introthtm httpwwwctgeo combrsolucoes solucoesphp recorrer às tecnologias aeroespaciais tais como sensoriamento remoto imagens de satélite e o computador Nesse momento surgem os SIG ou SGI Sistemas de Informações Geográficas ou Sistemas Geográficos de Informações Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 20 Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o mundo é preciso transformá lo Assim inseremse na Geografia conteúdos políticos que são importantes na formação do cidadão As transformações teóricas e metodológicas dessa Geografia tiveram grande influência na produção científica das últimas décadas Para o ensino essa perspectiva trouxe uma nova forma de se interpretar as categorias de espaço geográfico de território e de paisagem A partir dos anos 80 ocorreu uma série de propostas curriculares voltadas para o segmento de quinta a oitava séries Figura A8 Marx Essas propostas curriculares foram centradas em questões referentes a explicações econômicas e a relações de trabalho que se mostraram no geral inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade devido a sua complexidade Além disso a prática da maioria dos professores e muitos livros didáticos conservaram a linha tradicional descritiva e descontextualizada herdada da Geografia Tradicional até mesmo quando o enfoque dos assuntos estudados era marcado pela Geografia Marxista Conforme os PCN 1997 p 105 Uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia desta última década é justamente a definição de abordagens que considerem as dimensões subjetivas e portanto singulares que os homens em sociedade estabelecem com a natureza Essas dimensões são socialmente elaboradas fruto das experiências individuais marcadas pela cultura na qual se encontram inseridas e resultam em diferentes percepções do espaço geográfico e sua construção Nesse sentido buscase uma Geografia que não seja apenas centrada na descrição das observações das paisagens tampouco pautada exclusivamente na interpretação política e econômica do mundo que trabalhe tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um espaço o espaço geográfico As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da ciência geográfica presentes no meio acadêmico tiveram repercussões diversas no ensino fundamental positivas de certa forma já que foram um estímulo para a inovação e a produção de novos modelos didáticos Por outro lado a rápida incorporação das mudanças produzidas pelo meio acadêmico provocou a produção de várias propostas didáticas sem afetar o professor em sala de aula principalmente o professor das séries iniciais que sem apoio técnico e teórico continuou e continua a ensinar Geografia apoiandose na descrição dos fatos e baseando se na utilização do livro didático Não apenas na prática do professor se encontram esses problemas têmse ainda abandono de conceitos e conteúdos Paulo César Cipolatt de Oliveira 21 U N I D A D E A fundamentais da Geografia modismos que buscam sensibilizar os alunos para temáticas mais atuais sem uma real preocupação de promover compreensão das variáveis espacias maior preocupação com conteúdos conceituais sem o emprego de práticas didáticas separação da Geografia Humana da Geografia Física nas propostas pedagógicas o que dificulta a produção do conhecimento geográfico utilização da memorização como prática didática principalmente no ensino fundamental PARA SABER MAIS Você pode ler os Parâmetros Curriculares Nacionais da disciplina de Geografia Disponível no site httpwwwmecgovbr sefestrut2pcnpdf livro051pdf Para o ensino fundamental é importante considerar quais são as categorias da Geografia mais adequadas para os alunos em relação à sua faixa etária ao momento da escolaridade Na atualidade a Geografia tem buscado práticas pedagógicas que apresentem aos alunos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno em diferentes momentos da escolaridade de modo que os alunos possam construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito em que se encontram e às capacidades que se espera que eles desenvolvam Embora o espaço geográfico deva ser o objeto central de estudo as categorias paisagem território e lugar devem também ser abordadas principalmente nos ciclos iniciais quando se mostram mais acessíveis aos alunos tendo em vista suas características cognitivas e afetivas PCN 1997 Figura A9 Educação na era digital Para aprofundar seus estudos sugeremse a aquisição e leitura da bibliografia citada abaixo nela você encontrará textos sobre o processo de aprendizagem MONTANGERO Jacques MAURICE NAVILLE Danielle Piaget ou a Inteligência em evolução Trad Fernando Becker e Tânia Beatriz Iwaszko Marques Porto Alegre ArtMed 1998 INHELDER BOVET SINCLAIR Aprendizagem e estruturas do conhecimento São Paulo Saraiva 1977 André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 22 Desse modo as práticas didáticas deveriam abarcar procedimentos de problematização observação registro descrição documentação representação e pesquisa dos fenômenos sociais culturais ou naturais que compõem a paisagem e o espaço geográfico a fim de formularem hipóteses e explicações referentes às relações e transformações que ocorrem no espaço devendo haver uma interrelação entre o estudo da sociedade e da natureza No ensino e aprendizagem devese entender que sociedade e natureza constituem a base material ou física sobre a qual o espaço geográfico é construído Tornase fundamental que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar a observação descrição experimentação analogia e síntese as quais devem ser ensinadas possibilitando aos alunos o aprendizado dos processos de construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios Assim podem ser empregados recursos como ilustrações fotografias não métricas fotografias aéreas imagens de satélites gravuras e vídeos os quais podem ser utilizados como fontes de informação e de leitura do espaço e da paisagem Nesse cenário inserese o estudo da linguagem cartográfica que por sua vez tem reafirmado sua importância desde o início da escolaridade contribuindo não apenas para que os alunos venham a compreender e utilizar os documentos cartográficos como também venham a desenvolver capacidades relativas à representação e ao entendimento do espaço geográfico Para isso é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolve proporcionalidade uso de signos ordenados e técnicas de projeção Também é uma forma de atender a diversas necessidades das mais cotidianas como chegar a um lugar que não se conhece entender o trajeto dos mananciais por exemplo às mais específicas como delimitar áreas de plantio compreender zonas de influência do clima A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela BRASIL 1997 Salientase que obter conhecimentos de Geografia é algo importante para a vida em sociedade em particular para o desempenho das funções de cidadania A aquisição desses conhecimentos possibilitam uma maior consciência dos limites e das responsabilidades da ação individual e coletiva com relação ao seu lugar e a contextos mais amplos de escala nacional e mundial Após as leituras e discussões desta unidade como você analisa o trabalho metodológico desenvolvido no ensino geográfico nas séries iniciais Sugira possíveis melhorias Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 23 U N I D A D E A O espaço geográfico é constituído pela sociedade suas atividades e seu modo de vida Essa sociedade utiliza a natureza segundo suas necessidades e objetivos Assim a ciência Conceitos fundamentais na compreensão do espaço 3 geográfica ao analisar essas relações sociedades humanas e o funcionamento da natureza necessita da interpretação do espaço geográfico e da paisagem Figura A10 Homem urbano e homem rural A Geografia ao trabalhar com diferentes noções espaciais e temporais bem como com os fenômenos sociais culturais e naturais que são característicos de cada paisagem permite uma compreensão processual e dinâmica de sua constituição buscando identificar e relacionar aquilo que na paisagem representa as heranças das sucessivas relações no tempo entre sociedade e natureza Nesse cenário o estudo da paisagem deve enfatizar as dinâmicas de suas transformações e não a descrição e o estudo de um mundo estático A compreensão dessas dinâmicas exige movimentos constantes entre os processos sociais físicos e biológicos inseridos em contextos particulares ou gerais A preocupação básica é abranger os modos de produzir de existir e de perceber os diferentes espaços geográficos Assim ao se analisar o espaço partese primeiramente do estudo de uma totalidade isto é da paisagem como síntese de múltiplos Romullo Engers Perim C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 24 espaços e tempos Devemse considerar o espaço topológico o espaço vivido espaço percebido e o espaço produzido onde se dá a relação homem natureza Pensar as noções espaciais pressupõe considerar a compreensão subjetiva da paisagem como lugar bem como os significados As percepções que as pessoas grupos ou sociedades têm do lugar nos quais se encontram e as relações singulares que com ele estabelecem fazem parte do processo de elaboração das representações de imagens do mundo e do espaço geográfico Conforme os PCNs 1997 no que se refere ao ensino fundamental é importante considerar quais são as categorias da Geografia mais adequadas para os alunos em relação à sua faixa etária ao momento da escolaridade em que se encontram e às capacidades que se espera que eles desenvolvam Embora o espaço geográfico deva ser o objeto central de estudo as categorias paisagem território e lugar devem também ser abordadas principalmente nos ciclos iniciais quando se mostram mais acessíveis aos alunos tendo em vista suas características cognitivas e afetivas Figura A11 Perímetro Urbano de Santa Maria RS O conceito geográfico de território foi originalmente incorporado nos estudos geográfi cos por Auguste Comte como categoria funda mental para as explicações geográficas Na con cepção de Ratzel esse conceito vinculase pela propriedade ou seja o território para as socie dades humanas representa uma parcela do espaço identificada pela posse sendo domina Na geopolítica o território é o espaço nacio nal ou área controlada por um Estado Nação sendo um conceito político que serve como ponto de partida para explicar muitos fenôme nos geográficos relacionados à organização da sociedade e suas interações com as paisagens Conforme os Parâmetros Curriculares do por uma comunidade ou por um Estado Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte Auguste Comte 17981857 17981857 17981857 17981857 17981857 Seus estudos eram baseados na teoria positivista que entre outras coisas defendia uma ação governamental baseada mais em princípios técnicos e científicos do que políticos foi utilizada por alguns grupos republicanos de formação autoritária particularmente os círculos militares ligados a Benjamin Constant como embasamento teórico para justificar a proclamação da República e para defender a instalação de um governo munido de amplos poderes que promovesse a ordem e o progresso É bom lembrar que a influência do positivismo na República recém proclamada foi bem menor do que muitas vezes se afirma e que as primeiras leis do novo regime inclusive a Constituição de 1891 não faziam praticamente nenhuma concessão aos princípios positivistas Paulo César Cipolatt de Oliveira Alan Roberto Giondo 25 U N I D A D E A Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel Frederich Ratzel 1844 1904 1844 1904 1844 1904 1844 1904 1844 1904 Naturalista baseouse nos postulados de Darwin incorporando o evolucionismo à geografia Na Geografia realizou o estudo das influências que as condições naturais exercem sobre a humanidade A natureza influenciaria a constituição social e atuaria na possibilidade de expansão de um povo Desse modo a sociedade é entendida como um organismo que mantém as relações duráveis com o solo demonstradas nas condições de moradia e alimentação Quanto maior o vínculo com o solo tanto maior seria para a sociedade a necessidade de manter sua posse Por esse motivo a sociedade cria o Estado organizandose para defender o território Contribuições Teoria do Espaço Vital e Determinismo Geográfico Território não é apenas a configuração política de um Estado Nação mas sim o espaço construído pela formação social Para estudar essa categoria é necessário que os alunos compreendam que os limites territoriais são variáveis e dependem do fenômeno geográfico considerado Hoje por exemplo quando se estudam os blocos econômicos o que se entende por território vai muito além do Estado Nação Então compreender o que significa território implica entender a complexidade da convivência em um mesmo espaço nem sempre harmônica da diversidade de Figura A14 Paisagem de Santa Maria RS Nacionais 1997 p 111 tendências das idéias das crenças dos sistemas de pensamento e das tradições de diferentes povos e etnias É reconhecer que apesar de uma convivência comum múltiplas identidades coexistem e por vezes influenciamse reciprocamente definindo e redefinindo aquilo que poderia ser chamado de uma identidade nacional