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Copyright 2018 REPEC Todos os direitos até mesmo de tradução são reservados É permitido citar parte de artigos sem autorização prévia desde que seja identificada a fonte cc BY Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade Journal of Education and Research in Accounting Periódico Trimestral digital e gratuito publicado pela Academia Brasileira de Ciências Contábeis Editado em Português e Inglês Versão original em Português ISSN 19818610 REPeC Brasília v 12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 Disponível online em wwwrepecorgbr DOI httpdxdoiorg1017524repecv12i31816 Recebido em 1832018 Pedido de Revisão em 1162018 Resubmetido em 372018 Aceito em 2472018 por Dr Vinícius Gomes Martins Editor associado e por Dr Orleans Silva Martins Editor Publicado em 30082018 Organização responsável pelo periódico Abracicon José Willer do Prado Doutorando em administração na Universidade Federal de Lavras UFLA Contato Departamento de Administração e Economia DAEUfla Campus Universitário Caixa Postal 3037 LavrasMG CEP 37200000 Email jwpradogmailcom Francisval de Melo Carvalho Doutorado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie Mackenzie e Professor na Universidade Federal de Lavras UFLA Contato Departamento de Administração e Economia DAEUFLA Campus Universitário Caixa Postal 3037 LavrasMG CEP 37200000 Email francarvdaeuflabr Gideon Carvalho de Benedicto Doutorado em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo USP Professor na Universidade Federal de Lavras UFLA Contato Departamento de Administração e Economia DAEUFLA Campus Universitário Caixa Postal 3037 LavrasMG CEP 37200000 Email gideonbenedictodaeuflabr Valderí de Castro Alcântara Doutorando em administração na Universidade Federal de Lavras UFLA Contato Departamento de Administração e Economia DAEUfla Campus Universitário Caixa Postal 3037 LavrasMG CEP 37200000 Email valderidecastroalcantaragmailcom Antônio Carlos dos Santos Doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo USP Professor na Universidade Federal de Lavras UFLA Contato Departamento de Administração e Economia DAEUfla Campus Universitário Caixa Postal 3037 LavrasMG CEP 37200000 Email acsantosdaeuflabr Resumo Objetivo O presente trabalho tem como objetivo construir um modelo capaz de avaliar o risco de crédito em empresas brasileiras de capital aberto utilizando indicadores do modelo Fleuriet de análise financeira Método Metodologicamente a pesquisa foi definida como quantitativa e quanto à natureza é descritiva As demonstrações financeiras foram coletadas por meio do Economática e do site BMFBOVESPA A amostra foi composta por 121 empresas sendo 70 solventes e 51 insolventes de diversos setores Resultados Para os indicadores tipo de estrutura financeira capital de giro e necessidade de capital de giro podese dizer que as empresas buscam desempenhar um modelo de crescimento constante expandindo ou ganhando mercados uma vez que existe sempre necessidade de capital de giro adicional ao longo do tempo Os resultados encontrados para o termômetro de liquidez demonstram a importância das contas de caráter financeiro denominadas contas de tesouraria para se calcular a liquidez empresarial e a capacidade de solvência da empresa no curto prazo Por fim o endividamento financeiro enquanto índice de estrutura contribuiu significativamente para o modelo Contribuições Este estudo pode contribuir com a literatura nacional ao evidenciar que alguns dos indicadores do modelo Fleuriet são significativos para avaliar o risco de crédito em empresas brasileiras de capital aberto Palavras chave Modelo Dinâmico Risco de crédito Falências Indicadores financeiros Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 342 1 Introdução As decisões referentes à concessão ou não de crédito têm papel fundamental para as instituições credoras Quanto maior o volume de operações de crédito maiores são os riscos envolvidos pois o risco é um custo sempre presente nos negócios de crédito e portanto é imprescindível para os gestores quan tificálo De forma mais específica a ideia de risco está associada à probabilidade de que ocorra determi nado resultado em relação ao retorno esperado que por sua vez depende do passado para ser estimado Assaf Neto 2010 Nas atividades financeiras envolvendo crédito buscase encontrar segurança contra o risco presente nas operações ou no mínimo transformar a incerteza em risco mensurável Silva 1983 Evidenciase que as primeiras pesquisas neste campo buscavam detectar se os indicadores das em presas solventes eram favoráveis e se os indicadores das empresas insolventes eram desfavoráveis Dois dos primeiros estudos univariados realizados no campo foram The Use of Multiple Measurements in Taxonomic Problems de Fisher 1936 e Risk Elements in Consumer Installment Lending de Durand 1941 Entretanto as análises univariadas realizadas no final da década de 1950 foram substituídas assim que as pesquisas acadê micas se voltaram para técnicas de modelagem de credit scoring no final da década de 1960 Sabato 2009 Os trabalhos seminais neste campo foram Financial ratios predictors of failure de Beaver 1966 e Financial Ratios Discriminant Analysis and the Prediction of Corporate Bankruptcy de Altman 1968 No Brasil o primeiro estudo foi o artigo Como prever falências de empresas publicado pelo professor Ste phen Charles Kanitz Kanitz 1974 propôs um termômetro da situação de solvência empresarial que se tornaria referência para pesquisas futuras Outras pesquisas que se tornariam relevantes para o campo foram o trabalho Um modelo matemático para decisões de crédito no banco comercial desenvolvido por Elizabetsky 1976 e Contribuição às técnicas de análise financeira um modelo de concessão de cré dito elaborados por Matias 1978 entre outros Martins 2003 explana que a literatura não determina quais os indicadores são mais expressivos na avaliação da insolvência Segundo o autor mesmo que muitos indicadores sejam empregados de for ma recorrente em vários estudos a escolha dos indicadores em grande parte está relacionada ao acesso aos dados e à percepção do pesquisador O primeiro estudo que buscou ampliar a gama de opções na escolha de novos indicadores econô micosfinanceiros além daqueles referentes ao Modelo Tradicional de Análise Financeira frequentemen te utilizados para a análise do risco de crédito no Brasil foi o trabalho de Sanvicente e Minardi 1998 ao selecionarem indicadores do modelo Fleuriet de Análise Financeira também denominado como mode lo dinâmico para testar a dinâmica do overtrading como proposto por Fleurit Kehday e Blanc 1978 Apesar de Sanvicente e Minardi 1998 não terem encontrado melhores resultados ao substituir o índice de liquidez pelos indicadores da dinâmica do overtrading abriram possibilidades de novos tra balhos explorassem outros indicadores O objetivo do presente trabalho é construir um modelo capazes de avaliar o risco de crédito em empresas brasileiras de capital aberto utilizando indicadores do