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DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 1 ENTRE PLATAFORMAS ODAS E PROTÓTIPOS NOVOS MULTILETRAMENTOS EM TEMPOS DE WEB21 Between Platforms ODAs and Prototypes New multiliteracies in WEB2 times Roxane ROJO Universidade Estadual de Campinas Campinas São Paulo Brasil RESUMO Neste artigo buscamos discutir e contrastar diferentes dispositivos e tipos de materiais didáticos digitais segundo critérios pautados nos conceitos de paradigma da aprendizagem curricular e paradigma da aprendizagem interativa LEMKE 2010 tais como ODA OED e seus repositórios ou referatórios gamificações livros didáticos digitais interativos LDDI e protótipos de ensino Diferentemente dos materiais impressos esses materiais digitais são enfocados como uma contribuição na direção de um webcurrículo que combina o currículo da letra e do impresso aos multiletramentos e novos letramentos contemporâneos PALAVRASCHAVE Materiais Didáticos Digitais Webcurrículo Novos Letramentos Multiletramentos ABSTRACT In this article we aim to discuss and contrast different devices and types of digital didactic material according to criteria based on the concepts of curricular learning paradigm and interactive learning paradigm LEMKE 2010 such as DLO DEO and their repositories or referrals gamification digital interactive textbooks DIT and teaching prototypes Unlike printed materials these digital materials are focused as a contribution toward a web curriculum which combines the curriculum of the print era with multiliteracies and new contemporary literacies KEYWORDS Digital Didactic Materials Web Curriculum New Literacies Multiliteracies 1 Agradeço o suporte do CNPq ao Projeto Ref Nº 30291220134 intitulado Multiletramentos novos letramentos e ensino de Língua Portuguesa Escol conectad que dá base às discussões deste texto DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 2 A escola precisa reaprender a ser uma organização efetivamente significativa inovadora empreendedora A escola é previsível demais burocrática demais pouco estimulante para os bons professores e alunos Não há receitas fáceis nem medidas simples Mas essa escola está envelhecida nos seus métodos procedimentos currículos A maioria das escolas e universidades se distanciam velozmente da sociedade das demandas atuais Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado A escola precisa partir de onde o aluno está das suas preocupações necessidades curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida com o cotidiano Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo que desperte curiosidade interesse Precisa de bons gestores e educadores bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos em novas metodologias no uso das tecnologias de comunicação mais modernas A escola precisa cada vez mais incorporar o humano a afetividade a ética mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real Mesmo compreendendo as dificuldades brasileiras a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país MORAN 2008 Aprendizagem significativa Imagine um mundo em que seu dia começa com sua smart TV despertando você e acionando os vidros da janela para clarearem e deixarem entrar a luz Você então se levanta e toca a tela plana da TV para ver como está o trânsito lá fora Ao escovar os dentes no banheiro você aproveita para organizar sua agenda e responder ao WhatsApp no espelho Ao preparar o café da manhã abre a geladeira em cuja porta há fotos digitais e vídeos de seus filhos para pegar alguns ovos Na bancada da cozinha enquanto prepara uma omelete você pode assistir ao jornal matinal controlar a temperatura do fogão elétrico e ao receber em seu celular uma chamada de sua mãe basta colocálo sobre a bancada para que a chamada de vídeo possa ser vista e respondida por todos na própria bancada Ao sair para o trabalho o GPS de seu carro traça e exibe as melhores rotas a partir de dados sobre o trânsito e se comunica com as placas digitais de sinalização da cidade enquanto você aproveita para responder no viva voz as chamadas e mensagens mais importantes acumuladas Seus filhos dirigemse ao ponto de ônibus e ao encostarem o celular com o endereço do lugar a que precisam ir na placa digital do ponto esta lhes indica o melhor ônibus e exibe o mapa de seu trajeto na cidade caso queiram ir a pé ou DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 3 de bicicleta Encostando novamente o celular na placa eles transferem este mapa para ele para não se perderem No seu trabalho a pauta do dia é fechar uma edição da revista de moda ou a planta arquitetônica para o cliente das 14h ou o planejamento didático do material das aulas da próxima quinzena etc Para isso você e sua equipe reúnemse em torno da ampla mesa digital que já exibe boa parte do material necessário textos fotos imagens vídeos diagramas tabelas mapas objetos digitais etc e que com um gesto ou toque de dedo busca outros e os acrescenta Esses materiais durante a reunião podem ser deslocados reformados e editados coletivamente até chegarem ao resultado visado Participam da reunião por videoconferência dois colegas cada um de um lado do mundo A mesa se comunica com a lousa ou telão digital que exibe para todos os videoconferencistas e os resultados do trabalho conjunto A noite para descansar você e sua família podem escolher ler um livro digital ou assistir a filmes ou vídeos na ampla tela da smart TV da sala que projeta hologramas 3D das imagens escolhidas Parece ficção científica Mas não é quase tudo isso já existe e o que ainda falta é atualmente objeto de pesquisa acelerada dos grandes fabricantes de dispositivos de telas de toque e de engenheiros e cientistas2 Tudo isso que narrei acima pode por exemplo ser visto em um vídeo promocional3 intitulado Um dia feito de vidro4 que já teve mais de 25760000 acessos na Internet de uma empresa fabricante de vidros e cerâmicas para dispositivos digitais de tela de toque5 Quase todas estas coisas mencionadas acima