A categoria território possui ainda uma relação com a de paisagem isto é pode ser considerada como o conjunto de paisagens contido pelos limites políticos e administrativos de uma cidade estado ou país É algo criado pelos homens é uma instituição Paulo César Cipolatt de Oliveira André Schmitt da Silva Mello C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 26 Teoria do Espaço Vital O espaço representava uma proporção de equilíbrio entre uma população de uma sociedade e os recursos disponíveis para prover suas necessidades determinando desse modo suas necessidades de progredir e suas premências territoriais Determinismo Geográfico Ratzel considerou o homem como um elemento passivo da paisagem ou seja o homem é visto como produto do meio Possibilismo Geográfico Teve origem na França com Paul Vidal de La Blache que realizou estudos regionais procurando demonstrar que a natureza exercia influências sobre o homem mas que o homem tinha possibilidades de modificar e de melhorar o meio dando origem ao possibilismo A categoria paisagem entretanto possui um caráter específico para a Geografia sendo definida como uma unidade visível que possui uma identidade visual caracterizada por fatores de ordem social cultural e natural Tendo espaços e tempos distintos nos quais se verificam o passado e o presente Para Castrogiovanni 2000 p 96 A paisagem revela a realidade do espaço em um determinado momento do processo O espaço é construído ao longo do tempo de vida das pessoas considerando a forma como vivem o tipo de relação que existe entre as elas e que estabelecem com a natureza Dessa forma o lugar mostra através da paisagem a história da população que ali vive os recursos naturais de que dispõe e a forma como se utiliza de tais recursos A paisagem é o resultado do processo de construção do espaço No principal livro de Ratzel publicado em 1882 que se denomina Antropogeografia fundamentos da aplicação da Geografia à História fazem parte da paisagem de uma cidade o seu relevo a orientação dos rios e córregos da região vias expressas o conjunto de construções humanas a distribuição da população que nela vive o registro das tensões sucessos e fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram É nela que estão presentes os traços da história de uma sociedade fazendo assim da paisagem uma soma de tempos desiguais uma combinação de espaços geográficos Nas palavras de Castrogiovanni 2000 p 97 estudar as paisagens é portanto interessante para se poder compreender a realidade Para Claval 1999 p 318 as paisagens trazem a marca das culturas e ao mesmo tempo as influenciam Elas vão surgindo à medida que a sociedade vai vivendo e produzindo suas vidas sendo um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificias A categoria paisagem está relacionada à categoria lugar Pertencer a um território e a sua paisagem significam fazer deles o seu lugar de vida e estabelecer uma identidade com eles Figura A15 A praça Paulo César Cipolatt de Oliveira 27 U N I D A D E A Nesse contexto a categoria lugar traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que racionais e objetivos uma praça onde se brinca desde menino a janela de onde se vê a rua o alto de uma colina de onde se avista a cidade O lugar é onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico PCN 1997 As categorias espaço geográfico paisagem território e lugar atualmente estão associados à força da imagem explorada pela mídia Pela imagem a mídia ressalta valores a serem incorporados e posturas a serem adotadas retrata as contradições em que se vive confundindo no imaginário aquela que é real e a que se deseja como ideal A mídia toma para si a tarefa de impor e estabelecer um modelo de mundo de reproduzir o cotidiano por meio de imagens repetidas pela publicidade Nesse contexto a Geografia estaria identificada como a ciência que procura decodificar as imagens presentes no cotidiano impressas e expressas nas paisagens e em suas representações numa reflexão direta e imediata sobre o espaço geográfico e o lugar Assim a Geografia contribui para que se compreenda como se estabelecem as relações locais com as universais como o contexto mais próximo contém e está contido em um contexto mais amplo e quais as possibilidades e implicações que essas dimensões possuem Desse modo é fundamental que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam entender melhor a paisagem local o espaço vivido Entretanto não se deve trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente o espaço vivido pode não ser o real imediato pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e sobretudo que são capazes de pensar sobre A compreensão de como a realidade local relacionase com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade de modo cada vez mais abrangente desde os ciclos iniciais PCN 1997 Com base no conteúdo desta unidade elabore uma explanação contendo o seu entendimento sobre as categorias espaço geográfico paisagem território e lugar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina No text present in this image Objetivo da Unidade UNIDADE 29 AS RELAÇÕES ESPACIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a entender como se desenvolve a construção das noções espaciais pela criança e como ela realiza a representação do espaço geográfico C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 30 1 A psicogênese da noção de espaço passa pelos níveis ou etapas próprios da evolução geral da criança na construção do conhecimento do espaço vivido ao percebido e deste ao concebido ALMEIDA 1999 p 26 O espaço vivido referese ao espaço físico vivenciado através do movimento e do deslocamento Figura B1 apreendido pela criança por meio de brincadeiras ou por outras formas ao percorrêlo delimitálo ou organizá lo conforme os seus interesses Figura B2 Daí As etapas da construção da noção de espaço pela criança Os exercícios rítmicos e psicomotores são importantes para que a criança explore com o próprio corpo as dimensões e relações espaciais como se vê nas figuras que seguem a importância de exercícios rítmicos e psicomotores para que ela explore com o próprio corpo as dimensões e relações espaciais ALMEIDA PASSINI 2004 Figura B1 Espaço vivido Lucas Franco Colusso 31 U N I D A D E B Figura B2 Amarelinha Exercício Rítmico Alan Roberto Giondo C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 32 O espaço percebido não necessita ser experimentado fisicamente Desse modo a criança da escola primária é capaz de lembrar se do percurso de sua casa à escola Figura B3 o que não acontecia anteriormente à medida que era preciso percorrêlo para identificar os edifícios logradouros e ruas Figura B3 Criança brincando de caça ao tesouro Observandose uma foto nessa etapa do desenvolvimento mental a criança já é capaz de avistar as distâncias e a localização dos objetos Antes só era capaz de perceber o aqui depois atinge também o acolá Ocorreu nessa passagem a ampliação do campo empírico da criança ou seja a análise do espaço passa a ser feita através da observação Podese dizer que neste momento inicia se para ela o estudo da geografia Por isso nas séries iniciais do 1º grau o professor deve se preocupar em propor atividades que desenvolvam conceitos e noções mais do que um conteúdo sistemático ALMEIDA PASSINI 2004 p 26 O espaço concebido começa a ser compreendido pelo aluno em torno de 1112 anos sendolhe possível estabelecer relações Paulo César Cipolatt de Oliveira 33 U N I D A D E B espaciais entre elementos somente por meio de sua representação isto é o aluno é capaz de raciocinar sobre uma área representada em um mapa sem têla visto antes Para esse processo evolutivo da construção das noções espaciais o educador deve realizar um trabalho no sentido da estruturação do espaço pois a criança apresenta uma visão sincrética do mundo Para ela os objetos e o espaço que eles ocupam são indissociáveis A posição de cada objeto é dada em função do todo no qual ele se insere E a criança percebe esse todo e não cada parte distintamente Por esse motivo para crianças pequenas até aproximadamente 6 anos a localização e o deslocamento de elementos são definidos a partir de referenciais dela quer dizer de sua própria posição ALMEIDA PASSINI 2004 Ainda para as autoras Essa sua percepção do espaço dificulta a distinção de categorias de localização espacial como perto de abaixo no limite de etc tanto para situarse como para situar os elementos de forma objetiva Cabe ao professor ajudar o aluno a estabelecer e aclarar essas categorias para chegar a estruturas de organização espacial LEMBRESE No processo evolutivo da construção da noção de espaço a criança tem uma visão sincrética do mundo ou seja entende que a posição de cada objeto é dada em função do todo no qual ela se insere Sobre o desenvolvimento infantil Newcombe 1999 p 111 afirma que As oportunidades de usar as habilidades motoras conforme elas emergem ou a falta dessas mesmas oportunidades podem acelerar ou atrasar o desenvol vimento da habilidades universais de coordenação motora Uma outra influência sobre o desenvolvi mento motor é a presença de visão útil As crianças cegas tipicamente engatinham e caminham com atraso Elas também demoram mais tempo para começar a estender a mão em direção a objetos que elas podem ver FREIBERG 1977 Entretanto as crianças cegas acabam por desenvolver capacidades motoras normais uma vez que os atrasos parecem não ter uma causa física A visão parece impelir as crianças para o trabalho de exploração de seu mundo Ao mesmo tempo o professor deve levar o aluno a estender os conceitos adquiridos sobre o espaço localizandose e localizando elementos em espaços cada vez mais distantes e portanto desconhecidos A apreensão desses espaços é possível através de sua representação gráfica a qual envolve uma linguagem própria a da cartografia que a criança deve começar a conhecer Cabe pois ao professor introduzir essa linguagem e através do trabalho pedagógico levar o aluno à penetração cada vez mais profunda na estruturação e extensão do espaço em nível de sua concepção e representação ALMEIDA PASSINI 2004 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 34 Figura B4 A criança descobrindo o espaço ocupado pelo seu corpo Para Hannoum 1977 essa questão envolve a tomada de consciência por parte do aluno do seguinte do espaço ocupado por seu corpo da localização dos objetos no espaço das posições relativas dos objetos no espaço o que envolve deslocamento e orientação das distâncias das medidas e da esquematização do espaço A exploração do espaço ocorre por meio das experiências que a criança realiza em seu entorno Ao ser tocada acariciada segurada no colo ao mamar a criança inicia o processo de aprendizagem do espaço Em sua memória corporal são registrados os referenciais dos lados e das partes do corpo os quais servirão de base para os referenciais espaciais Assim a criança começa a desenvolver a construção da função simbólica ou seja a substituição da ação ou objeto por símbolos imagens ou palavras ocorrendo a construção do espaço representativo De acordo com Castrogiovanni 2002 p 16 O espaço representativo é formado por dois momentos o intuitivo manifestado por representações estáticas e irreversíveis e o Lucas Franco Colusso 35 U N I D A D E B operatório que operacionaliza os elementos espaciais possibilitando a ordenação e a reversibilidade das relações Piaget em suas obras realiza uma abordagem psicológica apresentando o desenvolvimento mental da noção de espaço na criança como uma construção onde há uma interação entre a percepção e a representação espacial Com isso podese dizer que o desenvolvimento do espaço é coerente com o desenvolvimento mental da criança como um todo Em seus trabalhos sobre psicologia infantil incluiu estudos acerca do espaço enfatizando a representação do espaço assim como a do mundo e a gênese da geometria espontânea nas crianças O autor analisa também como a criança constrói a realidade mediante o relacionamento do objeto com o espaço e como desenvolve a formação do símbolo mediante a imitação e o jogo sendo que sua preocupação central está ligada aos mecanismos perceptivos e à imagem mental atribuindo um papel importante mas não decisivo a esses aspectos no desenvolvimento da mente De acordo com Piaget 1971 o desenvolvimento mental da criança pode ser caracterizado em três períodos 1 Período sensóriomotor estendese desde o nascimento até a aparição da lingua gem compreendendo mais ou menos os dois primeiros anos de vida A inteligência sensório motora é a ação prática do sujeito sobre a própria realidade e não comporta distâncias muito longas entre a ação e a realidade 2 Período préoperatório apresentase como uma etapa de preparação e organização das operações concretas de classes relações e números Este período se inicia com o aparecimento da função simbólica que permite o uso das palavras de maneira simbólica e termina quando a criança é capaz de organizar seu pensamento mediante operações concretas Este período apresenta duas etapas distintas a pensamento representativo que se estende até ao redor dos quatro anos e se caracteriza pelas funções simbólica e