modelo Fleuriet de análise financeira 2 Referencial Teórico 21 Risco de crédito Garcia Guijarro e Moya 2013 e Prado Alcântara Carvalho Vieira Machado e Tonelli 2016 ressaltam que avaliação do risco de crédito tem sido alvo de uma série de estudos em profundidade nos últimos anos é o principal foco das áreas financeiras e bancárias em razão principalmente da recente crise financeira internacional que teve um efeito grave em muitas organizações financeiras Complemen tarmente Akkoç 2012 Finlay 2011 e Oreski e Oreski 2014 frisam que o risco de crédito é uma das questões mais importantes para o setor bancário e tem ganhado cada vez mais atenção nos últimos anos Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 343 Garcia Gimenez e Guijarro 2013 elucidam que a gestão do risco de crédito é uma questão cha ve para qualquer empresa em qualquer momento Os autores observam que existem atualmente várias metodologias que visam prever a probabilidade de inadimplência dos devedores muitas delas utilizando análise logit ou análise discriminante para classificálos Harris 2013 e Yu Wang e Lai 2008 observam que o aumento da concorrência no setor de servi ços financeiros tem levado muitas empresas a encontrarem formas inovadoras para lidar com o risco a fim de atingir eou manter uma vantagem competitiva Como resultado do ambiente econômico e de negócio atual as instituições financeiras enfrentam maior risco de perdas associadas à inadequação de aprovação de crédito nas decisões Entretanto Kou e Wu 2014 afirmam que o principal objetivo da análise de risco de crédito é classificar as amostras de clientes em bons ou maus pagadores solventes ou insolventes 23 O modelo Fleuriet Na previsão de insolvência a literatura financeira não estabelece de forma definitiva quais são os melhores indicadores a serem utilizados Vários indicadores são utilizados de forma recorrente por vá rios pesquisadores contudo o processo de escolha depende normalmente da disponibilidade de dados e da intuição do pesquisador Segundo Assaf Neto 2010 o modelo tradicional de análise das demonstrações financeiras consti tui um dos mais importantes estudos da administração financeira Uma melhor compreensão desta me todologia pode ser alcançada por meio dos indicadores econômicofinanceiros classificados em quatro grupos liquidez e atividade endividamento e estrutura rentabilidade e análise de ações A esse respeito Fleurit Kehday e Blanc 2003 argumentam que a estrutura da apresentação tradi cional que agrupa diversas contas do ativo e do passivo de forma horizontal e de acordo com os prazos destas contas em uma ordem de disponibilidade decrescente é errônea Os autores frisam que as contas do ativo e do passivo devem ser consideradas em relação à realidade dinâmica das empresas e classifica das de acordo com o seu ciclo ou seja o tempo que leva para se realizar uma rotação 231 O Balanço Patrimonial no modelo Fleuriet Padoveze e Benedicto 2010 frisam que a Lei nº 64041976 Brasil 1976 a Lei das Sociedades Anônimas que apresenta a estrutura básica das demonstrações financeiras no Brasil sofreu inúmeras atualizações provindas pela Lei nº 1163807 de 28 de dezembro de 2007 Lei nº 11941 de 27 de maio de 2009 Brasil 2007 2009 Sobre essa estrutura básica de apresentação das demonstrações financeiras o modelo proposto por Fleuriet et al 1978 sugere uma reclassificação para um padrão completamente dinâmico e funcional com o objetivo de atender à administração financeira da organização de forma sa tisfatória De acordo com Fleuriet et al 2003 p 7 Para uma melhor compreensão do modelo de análise financeira que se pretende definir as contas do ativo e do passivo devem ser consideradas em relação à realidade dinâmica das empresas em que as contas são classificadas de acordo com o seu ciclo ou seja o tempo que leva para se realizar uma rotação Fleuriet et al 2003 apresentam como ocorre a classificação das contas dentro do Balanço Patri monial de acordo com o seu modelo como pode ser visualizado na Figura 1 REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 344 Nyalle Barboza Matos Jorge Katsumi Niyama Figura 1 Os ciclos no Balanço Patrimonial Fonte adaptado de Fleuriet et al 2003 p 8 Segundo Fleuriet et al 2003 Santos e Francisco 2016 e Vieira 2008 algumas contas apresentam um movimento mais lento quando analisadas isoladamente em relação a outras contas do Balanço Patri monial podendo ser chamadas de não cíclicas ou permanentes Fixas Outras contas são diretamente influenciadas pelo volume de negócios produção e vendas e por características do ciclo operacional con dições de recebimento e pagamento prazo de estocagem podendo ser classificadas como cíclicas ou ope racionais por estarem relacionadas com o ciclo operacional do negócio Assaf Neto Silva 2012 E por fim como defendem Fleuriet et al 1978 existem contas que não apresentam necessariamente um vínculo direto com o ciclo operacional da empresa variando em função da conjuntura e do risco de maior ou menor liquidez que a empresa deseja assumir apresentando um movimento descontínuo e errático Elas são chamadas de erráticas ou financeiras Segundo Fleuriet et al 2003 p 7 Errático do latim erraticu Er rante vadio erradio aleatório andando fora do caminho Ou seja implica a não ligação dessas contas ao Ciclo Operacional da empresa Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 345 232 Os principais indicadores que compõem o modelo Rasoto Ishikawa Rasoto Stankowitz Pietrovski e Carvalho 2016 e Viera Brito Santana Sanches e Galdamez 2017 frizam que dessa nova segmentação do Balanço Patrimonial surgem os indicadores do modelo Fleuriet Necessidade de Capital de Giro NCG Capital de Giro CDG e Saldo de Tesouraria T Esses novos indicadores são utilizados na análise econômicofinanceira das empresas não mais de forma estática mas compreendendo a organização como um organismo vivo Assaf Neto Silva 2012 Braga 1991 Carvalho 2004 Fleuriet et al 1978 Jones Jacinto 2013 Melo Coutinho 2007 Padove ze Benedicto 2010 Silva 2012 Considerando os três indicadores é possível realizar a análise do Efeito Tesoura o Termômetro da Liquidez que resulta da relação entre Saldo de Tesouraria e Necessidade de Capital de Giro TNCG e ainda avaliar os tipos de estrutura financeira O próximo tópico traz um maior detalhamento sobre os indicadores e suas análises 2321 Necessidade de Capital de Giro NCG Fleuriet et al 2003 descrevem a Necessidade de Capital de Giro NCG da seguinte maneira den tro do ciclo financeiro das empresas as saídas de caixa gastos com a produção ocorrem antes das entradas de caixa recebimento das vendas As operações da empresa então criam uma necessidade de aplicação permanente de fundos denominada necessidade de capital de giro que é evidenciada no Balanço Pa trimonial por uma diferença positiva entre o valor das contas operacionaiscíclicas do ativo Ativo Ope racional AO e das contas operacionaiscíclicas do passivo Passivo Operacional PO 1 NCG AO PO Melo e Coutinho 2007 esclarecem que o modelo Fleuriet pode ser utilizado como indicador