já se encontram disponíveis e funcionando para que as tenhamos em casa vidros inteligentes smart fones smart TV telas de toque de todos os tipos em dispositivos portáteis como notebooks celulares ou tablets e fixos como computadores de mesa lousas telões painéis e mesas digitais Ainda são extremamente caros mas pelo menos no que tange a celularessmart fones e tablets têm barateado aceleradamente Outro problema é que para serem eficientes precisam de boa banda de conexão sem fio e nossas cidades e prédios públicos mesmo as universidades ainda estão muito longe de estarem devidamente conectados por um certo descaso das autoridades para com isso O terceiro e maior problema é que ficamos fortemente dependentes da energia até o momento principalmente elétrica a tal ponto que nos sentimos desvalidos isolados e incomunicáveis quando falta luz Seria pois também preciso implementar políticas energéticas sustentáveis energia eólica solar 2 Por exemplo a projeção holográfica de imagens 3D e a conexão direta via wireless entre diferentes dispositivos como computadores lousas telões tablets e celulares sem precisar dar uploads e downloads de arquivos para as nuvens 3 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchv6Cf7ILeZ38 acesso em 24012017 4 A day made of glass 5 Corning Incorporated DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 4 Mas o que tem tudo isso a ver com o tema e o título deste texto Bem é que se a tendência de nossa vida em grandes centros urbanos parece ser essa e se a vida de nossos alunos começa a ser assim como pode a escola continuar ignorando esses fatos Como dizia Ronaldo Lemos em novembro de 2011 em um vídeo do MODMTv6 um dos problemas da educação no mundo de hoje é o apego excessivo ao texto a expressão de ideias não acontece mais só escrevendo alguma coisa A vida ela é muito mais multimídia hoje em dia Isso significa que não basta mais a escola enfatizar os letramentos da letra ou do impresso e os gêneros discursivos da tradição e do cânone É urgente enfocar os multiletramentos7 e os novos letramentos8 que circulam na vida contemporânea de nossos alunos A maior parte dos gêneros discursivos que estão presentes nas atividades letradas que mencionei em minha descrição do vídeo feita acima incorpora textos escritos mas não unicamente e nem principalmente Apresentam também diagramas tabelas campos formulários boxes como emails torpedos e agendas ou fotos imagens mapas plantas vídeos animações sons música fala e uma multidão de outras linguagens Isso quer dizer que as capacidades de leitura e escrita dos letramentos da letra ou do impresso não são mais suficientes para a vida contemporânea Assim não bastam mais para compor os currículos nas escolas Os cenários futuros9 para as escolas devem incluir a leitura e escrita de gêneros discursivos multissemióticos compostos por todas essas linguagens ou semioses para 6 Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvWUTlPB7Kz0 acesso em 24012017 7 Multiletramentos são as práticas de trato com os textos multimodais ou multissemióticos contemporâneos majoritariamente digitais mas também impressos que incluem procedimentos como gestos para ler por exemplo e capacidades de leitura e produção que vão muito além da compreensão e produção de textos escritos pois incorporam a leitura e reprodução de imagens e fotos diagramas gráficos e infográficos vídeos áudio etc 8 Novos letramentos ou letramentos digitais são um subconjunto dos multiletramentos definido segundo Lankshear e Knobel 2007 pela nova tecnologia digital adotada mas não principalmente O que define fundamentalmente os novos letramentos segundo os autores é um novo ethos isto é uma nova maneira de ver e de ser no mundo contemporâneo que prioriza a interatividade a colaboração e a redistribuição do conhecimento ao invés da hierarquia da autoria e da posse controlada e vigiada do conhecimento por diversas agências como a escola as editoras e a universidade 9 Eu diria presentes FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnX LB0 acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 5 significar e funcionar e os multiletramentos e novos letramentos requeridos pelas práticas letradas em que eles estão inseridos Outro exemplo este sim de um cenário ainda futuro mas futuro próximo espero pode ser encontrado no segundo vídeo promocional da empresa fabricante de vidros Um dia feito de vidro 2 Mesmo dia10 que continua mostrando o dia da família desta vez com foco no cotidiano não da esposa mas do marido médico e das filhas estudantes As meninas naturalmente vão à escola E qual o cenário de futuro desta escola Bem as meninas chegam a uma escola de Ensino Fundamental alimentada a energia solar e a turma ao entrar na sala de aula instala seus tablets um por aluno conectados à lousa digital atrás da professora que ativa na tela as atividades do dia escolhendo uma atividade de Ciências voltada para o objeto de ensino luz que inclui para a atividade do dia o conteúdo dos espectros de cores como efeito da luz O que aparece na lousa da professora também acontece nos tablets dos alunos Para trabalhar com o espectro de cores a professora na lousa digital ativa a mesa interativa e apaga as luzes Passando com a turma ao trabalho na mesa digital a professora inicia o aplicativo de espectro de cores e imediatamente a turma colaborativamente começa a fazer experimentações de misturas e efeitos de cores em fotos e a investigar e tirar conjunta e ativamente conclusões Na aula seguinte outro professor leva os alunos a um estudo do meio em um Parque Florestal Estadual digitalmente equipado11 para os alunos estudarem os dinossauros Por meio da tela digital de vidro transparente vídeosanimações de dinossauros em tamanho real são integrados à paisagem exibindo seu modo de vida na natureza Com seus tablets os 10A day made of glass 2 Same day Disponível em httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnXLB0 acesso em 06052016 11Parece futurologia mas também não é por exemplo