representativa b pensamento intuitivo dominado pelas percepções imediatas isto é pelo aspecto ao qual se prende a atenção e se caracteriza pela incapacidade de guardar mais do que uma relação ao mesmo tempo Este é o período de elaboração de noções tais como classes séries e relações que permitirão à criança no período seguinte operar com as noções de número e espaço 3 Período operatório iniciase ao redor de 6 7 anos com o aparecimento da noção de invariância Sucessivamente aparecem as noções de conservação de substância de peso e do volume Quando a criança domina estas três conservações mais ou menos entre 11 12 anos atinge a etapa final deste subperíodo Assim este período possui dois subperíodos a das operações concretas quando a criança opera sobre os objetos ou sobre as ações exercidas sobre os objetos b das operações lógicas quando os indivíduos operam sobre operações prescindindo da presença concreta do objeto C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 36 Quadro B1 Operações mentais preparatórias para a leitura de mapas Fonte Adaptado de Passini 1994 Dessa forma inicialmente a construção do espaço se prende a um espaço sensóriomotor ligado à percepção e à motricidade Este espaço sensóriomotor emerge dos diversos espaços orgânicos anteriores como o postural o bucal o tátil o locomotor entre outros O espaço sensóriomotor não é constituído por simples reflexos mas por uma interação entre o organismo e o meio ambiente durante a qual o sujeito se organiza e se adapta continuamente em relação ao objeto Em seguida a construção do espaço passa a ser representativa coincidindo com o aparecimento da imagem e do pensamento simbólico que são contemporâneos ao desenvolvimento da linguagem OLIVEIRA 1978 Assim a construção do espaço tanto no plano perceptivo como no representativo é engendrada pelas atividades operatória perceptiva e representativa Para rever e aprofundar seus estudos sobre as teorias cognitivas de Piaget e Vygotsky consulte o caderno pedagógico da disciplina de Psicologia visto no 3º semestre 37 U N I D A D E B Com base no Quadro 1 crie duas atividades de alfabetização cartográfica para cada etapa do desenvolvimento cognitivo a fim de serem desenvolvidas com crianças nas escolas e contextualizadas a realidade local Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 38 Como vimos no item anterior desta unidade as relações espaciais iniciam no período operatório conforme Piaget 1971 Podemos distinguir três tipos de relações espaciais topológicas projetivas e euclidianas Das relações topológicas é que posterior mente derivam as relações projetivas e as euclidianas As relações espaciais topológicas se limitam a um objeto particular não havendo a necessidade de situálo em relação a um outro seja em função de uma perspectiva ou de um ponto de vista particular seja em função de um sistema de eixos ou coordenadas As primeiras relações espaciais que a criança estabelece se referem ao espaço próximo usando referenciais elementares dentro fora ao lado na frente atrás perto longe entre outros não sendo considerados distâncias medidas e ângulos denominadas relações espaciais topológicas elementares Essas relações começam a ser estabelecidas pela criança desde o nascimento e são a base para a gênese posterior das relações espaciais mais complexas sendo mais importante considerarmos no início da atividade escolar 6 7 anos De acordo com Almeida Passini 2004 Castrogiovanni 2002 p 17 explica que As relações topológicas projetivas e euclidianas 2 No caso do espaço topológico a percepção e a manipulação ativa das relações de vizinhança separação ordem sucessão envolvimento e continuidade servem de ponto de partida para as noções representativas mais ou menos estruturadas do espaço intuitivo ou seja espaço pré lógico até o momento que se pode estabelecer por volta dos sete anos A reversibilidade nas relações espaciais acontece mais ou menos aos sete anos quando já ocorre a conservação As relações entre os objetos já se apresentam numa inversão de ordem e vizinhança Para aprofundar seus conhecimentos leia também ALMEIDA R D de PASSINI E Y O espaço geográfico ensino e representação 13 ed São Paulo Contexto 2004 Disponível na biblioteca do Pólo Já as relações projetivas permitem a coordenação dos objetos entre si num sistema de referência móvel dado pelo ponto de vista do observador Esta acrescenta a necessidade de situar os objetos ou os elementos de um mesmo grupo uns em relação aos outros desenvolvendo as noções fundamentais que envolvem as relações projetivas de direita e esquerda frente e atrás em cima e embaixo e ao lado de Inicialmente o ponto de partida para a localização dos objetos é o corpo da própria criança mas com a liberação do egocentrismo de acordo com Castrogiovanni 2002 p19 a criança Consegue usando as relações projetivas dar a posição de objetos nas três fases ou seja colocando vários objetos a sua frente consegue localizálos em relação aos outros pois exerce movimentos espaciais de situação descentrada Com isso está dando os passos que permitem a transposição da orientação corporal para a geográfica no plano perceptivo as relações espaciais se processam na seguinte ordem vizinhança separação ordem envolvimen to continuidade 39 U N I D A D E B estabelecendo as relações de NorteSul e LesteOeste num espaço de três dimensões ou no mapa Por fim as relações euclidianas têm como base a noção de distância situando os objetos uns em relação aos outros considerando um sistema fixo de referência O espaço euclidiano de acordo com Paganelli 1982 p 74 coordena os próprios objetos entre si e em relação a um quadro de conjuntos ou sistemas de referência estável que exige como ponto de partida a conservação das superfícies e das distâncias Sobre este assunto Castrogiovanni 2002 p 21 diz que As primeiras evidências das relações euclidianas ocorrem nas primeiras conquistas da atividade perceptiva como as primeiras constatações de grandeza e de forma pela criança e já são organizadas em nível da inteligência sensóriomotora permanência do objeto ausente por exemplo mas permanecem intuitivas sujeitas às deformações geradas pelo caráter estático e irreversível das representações imagináveis Quando ocorre o período das operações concretas surgem as primeiras conservações verdadeiras como superfície comprimento distância necessárias ao progresso do espaço propriamente métrico e quantificado Para haver a conservação de distância comprimento e superfície é necessária a utilização de um sistema de coordenadas Mas somente aos dez anos de idade é que a criança coordena as medidas de duas ou três dimensões e utiliza as referências horizontal e vertical possibilitando a construção do sistema de coordenadas Entre as relações projetivas e euclidianas são possíveis algumas formas intermediárias como as transformações afins ou seja aquelas que conservam as linhas paralelas e as retas não conservando os ângulos ou as distâncias e as semelhanças que conservam os ângulos como invariantes O espaço euclidiano se baseia na noção de distância e a equivalência das figuras depende de sua igualdade matemática O espaço projetivo ao contrário é baseado na noção de reta e é a perspectiva ou a possibilidade de transformação projetiva que permite a equivalência das figuras enquanto o espaço topológico se fundamenta sobre as relações puramente qualitativas tais como vizinhança separação envolvimento entre outros inerentes a uma figura particular Seguindo o pensamento de Oliveira 1978 podese observar que inicialmente a criança concebe topologicamente o espaço este espaço topológico é para ela uma reunião de espaços fragmentados e distintos ela não é capaz de situar os objetos uns em relação aos outros segundo um plano de conjunto As fronteiras deste espaço são fixadas pelo campo perceptivo ou pela unidade funcional de cada campo de experiência particular de cada criança Para que ela disponha de estruturas espaciais acabadas é preciso que considere as distâncias objetivas e os pontos de vista possíveis coordenando esses espaços parcelados em um espaço total Essa coordenação só será possível mediante a construção de dois sistemas de conjuntos diferentes e complementares Um deles é o sistema de coordenadas fonte do espaço euclidiano em que a criança situa os objetos uns em relação aos outros e coloca os objetos em uma mesma estrutura Por meio desse sistema a criança engloba C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 40 os objetos e os lugares por eles ocupados O outro sistema é o de perspectivas fonte do espaço projetivo em que são fornecidos à criança os meios para coordenar os objetos entretanto considerando os diferentes pontos de vista reais ou possíveis Dessa forma a coordenação de perspectivas faz com que a criança organize um sistema de referência articulando as dimensões projetivas de direitaesquerda frenteatrás e acimaabaixo em relação às posições sucessivas de um mesmo observador Figura B5 Figura B5 O corpo como referencial para a localização A utilização de um sistema de coordenadas geográficas paralelos e meridianos corresponde à abstração na construção do espaço em nível psicológico sendo que através dessas coordenadas nas relações espaciais euclidianas é possível situar os objetos e dar orientação de seu deslocamento em função de uma estrutura cujos referenciais são independentes a esses objetos Alan Roberto Giondo 41 U N I D A D E B Conforme Almeida Passini 2004 p 39 é possível afirmar que As crianças das séries iniciais do 1 grau não possuem ainda estruturas psicológicas para compreender os sistemas de localização geográfica com coordenadas Somente entre 9 e 10 anos serão capazes de coordenar medidas e utilizar os referenciais de altura e comprimento horizontal e vertical os quais são essenciais à construção do sistema de coordenadas A criança que inicialmente partia do uso do seu próprio corpo como referencial para a localização dos objetos começa a perceber que podem ser usados outros referenciais sem que isso altere a localização sendo assim situa os objetos a partir das relações espaciais entre eles utilizando um sistema de coordenadas Divididos em grupos no máximo 04 alunos ou duplas escolham uma escola pública ou particular e pesquisem quais são os conteúdos referentes às noções espaciais que são trabalhados nas séries iniciais de 1ª a 4ª série ou corres pondente bem como quais são as metodologias e recursos didáticos emprega dos pelos professores em suas aulas Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Lembrete Digite em seu diário de bordo suas reflexões pessoais sobre este capítulo o desenvolvimento desta atividade em grupo e as descobertas feitas C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 42 A necessidade de mapear as variáveis geográficas principalmente aquelas que se apresentavam como mais importantes sempre esteve presente nas sociedades humanas que 3 A criança e a representação do espaço através de prémapas Figura B6 Desenho de criança procuravam representar graficamente localidades e acontecimentos As origens da atividade de mapear se confundem com o próprio homem pois antes Paulo César Cipolatt de Oliveira 43 U N I D A D E B mesmo de o homem inventar a escrita ele registrou através de representações as rotas percorridas para poder localizálas mais tarde Ao fazer o desenho dos trajetos das aldeias e viagens o homem recorreu a símbolos procurando obedecer às proporções e aos significados dos objetos a serem representados Vygotsky 1988 afirma que o uso de signos conduz os seres humanos a uma estrutura específica de comportamento que se desloca do desenvolvimento biológico e cria novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura De acordo com esta mesma teoria o conhecimento acontece por meio de interações de fatores cognitivos ambientais e sociais O conhecimento reflete o mundo exterior filtrado e influenciado pela cultura pela linguagem pelas crenças e interações com outros Por esse motivo o ensino de Geografia tem sido objeto de preocupação dos educadores principalmente daqueles que trabalham com o Ensino Fundamental A leitura do espaço mesmo o mais próximo tornase muitas vezes incompreensível ao aluno quando ele não domina o instrumental básico para aquela ação LOPES 1996 A questão cartográfica é essencial para estudos geográficos entretanto esta questão enfrenta sérias dificuldades quando desenvolvida nas séries iniciais Talvez tal problemática ocorra pela falta de estímulo ao desenvolvimento da linguagem gráfica Na escola os desenhos normalmente são mais valorizados na disciplina de Artes como forma de expressão Nesse tipo de trabalho no entanto as crianças deixam claras as primeiras noções de localização e proporção que não são Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história dos mapas leia o capítulo 1 da obra RAISZ E Cartografia Geral Trad Neide M Schneider Rio de Janeiro Científica 1969 Disponível na biblioteca da UFSM consideradas Notase aí uma falha apontada por estudiosos Os desenhos que elas elaboram são a interpretação do real Nova Escola 2003 É na escola que deve ocorrer a aprendizagem espacial voltada para a compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza seu espaço por meio da utilização de representa ções formais desse espaço Nesse sentido Almeida Passini 1981 p 11 questionam a precária formação do Ensino Fundamental destacando a importância do papel do professor no processo de formação do conhecimento considerando que é na escola que deve ocorrer a aprendizagem espacial e que compete ao professor A localização ou o mapeamento das variáveis observadas não finaliza uma análise geográfica ao contrário delimita seu início Essa análise acontece quando o aluno se reporta ao processo de produção do espaço e o confronta com a configuração espacial do mapa A compreensão do mapa traz uma mudança qualitativa na capacidade do aluno pensar o espaço Este documento cartográfico atua como um conjunto de signos que lhe possibilita usar um recurso externo à sua memória com alto poder de representação e sintetização Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN é papel da Geografia tornar o mundo compreensível para os alunos Não faz sentido apresentar uma descrição estática de fatos e acontecimentos Ao contrário é ajudar o aluno a estabelecer correlações levar o aluno a estender os conceitos adquiridos sobre o espaço localizandoo e localizando elementos em espaços cada vez mais distantes portanto desconhecidos introduzir essa linguagem cartográfica através do trabalho pedagógico C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 44 necessário mostrar que o mundo é dinâmico e passível de transformações Essa deve ser a meta do professor de Geografia durante as aulas NOVA ESCOLA 2003 A construção das noções espaciais pela criança está relacionada com o processo de descentração no qual há a tomada de consciência do corpo objeto referencial pelo indivíduo sujeito e esta consiste na construção do mapa corporal Assim a representação do mapa corporal pela criança possibilita transposições para outros espaços portanto a operação em outros mapas Para Almeida Passini 1991 p 15 a preparação do aluno para a leitura de mapas deve passar por preocupações metodológicas tão sérias quanto a de se ensinar a ler e escrever contar e fazer cálculos matemáticos Para que a criança aprenda a fazer uma leitura de mapas é necessário que anteriormente aprenda a construílos Podese dizer que o aluno precisa ser preparado para ler representações cartográficas de maneira crítica decodificando e transpondo Figura B7 Desenho de um mapa representando o caminho da casa até a escola suas informações para o cotidiano Os PCN ainda acrescentam que o espaço em que o aluno vive deve ser o ponto de partida Paulo César Cipolatt de Oliveira 45 U N I D A D E B dos estudos Dessa forma ele compreenderá como os aspectos pessoais locais regionais e globais guardam relação entre si Assim dominar conceitos de espaço território paisagem e lugar são imprescindíveis para a compreensão da Geografia como forma de desvendar a natureza dos lugares e do mundo como habitat do homem No entanto dispor de recursos visuais é indispensável para o ensino da Geografia Desenhos fotografias maquetes jogos mapas e imagens de satélite são ferramentas básicas para o professor em sala de aula NOVA ESCOLA 2003 O processo de mapeamento do espaço pelas crianças está inserido no processo geral de desenvolvimento mental em especial na construção do espaço Tornase então necessário realizar investigações sobre como as crianças constroem seus mapas Com isso é necessário analisar os mecanismos cognitivos e perceptivos aos quais a criança recorre para mapear o seu espaço estudar o desenvolvimento intelectual em termos de mapeamento e observar as condutas das crianças diante da atividade de mapeamento A aprendizagem do mapa está vinculada à aprendizagem em geral mas convém destacar que apresenta peculiaridades próprias à sua natureza como objeto de estudo A criança precisa agir sobre os mapas e também necessita dispor de estruturas cognitivas que permitam esta ação Nesse sentido a aprendizagem do mapa depende tanto da experiência física como da experiência matemática Na prática é impossível em relação ao mapa separar o objeto mapa da ação exercida pelo sujeito sobre o objeto representação espacial Com isso a aprendizagem do mapa é um tipo diferente de aprendizagem Oliveira 1978 p 47 afirma que A criança para conhecer um objeto e apreender as suas propriedades manipula o mediante a experiência tocando vendo ouvindo sacudindo enfim agindo sobre o mesmo Mas para conhecer o espaço a criança precisa movimentarse dentro dele locomoverse através dele espaço este que inclui por sua vez entidades animadas e inanimadas e de muitos tipos Assim o processo de aprendizagem exige uma participação do sujeito no meio externo mediante experiências A seguir apresentase um resumo sobre a aprendizagem conforme o sistema piagetiano CASTRO 1974 1º A preocupação piagetiana encontrase primordialmente nas relações que pesquisa entre aprendizagem como um determinado tipo de aquisição de conhecimentos em função da experiência e as estruturas cognitivas que marcam sua possibilidade e seus limites 2º A construção das estruturas cognitivas depende da atuação do sujeito sobre a realidade mas se explica por equilibração 3º A aprendizagem é colocada como aquisição em função do desenvolvimento pois deste dependem as estruturas que a permitem os esquemas assimiladores que a tornam possível 4º Um esquema não é nem aprendido nem memorizado É construído e conservado É imprescindível à memória como é à aprendizagem 5º Num sentido amplo tanto a aprendiza gem quanto a memória podem ser entendidas como aquisição ou conservação de conteúdos específicos acrescidos de mecanismos 46 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M coordenadores que dão coerência àqueles conteúdos Entretanto esse processo de aprendizagem ocorrerá se o aluno participou do processo de construção reconstrução do conhecimento através da prática escolar orientada pelo professor E quanto ao domínio espacial envolve préaprendizagens relativas a referenciais e categorias essenciais ao processo de concepção do espaço ALMEIDA PASSINI 2004 p 13 As representações são criações sociais ou individuais de esquemas pertinentes do real Essas imagens quando dizem respeito à questão da representação do espaço quando levam em consideração a orientação localização ou outras informações sobre o lugar de vida são constituídas em mapas mentais NOGUEIRA 1994 p 64 Conforme Dowbor 2001 p 12 O mundo que hoje surge constitui ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade ao mundo da educação É um desafio porque o universo de conhecimentos está sendo revolucionado tão profundamente que ninguém vai sequer perguntar à educação se ela quer se atualizar A mudança é hoje uma questão de sobrevivência e a contestação não virá de autoridades e sim do crescente e insustentável saco cheio dos alunos que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens científicos que surgem na televisão nos jornais com as mofadas apostilas e repetitivas lições da escola Surge também a oportunidade à medida que o conhecimento matériaprima da educação está se tornando o recurso estratégico do desenvolvimento moderno nos mais diversos países Assim devese organizar a assimilação produtiva do conhecimento geográfico por meio de um conjunto de instrumentos poderosos que poderão funcionar efetivamente ao se promover a mudança cultural em sentido mais amplo Nesse cenário Katuta Souza 2001 afirmam que no Ensino Fundamental e Médio a grande maioria dos professores dão ênfase ou se preocupam apenas com os conteúdos A única preocupação no processo de ensino e aprendizagem resumese então à escolha de um conjunto de conteúdos a serem trabalhados ao longo do ano letivo Em outras palavras muitas vezes o professor preocupase apenas com os conteúdos a serem trabalhados em sala de aula esquecendose dos objetivos pedagógicos que iriam e deveriam obrigatoriamente nortear sua escolha Reflexão Conforme parágrafo da página 44 deste caderno didático Como futuro profissional da educação de que maneira você acredita ser possível levar a criança aluno a compreender o espaço geográfico através de prémapas Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina podese dizer que o aluno precisa ser preparado para ler representações cartográficas de maneira crítica decodifi cando e transpondo suas informações para o cotidiano Objetivo da Unidade UNIDADE 47 Ao final desta Unidade o aluno deve estar apto a compreender que o espaço é representável que faz parte de um todo que pode ser vivenciado simbolizado e transformado perceber que esta experimentação proporciona a construção de conceitos fundamentais ao indivíduo A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO ESPAÇO SOCIAL C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 48 O lugar como categoria de análise pressupõe que se ressalte como objeto de estudo o espaço geográfico considerando os aspectos relativos e relacionais ao contexto no qual está inserido Para se conhecer o lugar o que existe nele e a sua localização no conjunto do espaço é necessário que se realize um estudo do espaço como uma nação Brasil por exemplo uma unidade da federação Estado do Rio Grande do Sul por exemplo uma cidade Santa Maria ou uma região Campanha Gaúcha Castrogiovanni 2002 p 104 afirma que Observação das formas e funções assim como do processo de construção dos lugares de vivência das crianças e de outros lugares 1 De um modo geral muitos conceitos estão presentes no diaadia de nossas vidas Os alunos têm as suas próprias concepções a respeito de muitas coisas Porém o trabalho de superação do senso comum como verdade e a busca das explicações que permitem entender os fenômenos como verdades universais exige que se faça reflexões sobre o lugar como o espaço de vivência analisando a configuração histórica destes lugares para além de suas aparências Para que ocorra o aprendizado é necessário conforme Vygotsky 1991 considerar o processo de ensino e aprendizagem incluindo sempre aquele que aprende aquele que ensina e a relação entre essas pessoas justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo O estudo do lugar possibilita contatos ou convívio envolvendo sujeitos sociais que se encontram num espaço conhecido ou pelo menos aproximado e oportuniza possibilidades de intervenção no lugar Desse modo professor e alunos estarão envolvidos em situações de aprendizagem que consideram a observação o reconhecimento do que existe no lugar os conhecimentos que o aluno traz consigo a partir de suas vivências e as buscas de teorização dessas verdades Os alunos fazem as abstrações trabalhando com conceitos científicos e desencadeando a compreensão que permite uma maior generalização das experiências particulares e o entendimento da realidade de forma mais ampla Ao compreender a dinâmica da formação da territorialidade vivida no cotidiano podem se realizar essas abstrações possibilitando a compreensão da realidade O lugar é visto como uma reprodução do global ou do mundo num determinado tempo e espaço sendo que as relações ultrapassam 49 U N I D A D E C as distâncias lineares e contínuas estabelecendose a partir de interesses que são externos na maioria das vezes Dependendo da vivência da criança ela terá compreensão e domínio de espaços que em termos relativos lhe são significativos Por exemplo a criança pequena que é levada de casa até a escola de carro conhece o espaço percorrido de modo superficial e se tivesse que andar sozinha dificilmente conseguiria No entanto poderá ter o domínio de outros espaços que lhe sejam familiares por viajar por freqüentar a praia e assim por diante Outra criança da mesma idade que costuma passar de casa em casa pedindo esmolas terá um domínio do espaço Podese considerar o espaço de ação cotidiana da criança como o espaço a ser representado onde serão construídas as noções espaciais A criança percebe o seu espaço de ação antes de representálo e para realizar esta representação utilizase de símbolos Com isso antes de ser leitora de mapas ela deverá agir como mapeadora do espaço conhecido percorrido que lhe é significativo Ela o percorre e o conhece pois ele faz parte de sua sobrevivência CASTROGIOVANNI 2002 p 108 Figura C1 Sala de aula como espaço da ação das crianças Bruno da Veiga Thurner C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 50 Assim Almeida Passini 2004 p 23 afirmam que Ao reverter esse processo estará lendo o mapa primeiro do seu espaço próximo para conseguir aos poucos abstrair espaços mais distantes através da generalização e transferência de conhecimento Isto através das deduções lógicomatemáticas já na idade do pensamento formal Seguindo o pensamento das mesmas autoras este processo pode ser organizado em três momentos 1º Tarefas operatórias para a construção de préaprendizagens de referências localização com a utilização de retas coordenadas como pontos que facilitarão a leitura de mapas São elas as atividades de orientação observação de pontos de referência coordenação de pontos de vista proporcionalidade conservação de forma tamanho e comprimento Piaget 1981 destaca que é fácil a utilização de retas coordenadas como