con junto de solvência e rentabilidade Os autores afirmam que para a NCG se esperam baixos valores como sinal positivo para empresa isto é quanto mais elevado o valor desse indicador maior será a probabili dade de utilizar de recursos financeiros de curto prazo para financiálo e eles não apresentam garantia de renovação aumentando o risco de insolvência 2322 Capital de Giro CDG Segundo Vieira 2008 o capital de giro representa uma fonte de recursos de longo prazo que pode ser utilizado para financiar as necessidades de capital de giro da empresa Entretanto se negativo o capi tal de giro representa uma escassez de recursos de longo prazo forçando a empresa a financiar suas ativi dades com recursos de curto prazo O cálculo é 2 CDG PNC ANC Fleuriet et al 2003 p 11 esclarecem que a Necessidade de Capital de Giro quando positiva re flete uma aplicação permanente de fundos que normalmente deve ser financiada com os fundos perma nentes utilizados pela empresa Quando a NCG é financiada com recursos de curto prazo o risco de insolvência aumenta José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 346 2323 Saldo de Tesouraria T Silva 2012 esclarece que o Saldo de Tesouraria T pode assumir valores maiores ou menores do que zero contudo quando o valor for menor que zero significa que a empresa tem débitos de curto pra zo em instituições financeiras ou ainda outras dívidas de curto prazo que não estão relacionadas ao ciclo operacional e ainda superiores a seus recursos de curto prazo Araújo Costa e Camargos 2013 afirmam que o saldo de tesouraria é mensurado a partir do confronto entre as contas do ativo financeiro AF e as contas do passivo financeiro PF podendo ser também obtido pela diferença entre o CDG e a NCG 3 Melo e Coutinho 2007 explanam que tendo em vista a análise da solvência empresarial o saldo de tesouraria pode ser interpretado por analistas como indicativo favorável para empresa quando apresentar valores mais elevados ou positivos isso porque quanto menor ou negativo ele for de mais recursos finan ceiros de curto prazo a empresa precisará para financiar suas atividades aumentando o risco de insolvência e estes recursos não apresentam garantia de renovação Silva Lopes Pederneiras Tavares Silva 2016 2324 Efeito Tesoura Overtrading Sanvicente e Minardi 1998 observam que o Efeito Tesoura é um fator relevante para prever falên cias no Brasil Seguindo esta mesma linha Carvalho 2004 afirma que quando uma empresa apresenta por vários exercícios seguidos um crescimento das Necessidades de Capital de Giro NCG superior ao do seu Capital de Giro CDG podese dizer que ela convive com o denominado Efeito Tesoura que será identificado por um crescente Saldo em Tesouraria T negativo Brasil e Brasil 2008 dentro desta mesma corrente teórica afirmam que a patologia da administração do Saldo em Tesouraria é o Efeito Tesoura que surge de uma excessiva dependência de empréstimos de curto prazo o que torna crítica a liquidez da empresa Os autores frisam que qualquer corte de crédito que ocorra por efeito de desaquecimento da economia e consequentemente redução das vendas pode levar a empre sa a um estado de insolvência rapidamente pois o atraso com os fornecedores é inevitável nestas condições 2325 Termômetro de Liquidez TL Outro indicador que pode ser analisado no modelo Fleuriet é o Termômetro da Situação Financeira TSF ou Termômetro de Liquidez TL Para Fleuriet et al 2003 o termômetro de liquidez demonstra a magnitude do saldo negativo de tesouraria em relação à NCG e sua tendência ao longo do tempo e de pendendo dos sinais dos dois indicadores envolvidos apresenta a participação do capital de terceiros de curto prazo que financiam a NCG 4 TL T NCG Vieira 2008 frisa que a NCG é uma demanda de recursos de natureza operacional que pelo seu forte vinculo com as operações assume caráter de permanência ou longo prazo Por essa característica sua fonte de financiamento deve possuir natureza semelhante provinda de forma preponderante das fontes de longo prazo Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 347 2326 Tipos de estrutura financeira Marques e Braga 1995 compreendem que a afinidade entre o saldo de tesouraria T necessidade de capital de giro NCG e o capital de giro CDG permitem identificar seis estruturas específicas de finan ciamento Cabe observar que no trabalho inicial proposto por Fleuriet et al 1978 foram considerados apenas quatro tipos de estruturas financeiras I II III e IV Fleuriet et al 2003 Neste estudo como pode ser visto na Tabela 1 os autores desconsideraram condições em que o T NCG e CDG fossem iguais a zero Tabela 1 Tipos de estrutura e situação financeira Tipo CDG NCG T Situação I Excelente II Sólida III Insatisfatória IV Péssima V Muito ruim VI Alto risco Fonte Adaptado de Marques e Braga 1995 e Fleuriet et al 2003 p 8 Brasil e Brasil 2008 p 31 explicam que essas três variáveis NCG CDG e T permitem definir o perfil conjuntural e estrutural das empresas vinculado respectivamente à política financeira adotada nível de ris co e ao negócio Fleuriet et al 2003 observam que as empresas do Tipo I embora apareçam com menor frequência merecem ser avaliadas pois possuem uma posição financeira excelente no que diz respeito ao seu alto nível de liquidez O Tipo II evidencia uma situação financeira sólida visto que dispõe de um T posi tivo que lhe permite enfrentar aumentos temporários da NCG como mencionado por Fleuriet et al 2003 No Tipo III a NCG é maior do que o CDG e por isso o saldo de Tesouraria é negativo A empresa financia parte de sua NCG com créditos de curto prazo Esse estado não é grave quando a NCG se apre senta temporariamente elevada No Tipo IV configura uma estrutura financeira típica de empresa que luta por sua sobrevivência Fleuriet et al 2003 p 16 Marques e Braga 1995 evidenciam que na es trutura do Tipo V a condição financeira apresentase como muito ruim Além do CDG negativo o que sugere que fontes de curto prazo são utilizadas para financiar ativos de longo prazo o valor da NCG tam bém negativo sendo seu valor superior ao do CDG Por último Marques e Braga 1995 comentam que na situação de alto risco originária da utilização da estrutura do Tipo VI continuam negativos o CDG e a NCG Entretanto a NCG é inferior ao CDG Essa conjuntura possibilita que o T seja positivo o que in dica que a empresa não está realizando suas operações de maneira adequada 233 Estudos sobre análise de crédito utilizando o modelo Fleuriet Fleuriet et al 2003 p 75 afirmam que as três categorias de indicadores de liquidez liquidez ime diata liquidez seca e liquidez corrente apresentam um inconveniente maior elas não fornecem nenhuma indicação sobre a situação de liquidez da empresa porque no exigível em curto prazo não se distingue o que é financiamento renovável e financiamento excepcional Padoveze e Benedicto 2010 p 262 elucidam que Considerando as naturezas diferenciadas das contas do giro há uma reclassificação do capital circulante as contas cíclicas são classificadas como giro e consequentemente o total dos