o Museu de História Natural de Londres assim como o extinto Museu da Língua Portuguesa em São Paulo já dispõe há alguns anos de equipamentos e aplicativos digitais semelhantes Confira em httpwwwnhmacukourscienceourworkdigital museumhtml acesso em 24012017 FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnX LB0 acesso em 24012017 FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNn XLB0 acesso em 06052016 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 6 alunos podem ativar a presença no Parque do dinossauro escolhido filmálo e fotografá lo interagir com ele fazendo investigações e tirando conclusões que serão depois sistematizadas pelos professores À noite em casa as meninas podem mostrar à mãe na smart TV ou nos tablets o que estudaram sobre o modo de vida dos dinossauros e o espectro de cores O que nos interessa aqui em termos de cenários futuros para as escolas é menos o espetaculoso da tecnologia já existente mas ainda um tanto cara para nós mas a metodologia de ensinoaprendizagem e os multiletramentos e gêneros que ela incorpora típicos dos novos letramentos um aluno que estudasse assim certamente estaria mais preparado para a vida investigativa e colaborativa do mundo contemporâneo Lúcia Santaella em seu livro Culturas e artes do póshumano propõe uma divisão das eras culturais em seis tipos de formações SANTAELLA 2010 p 13 que pode nos ajudar a compreender como as práticas de letramento e em especial interessamme aqui as práticas escolares de letramento se alteram com as mudanças tecnológicas Essas eras culturais são a cultura oral a cultura escrita a cultura impressa a cultura de massas a cultura das mídias e a cultura digital Vejamos como esses conceitos de Santaella podem nos ajudar a compreender a realidade das nossas práticas escolares de letramento e os desafios postos para nós na era digital Na era da cultura oral não havia nem escola nem ensino tais como os compreendemos hoje A escola e o ensino como bem diz Lahire 1993 são instituição e práticas derivadas da lógica da cultura da escrita Há na Internet um vídeo de animação A história das tecnologias na educação12 que mostra bem como as diversas tecnologias do quadro negro aos celulares tablets e lousas digitais foram adentrando as escolas e modificando as práticas conforme as eras mencionadas por Santaella Vale a pena ver Esse vídeo data do século XVII a educação pública ainda oral e o aparecimento da escrita em sala de aula o quadro negro de 1700 Mas a cultura do impresso isto é o livro e os textos mimeografados ou xerocados somente adentram a escola no final do século XIX e no século XX Nesses séculos consolidaramse na escola práticas de letramento próprias das funções da escola e das mentalidades letradas neste período A cópia do quadro negro e depois do livro o ditado as questões fechadas de avaliação 12The history of technology in education Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvUFwWWszX9s Acesso em 24012017 FONTE The history of technology in education Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvUFwW WszX9s Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 7 baseadas em localização de trechos escritos as chamadas orais as provas os seminários as descrições à vista de gravura as narrações ou histórias as dissertações todas essas eram e são práticas da escola da modernidade em que o ensino visava disciplinar corpo linguagem e mente CHERVEL 1990 e em que o texto escrito ou impresso convoca práticas letradas muito específicas de confiança respeito e repetiçãoreprodução de reverência Essas práticas embora modificadas permanecem ainda hoje fortemente na escola pois nem a escrita nem os impressos e nem essa mentalidade escolar disciplinadora desapareceram ainda são úteis à sociedade Em minha opinião tanto as tecnologias da cultura de massas rádio e TV como as da cultura das mídias retroprojetores episcópios reprodutores de videocassete e de fitas cassete etc penetraram fraca lateral e incidentalmente na escola e nunca foram incorporadas constitutivamente ao currículo e às práticas letradas escolares fundantes da cultura escrita e impressa a escola é ainda hoje principalmente um lugar de oralização do escrito e do impresso No entanto nas casas do século XX segunda metade essas são tecnologias onipresentes e extremamente importantes na vida cotidiana das pessoas em geral e dos alunos em particular A cultura de massas preserva a unidirecionalidade de um para muitos as massas sem possibilidades de retroalimentação das culturas do escrito e do impresso Mas a cultura das mídias não Pela primeira vez na história eu posso adequar os bens de consumo simbólicos filmes vídeos músicas etc ao meu gosto e às minhas coleções GARCÍACANCLINI 20081997 alugo o filme que quero gravo fitas de minhas músicas preferidas ao invés de ficar submetida ao que me oferecem as culturas do impresso e de massas Isso de certa forma preparounos para a cultura digital aumentou nossa capacidade de decisão escolha e seleção de que produtos culturais preferíamos ler ver ou consumir e com isso nosso raio de ação e influência sobre a produção cultural Também nos levou a práticas multiletradas de leitura de textos escritos impressos ou não mas também de imagens em movimento vídeos e filmes e de áudio Mas a escola não incorporou centralmente essas linguagens em suas práticas atevese como os impressos à imagem estática foto ilustração etc quando muito Com isso de certa forma os multiletramentos ainda não adentraram a escola13 A quarta revolução da escrita como a chama Chartier 1997 a cultura digital põe por terra todo o edifício de práticas letradas cultuadas e perpetuadas pela escola Nela o leitor não é mais reverente ao texto concentrado e disciplinado mas disperso plano navegador errante não é mais receptor ou destinatário sem possibilidade de resposta mas comenta curte redistribui remixa As fronteiras entre leitura e autoria se esfumaçam Surge o lautor ROJO 2012 ou o produsuário BRUNS 2009 Posso dizer que nem 13 Como teremos