pontos de referência no cotidiano uma vez que a própria natureza e os elementos urbanos do cotidiano fornecem essas coordenadas árvores ruas planas postes paredes portas chão Portanto parece que esses pontos de referência devem ser usados para localização de elementos simples como a casa da criança através da observação em relações topológicas projetivas ou euclidianas vistas na Unidade 2 item 2 deste caderno 2º Atividades de codificação do cotidiano para o exercício da função simbólica no mapeamento facilitando dessa forma a compreensão da relação significante X significado por meio da criação de significantes para o que a criança quiser representar e organizados em uma legenda 3º Leitura propriamente dita decodificar ligando o significante e o significado para melhor compreensão da legenda e toda simbologia dos mapas Esse procedimento parece estar de acordo com o pensamento de Jean Piaget pois segundo ele o ensino da representação não consiste em apresentar uma lista de palavras a aprender mas antes no desenvolvimento da capacidade de representar o conhecimento já construído em nível prático KAMII DEVRIES sd Para Pontuschka 1999 p 133 As condições de existência dos próprios alunos e seus familiares são ponto de partida e de sustentação que podem garantir a compreensão do espaço geográfico dentro de um processo que vai do particular ao geral e retorna enriquecido ao particular No mesmo sentido Callai 1998 p 59 aponta que a realidade ou o lugar em que se vive é o ponto de partida para se chegar à explicação dos fenômenos Por ele é mais fácil organizar as informações podendose teorizar abstrair do concreto na busca de explicações de comparações e de extrapolações A Geografia a ser estudada não deve ser aquela enumerativa descritiva e enciclopédica Ela deve trabalhar com a realidade do aluno uma realidade de múltiplas relações ou como propõe Demo 1988 todas as dimensões que compõem a forma de viver e o espaço que o cerca O aluno deve ser inserido dentro daquilo que se está estudando proporcionando a compreensão de que ele é um participante ativo na produção do espaço geográfico A realidade tem que ser entendida como algo em 51 U N I D A D E C processo em constante movimento pois a produção do espaço nunca está pronta e acabada Milton Santos buscou na filosofia categorias analíticas e as trouxe para a Geografia para que servissem como ferramentas à compreensão do mundo na sua totalidade de forma mais concreta desintegrando e reconstruindoa dialeticamente segundo ele As noções de estrutura processo função e forma essas velhas categorias filosóficas e velhas categorias analíticas devem ser retrabalhadas para que neste particular possam prestar novos serviços à compreensão do espaço humano e à constituição adequada de sua respectiva ciência SANTOS 1997 p 13 Para este autor a forma é o aspecto visível de uma coisa Ela referese ao arranjo ordenado de objetos a um padrão A forma também pode ser entendida como uma estrutura técnica ou objeto responsável pela execução de determinada função No espaço geográfico há formas produzidas em diferentes tempos históricos Embora o espaço seja comandado pelo presente não convém para a estrutura produtiva que caracteriza o período presente eliminar do espaço todas as formas passadas e construir formas contemporâneas e concomitantes à exigência técnicacientífica do presente Na verdade elas convivem embora as velhas formas sejam preenchidas por novos conteúdos Figura C2 Décadas de 30 70 e atual respectivamente Conforme Straforini 2004 a função do lugar está relacionada a uma tarefa ou atividade esperada de uma forma pessoa instituição ou coisa A função está vinculada à forma portanto ela é a atividade elementar que a forma se reveste A forma só se torna relevante quando a sociedade lhe confere um valor social a partir de uma função dentro de um período histórico Nesse sentido caminhamos para o entendimento de estrutura e processo A estrutura implica interrelação de todas as partes de um todo o modo de organização ou de construção Ela diz respeito à complexidade do Rodrigo Oliveira de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 52 modo de produção e relações de trabalho em outras palavras na formação socioeconômica O processo pode ser entendido como uma ação contínua desenvolvendose em direção a um resultado qualquer implicando conceitos de tempo continuidade e mudança O processo assume uma importância fundamental na relação entre forma função e estrutura pois é ele que indica o movimento do passado ao presente Cada forma sobre a paisagem é criada como resposta a determinadas funções de um presente ou de uma realidade Chamadas para dar entendimento ao espaço como totalidade essas categorias analíticas não podem ser tomadas separadamente Tomados individualmente representam apenas realidades parciais limitadas do mundo Consideradas em conjunto porém e relacionados entre si elas constroem uma base teórica e metodológica a partir da qual podemos discutir os fenômenos espaciais em totalidade SANTOS 1997 p 52 Conforme Corrêa 2000 a formação socioespacial pode ser considerada como um meta conceito um paradigma que contém e está contido nos conceitoschave de natureza operativa paisagem região espaço organização espacial lugar e território Nesse sentido não bastam apenas as categorias analíticas e filosóficas forma função estrutura e processo para dar entendimento à totalidade do espaço mas também encontrar categoriasconceitos geográficos que permitam a operacionalização dessas categorias analíticas Podese dizer que paisagem lugar região e território são as manifestações concretas do espaço ou da totalidade mundo Essas quatro categorias analíticas conferem a cada conceito geográfico a noção de totalidade isto é se num estudo for definida a região como o melhor conceito base para um conteúdo geográfico as demais categorias analíticas forma função processo e estrutura devem estar relacionadas a esta Ressaltase que tanto as categorias geográficas quanto as analíticas são essenciais pois elas são interdependentes Devido a esse crescimento epistemológico podese sugerir que as categorias analíticas forma função estrutura e processo e os conceitoschave de natureza operativa da Geografia lugar região território e paisagem são o ponto de partida para o entendimento espacial É a partir deles que se pode entender o espaço Como espaço é sinônimo de sociedade como propõe Moreira 1981 uma vez que revela a história dos homens produzindo e reproduzindo sua existência por intermédio do processo de trabalho podese trabalhar os modos de produção relações de trabalho classes desigualdades sociais os diferentes usos dos recursos paisagísticos Dialeticamente é possível partirmos do espaço geográfico para chegarmos ao entendimento da sociedade Não é de outra forma que Santos 1978 propôs a categoria formação sócioespacial como um encaminhamento metodológico para a Geografia 53 U N I D A D E C Elabore um plano de aula sobre o estudo da categoria região contextualizada voltada para uma das séries um dos anos do ensino fundamental Este plano poderá ser elaborado em duplas Para desenvolver esta atividade utilize material disponibilizado na biblioteca do ambiente virtual Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 54 2 A escola deve possibilitar ao aluno oportunidades para que ele possa desenvolver as relações espaciais sabendo localizarse por exemplo e possa analisar os espaços sociais entendendo o espaço como construção do homem ser humano em determinado momento em uma sociedade Atuar com a espacialização significa para a criança localizarse orientarse e expressarse graficamente Por exemplo saber traçar uma planta e assim por diante A construção dessas relações é gradativa e o professor deve estar atento a isso Santos 1991 em seus estudos sobre ensino e aprendizagem de Geografia verificou duas abordagens teóricometodológicas A primeira abordagem sintética caracteriza se por apresentar o estudo da localidade como ponto de partida aumentando gradativamente as dimensões espaciais a serem estudadas Na segunda abordagem analítica o processo é inverso ou seja iniciase com o que é desconhecido e distante para depois seguir em direção ao lugar de convivência da criança Dessas duas abordagens tem prevalecido principalmente no final dos anos 80 e 90 a abordagem sintética até porque essa é a que O desenvolvimento da capacidade de expressar o lugar e outros lugares através de diferentes formas de linguagem pela criança se aproxima mais do construtivismo em que a ação do indivíduo sobre o objeto é fundamental para a construção do conhecimento O conceito de realidade ou imediato concreto o que na Geografia se chama de lugar utilizado na escola não abrange sua dimensão atual Com a globalização e o avanço técnico científico e informacional o lugar não pode ser entendido como uma categoria ou uma entidade que se encerra em si Para Santos 1997 p 273 ele é cada vez mais objeto de uma razão global e de uma razão local convivendo dialeticamente As crianças de sete e oito anos ainda não conseguem estabelecer relações espaço temporais capazes de apresentar toda a complexidade explicativa para o seu imediato concreto para o seu lugar Entretanto não se pode privála de estabelecer hipóteses observar enumerar classificar descrever representar e construir suas explicações para o espaço vivido O papel do professor é auxiliar na construção do aprendizado do lugar Mas por melhor intencionada que seja a prática pedagógica do professor se ela não estiver embasada no conceito atual de lugar continuará fragmentando o espaço geográfico em partes 55 U N I D A D E C individuais não sendo visto como um todo A criança começa a perceber a divisão social do espaço na forma como se dá a organização espacial da escola como por exemplo o espaço destinado à direção aos professores e aos funcionários Ao observar diferentes espaços a criança expressa o seu entendimento também através de desenhos nos quais o professor pode verificar em que estágio de desenvolvimento cognitivo estão seus alunos ou seja como eles percebem determinados espaços fragmentado ou o todo Para Almeida Passini 1991 p 13 a realidade continua sendo o ponto de partida Todavia esse ensino só será transformador à medida que o lugar possibilite à criança o estabelecimento das primeiras relações desse com o mundo e viceversa Desse modo a categoria lugar assume na atualidade uma nova dimensão sendo entendida como O ponto de encontro de lógicas que trabalham em diferentes escalas reveladoras de níveis diversos e às vezes contrastantes na busca da eficácia e do lucro no uso de tecnologias do capital e do trabalho O lugar é o ponto de encontro de interesses longínquos e próximos locais e globais SANTOS 1994 p 18 Ainda conforme Santos 1997 o mundo é uma abstração porque ele nada mais é que um conjunto de possibilidades cuja efetivação O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a especificidade histórica do particular Deste modo o lugar se apresentaria como ponto de articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta CARLOS 1993 p 303 Straforini 2004 considera que a categoria lugar possibilita ao professor de Geografia das primeiras séries do ensino fundamental trabalhar a realidade dos alunos sem se prender apenas aos limites administrativos do bairro e do município embora esses conceitos políticos administrativos sejam importantes uma vez que revelam a sua história É uma categoria que não menospreza o real o vivido pois seus fundamentos são exatamente a presença e a coexistência de tarefas comuns mesmo que os seus projetos não sejam comuns Como uma categoria geográfica ela materializa o conceito de imediato concreto do construtivismo e o requalifica Ao mesmo tempo em que permite trabalhar o próximo ela abre caminho para encontrar as ações e as intenções que são tomadas fora do próprio lugar possibilitando dessa forma contatar outros lugares Figura C3 depende das oportunidades oferecidas pelos lugares É o lugar que oferece ao movimento do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz Para se tornar espaço o mundo depende das virtudes do lugar 56 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M Para Souza 1999 p 1557 um lugar se abre para outros lugares é o lugar de todos os lugares o lugar comum isto é o mundo É tênue a diferença portanto entre lugar e mundo Figura C3 Do mundo até o sítio urbano Fonte Adaptado de Straforini 2004 Após a leitura e entendimento desta unidade você já pode citar e justificar quais são as principais limitações que você acredita ter detectado no ensino do lugar Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Alan Roberto Giondo Objetivo da Unidade UNIDADE 57 Ao final desta Unidade o aluno deverá estar apto a desenvolver o senso críticoreflexivo no que tange à utilização do lúdico no processo educacional perante as relações existentes entre os diferentes espaços ou seja o estudo do espaço geográfico ORGANIZAÇÃO E SELEÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA A PRÁTICA EDUCATIVA C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 58 Os objetivos da ciência geográfica já se encaminham