ativos cíclicos menos o total dos passivos cíclicos indica a necessidade líquida de capital de giro NLCG As demais contas de caráter finan ceiro e não vinculadas às operações são denominadas contas de tesouraria e só com elas é que se deveria calcular a liquidez empresarial e a capacidade de solvência da empresa no curto prazo José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 348 Tendo em vista o exposto sobre a metodologia desenvolvida por Fleuriet em 1978 alguns estudos sobre a liquidez solvência eou crédito utilizando o modelo Fleuriet podem ser encontrados na literatu ra como apresentado na Tabela 2 Tabela 2 Síntese de trabalhos que utilizaram o modelo Fleuriet Autores Ano Dimensão Amostra Período Modelo e Acurácia ConclusãoObservações Sanvicente e Minardi 1998 Amostra total 81 empresas 44 solventes 37 insolventes 1986 a 1997 AD Melhor previsão 818 Primeiro trabalho a testar a dinâmica do overtrading na análise do risco de crédito no Brasil Ao todo foram testados 14 indicadores independentes Minussi Damacena e Ness Junior 2002 323 empresas 168 solventes 155 insolventes 1998 a 2000 RL 95 Foram selecionados 49 indicadores financeiros para a análise de solvência sendo 45 pertencentes ao modelo tradicional de análise financeira e 4 pertencentes ao modelo Fleuriet Dos cinco indicadores significativos para o modelo final dois são referentes ao modelo Fleuriet Eifert 2003 51 empresas 30 solventes 21 insolventes 1996 e 1997 AD e RL Melhores modelos AD 927 RL 100 Testaram se 174 indicadores sendo compostos por 64 referentes ao último demonstrativo período t 55 referentes ao penúltimo demonstrativo período t1 e 55 referentes ao antepenúltimo demonstrativo período t2 Com os grupos de indicadores t t e t1 e t t1 e t2 utilizouse do método stepwise tanto para AD quanto para RL para gerar 6 modelos Segundo o autor percebese claramente a superioridade da RL sobre a AD em todos os aspectos Carvalho 2004 100 empresas 50 solventes 50 insolventes 2000 a 2002 AD Melhor modelo 96 Desenvolveu cinco modelos de previsão de insolvência O autor afirma que na elaboração de seu estudo podese destacar a importância da dinâmica do overtrading como sendo de grande valia na construção de um modelo de previsão de insolvência para empresas comerciais AD Análise Discriminante RL Regressão Logística Fonte elaborado pelos autores com base nas pesquisas citadas 3 Metodologia de Pesquisa Quanto aos fins este estudo pode ser classificado como descritivo Marconi Lakatos 2011 quan tos aos meios pode ser caracterizado como ex post facto Vergara 2008 e quanto à forma de abordagem esta pesquisa é qualificada como quantitativa No que se refere à amostragem foi preciso primeiramente definir o conceito de solvência utilizado no estudo Para definição de insolvência foi utilizada a Lei de Falência e concordatas Lei nº 7661 de 21 de junho de 1945 Brasil 1945 que foi revogada pela Lei nº 11101 de fevereiro de 2005 Brasil 2005 que passa a valer para todos os casos de falência e concordata atuais É preciso considerar que para a coleta dos indicadores das empresas insolventes foi utilizada a data de um ano antes de a empresa anunciar a falência ano anterior do evento tempot1 Contudo para se completar a amostra selecionase ao menos uma empresa solvente para cada empresa insolvente isto é para cada empresa determinada insolvente será selecionada no mínimo uma empresa solvente perten cente ao mesmo setor e quando possível com ativos contábeis proporcionais ao da instituição insolvente Essa metodologia baseiase em estudos anteriores desenvolvidos por Altman 1968 Brito Assaf Neto e Corrar 2009 e Sanvicente e Minardi 1998 para equiparar a amostra O banco de dados foi elaborado com base no Economática E para a elaboração do presente es tudo a amostra foi composta de 121 empresas sendo 70 empresas consideradas solventes e 51 empresas insolventes Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 349 31 Definição dos indicadores Para a seleção dos indicadores do modelo Fleuriet de análise financeira utilizouse o trabalho ini cial de Fleuriet et al 1978 passando pelas principais obras apresentadas que demonstram a importân cia para identificar problemas futuros de insolvência nas empresas A definição dos indicadores está fun damentada em Pereira Domínguez e Ocejo 2007 em que os autores afirmam que a evidência empírica tem apontado que a escolha de indicadores que apresentaram resultados satisfatórios em pesquisas an teriores tem elevado potencial para novas pesquisas Na Tabela 3 dispõemse os indicadores do modelo Fleuriet que foram utilizados Tabela 3 Notação das Fórmulas de Cálculo dos Indicadores Modelo Fleuriet Cód Indicadores Fórmula Autores X1 CDG sobre Ativo CDG AT Apresentados neste trabalho X2 CDG sobre Receita líquida CDG RL X3 NCG sobre Ativo NCG AT Brito Assaf Neto e Corrar 2009 Carvalho 2004 Minussi Damacena e Ness Junior 2002 e Sanvicente e Minardi 1998 X4 NCG sobre Receita líquida NCG RL X5 Saldo de Tesouraria sobre Ativo T AT Brito Assaf Neto e Corrar 2009 Carvalho 2004 Eifert 2003 Horta 2010 Minussi Damacena e Ness Junior 2002 e Sanvicente e Minardi 1998 X6 Saldo de Tesouraria sobre Receita líquida T RL X7 Passivo Financeiro sobre Ativo Circulante PF AC Eifert 2003 X8 Tipo de Estrutura Financeira TEF Melo e Coutinho 2007 X9 Termômetro de liquidez TL T NCG Horta 2010 e Vieira 2008 X10 Saldo de Tesouraria TAFPF Melo e Coutinho 2007 X11 Necessidade de Capital de Giro NCG AO PO Melo e Coutinho 2007 X12 Capital de Giro CDG PNC ANC Melo e Coutinho 2007 X13 Endividamento financeiro PF PNCF AT Brito Assaf Neto e Corrar 2009 Legenda AC Ativo circulante AF Ativo financeiro AO Ativo operacional ANC Ativo não circulante AT Ativo total CDG Capital de giro PF Passivo financeiro PNC Passivo não circulante PNCF Passivo não circulante financeiro PO Passivo operacional NCG Necessidade de Capital de Giro RL Reserva de Lucros T Saldo em tesouraria TEF Tipo de Estrutura Financeira TL Termômetro de liquidez Fonte elaborado pelos autores com base nas pesquisas citadas José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 350 32 Análise Discriminante AD Para o presente estudo utilizouse o modelo de Análise Discriminante tendo em vista que ele pos sibilita verificar o impacto que cada indicado possui sobre a insolvência por meio dos seu coeficientes Para o desenvolvimento do modelo utilizouse o software SPSS Statistical Package for Social Sciences Virgillito e Famá 2008 salientam que existindo dois grupos de empresas solventes A e insolven tes B sejam duas medidas V1 e V2 suas observações indicadores sejam as elipses A e B desenhadas com pontos pequenos e pontos grandes ver Figura 2 seus universos seja Z o eixo determinado pela sua função discriminante que por sua vez é constituída por indicadores Se traçar uma linha reta por meio da área de interseção das duas elipses e projetar esta linha em um novo eixo Z segundo Hair et al 2009 podese afirmar que a área de sobreposição entre as duas distribuições univariadas A e B representada pela área sombreada ver Figura 