oportunidade de ver no breve relato dos resultados da pesquisa anterior sobre os livros didáticos e os multiletramentos DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 8 as tecnologias digitais e nem os novos multiletramentos da cultura digital efetivamente chegaram ainda às práticas escolares que continuam aferradas ao impresso e a suas práticas No entanto essas são as práticas letradas das pessoas dos trabalhadores e dos cidadãos do século XXI em diante Convido como uma introdução o leitor a refletir sobre a urgência de incorporar essas práticas mentalidades e novos multiletramentos à escola o quanto antes de maneira a formar pessoas cidadãos e trabalhadores para o século em que estamos Como pergunta o vídeo de animação que mencionei antes Como você vai moldar a sala de aula de amanhã O ensino como fica Vamos então agora refletir um pouco sobre as relações entre ensino currículo e tecnologias É óbvio que diferentes tecnologias e culturas tecnológicas sempre estiveram a serviço de diversas práticas sociais Para nos mantermos no âmbito da escola e do ensino podemos pensar que a lousa e giz típicos da cultura da escrita ou mesmo a lousa digital e o toque na tela ou o notebook conectado ao datashow e projetado na tela típicos da cultura digital estão a serviço de uma prática letrada de ensino de um para muitos que transmite conhecimento a um receptor almejado como passivo e com o conteúdo sob controle do professor Neste caso estamos no campo de um currículo estabelecido de um ensino nos moldes tradicionais ainda que esses se utilizem de tecnologias digitais de ponta Já os livros didáticos apostilas e materiais didáticos impressos tecnologias da cultura do impresso assim como os laboratórios de informática escolares e muitas vezes o uso individual que se dá a tablets na escola destinamse a um suporte à aprendizagem em geral individual de conteúdos que podem introduzir complementar ou fixar o ensino de um para muitos Essas são práticas ligadas a um ensino que podemos considerar tradicional e em geral a um currículo estabelecido a partir de uma pedagogia de transmissão do conhecimento Como diz Lemke 2010 p 7 a serviço das tradições logocêntricas escolares Lemke 2010 distingue dois paradigmas de aprendizagem um ligado à modernidade e outro ligado à modernidade tardia o paradigma da aprendizagem curricular e o paradigma da aprendizagem interativa Segundo o autor o paradigma de aprendizagem curricular é dominante em instituições tais como escolas e universidades O paradigma curricular assume que alguém decidirá o que você precisa saber e planejará para que você aprenda tudo em uma ordem fixa e em um cronograma fixo Este é o paradigma do capitalismo industrial e da produção de massa baseada na DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 9 fábrica Desenvolveuse simultaneamente a eles e em acordos filosóficos muito próximos dá suporte às suas redes mais amplas de emprego e carreira e se assemelha a eles em autoritarismo planejamento de cima para baixo rigidez escala econômica e incompatibilidades gerais ao novo mundo baseado no capitalista veloz veja abaixo Por parte dos alunos há ampla recusa e resistência e seus resultados finais promovem pouco mais de utilidade demonstrada no mundo não acadêmico do que promovem alguns letramentos textuais e certificados de membro da classe média O paradigma da aprendizagem interativa domina instituições como as bibliotecas e os centros de pesquisa Assumese que as pessoas determinam o que elas precisam saber baseandose em suas participações em atividades em que essas necessidades surgem e em consulta a especialistas conhecedores que eles aprendem na ordem que lhes cabe em um ritmo confortável e em tempo para usarem o que aprenderam Este é o paradigma da aprendizagem das pessoas que criaram a internet e o ciberespaço É o paradigma mais do acesso à informação do que da imposição à aprendizagem É o paradigma de como pessoas com poder e recursos escolhem aprender Seu resultado final é geralmente satisfatório para o aprendiz e frequentemente útil para os negócios ou para a academia Este é talvez também o paradigma do capitalismo veloz GEE 1996 em que as economias baseadas na produção e circulação de informações favorecem a mudança rápida de grupos de trabalho de indivíduos flexíveis engajados em projetos que produzem resultados na hora certa just in time para consumidores de nichos mercadológicos E tende a produzir menos aprendizagem comum entre os membros da sociedade favorecendo a especialização em educação de artes liberais LEMKE 2010 pp 910 A menção do autor a indivíduos flexíveis engajados em projetos que produzem resultados chama a atenção para uma aprendizagem ensejada por projetos de trabalho visando a um fim muitas vezes colaborativos e quase sempre transdisciplinares Esse tipo de aprendizagem exige uma mudança das relações entre professores e alunos que deixam de ser de transmissão e passam a ser de colaboração designando ao professor um papel mediador de aprendizagens autônomas e colaborativas Exige pois uma outra pedagogia Cope e Kalantzis 20062000 chamam a essa pedagogia pedagogia dos multiletramentos14 que definem como sendo uma pedagogia por design na qual os estudantes precisam se apropriar dos designs digitais disponíveis isto é precisam é claro ter conhecimento prático e competência técnica para ser um usuário funcional mas somente isso não basta é preciso também ser um leitor um analista crítico desses designs 14 Para saber mais a respeito veja Rojo 2012 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 10 disponíveis textos infográficos vídeos de diversos tipos esquemas imagens estáticas games etc Mas uma pedagogia dos multiletramentos não se esgota nos designs disponíveis ela busca conhecêlos e analisálos criticamente para a partir deles chegar ao redesign isto é a uma produção que se apropria do disponível conhecido para criar sentidos transformados e transformadores Veja o diagrama Tradução da autora O segundo tipo de