por si só a algumas reflexões sobre os conteúdos a serem trabalhados em O trabalho com conteúdos conceituais procedimentais e atitudinais na educação infantil 1 Figura D1 Criança tomando consciência de seu espaço num mundo globalizado sala de aula Os conteúdos são instrumentos e a escolha desses instrumentos vai depender de sua utilidade para os alunos Bruno da Veiga Thurner 59 U N I D A D E D Deste modo o objetivo da Geografia é o de formar o raciocínio espacial constituir esses raciocínios é mais que localizar é entender as determinações e implicações das localizações e isso requer referências teóricoconceituais A idéia é a de que conceitos geográficos mais abrangentes são ferramentas recursos intelectuais fundamentais para a compreensão dos diversos espaços São esses conceitos e outros não especificamente geográficos que permitem aos alunos no estudo de Geografia localizar e dar significação aos lugares pensar nessa significação e na relação que eles têm com a vida cotidiana de cada um CAVALCANTI 2002 p 14 Nesse quadro de análise a autora afirma que o desenvolvimento do pensamento conceitual que possibilita uma mudança na relação cognoscitiva do aluno com o mundo é função precípua da escola embora não seja a única Considerando que um conceito não se forma nem se constrói na mente do indivíduo por transferência direta ou por assimilação reprodutiva as indicações para a formação de conceitos no ensino na linha de uma didática históricocrítica recomendam técnicas que proporcionem o confronto de conceitos científicos e conceitos cotidianos Os conceitos geográficos são considerados instrumentos básicos para a leitura e compreensão do mundo do ponto de vista geográfico Esse entendimento tem levado a que em algumas propostas curriculares tais conceitos orientem a organização e seleção de conteúdos no ensino fundamental BRASIL 1998 PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA 1998 Para Cavalcanti 2002 além de conteúdos estruturados a partir de desdobramentos e conceitos amplos da ciência a que corresponde a matéria de ensino têm sido destacados também em propostas curriculares os conteúdos procedimentais e valorativos Esse destaque devese ao entendimento geral de que o desenvolvimento do aluno na escola não se restringe à sua dimensão intelectual mas inclui as dimensões físicas afetivas sociais morais estéticas Na Geografia entre as capacidades e habilidades para se operar com o espaço geográfico destacamse a capacidade de observação de paisagens de discriminação de elementos dessa paisagem de discriminação e tabulação de dados estatísticos de mapeamento e leitura de dados cartográficos As atividades atuais de trabalho com a cartografia no ensino recomendam em geral exercícios que visem a desenvolver nos alunos as habilidades de mapear a realidade e de ler mapas A cartografia no ensino fundamental deve orientarse para além de um processo de alfabetização cartográfica que é o objetivo principal da cartografia na 1ª fase do ensino fundamental por dois eixos No primeiro eixo trabalhase com o produto cartográfico já elaborado tendo um aluno leitor crítico no final do processo O aluno trabalha com produtos já elaborados portanto será um leitor de mapas acima de tudo um leitor crítico e não um aluno que simplesmente usa o mapa para localizar fenômenos No segundo eixo o aluno é participante do processo ou participante efetivo resultando deste segundo eixo um aluno mapeador consciente SIMIELLI 1999 p 99 É importante saber ler o espaço e uma das formas é através do mapa pois um leitor crítico do espaço é aquele capaz de ler o espaço real e a sua representação o mapa PASSINI 1994 p 17 Castrogiovanni 2000 afirma que os mapas C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 60 em geral representam uma coisa meio mágica e até de certa forma incompreensível embora sejam usados por muitas pessoas e em situações diversas Desse modo cabenos na Geografia trabalhar o mapa como o resultado da síntese de um determinado espaço seja produzindoo a partir de observações de informações e de dados coletados seja realizando sua leitura para conhecer determinado lugar Ele sempre será uma fonte de informação Para Passini O mapa em suas variadas possibilidades de informar o conteúdo geográfico o faz de forma gráfica possibilitando ao leitor visualizar a organização do espaço de forma ampla e integrada às relações de mundo A sua linguagem é monossêmica ou seja não é ambígua É uma linguagem de comunicação visual sintética e rápida PASSINI 1994 p 19 Para conseguir ler o mapa e entendêlo é necessário que ocorra a alfabetização cartográfica quer dizer que a pessoa seja antes um mapeador Ser um fazedor de mapas é conseguir dar conta de passar para o papel a representação de lugares ou de fatos e fenômenos que ocorrem em determinados lugares Desenhar trajetos percursos desenhar plantas da sala de aula da casa pode ser o início do aprender a fazer mapas CASTROGIOVANNI 2000 Entretanto é necessário estabelecer o conhecimento procurando desenvolver a cidadania assim estes mapeamentos devem ser feitos a partir de dados reais concretos da realidade vivida para que possam levar ao conhecimento e à reflexão Neste processo o aluno aprenderá o que é a legenda o que significa a escala poderá entender que a forma de representação é uma escolha e como tal seletiva Ele poderá compreender o significado do espaço construído Figura D2 Mapa cartunizado mostrando a área central da cidade de Santa Maria RS Bruno da Veiga Thurner 61 U N I D A D E D Conforme Passini 1998 p 47 os mapas devem ser instrumentos metodológicos para se compreender os conteúdos com os quais se está trabalhando Pois o sujeito é levado a pensar de forma lógica e a utilizar o raciocínio espacial seja fazendo comparações para diferenciar classificar ordenar estabelecendo relações e correlações objeto X espaço compreendendo as extensões delimitações e repartições dos fenômenos particularizando ou generalizandoas fazendo a síntese e chegando à essência do conteúdo Habilidades como a orientação a localização a representação cartográfica e a leitura de mapas desenvolvemse ao longo da formação dos educandos fazendo parte do cotidiano das aulas dessa disciplina Os conteúdos cartográficos auxiliam o estudo dos temas geográficos seus objetos de estudo Eles ajudam a responder àquelas perguntas Onde Por que nesse lugar Ajudam a localizar fenômenos fatos e acontecimentos estudados e a fazer correlações entre eles são referências para o raciocínio geográfico CAVALCANTI 2002 Outra possibilidade que tem surgido na temática da Geografia escolar é a de viver cotidianamente na cidade A vida urbana é uma experiência mundial é um modo de vida social e espacial generalizado em nossa sociedade e que tem um grande impacto na vida das pessoas em geral Seu tratamento no ensino de Geografia é bastante relevante quando se busca o desenvolvimento de raciocínio geográfico para o exercício da cidadania Os temas da cidade e do urbano são conteúdos educativos que propiciam aos alunos possibilidades de confronto entre as diferentes imagens da cidade as cotidianas e as científicas O tratamento desses temas permite ao professor explorar concepções valores comportamentos dos alunos em relação ao espaço vivido além de permitir também analisar a gestão da cidade a partir da experiência dos alunos permite ainda trabalhar com o objetivo de se garantir o direito à cidade CAVALCANTI 2002 p 16 Outro tópico que tem sido ressaltado como conteúdo geográfico relevante para a formação de valores atitudes e convicções é o da questão ambiental Por ser considerada uma temática de abordagem interdisciplinar que perpassa todos os conteúdos da formação básica dos alunos os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs os indicam como tema transversal na forma de Educação Ambiental BRASIL 1998 Mas para ser transversal para ser interdisciplinar ele precisa ser pensado no conjunto das disciplinas e na contribuição de cada uma delas nesse conjunto Para Castrogiovanni 2000 o processo de ensino e aprendizagem supõe o uso de um determinado conteúdo e de certos métodos Porém acima de tudo é fundamental que se considere que a aprendizagem é um processo do aluno e as ações que se sucedem devem necessariamente ser dirigidas à construção do conhecimento por esse sujeito ativo Esse processo também supõe uma relação de diálogo entre educador e educando que ocorre a partir de posições diferenciadas pois o educador é o responsável pelo planejamento e desenvolvimento das atividades designando condições para que se efetive a aprendizagem por parte do educando motivandoo Sem que exista um consistente planejamento tornase difícil o desenvolvimento das tarefas O educador precisa ter clareza do processo C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 62 pedagógico como também conhecer bem os conteúdos a serem trabalhados Desse modo o educando precisa assumir o papel de querer aprender ter perguntas a fazer e não somente esperar que o professor fique falando e ele simplesmente ouvindo Dinâmica de grupo Como futuros profissionais da educação como vocês trabalhariam o conceito geográfico paisagem nas séries iniciais Criem um texto com as reflexões do grupo Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 63 U N I D A D E D No processo de elaboração do conhecimen to o educando ao formular seus conceitos vai fazêlo agindo com os conceitos do cotidiano e os conceitos científicos Em geral todos temos conceitos formulados a respeito das coisas criados a partir de nossas experiências ou vivências A tarefa da escola é propiciar a reformulação dos conceitos originários do senso comum em conceitos científicos Por isso é essencial a capacidade de argumentação que depende do acesso às informações A construção dos conceitos ocorre pela prática diária pela observação pelas experiências pelo fazer Eles vão sendo ampliados passando a graus de generalização e abstração cada vez maiores CASTROGIOVANNI 2000 Seguindo o pensamento do mesmo autor o processo de construção do conhecimento que acontece na interação do sujeito com o meio social mediado pelos conceitos sistema simbólico é um processo de mudança de qualidade na compreensão das coisas do mundo Não é um processo linear nem de treinos mas de construção pelos alunos de conhecimentos novos na busca do entendimento das suas próprias vivências considerando os saberes que trazem consigo e desvendando as explicações sobre o lugar A organização de situações orientadas que reproduzam contextos do cotidiano da criança 2 No dizer de Cavalcanti 1998 p 88 Seja como ciência seja como matéria de ensino a Geografia desenvolveu uma linguagem um corpo conceitual que acabou por constituirse numa linguagem geográfica Esta linguagem está permeada por conceitos que são requisitos para a análise dos fenômenos do ponto de vista geográfico Desse modo as primeiras análises que a criança faz sobre a organização espacial são simples e têm como objeto os espaços cotidianos tais como a sala de aula a escola os estabelecimentos comerciais a rua o bairro a cidade Anterior à análise do espaço da escola as crianças podem fazer diferentes disposições da sala de aula percebendo por exemplo quando há mais espaço vazio quando as classes formam grupos maiores ou menores quando há carteiras isoladas Auxiliadas pelo professor elas podem discutir se há mudanças na interação entre os alunos e entre professor e os alunos conforme a acomodação dos móveis da sala Imediatamente ao verificar a organização espacial da escola o aluno pode perceber que à divisão do espaço corresponde uma divisão social do trabalho Existe um espaço determina do para a direção os professores os serviços de cozinha de limpeza e assim por diante C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 64 Ao mesmo tempo fazendo uma análise destes locais os alunos começam a perceber que existe uma relação entre a construção física sua disposição espacial e sua finalidade Assim eles poderão descobrir por que a sala da direção fica em tal posição na escola ou então para que servem portões tão grandes corredores e outras construções Aos poucos o controle de entrada e saída a vigilância interna do pátio e os espaços a que essas finalidades estão ligadas ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 63 Os alunos também podem observar e desenhar os espaços de outras escolas Por meio desses desenhos o professor poderá verificar em que estágio estão seus alunos quanto à percepção do espaço se o percebem linearmente em blocos ou todo no caso o conjunto escolar ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 As autoras enfatizam ainda que nas séries mais adiantadas os alunos já podem comparar diferentes plantas de escolas com outras construções como hospitais asilos prisões percebendo os aspectos comuns a essas organizações como demonstrado na Figura D3 Figura D3 O ambiente da escola Rodrigo Oliveira de Oliveira 65 U N I D A D E D Ao se estudar a organização espacial das residências a criança deve ser estimulada a observar não apenas os materiais de que são feitas as construções e o aproveitamento de recursos naturais mas ainda as diferentes formas dessas