2 será a menor entre todas as outras retas possíveis de serem traçadas por meio da área de sobreposição das duas elipses A área de sobreposição na Figura 2 que está projetada sobre o eixo Z pode ser interpretada como a discri minação entre os dois grupos que são os indicadores das empresas insolventes e solventes Sendo assim quanto menor for a área de sobreposição menor será o número de empresas insolventes classificadas como solventes e viceversa Consequentemente menor será a probabilidade de conceder crédito a uma empresa insolvente Figura 2 Representação gráfica da análise discriminante de dois grupos Fonte adaptado de Hair et al 2009 p 230 É importante observar que na Função Discriminante criada por Fisher também conhecida como Função de Classificação não se utiliza a constante a intercepto o que simplifica a interpretação dos valores gerados para Wi em razão de estes se aproximarem dos valores reais quando a intercepto não está presente na função Por este método os valores de observação para as variáveis independentes são inseridos na função de Fisher e um escore de classificação para cada grupo é calculado para aquela observação então ela é classificada no grupo com maior escore de classificação Hair Black Babin Anderson Tatham Corrar Paulo Dias Filho 2014 4 Resultados e discussão Primeiramente buscase por meio da análise da estatística descritiva compreender melhor as ca racterísticas da amostra utilizada Pelo fato de a amostra ser representada por dois grupos empresas sol ventes 2 e empresas insolventes 1 Neste sentido para verificar se os indicadores apresentam diferenças estatísticas significativas para discriminar os grupos solventes e insolventes foi realizado o teste da Anova de um fator OneWay para comparar as médias individuais dos grupos e verificar o poder de discrimi nação de cada indicador O teste Z da Anova pontua que existe diferença entre os grupos e quando as va riâncias não são iguais e os grupos possuem tamanhos desiguais como no presente caso é preciso uma estatística mais robusta como o teste de BrownForsythe para medir as médias dos grupos Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 351 A Tabela 4 apresenta a estatística descritiva por grupo e também o teste Z e o BrownForsythe que vali dam o processo da Anova para todos os indicadores isto é os indicadores possuem médias diferentes entre os grupos o que possibilita estatisticamente criar regras para identificar empresas solventes e empresas insolventes Tabela 4 Estatística Descritiva dos Indicadores e teste para Anova de um fator OneWay Descritivos N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Anova Teste Z BrownForsythe2 Estatística Sig Estatística Sig X1 CDG AT Insolventes 51 0302 0381 1009 0266 79110 0000 65264 0000 Solventes 70 0166 0189 0213 0728 Total 121 0031 0367 1009 0728 X2 CDG RL Insolventes 51 0505 1274 2621 2980 21109 0000 16473 0000 Solventes 70 0251 0450 0929 2980 Total 121 0068 0966 2621 2980 X3 NCG AT Insolventes 51 0077 0257 0659 0365 49228 0000 40930 0000 Solventes 70 0175 0132 0031 0519 Total 121 0069 0231 0659 0519 X4 NCG RL Insolventes 51 0114 0439 0998 0874 38266 0000 31374 0000 Solventes 70 0258 0211 0060 0864 Total 121 0101 0374 0998 0874 X5 T AT Insolventes 51 0231 0261 0901 0200 40414 0000 34334 0000 Solventes 70 0007 0148 0322 0465 Total 121 0094 0235 0901 0465 X6 T RL Insolventes 51 0547 0925 2649 0997 20785 0000 16145 0000 Solventes 70 0005 0315 1499 0994 Total 121 0233 0697 2649 0997 X7 PF AC Insolventes 51 1378 1029 0057 3785 50849 0000 39216 0000 Solventes 70 0442 0329 0031 1726 Total 121 0837 0848 0031 3785 X8 TEF Estrutura Insolventes 51 4294 1082 1000 6000 89117 0000 83331 0000 Solventes 70 2614 0873 1000 5000 Total 121 3322 1273 1000 6000 X9 TL T NCG Insolventes 51 5871 9580 26496 6996 27091 0000 20210 0000 Solventes 70 0254 1986 5328 6986 Total 121 2328 7052 26496 6996 X10 T AF PF Insolventes 51 246350 549517 1557441 1422049 9121 0003 8410 0005 Solventes 70 20658 423002 1557441 1422049 Total 121 91883 496220 1557441 1422049 X11 NCG AO PO Insolventes 51 23671 196769 286261 784853 24427 0000 27289 0000 Solventes 70 251798 283467 167550 905259 Total 121 155645 274100 286261 905259 X12 CDG PNC ANC Insolventes 51 209052 547758 1466833 1465732 20692 0000 19370 0000 Solventes 70 201269 443412 1466833 1465732 Total 121 28324 528644 1466833 1465732 X13 PF PNCF AT Insolventes 51 0627 0464 0117 1757 33325 0000 25976 0000 Solventes 70 0281 0162 0020 0720 Total 121 0427 0366 0020 1757 2Testes Robustos de Igualdade de Médias sig 005 Fonte dados da pesquisa José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 352 Como se obtiveram resultados estatísticos significativos para os indicadores podese dar conti nuidade às análises para a amostra Para a seleção dos melhores indicadores para o modelo optouse por utilizar o método stepwise que auxilia na eliminação de indicadores menos significativos com base em uma estatística F Charnet Freire Charnet Bonvino 2008 Este processo selecionou apenas 5 dos 13 indicadores testados Na sequência são apresentados os resultados encontrados para o modelo de Análi se Discriminante Observase que para Análise Discriminante são considerados indicadores significantes aqueles que apresentam significância menor ou igual a 005 sig 005 Sendo assim com base na observação da Tabela 5 podese concluir que os cinco indicadores separados para o presente estudo são indicadores com poder para discriminar os grupos e que podem ser utilizados na análise Outro dado apresentado é o Lambda de Wilks que estatisticamente representa que quanto menor for o valor atingido pelo indicador juntamente com seu nível de significância melhor será o seu poder de discriminar entre os grupos Hair et al 2009 Observase que os dois indicadores que melhor apresen taram essa função foram Tipo de Estrutura Financeira X8 TEF Tipos de Estrutura Financeira com valor de 0622 e Capital de Giro X1 CDG AT com valor de 0626 Tabela 5 Testes de igualdade de médias de grupo Lambda de Wilks Z df1 df2 Sig X1 CDG AT 0626 52680 1 88 0000 X4 NCG RL 0784 24223 1 88 0000 X8 TEF Estrutura 0622 53586 1 88 0000 X9 TL T NCG 0784 24308 1 88 0000 X13 PF PNCF AT 0797 22463 1 88 0000 Fonte dados da Pesquisa Outro fato importante é o teste da Multicolinearidade para os indicadores do modelo Discrimi nante Neste sentido como salienta Field 2013 o teste para a Multicolinearidade pode ser realizado por vários critérios entre eles podemse utilizar os valores de Tolerância e VIF Desta forma um valor de to lerância menor do que 01 provavelmente indica um problema sério de colinearidade um valor FIV maior do que 10 é motivo de preocupação Field 2013 p 257 Podese observar na Tabela 6 que tanto os valores de Tolerância como os de VIF apresentam estatísticas favoráveis contra a presença de multi colinearidade Tabela 6 Coeficientes para Multicolinearidade Indicadores Estatísticas de colinearidade Tolerância VIF X1 CDG AT 0260 3849 X4 NCG RL 0661 1513 X8 TEF Estrutura 0414 2418 X9 TL T NCG 0767 1303 X13 PF PNCF AT 0496 2017 