aprendizagem também impacta o currículo que deixa de ser uma lista de conteúdos a serem ensinados e que se julga que contribuirão para a vida no trabalho na vida pessoal e na vida cidadã currículo estabelecido15 e se constituirá de uma série de projetos com finalidades e circulação efetivas que exigem colaboração produção própria e não reprodução e circulação dos resultados úteis à finalidade visada Finalmente o segundo tipo de aprendizagem impacta o tipo de presença e uso das tecnologias digitais na escola e na sala de aula Almeida 2014 em entrevista ao Educar para Crescer16 movimento em favor da educação ligado à Editora Abril vai defender um Webcurrículo ou seja o currículo que 15 Claro que sempre poderemos nos perguntar em que proparoxítonas poderiam impactar a competência no trabalho a ética interpessoal ou cidadã mas 16 Disponível em httpeducarparacrescerabrilcombrgestaoescolartecnologianaescola 618016shtml Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 11 se desenvolve por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação especialmente mediado pela internet Uma forma de trabalhálo é informatizar o ensino ao colocar o material didático na rede Mas o webcurrículo vai além disso ele implica a incorporação das principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo Isto é implica apropriarse dessas tecnologias em prol da interação do trabalho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo É uma integração entre o que está no documento prescrito e previsto currículo estabelecido com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de conhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência O webcurrículo está a favor do projeto pedagógico Não se trata mais do uso eventual da tecnologia mas de uma forma integrada com as atividades em sala de aula ALMEIDA 2014 pp 12 No caso de um conjunto tecnológico escolar voltado a um webcurrículo e a uma aprendizagem interativa colaborativa e protagonista ele não poderá ter as características que imperam em um laboratório de informática escolar por exemplo com suas máquinas individuais baixas bandas de conexão quando existentes e dispositivos instalados em linha e coluna que impedem a interação Seria mais adequado ter smartphones tablets netbooks ou notebooks um ou dois por grupos com uma banda boa de conexão e um professor que disponha de algum meio de totalização seja um datashow uma TV ou uma lousa digital17 E uma disposição espacial dos mobiliários que favoreça o trabalho coletivo como foi o caso do GENTE Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais escola municipal carioca localizada na favela da Rocinha RJ Imagem disponível em httpgenterioeducanet Acesso em 24012017 17 Ver resultados da CETICEducação 2013 Disponível em httpwwwceticbrmediadocspublicacoes2ticeducacao2013pdf Acesso em 01022017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 12 Diz a matéria que dá conta da implantação desta experiência educacional de webcurrículo Divididos entre duas amplas salas de aula e uma sala de leitura os 180 alunos reunidos em grupos de seis entretêmse com exercícios vídeos e jogos educativos apresentados em netbooks cada um tem o seu A escola conta ainda com laboratório de ciências quadra poliesportiva piscina e refeitório As apostilas e os cadernos não foram deixados de lado mas a tecnologia é a grande aliada do modelo educacional que prevê metas semanais de aprendizagem focadas nas necessidades de cada aluno É como se fosse um mundo da fantasia resume Micael de 17 anos A gente nem sente o tempo passar18 Há pois diversas maneiras de as tecnologias da informação e da comunicação TDIC se relacionarem com o currículo e a pedagogia escolar diversos usos que se pode fazer dessas tecnologias alguns bem mais interessantes que outros No entanto para poder fazêlo é preciso que o professor seja formado para isso19 e que disponha de materiais didáticos digitais visando a esses usos E aqui chegamos a nosso tema central Que ofertas de materiais tem o professor para esse contexto Como podemos avançar nessa oferta Materiais didáticos para os novos multiletramentos Assim como no paradigma da aprendizagem curricular o professor dispõe de compêndios manuais livros e sequências didáticas apostilados20 etc também o professor imerso no paradigma da aprendizagem interativa precisará dispor de materiais didáticos digitais adequados à aprendizagem interativa e colaborativa Como se caracterizam esses últimos materiais Que características apresentam e qual deverá ser seu design em um paradigma da aprendizagem interativa Os materiais digitais disponíveis mais evidentes mais usados e mais frequentemente citados na literatura acadêmica de referência são os ODAs objetos 18 Disponível em httpogloboglobocomriorocinhaganhaprimeiraescolaexperimental7708001 Acesso em 24012017 19 Não vamos aqui tocar em assuntos relativos à formação docente 20 Em texto anterior ROJO 2013 comparamos em termos de autonomia do professor livros compêndios manuais didáticos e apostilados a sequências didáticas materiais impressos usados no paradigma da aprendizagem curricular e também a livros didáticos digitais interativos LDDIs e protótipos didáticos materiais digitais destinados ao paradigma da aprendizagem interativa Neste texto ampliamos a discussão deste último conjunto a outros materiais digitais disponíveis em plataformas online como ODAs objetos digitais de aprendizagem disponíveis em repositórios ou indexados a livros didáticos impressos OEDs objetos de ensino digitais DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 13 digitais de aprendizagem e as propostas digitais de aulas e atividades que neles se baseiam Esses materiais se encontram por toda a Web mas são também curados organizados catalogados indexados e disponibilizados em repositórios públicos e gratuitos tais como o Portal do Professor e o Banco Internacional de Objetos EducacionaisBIOE ambos do MEC Ministério da Educação do Brasil a Plataforma Escola Digital mantida pelo Instituto