habitações conforme a cultura e as condições socioeconômicas das pessoas Desse modo quando se pede que os educandos falem de sua casa devem ser ressaltadas pelo menos três variáveis o que Figura D4 Realidade de Santa Maria RS periferia feito por aluno de quarta série existe no domicílio quantos cômodos móveis eletrodomésticos adereços qual o tamanho da construção altura cor material se é de alvenaria ou de madeira e por fim quem vive nessa casa como é a sua vida e como se sentem essas pessoas nesse espaço Assim os alunos vão entendendo que existe uma relação entre o tipo de moradia e as condições de vida de seus moradores Figura D4 Paulo César Cipolatt de Oliveira C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 66 Nesse quadro de análise é correto afirmar que Cotidianamente a criança está em contato com diferentes paisagens inclusive num mesmo bairro ela pode observar prédios em ricos condomínios e favelas Aos poucos a criança é incentivada a ver que esses contrastes tão grandes percebidos visualmente revelam os contrastes maiores da própria sociedade Ou seja os bairros a cidade como um todo revelam as contradições sociais há bairros com todas as condições para a vida urbana água esgoto asfalto transporte nos quais os valores do solo e da habitação são muitos altos Logicamente só podem morar nesses lugares pessoas de renda elevada restando às pessoas de baixa renda as periferias urbanas com moradias que não oferecem o mínimo de infraestrutura o que reflete a divisão social do espaço ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 64 Figura D5 Planta baixa do bairro feita por aluno de quarta série Romullo Engers Perim 67 U N I D A D E D Para o entendimento dessa realidade várias atividades podem ser desenvolvidas tais como entrevistas para se obter depoimentos de diferentes moradores comparação de preços de terrenos casas e apartamentos pesquisa do uso do solo de uma rua área cidade ou estado Podese também estudar os espaços através de muitas atividades como levantamento dos arredores da escola mapeamento do uso da terra na cidade com a elaboração de simbologia adequada para visualizar cada tipo de uso comércio moradia educação lazer religião indústria construção de gráficos demonstrando a compreensão das relações complementares das atividades predominantes no espaço rural A partir do estudo desses espaços no município mais tarde podese ampliar a análise para o Estado e o País de modo que a criança vá aos poucos percebendo que essa divisão do trabalho que ela vê no bairro e no município faz parte de uma divisão mais ampla de caráter internacional ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 Verificase por meio das atividades apresentadas nas Figuras D5 D6 e D7 como o aluno pode ir aprendendo desde as primeiras séries a utilizar e entender os conceitos de divisão espacial do trabalho e divisão social do espaço Figura D6 Rio Grande do Sul Romullo Engers Perim C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 68 É importante ressaltar ainda que A leitura da organização espacial deve ser iniciada pelos espaços conhecidos da criança O conteúdo da organização espacial é a própria sociedade A análise da organização do espaço revela como a sociedade o divide e Figura D7 Brasil como os grupos sociais se apropriam dele Analisando os espaços cotidianos a criança pode compreender melhor a organização de outros espaços maiores de espaços diferentes e de espaços existentes em outros tempos ANTUNES MENANDRO TOMOKO1993 Romullo Engers Perim 69 U N I D A D E D Ao se estudar a organização espacial das residências a criança deve ser estimulada a observar não apenas os materiais de que são feitas as construções e o aproveitamento de recursos naturais mas ainda as diferentes formas dessas habitações conforme a cultura e as condições socioeconômicas das pessoas Com base no fragmento acima encontrado na p 63 deste caderno didático crie uma ou mais atividades pedagógicas contextualizadas que levem os alunos a entender a situação socioespacial do seu bairro comércio moradia educação religião meio ambiente Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina Não esqueça de incluir suas reflexões sobre o andamento de sua aprendizagem no diário de bordo desta disciplina C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 70 No processo ensino e aprendizagem devese estimular o interesse dos alunos com isso cada aluno tornase um desafio à competência do professor O interesse do aluno pode ser considerado como a força que comanda o processo da aprendizagem já suas experiências e descobertas podem ser o motor de seu progresso e o professor o gerador de situações estimuladoras e eficazes Dessa forma o lúdico como ferramenta da aprendizagem propõe um estímulo ao interesse do aluno desenvolvendo nele experiências pessoais e sociais e quando simboliza um instrumento pedagógico faz com que o professor seja o condutor estimulador e avaliador da aprendizagem De acordo com Antunes 2002 p 38 podese dizer que O lúdico e a construção e reconstrução das noções de mundo pela criança 3 O elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é que os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa estimular a construção de um novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória Entendese por habilidade operatória uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões Os objetivos de ensino de Geografia orientam a estruturação de conteúdos e o modo de encaminhálos nas atividades de sala de aula para propostas pedagógicas de cunho socioconstrutivista que consideram a aprendizagem como processo de construção de conhecimentos e o aluno como sujeito ativo nesse processo Nas propostas de ensino mais recentes percebese uma ênfase nas atividades que permitem essa construção do aluno uma preocupação em superar uma visão de ensino reprodutor de informações em levar as pessoas a pensarem por conta própria em permitir a construção de novas compreensões sobre o mundo BRASIL 1997 VESENTINI 1999 KAERCHER 2001 Desse modo entender como se organiza o espaço significa aprender a pensar o espaço Quando uma criança observa e analisa a organização da sala de aula de uma rua de uma cidade de uma região ou de um país ela vai compreendendo que nesses espaços existe uma rede de relações sociais econômicas políticas e culturais presentes Para Antunes Menandro Tomoko 1993 p 71 saber pensar o espaço é saber identificar essa rede de relações é a percepção de que um espaço está sujeito a relações locais regionais nacionais e internacionais podendo situarse nelas de forma centralizada ou marginalizada 71 U N I D A D E D As autoras acrescentam que saber pensar o espaço é também saber situálo dentro de uma totalidade físicoterritorial por outro lado é saber inserir espaços menores em espaços cada vez maiores Para as crianças a inserção de espaços menores em espaços maiores não é tão fácil como se pode pensar Entender por exemplo que a rua está inserida no bairro o bairro inserido na cidade a cidade no município o município no estado e o estado no país é difícil pois isso envolve conceitos que devem ser construídos pelo aluno Nesse quadro de análise percebese que até aproximadamente os 8 anos de idade as crianças não conseguem unir as partes com o todo Em se tratando de territórios elas simplesmente justapõem uns aos outros sem compreender que eles fazem parte de um todo Compreendem por exemplo que a cidade está no estado ou país mas não entendem que a cidade faz parte do estado e que esse estado faz parte do país Esta situação é superada por volta dos 910 anos de idade Nesse contexto Antunes Menandro Tomoko op cit p 71 afirmam que As autoras exemplificam ainda que um riacho um morro ou uma rua os quais o aluno pode observar concretamente são espaços que estão inseridos em conjuntos espaciais de outras ordens de grandeza bacias hidrográficas sistemas montanhosos e assim por diante Ela vai aprender que vive num espaço de muitas inserções e diferentes extensões ordem de grandeza Desse modo ao iniciar o estudo dos espaços com a criança nas primeiras séries a meta é transformar o caos da realidade não numa simplificação da mesma mas num complexo inteligível Frémont 1980 apud ANTUNES MENANDRO TOMOKO 1993 p 72 Isto é o aluno passa a ordenar suas percepções dos espaços e da sociedade em geral e vai gradualmente a partir de experiências concretas elaborando os conhecimentos necessários à compreensão do espaço Todavia o que se tem verificado na prática pedagógica dos professores é uma total hierarquização do espaço geográfico Figura D8 onde cada dimensão espacial é ensinada de forma fragmentada e independentemente Assim iniciamse os estudos com os espaços da casa da criança seguida da rua da escola do bairro da cidade do estado da federação do país do continente e por fim o mundo STRAFORINI 2004 é preciso partir das experiências das crianças como a representação dos trajetos que a criança faz todos os dias por exemplo para bem mais tarde ela chegar a compreender noções complexas sobre o espaço em que ela vive C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 72 Ainda para o autor citado no parágrafo anterior o mundo de hoje é globalizado e todas as dimensões espaciais sejam elas o bairro ou o país o local ou o global encontramse numa íntima relação de proximidade As abordagens teóricometodológicas sintéticas e analíticas Figura D8 Da parte para o todo do sítio urbano de Santa Maria para o mundo Fonte Adaptado de Straforini 2004 ficam perdidas nessa nova relação estabelecida entre o lugar e o mundo Na verdade não é o ponto de partida o bairro ou o mundo que é significativo mas sim o estabelecimento das relações entre eles Figura D9 Alan Roberto Giondo 73 U N I D A D E D Os Parâmetros Curriculares Nacionais simbolizam uma proposta que visa a orientar de maneira coerente as políticas educacionais existentes nas diferentes áreas territoriais do país e que contribuem para a melhoria da Figura D9 Do todo para a parte do mundo ao sítio urbano da cidade de Santa Maria eficiência atualização e qualidade da nossa educação Os Parâmetros objetivam demonstrar uma concepção de cidadania que ajuste o aluno e conseqüentemente o cidadão à realidade e às demandas do mundo contemporâneo Alan Roberto Giondo Fonte Adaptado de Straforini 2004 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 74 Reflexão Como você acredita ser possível ao professor levar a criança a entender a dialética localglobal de maneira contex tualizada Esta atividade deve ser disponibilizada no ambiente virtual conforme orientações do professor da disciplina 75 R E F E R Ê N C I A S Referências Referências Bibliográficas e Sugestões para Leitura ALMEIDA R D de PASSINI E Y O espaço geográfico ensino e representação 13 ed São Paulo Contexto 2004 O Espaço geográfico ensino e representação 3ed São Paulo Contexto 1991 O espaço geográfico ensino e representação São Paulo Contexto 1989 ANDRADE M C de Geografia ciência da sociedade uma introdução à análise do pensamento geográfico São Paulo Atlas 1987 ANTUNES A do R MENANDRO H F TOMOKO L P Estudos Sociais Teoria e Prática Rio de Janeiro ACCESS 1993 ANTUNES C Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências 11 ed Petrópolis Vozes 2002 BELLONI M L O que é MídiaEducação Campinas SP Autores Associados 2001 Coleção Polêmicas do Nosso Tempo 78 BRABANT J M Crise da Geografia crise da escola In OLIVEIRA A U Para onde vai o ensino da Geografia São Paulo Contexto 1989 BRASIL Ministério da Educação e Cultura Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros Curriculares Nacionais geografia Brasília MECSEF 1997 CALLAI H C Ensino da Geografia práticas e textualizações no cotidiano Porto Alegre Mediação 2000 O ensino de geografia recortes espaciais para a análise In CASTROGIOVANNI A C et alli Org Geografia em sala de aula práticas e reflexões Porto Alegre AGB Seção Porto Alegre 1998 org O ensino em estudos sociais Ijuí Livraria Unijuí Editora 1991 CARLOS A F A A Geografia na Sala de Aula 5 ed São Paulo Contexto 2003 Org Novos caminhos da Geografia São Paulo Contexto 1999 O lugar nodo mundo São Paulo Hucitec 1996 O lugar modernização e fragmentação In SANTOS M Fim de século e globalização o novo mapa do mundo São Paulo HucitecAnpur 1993 CASTRO I E et al Geografia conceitos e temas Rio de Janeiro Bertrand 1995 CASTRO A D de Piaget e a Didática São Paulo Saraiva 1974 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 76 CORRÊA R L Rede urbana e informação espacial uma reflexão considerando o Brasil Território Ano V n 8 janjun 2000 UFRJ Rio de Janeiro 2000 As correntes do pensamento geográfico São Paulo Ática 1991 CAVALCANTI L de S Geografia e práticas de ensino Goiânia Editora Alternativa 2002 Geografia Escola e Construção de Conhecimentos Campinas Papirus 1998 CHISTOFOFOCETTI A org Perspectivas da geografia São Paulo Difel 1992 CLAVAL Paul A Geografia cultural Florianópolis Ed da UFSC 1999 DAMIANI A L O lugar e a produção do cotidiano In Encontro internacional lugar formação sociespacial mundo Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Geografia Universidade de São Paulo 1994 DEMO P Introdução à Metodologia