a Variável Dependente Situação 1 e 2 Fonte dados da Pesquisa Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 353 A análise dos Coeficientes da função de classificação permite conhecer um pouco mais sobre qual a importância de cada indicador dentro da função Discriminante Corrar et al 2014 Observando os dados da Tabela 7 podese concluir que os coeficientes dos indicadores que apresentaram valores ne gativos para a função discriminante contribuirão quanto maior o valor do indicador para que a empre sa seja classificada abaixo do ponto de corte e consequentemente seja considerada como insolvente Por outro lado os coeficientes que obtiveram valores positivos contribuirão quanto maior o valor do indica dor para que a empresa seja considerada no grupo das solventes Tabela 7 Coeficientes de função discriminante canônica Coeficientes não padronizados Indicadores Função X1 CDG AT 0899 X4 NCG RL 0971 X8 TEF Estrutura 0444 X9 TL T NCG 0055 X13 PF PNCF AT 0980 Constante 1887 Fonte dados da Pesquisa De posse dos coeficientes da função discriminante canônica não padronizada podese elaborar a função para a Análise Discriminante ou seja o Credit Scoring gerado pode ser representado pela Equa ção 5 5 Z 1887 0899 CDG AT 0971 NCG RL 0444 Tipo de Estrutura 0055 T NCG 0980 PF PNCF AT Elaborada a função para a Análise Discriminante é possível calcular o ponto de corte a partir dos cen troides de cada grupo Os centroides são as médias obtidas com a distribuição individual dos grupos A mé dia ponderada entre os centroides de cada uma das distribuições se constituirá no ponto de corte da função discriminante O resultado obtido para o ponto de corte ótimo é de 00641 e este valor servirá para classi ficar as empresas por meio do seu escore discriminante Ou seja as empresas que se encontrarem abaixo do ponto de corte foram classificadas como pertencentes ao grupo 1 insolventes e as empresas que possuí rem escore discriminante acima do ponto do corte irão ser classificadas como parte do grupo 2 solventes Outro método utilizado na interpretação dos resultados obtidos pela Função Discriminante é a aplicação de uma escala de classificação como a utilizada por Silva 2012 ou por Kanitz 1978 no seu Termômetro de Insolvência Esta escala pode ser obtida depois de calculados os desvios padrão e as mé dias de cada grupo Corrar et al 2014 como demonstrado na Figura 3 José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 354 Figura 3 Escala de classificação de risco Fonte elaborado a partir dos trabalhos de Kanitz 1974 p 13 Hair et al 2009 p 230 Silva 2012 p 356 e Corrar et al 2014 239 Como demonstrado na Figura 3 a empresa cujo cálculo do escore discriminante ZScore se en contra em um intervalo entre 00154 até 01886 será considerada na área de penumbra e será classifica da em uma situação indefinida podendo ser atribuído a ela um risco médio As empresas que estão clas sificadas entre 01886 até 28370 serão classificadas como insolventes e lhes será atribuído um risco de atenção devido a seu estado Já uma empresas que tenha um valor menor do que 28370 será considerada insolvente com um Risco Elevado Sendo assim estas empresas inspiram maiores cuidados na concessão de crédito Estatisticamente podese dizer que o modelo estatístico não tem base para afirmar nenhuma classificação nesse intervalo de penumbra Kanitz 1974 Sendo assim um solução é se criar uma escala de classificação de risco a partir dos intervalos encontrados pelas duas distribuições estudadas ou seja empresas solvente e empresas insolventes Os resultados encontrados pela classificação para a análise discriminante podem ser vistos na Tabela 8 Os casos originais agrupados corretamente representam um percentual de acerto de 909 enquanto os casos selecionados para a validação cruzada teste de Lachenbruch confirmam o resultado com o mesmo nível de precisão Por fim testando a função para os casos não selecionados para gerar a função obtiveram se 909 de acurácia A função discriminante conseguiu o mesmo nível de acurácia tanto para os casos que foram utilizados para sua criação como para casos externos que não participaram da sua construção Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 355 Tabela 8 Resultados da classificaçãoabd Classg Situação Associação ao grupo prevista Total Solventes Insolventes Casos selecionados Original Contagem Solventes 53 3 56 Insolventes 11 23 34 Solventes 946 54 100 Insolventes 324 676 100 Com validação cruzadac Contagem Solventes 53 3 56 Insolventes 11 23 34 Solventes 946 54 100 Insolventes 324 676 100 Casos não selecionados Original Contagem Solventes 14 0 14 Insolventes 4 13 17 Solventes 100 0 100 Insolventes 235 765 100 a 844 de casos agrupados originais selecionados classificados corretamente b 871 de casos agrupados originais não selecionados classificados corretamente c A validação cruzada é feita apenas para os casos da análise Na validação cruzada cada caso é classificado pelas funções derivadas de todos os casos diferentes desse caso d 844 de casos agrupados com validação cruzada selecionados classificados corretamente Fonte dados da Pesquisa Pelo fato de a Análise Discriminante ser uma técnica linear o nível de precisão global do modelo para empresas classificadas corretamente se mostra satisfatória já que o objetivo principal aqui é verificar o impacto dos indicadores do modelo Fleuriet 41 Capital de Giro sobre Ativo X1 CDG AT O indicador de Capital de Giro sobre Ativo foi representativo para o modelo de Análise Discrimi nante A amostra apresentou valores positivos para as empresas solventes 0166 e valores negativos para as empresas insolventes 0302 e média total de 0031 Tabela 9 A Análise Discriminante apresentou um sinal positivo para o coeficiente o que indica que dentro da função discriminante quanto maior for o valor apresentado pelo indicador capital de giro maior será a probabilidade da empresa ser solvente Tabela 9 Resumo dos resultados para o indicador Capital de Giro sobre Ativo X1 CDG AT Comparativo Estatística Descritiva Literatura Quando maior melhor Melo e Coutinho 2007 Situação N Média Insolvente 51 0302 AD X1 Sinal do indicador quanto maior mais solvente Solvente 70 0166 Total 121 0031 Fonte elaborado pelos autores José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 356 Como afirmam Olinquevitch e Santi Filho 2009 p 85 em termos analíticos a simplesdisponi bilidade de CDG não é suficiente para indicar boa saúde econômicofinanceira os recursos próprios dis poníveis devem ser adequados às necessidades Entretanto do ponto de vista da análise de solvência os especialistas esperam como indicativos favoráveis para a empresa altos valores para CDG Por ser uma fonte de recursos de longo prazo o CDG quando suficientemente alto ou seja maior que a Necessidade de Capital de Giro traz tranquilidade quanto à renovação dos prazos de financiamento de curto prazo de fontes externas Melo Coutinho 2007 42 Necessidade de Capital de Giro X4 NCGRL Nascimento Espejo Voese e Pfitscher 2012 observam que o valor da Necessidade de Capital