Inspirare Instituto Natura e a Fundação TelefônicaVIVO e no caso do estado de São Paulo a Plataforma Currículo mantida pela SEESP21 Um ODA segundo Araújo 2013 sp é um recurso digital reutilizável que se presta a servir como ferramenta de ensino em diversos contextos educacionais e acrescenta ainda a autora citando Mendes Sousa e Caregnato 2004 que um ODA precisa apresentar a reusabilidade ser reutilizável diversas vezes em diversas situações e ambientes de aprendizagem b adaptabilidade ser adaptável a diversas situações de ensino e aprendizagem c granularidade apresentar conteúdo atômico para facilitar a reusabilidade d acessibilidade ser facilmente acessível via Internet para ser usado em diversos locais ou ainda ser potencialmente acessível a usuários com necessidades especiais e durabilidade apresentar possibilidade de continuar a ser usado independente de mudança de tecnologia f interoperabilidade apresentar possibilidade de operar através de variedade de hardwares sistemas operacionais e browsers ARAÚJO 2013 sp22 Suas características mais importantes seriam a granularidade que vai garantir sua reusabilidade No entanto apesar de uma definição tão restritiva que iria limitar os ODAs a um pequeno conjunto de objetos digitais didáticos tais como objetos animados 3D diagramas e esquemas gráficos e infográficos representações granulares os repositórios e plataformas estão cheios de HQs vídeos vídeoaulas animações games gamificações etc que embora não obedecendo a essas características são normalmente tratados como ODAs e incluídos em planos de aulas e propostas de atividades nesses mesmos repositórios Nesse sentido em que pesem os esforços de restringir as definições para caracterizar os objetos no limite qualquer objeto que circula na Web pode ser incluído como parte integrante de uma proposta de ensino transformandose assim em ODA 21 Outros estados da federação também mantêm plataformas digitais como por exemplo a Educopédia plataforma digital de aulas e atividades que incluem ODAs da SMERJ muitas delas como a de São Paulo customizadas a partir da Escola Digital como é o caso da Sala Web plataforma digital da SEE de Santa Catarina 22 Disponível em AcademiaEdu httpswwwacademiaedu6472457ReferênciaARAÚJONukáciaMAAVALIAÇÃODEOBJETO SDEAPRENDIZAGEMPARAOENSINODELÍNGUAPORTUGUESAANÁLISEDEASPE CTOSTECNOLÓGICOSOUDIDÁTICOPEDAGÓGICOS Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 14 A questão que aqui nos interessa é que os ODAs justamente por suas características de granularidade e reusabilidade relativas integram mas não constituem um plano de ensino do professor ou um material didático para o aluno Ele será isso sim objeto de explanação e discussão do professor paracom seus alunos objetivando atingir as metas de ensino de seu plano de aula ou programa Não alteram portanto por si sós as práticas e procedimentos típicos do paradigma da aprendizagem curricular Nesse sentido são muito diferentes de livros manuais e compêndios didáticos impressos que incluem propostas de ensino completas e articuladas a partir de um certo posicionamento autoral para cumprir as metas de ensinoaprendizagem de um período longo de pelo menos um ano de escolar Também são muito diferentes de sequências didáticas impressas modulares que embora se destinem a um ponto do programa anual em geral gêneros de texto e sejam muito mais restritas no tempo e no escopo também têm a pretensão de esgotar ou abordar satisfatoriamente para um momento do ensino um ponto específico do currículo Também nesse sentido poderíamos dizer que no caso dos materiais didáticos destinados ao ensinoaprendizagem de Língua Portuguesa os ODAs poderiam ser equiparados aos textos e imagens que se intercalam no discurso autoral do livro didático ou apostila desempenhando o papel de objetos de estudo Para usar um ODA esse discurso autoral do livro ou apostilado impresso será substituído por um discurso professoral que o cerca e emoldura e que nos repositórios é reencontrado nos planos de aula e atividades avulsos Em todo caso embora digital ele continua no lugar de um exemplar de objeto de ensino e não sendo alterada a perspectiva didática da prática de ensino do docente digital ou não continuará servindo ao paradigma de aprendizagem curricular Não será capaz por si só de instaurar novos multiletramentos ou uma pedagogia por design O que o faz é a apreciação de valor e o discurso docente ou autoral Nesse momento é que precisamos resgatar a discussão feita em meu texto anterior sobre o assunto ROJO 2013 em que contraponho a autonomia docente às condições de formação e de trabalho dos professores para poderem exercêla Mesmo nos letramentos da letra os professores necessitam de materiais impressos ou reproduzidos que possam guiar a reflexão dos alunos sobre os objetos de ensino em sala de aula ou em trabalho independente Necessitam deles pois têm pouco ou nenhum tempo remunerado para fazê lo e muitas vezes também carecem de formação para tal já que elaborar um material didático não é exatamente igual a dar uma aula e a formação inicial nos cursos de graduação não garante a formação nem para uma coisa nem para outra Quando iniciei minha carreira docente em salas de 6º e 8º anos e Ensino Médio da rede estadual paulista estaria completamente desvalida não fossem os livros didáticos Mas que tipo de material poderia então servir a práticas docentes do paradigma da aprendizagem interativa a um Webcurrículo e à formação do alunado para os novos DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 15 multiletramentos a partir de uma pedagogia por design Que outras características teriam para além de serem digitais e navegáveis Em texto anterior que já mencionei ROJO 2013 discuto os LDDI livros didáticos digitais interativos e os protótipos de ensino ROJO 2014 Aqui acrescento certos planos de aula e propostas de atividades disponíveis em repositórios ou plataformas e certas gamificações23 desde que obedeçam todos eles às características e à apreciação de valor da