Científica São Paulo Atlas 1988 FRÉMONT A A região espaço vivido Coimbra Almedina 1980 HANNOUM H El Niño Conquista el Medio Las Atividades Exploratórias en la Escuela Primaria Buenos Aires Kapelusz 1977 KAERCHER N A Desafios e utopias no ensino de geografia 3 ed Santa Cruz do Sul EDUNISC 2001 KAMII C DEVRIES R A teoria de Piaget e a educação préescolar Lisboa Socilcultur sd KATUTA A M SOUZA J G A cartografia no movimento de renovação da geografia brasileira e a importância do uso de mapas São Paulo Editora UNESP 2001 LACOSTE Y A Geografia isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra Campinas Papirus 1988 LOPES M D da S A percepção cartográfica dos alunos da 3ª série do 1º grau no Município de Cachoeiro do Itapemirim ES Belo Horizonte Instituto de Geociências da UFMG Dissertação Mestrado do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais 1996 MEDEIROS Edna Maria Ribeiro de A Geografia nas Propostas Curriculares 1930 1992 Recife Dissertação de Mestrado UFPE 1996 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª série Geografia Nova Escola a Revista do Professor Edição especial p 4 24 out de 2003 MORAES Antonio Carlos Robert Geografia Pequena História Crítica São Paulo Hucitec 1986 MOREIRA R O que é Geografia São Paulo Brasiliense 1981 NEWCOMBE N Desenvolvimento Infantil abordagem de Mussem Tradução de Cláudia Buchweitz 8 ed Porto Alegre Artes Médicas Sul 1999 77 R E F E R Ê N C I A S OLIVEIRA L de O Estudo Cognitivo do Mapa São Paulo Tese Concurso de Docência Livre em Planejamento do Instituto de Geociências e Ciências Exatas do Campus de Rio Claro Universidade de São Paulo 1978 PASSINI E Y A importância das representações gráficas no ensino de geografia In Schäffer Neiva Otero Ensinar e aprender Geografia Porto Alegre Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção Porto Alegre 1998 Alfabetização cartográfica e o livro didático uma análise Belo Horizonte Ed Lê 1994 PEREIRA R M F do A Da geografia que se ensina à gênese da geografia moderna Florianópolis Editora da UFSC 1999 PIAGET J La représentation de Iespace chez Ienfant Paris PUF 1981 The Construction of Reality in the Child New York Ballantine Books 1971 O raciocínio na criança Rio de Janeiro Record 1967 PONTUSCHKA N N A geografia pesquisa e ensino In CARLOS A F A Novos caminhos da geografia São Paulo Contexto 1999 PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA Secretaria Municipal da Educação Escola para o século XXI Goiânia Hagaprint 1998 ROMANELLI Otaíza de Oliveira História da educação no Brasil 19301973Petrópolis Vozes 1991 SANTOS M M D O uso do mapa no ensino aprendizagem da geografia Geografia Rio Claro 1991 SANTOS M Técnica espaço tempo Globalização e meio técnicocientífico informacional São Paulo Hucitec 1998 Espaço e método 4 ed São Paulo Nobel 1997 A natureza do espaço técnica e tempo razão e emoção 2 ed São Paulo Hucitec 1997 A natureza do espaço técnica e tempo razão e emoção 2 ed São Paulo Hucitec 1996 A redescoberta da natureza Aula inaugural da FFLCHUSP 1992 Pensando o espaço do homem São Paulo Hucitec 1991 Metamorfoses do espaço habitado São Paulo Hucitec 1988 Por uma geografia nova São Paulo Hucitec Edusp 1978 SAVIANI D Pedagogia históricocrítica primeiras aproximações São Paulo Cortez 1977 C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 78 SIMIELLI M E Cartografia no ensino fundamental e médio In CARLOS Ana Fani A geografia na sala de aula São Paulo Contexto 1999 SOUZA M A A e SILVEIRA M L orgs Território globalização e fragmentação São Paulo Hucitec ANPUR 1994 SPOSITO E S Geografia e Filosofia Contribuição para o ensino do pensamento geográfico São Paulo Ed da UNESP 2004 STRAFORINI R Ensinar geografia o desafio da totalidademundo nas séries iniciais São Paulo Annablume 2004 TUAN YF Espaço e lugar perspectiva da experiência São Paulo Difel 1983 VESENTINI J W Educação e ensino de geografia instrumentos de dominação eou libertação In CASTROGIOVANNI A C et al Orgs Geografia em sala de aula práticas e reflexões Porto Alegre Associação dos Geógrafos Brasileiros Seção Porto Alegre 1999 Para uma Geografia crítica na escola São Paulo Ática 1992 VYGOTSKY L S Pensamento e linguagem 3 ed São Paulo Martins Fontes 1991 VLACH V Geografia em construçãoBelo Horizonte Editora LÊ 1991 Geografia em debate Belo Horizonte Editora LÊ 1990 Sugestões de Sites httpgeocitiesyahoocombrf6mrs2005 geografoshtm httpwwwigeouerjbrVICBG2004Eixo3 E3snhtm httpwwwcomunicartecombr indicadoresphp httpwwwmecgovbr httpwwwmecgovbrsefestrut2pcnpdf livro051pdf httpwwwigeoufrjbrgruporetissigtiki indexphp httpwwwmultimidiaprudenteunespbr arletegisintrothtm httpwwwctgeocombrsolucoes solucoesphp httpgeocitiescombrcartografiatematica textosteorichtmhttpusuariosculturacombr httpplanetaterracombr wwwpedagogiaemfocoprobr A N O T A Ç Õ E S C U R S O D E E D U C A Ç Ã O E S P E C I A L U F S M 80 FACULDADE ENAU NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA CIDADE 2023 NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Trabalho de dependência por acompanhamento de estudos na disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos no Ensino de Geográfia apresentado como requisito para aprovação no XX ciclo do Curso de Licenciatura em PedagogiaEducação Física da Faculdade Enau NOME DO ALUNO CIDADE 2023 NOME DO ALUNO TRABALHO DE DEPENDÊNICA POR ACOMPANHAMENTO DE ESTUDOS NA DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Avaliado em de de 20 Profa Ma Maressa Tosetti Lamonica Crespo Coordenadora do Curso NOME DO ALUNO CIDADE 20XX SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO8 2 DESENVOLVIMENTO10 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS12 REFERÊNCIAS13 1 INTRODUÇÃO A ciência Geografia tem como seus principais objetos de estudo o espaço geográfico suas paisagens recursos naturais e a relação os seres humanos o espaço que estão inseridos e o meio ambiente A origem da Geografia enquanto ciência remonta à Antiguidade Clássica mas foi somente no século XIX que foi reconhecida como disciplina acadêmica RODRIGUES et al 2014 Desde então a Geografia passou a desenvolver um vasto campo teórico e diversas correntes de pensamento além de dialogar com diversos outros campos científicos Hoje a Geografia é reconhecida por sua perspectiva crítica que busca compreender as relações entre os homens e o espaço que estão inseridos No Brasil há uma infinidade de pesquisadores que contribuíram para construir este perfil crítico da Geografia Entre estes merecem destaque dois importantes pesquisadores que contribuíram significativamente para a difusão da Geografia enquanto disciplina de análise crítica o primeiro destes é Josué de Castro que apesar de não ser geografo de formação o médico recifense produziu dois celebres trabalhos Geografia da Fome e Geopolítica da Fome Foi responsável por combater a teoria que pregava que a fome e a miséria se relacionavam ao crescimento populacional e a escassez de recursos naturais E demonstrou que a fome não estava relacionada com escassez mas com a concentração de riquezas Defendeu que a questão do combate a fome passava pela distribuição de riquezas a começar pelo acesso à terra tornando se um defensor da Reforma Agrária Também não podemos deixar de citar Milton Santos considerado o maior geografo brasileiro tendo sua obra reconhecida mundialmente e lecionado em universidades do mundo todo Propôs um olhar mais social para o espaço geográfico e era crítico de perspectivas essencialmente estatísticas Em uma de suas principais obras intitulada Por uma outra Globalização faz uma crítica ao caráter desigual do modelo de globalização vigente e sobre sua inviabilidade propondo uma nova ideia de globalização O ensino da Geografia nas séries iniciais do ensino fundamental possui um papel essencial na formação dos alunos Está disciplina possibilita ao professor que a ministra construir uma grande ponte de diálogo entre as relações vivenciadas mundo real da criança o seu cotidiano o lúdico e o conhecimento científico A Geografia contribui significativamente para construção da visão crítica da criança assim como para a reflexão sobre a comunidade que está inserida permitindo que ela perceba e identifique questões relacionadas a organização do espaço da diversidade cultural e também questões relacionadas a temática ambiental Dessa forma a Geografia tem um enorme potencial de construir os primeiros elos entre o universo lúdico da infância e o conhecimento científico 2 DESENVOLVIMENTO Para alcançar os objetivos de aprendizagem da Geografia nas séries iniciais e atrair o interesse dos alunos é de extrema importância que o professor dialogue com a realidade do aluno e procure sempre estimular a curiosidade e criatividade do aluno Uma primeira sugestão de atividade para despertar o interesse dos alunos pode ser uma brincadeira de caça ao tesouro no pátio da escola O professor divide os alunos em grupos entrega um mapa com instruções e objetivos que os alunos devem cumprir Ao final da brincadeira o professor pode fazer uma roda de conversa estimular os alunos a contarem sobre as sensações dificuldades e desafios despertados pela brincadeira Certamente muitos alunos dirão que encontraram dificuldades em seguir as pistas ou ler o mapa Esse é um momento apropriado para o professor apresentar um mapa para os alunos e ensinar os alunos a lerem esse tipo de representação apresentado todas as características desde o título do mapa as legendas contidas e o que elas representam a escala e demais orientações O professor pode utilizar diversos tipos de mapas nessa etapa demonstrando as inúmeras utilidades e finalidades que uma projeção cartográfica pode ter Em seguida o professor pode trabalhar com recursos tecnológicos como o google maps ou google Earth Primeiramente apresentando os aplicativos e seu funcionamento e em seguida estimulando os alunos a explorar essa ferramenta Em uma próxima etapa o professor pode entregar aos alunos algumas representações de áreas retiradas do google maps e estimular os alunos a Identificar se a imagem é de bairro residencial comercial industrial ou rural Localizar alguns pontos como a escola uma praça um hospital Traçar as rotas entre alguns dos pontos identificados Munidos dos conhecimentos relacionados a representação gráfica e escola o professor poderá pedir para que os alunos estimem a distância entre dois pontos determinados A execução dessa atividade contribuirá profundamente para que os alunos adquiram os objetivos de aprendizagem estimulados pela temática além de estimular a curiosidade e a criatividade dos alunos Serão inúmeras as conclusões que os alunos poderão chegar com essa atividade Certamente indo muito além do imaginado pelo professor durante o planejamento da atividade É bem provável que os alunos tragam elementos da realidade inerente ao espaço geográfico pesquisado que não seja do conhecimento de todos Como por exemplo a presença de veículos em alta velocidade em um determinado ponto incidência de violência entre outros 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino de Geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental é de extrema importância para compreensão do espaço geográfico e das relações que construímos com este Contribuindo para o desenvolvimento de habilidades cognitivas como o senso de direção a observação descrição e características dos espaços e a compreensão da diversidade cultural e social inerentes ao espaço geográfico O professor sempre que planejar suas atividades precisa sempre lembrar de se adequar ao grupo para o qual irá lecionar observando características como a faixa etária e a realidade a qual seus alunos estão inseridos Dessa forma o professor conseguirá despertar a criatividade e a reflexão de seus alunos atingindo os objetivos de aprendizagem de modo mais satisfatório O conhecimento geográfico é importante aliado para o desenvolvimento do olhar crítico e reflexivo a respeito da sociedade contribuindo também para formação de cidadãos comprometidos com suas comunidades e sujeitos participativos da transformação do espaço geográfico REFERÊNCIAS CALLAI Helena Copetti Ensino de geografia práticas e textualizações no cotidiano Porto Alegre Mediação 2010 CAVALCANTI Lana de Souza Geografia e práticas de ensino Goiânia Alternativa 2002 GAMA A S FIGUEIREDO S A O Planejamento no contexto escolar LIBÂNEO José Carlos OLIVEIRA João Ferreira TOSCHI Mirza Seabra Educação escolar políticas estrutura e organização São Paulo Cortez 2012 MOÇO Anderson Alfabetização Cartográfica Nova Escola edição 242 01 mai 2011 Disponível em httpsnovaescolaorgbrconteudo2325alfabetizacaocartografica PENA Rodolfo F Alves Josué de Castro Brasil Escola Disponível em httpsbrasilescolauolcombrgeografiajosuecastrohtm Acesso em 01 de maio de 2023 PENA Rodolfo F Alves Milton Santos Brasil Escola Disponível em httpsbrasilescolauolcombrgeografiamiltonsantoshtm Acesso em 01 de maio de 2023 RODRIGUES Auro de Jesus et al O surgimento da ciência geográfica Alexander von Humboldt e Karl Ritter Ciências Humanas e Sociais Unit Aracaju v 2 n2 p 221230 out 2014 Disponível em httpsperiodicossetedubrindexphphumanasarticleview1231 Acesso em 02 mai 2023