de Giro NCG pode ser positivo ou negativo Para Olinquevitch e Santi Filho 2009 p 13 o sinal positivo da NCG indica que as aplicações de Capital de Giro CDG são maiores do que as fontes de CDG expressando que a empresa está investindo recursos no giro do negócio Contudo quando o sinal da NCG se apresenta negativo indica que as fontes de CDG são maiores do que as aplicações em CDG expressando que a empresa está ob tendo financiandose com recursos oriundos do giro dos negócios Olinquevitch Santi Filho 2009 p 13 Analisando a NCG sobre Receita Líquida como pode ser observado na Tabela 10 a média da amos tra de empresas solventes mostrouse positiva enquanto a média para empresas insolventes obteve valo res negativos O que é confirmado pelo modelo de Análise Discriminante ao apresentar valores que indi cam que quanto maior o valor para NCG maior a probabilidade de que a empresa venha a ser solvente Tabela 10 Resumo dos resultados para o indicador Necessidade de Capital de Giro X4 NCGRL Comparativo Estatística Descritiva Literatura Positivo ou Negativo Padoveze e Benedicto 2010 Situação N Média Insolvente 51 0114 AD X3 Sinal do indicador quanto maior mais solvente Solvente 70 0258 Total 121 0101 Fonte elaborado pelos autores Empiricamente estes resultados são divergentes dos apresentados por Minussi Damacena e Ness Junior 2002 p 122 que ao pesquisarem empresas do setor industrial encontraram valores para o indi cador NCG sobre Receita Líquida IOGVenda Líquida Variável X2 com médias de 080 para o gru po das empresas solventes e média de 350 para as empresas insolventes Essa contradição tem uma expli cação possível quando analisamos a situação mais de perto por meio do Tipo de Estrutura Financeira da empresa como será abordado no tópico a seguir 43 Tipo de Estrutura Financeira X8 TEF Estrutura do balanço Como pode ser visto na Tabela 11 o resultado divergente encontrado em relação ao trabalho de Minussi Damacena e Ness Junior 2002 apresentado no tópico anterior devese ao fato de que apenas 4 das empresas solventes da amostra encontramse com a Estrutura Financeira do Tipo 1 Excelente ou seja apresentam CDG e T positivo e NCG negativa enquanto a maioria das empresas solventes apresentaram Estrutura Financeira do Tipo 2 Sólida 32 empresas CDG NCG e T positivo ou Tipo 3 Insatisfatória 22 empresas CDG e NCG positivo e T negativo em que o valor para a NCG é positivo o que impacta diretamente a média da NCG para empresas solventes serem positivas 0258 Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 357 Em contrapartida o que justifica a média das empresas insolventes apresentarem valores negativos para a NCG 0114 é o fato de que 27 empresas insolventes mais da metade da amostra estão classifica das nas Estrutura Financeira do Tipo V Muito ruim 24 empresas CDG NCG e T negativos e do Tipo VI Alto risco 3 empresas CDG e NCG negativo negativos e T positivo e nestes dois tipos de estruturas as empresas possuem NCG negativa Tabela 11 Tabela 11 Agrupamento de empresas por tipos de estrutura e situação financeira Tipo CDG NCG T Situação Empresas Solventes Empresas Insolventes Amostra Total I Excelente 4 1 5 II Sólida 32 3 35 III Insatisfatória 22 6 28 IV Péssima 11 14 25 V Muito ruim 1 24 25 VI Alto risco 0 3 3 Total 70 51 121 Fonte adaptado de Braga 1991 p 10 Marques e Braga 1995 p 56 Fleuriet et al 2003 p 15 Neste sentido os resultados apresentados estão em conformidade com Padoveze e Benedicto 2010 p 264 que destacam que em linhas gerais as empresas buscam desempenhar um modelo de crescimento constante ganhando ou ampliando mercados Dentro dessa premissa há sempre necessidade adicional de capital de giro ao longo do tempo pois ele representa o recurso necessário para o desempenho das ope rações da empresa Fleuriet e Zeidan 2015 também destacam que o não planejamento do crescimento das necessidades de capital de giro pode ocasionar graves dificuldades de fluxo de caixa Olinquevitch e Santi Filho 2009 p 13 ainda afirmam que A variável Necessidade Líquida de Capital de Giro NLCDG constitui a principal determinante da situação financeira das empresas Seu valor revela o nível de recursos necessários para manter o giro dos negócios Diferentemente dos investimentos no Ativo Permanente que envolvem decisões de longo prazo e com re cuperação lenta de capitais as contas que compõem as Necessidades Líquidas de Capital de Giro NLCDG expressam operações de curto prazo e de efeitos rápidos Modificações na política de estocagem na política de crédito e na política de compras produzem efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa Na Tabela 11 é importante observar que nenhuma das empresas solventes foi classificada no ex trato Tipo VI Alto risco Entretanto a empresa OGX Petróleo definida como insolvente na amostra foi classificada no extrato Tipo I Excelente apesar de o modelo de análise discriminante ter classificado a empresa como insolvente Na avaliação apenas pelo tipo de estrutura a situação financeira da OGX Pe tróleo teria passado despercebida Como demonstrado na Tabela 11 os Tipos de Estrutura Financeira foram propostos por Fleuriet et al 1978 e depois ampliados por Braga 1991 com mais dois níveis O indicador utilizado no presente estudo representa uma proxy com valor 1 para o tipo I seguindo até um valor 6 para o tipo VI das estru turas financeiras ou seja empresas classificas como 1 estão no estrato considerado Excelente enquanto empresas classificadas como 6 encontramse no estrato Alto risco Sendo assim o indicador Tipo de Estrutura Financeira apresentou coeficiente para o indicador em conformidade com o exposto pela literatura Os valores obtidos pela amostra em estudo também apre sentam o mesmo comportamento Tabela 12 José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 358 Tabela 12 Resumo dos resultados para o indicador X8 Tipo de Estrutura Financeira Comparativo Estatística Descritiva Literatura Quanto menor melhor Marques e Braga 1995 Situação N Média Insolvente 51 4294 AD Sinal do indicador quanto maior mais insolvente Solvente 70 2614 Total 121 3322 Fonte elaborado pelos autores Cabe salientar que no modelo de análise discriminante o teste do Lambda de Wilks para o indica dor foi o mais significativo apresentando o menor valor atingido 0622 44 Termômetro de liquidez X09 TL Horta 2010 afirma que o Termômetro de Liquidez confirma uma reserva financeira para fazer frente às ocasionais expansões da NCG especialmente para aquelas de natureza sazonal Neste sentido as necessidades temporárias de investimento em giro quando não cobertas pelos financiamentos de longo prazo podem ser sustentadas pelo limite do saldo existente Padoveze Benedicto 2010 Na amostra o Termômetro de Liquidez apresentou valores negativos para as empresas insolventes e valores positivos para as solventes O valor positivo para empresas solventes foi confirmado pelo Ter mômetro de Liquidez no modelo de Análise Discriminante ao apresentar sinal positivo indicando que quanto maior for o seu valor mais probabilidade a empresa terá de ser