aprendizagem interativa em que as pessoas determinam o que elas precisam saber baseandose em suas participações em atividades em que essas necessidades surgem e em consulta a especialistas conhecedores inclusive mas não unicamente o professor e da pedagogia por design encaminhem um Webcurrículo e trabalhem os novos multiletramentos O termo interativo no nome dos LDDI não é pouco importante na medida em que indica a interatividade conectada que cada um desses materiais seja LDDI seja plano de aula gamificação etc precisa ter para que o usuário possa fazer suas escolhas mais interessantes de percurso assim como navegar pela Web Tratase de interatividade com a mídia e de interatividade com outros usuários remotos ou presentes no mesmo espaço físico conforme requer uma pedagogia colaborativa por design O menino que inventou este gênero didático se chama Mike Matas e se define como 23 Gamificação é o uso de mecânicas e dinâmicas de jogos games para engajar pessoas resolver problemas e melhorar o aprendizado motivando ações e comportamentos em ambientes fora do contexto de jogos Disponível em httpopuspherecom Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 16 Apresentação de Mike Matas em seu site Disponível em httpwwwmikematascomabout Acesso em 24012017 Como Mike mesmo diz em sua apresentação muito novo ele trabalhou como designer de interfaces de usuário para IPhone e IPad com Steve Jobs na Apple Computers Certamente foi lá que ele tomou contato com um projeto de então da Apple de construir uma ferramenta App de produção de livros digitais interativos principalmente didáticos que mais tarde seria lançado pela Apple como IBooks Author que ajuda o autor a criar livros digitais interativos para publicar no IBooks24 Antes do término deste projeto Mike saiu da Apple e criou sua própria startup a Push Pop Press uma casa editora digital Lá ele aperfeiçoou essa ferramenta de edição de livros digitais interativos na qual editou e publicou o livro de Al Gore sobre aquecimento global Our Choice Nossa Escolha Você pode fazer uma ideia de como o IBooks Author funciona e de como é o que ele edita vendo a apresentação que Mike fez na TEDTalks em 2011 apresentando a ferramenta e o livro de Al Gore Fala de Mike Matas na TEDTalks 2011 sobre o livro digital interativo Our Choice Al Gore editado pela Push Pop Press Disponível em httpswwwtedcomtalksmikemataslanguageen Acesso em 24012017 24 Ferramenta leitora App da Apple para os livros digitais em IOS DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 17 Como você pode ver na apresentação de Mike um livro digital interativo feito para telas de toque nada tem a ver com um EPub ou com um PDF publicado para leitores de EPub tablets ou smartphones É muito mais que isso pois permite abrigar várias ferramentas interativas vários ODAs infográficos e mapas animados vídeos videoaula animações 3D etc A casa editora de Mike foi comprada pelo FaceBook onde ele trabalhou como designer digital Mas em janeiro de 2012 possivelmente inspirada pelo que Mike mostrou no TEDTalks a Apple finalmente lançou o IBooks Author ferramenta App de edição de livros digitais interativos bem menos potente que a de Mike mas ainda assim gratuita para usuários Mac e muito eficiente permitindo vários elementos multissemióticos hipermidiáticos e interativos na construção dos livros que podem ser exportados como IBooks com todas as funcionalidades ou como PDFs interativos perdendo algumas delas Evidentemente livros digitais e ferramentas de edição como essas facilitam muito a produção de materiais didáticos eficientes para a proposta que aqui defendo pois permitem interatividade com o material navegação multissemiose e hipermídia de maneira muito fácil semelhante à edição de um PowerPoint Atendem pois a muitos requisitos de um material didático adequado a um Webcurrículo e a um paradigma de aprendizagem interativa No entanto somente o texto autoral e sua condução de réplica ativa lhes permitirá uma pedagogia por design Explicome Com essa mesma ferramenta interativa hipermidiática multissemiótica navegável posso produzir um LDDI em que somente o discurso autoralprofessoral ecoa como no livro didático tradicional servindo ao paradigma da aprendizagem curricular É preciso que seja aberto espaço no próprio material didático para o discurso do professor e dos alunos em colaboração para que o material possa servir ao paradigma da aprendizagem interativa Aí é que entra a ideia de protótipo ROJO 2013 Objetos interativos multisse mióticos e hipermidiáticos permitidos nos IBooks editados em IBooks Author DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 18 E o que é um protótipo25 Bem um protótipo em resumo é um material navegável e interativo como explicado acima mas com um discurso autoralprofessoral que conduza os alunos a um trabalho digital aberto investigativo e colaborativo mediado pelo professor e que abra a esse professor possibilidades de escolha de acervos alternativos ao acervo principal da proposta didática de maneira a poder acompanhar o trabalho colaborativo dos alunos A melhor maneira de explicálo26 no pouco espaço de que agora disponho é mostrar um deles Assim escolho o Protótipo nº 16 A história do nosso bairronossa comunidade versão do professor elaborado para 4º ano do Ensino Fundamental27 Ao lêlo peço que observem os aspectos discutidos neste texto as instruções alternativas ao professor para a troca do acervo indicado como por exemplo à p 11 ou p 21 os trabalhos colaborativos e investigativos propostos a alunos e professores a multissemiose e hipermidialidade dos trabalhos propostos etc Espero que o conjunto das discussões aqui feitas tenham podido dar a você leitora uma visão mais clara do que podemos afinal fazer para entrarmos no século XXI na escola e no ensino de línguas e linguagens e para caminharmos na direção de um Webcurrículo e de um paradigma da aprendizagem interativa Uma das decisões principais a serem tomadas é como diria Ronaldo Lemos deixarmos de lado um pouco