solvente Tabela 13 Isso corrobo ra Padoveze e Benedicto 2010 p 262 para os quais é por meio das contas de caráter financeiro contas de tesouraria que se deveria calcular a liquidez empresarial e a capacidade de solvência da empresa no curto prazo Tabela 13 Resumo dos resultados para o indicador Termômetro de liquidez X09 TL Comparativo Estatística Descritiva Literatura Quando maior melhor Fleuriet et al 2003 Situação N Média Insolvente 51 5871 AD X9 Sinal do indicador quanto maior mais solvente Solvente 70 0254 Total 121 2328 Fonte elaborado pelos autores Empiricamente os resultados encontrados para o termômetro de Liquidez estão em conformi dade com os apresentados por Horta 2010 ao utilizar o Termômetro de Liquidez para avaliar diver sos setores setor de materiais básicos solvente 0011 e insolventes 0003 setor de bens de con sumo cíclico solvente 0010 e insolventes 0032 setor de bens de consumo nãocíclico solvente 0002 e insolventes 0047 setor econômico de bens industriais solvente 0133 e insolventes 0133 setor econômico de construção e transportes solvente 0004 e insolventes 0219 setor econômico de tecnologia da informação e telecomunicações solvente 0007 e insolventes 0385 Uma abordagem para análise do risco de crédito utilizando o modelo Fleuriet REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 359 45 Endividamento financeiro X13 PF PNCF AT O indicador de Endividamento Financeiro X13 é apresentado por Brito Assaf Neto e Corrar 2009 Mesmo ele não sendo exatamente um dos indicadores que avaliam por meio da análise dinâmica a situação financeira da empresa optouse por incluílo tendo em vista que ele é um indicador de estru tura que avalia o grau de endividamento da empresa por uma perspectiva apenas financeira Como defendem Fleuriet et al 1978 existem contas que não apresentam necessariamente um vín culo direto com o ciclo operacional da empresa variando em função da conjuntura e do risco de maior ou menor liquidez que a empresa deseja assumir apresentando um movimento descontínuo e errático Elas são chamadas de erráticas ou financeiras e neste sentido a utilização de um indicador de estrutura que têm como princípio esta visão é bemvindo para o modelo A Tabela 14 apresenta as métricas para o indicador de Endividamento Financeiro X13 Observa se que as empresas insolventes obtiveram médias maiores 0627 e as empresas solventes demostraram médias menores 0281 Já a análise discriminante apresentou sinal negativo demonstrando que quanto maior a valor do indicador maior também será a probabilidade de insolvência da empresa Tabela 14 Resumo dos resultados para o indicador Endividamento financeiro X13 PF PNCF AT Comparativo Estatística Descritiva Literatura Quando menor melhor Brito Assaf Neto e Corrar 2009 Situação N Média Insolvente 51 0627 AD X9 Sinal do indicador quanto maior mais insolvente Solvente 70 0281 Total 121 0427 Fonte elaborado pelos autores Essas considerações estão em acordo com a literatura no que se refere ao risco de insolvência ligado ao alto grau de endividamento Os resultados também corroboram os resultados encontrados por Brito Assaf Neto e Corrar 2009 p 35 quanto maior o valor assumido por esse indicador maior a probabili dade de a empresa se tornar insolvente 5 Considerações Finais O presente trabalho teve como objetivo construir um modelo capaz de avaliar o risco de crédito em empresas brasileiras de capital aberto utilizando indicadores do modelo Fleuriet de análise financei ra Metodologicamente a pesquisa foi definida como quantitativa e quanto à natureza é descritiva As de monstrações financeiras foram coletadas por meio do Economática e do site BMFBOVESPA A amostra foi composta de 121 empresas sendo 70 solventes e 51 insolventes de diversos setores Com a amostra e os indicadores do estudo foi realizada a análise descritiva dos dados e também uma Anova oneway que apresentou resultado satisfatório para os indicadores propostos ou seja os in dicadores foram significativos para classificar empresas solventes e insolventes Sobre os indicadores fi nais utilizados para compor o modelo de Risco de Crédito fica mais clara a contribuição da metodologia proposta por Fleuriet aplicada para concessão de crédito Os indicadores selecionados para o modelo fo ram capital de giro necessidade de capital de giro tipo de estrutura financeira termômetro de liquidez endividamento financeiro José Willer do Prado Francisval de Melo Carvalho Gideon Carvalho de Benedicto Valderí de Castro Alcântara Antônio Carlos dos Santos REPeC Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade ISSN 19818610 Brasília v12 n 3 art 4 p 341363 julset 2018 360 Para os indicadores Tipo de Estrutura Financeira Capital de Giro e Necessidade de Capital de Giro podese dizer que as empresas buscam desempenhar um modelo de crescimento constante expandindo ou ganhando mercados uma vez que existe sempre necessidade de capital de giro adicional ao longo do tempo Os resultados encontrados para o Termômetro de Liquidez demonstram a importância das contas de caráter financeiro denominadas contas de tesouraria para se calcular a Liquidez empresarial e a capa cidade de solvência da empresa no curto prazo Por fim o endividamento financeiro enquanto índice de estrutura contribuiu significativamente para o modelo Este estudo pode contribuir com a literatura nacional ao evidenciar que alguns dos indicadores do modelo Fleuriet são significativos para avaliar o risco de crédito em empresas brasileiras de capital aber to Assim por meio do presente estudo podemse elucidar algumas das características das empresas in solventes para a presente amostra Tais contribuições são fundamentais para as pesquisas de risco de cré dito e contribuem para o desenvolvimento da metodologia de reclassificação do balanço patrimonial por meio do modelo Fleuriet Por fim diante do exposto concluise que os indicadores do modelo Fleuriet contribuem de forma efetiva para prever a insolvência empresarial Referências Akkoç S 2012 An empirical comparison of conventional techniques neural networks and the three stage hybrid Adaptive Neuro Fuzzy Inference System ANFIS model for credit scoring analysis The case of Turkish credit card data European Journal of Operational Research 2221 pp168178 doi httpsdxdoiorg101016jejor201204009 Altman E I 1968 Financial ratios discriminant analysis and the prediction of corporate bankruptcy The journal of finance 234 pp 589609 doi httpsdxdoiorg101111j154062611968tb00843x Araújo E A T de Oliveira Costa M L de Camargos M A 2013 Mapeamento da produção cien tífica sobre o Modelo Fleuriet no Brasil Gestão Contemporânea 141 Assaf Neto A 2010 Finanças corporativas e valor 5ª ed São Paulo Atlas Assaf Neto A Silva C A T 2012 Administração do capital de giro 4ª ed São Paulo Atlas Beaver W H 1966 Financial ratios as predictors of failure Journal of accounting research 43 pp 71 111 doi httpsdxdoiorg1023072490171 Braga R 1991 Análise avançada do capital de giro Caderno de estudos FIPECAFI 33 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