o nosso apego excessivo ao texto Referências Bibliográficas ALMEIDA M E B A tecnologia precisa estar presente na sala de aula Entrevista concedida ao portal Educar para Crescer SP Abril SA 2014 sp Disponível em 25 Na Engenharia de Software protótipo é um sistemamodelo um website ou outro software sem funcionalidades inteligentes acesso à banco de dados por exemplo podendo conter apenas funcionalidades gráficas Utilizado para fins de ilustração e melhor entendimento geralmente em reuniões entre a equipe de Análise de Sistemas e o contratante Disponível em httpsptwikipediaorgwikiProtótipo Acesso em 24012017 26 Ver a respeito Rojo 2013 27 Este Protótipo 16 pertence a uma série de 20 protótipos de ensino para os multiletramentos feitos para os alunos e professores do 1º ao 5º anos do EF1SEESP quatro por ano por uma equipe de orientandos por mim coordenada Protótipo nº 16 A história do nosso bairronossa comunidade 4º ano ProfessorSEESP Disponível em httpsgooglitIkIr Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 19 httpeducarparacrescerabrilcombrgestaoescolartecnologianaescola618016shtml Acesso em 24012017 ARAÚJO N M S A avaliação de objetos de aprendizagem para o ensino de Língua Portuguesa Análise de aspectos tecnológicos ou didáticopedagógicos In ARAÚJO J ARAÚJO N Orgs Ead em tela Docência ensino e ferramentas digitais Campinas Pontes 2013 sp Disponível em httpswwwacademiaedu6472457ReferênciaARAÚJONukáciaMAAVALIAÇ ÃODEOBJETOSDEAPRENDIZAGEMPARAOENSINODELÍNGUAPO RTUGUESAANÁLISEDEASPECTOSTECNOLÓGICOSOUDIDÁTICO PEDAGÓGICOS Acesso em 24012017 BRUNS A From Prosumer to Produser Understanding UserLed Content Creation In Transforming Audiences 2009 34 Sep London 2009 Disponível em httpeprintsquteduau27370 Acesso em 24012017 CHARTIER R A aventura do livro Do leitor ao navegador São Paulo SP Editora da UNESPImprensa Oficial 19971977 CHERVEL A História das disciplinas escolares Reflexões sobre um campo de pesquisa Teoria Educação 2 pp 177229 1990 COPE B KALANTZIS M Eds Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures NY Routledge 20062000 GARCÍACANCLINI N Culturas Híbridas estratégias para entrar e sair da modernidade São Paulo EDUSP 1997 Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão LANKSHEAR C KNOBEL M 2007 Sampling the New in New Literacies In Knobel M Lankshear C Eds A New Literacies Sampler New York Peter Lang 2007 pp 124 LEMKE J Letramento metamidiático Transformando significados e mídias Trabalhos em Linguística Aplicada vol 492 Campinas SP DLAIELUNICAMP 2010 p 117 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0103 18132010000200009lngennrmisotlngpt Acesso em 18042016 MORAN J Aprendizagem significativa Disponível em httpwwwecauspbrprofmoransitetextoseducacaoinovadorasignificativapdf Acesso em 01022017 RJEDUCAÇÃO GENTE Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais RJ PrefeituraEducaçãoUNESCO sd Disponível em httpgenterioeducanet acesso em 18042016 ROJO R H R Pedagogia dos Multiletramentos Diversidade cultural e de linguagens na escola In Rojo R H R Moura E Orgs Multiletramentos na Escola SP Parábola 2012 pp 1132 Materiais didáticos no ensino de línguas In MoitaLopes L P Org Linguística Aplicada na Modernidade Recente Festschrift para Antonieta Celani São Paulo SP Parábola EditorialCultura Inglesa 2013 pp 163196 Multiletramentos novos letramentos e ensino de Língua Portuguesa Escol conectad Projeto Ref Nº 30291220134 Bolsa Produtividade Científica 1C Brasília DF CNPq 20142018 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 20 Roxane Rojo has a degree in PortugueseFrench Language Arts and Literature from the Universidade Presbiteriana Mackenzie a masters and a doctorate in Applied Linguistics to Language Teaching from PUCSP She completed postdoctoral studies in Mother Language Didactics at the Université de Genève Switzerland under the supervision of Prof Dr JeanPaul Bronckart Currently she is a full professor at the Department of Applied Linguistics at UNICAMP and researcher 1C at CNPq She works mainly in the following subjects multi literacy discourse genres teachinglearning of Portuguese Language and evaluation and elaboration of didactic materials Email rrojoielunicampbr
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DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 1 ENTRE PLATAFORMAS ODAS E PROTÓTIPOS NOVOS MULTILETRAMENTOS EM TEMPOS DE WEB21 Between Platforms ODAs and Prototypes New multiliteracies in WEB2 times Roxane ROJO Universidade Estadual de Campinas Campinas São Paulo Brasil RESUMO Neste artigo buscamos discutir e contrastar diferentes dispositivos e tipos de materiais didáticos digitais segundo critérios pautados nos conceitos de paradigma da aprendizagem curricular e paradigma da aprendizagem interativa LEMKE 2010 tais como ODA OED e seus repositórios ou referatórios gamificações livros didáticos digitais interativos LDDI e protótipos de ensino Diferentemente dos materiais impressos esses materiais digitais são enfocados como uma contribuição na direção de um webcurrículo que combina o currículo da letra e do impresso aos multiletramentos e novos letramentos contemporâneos PALAVRASCHAVE Materiais Didáticos Digitais Webcurrículo Novos Letramentos Multiletramentos ABSTRACT In this article we aim to discuss and contrast different devices and types of digital didactic material according to criteria based on the concepts of curricular learning paradigm and interactive learning paradigm LEMKE 2010 such as DLO DEO and their repositories or referrals gamification digital interactive textbooks DIT and teaching prototypes Unlike printed materials these digital materials are focused as a contribution toward a web curriculum which combines the curriculum of the print era with multiliteracies and new contemporary literacies KEYWORDS Digital Didactic Materials Web Curriculum New Literacies Multiliteracies 1 Agradeço o suporte do CNPq ao Projeto Ref Nº 30291220134 intitulado Multiletramentos novos letramentos e ensino de Língua Portuguesa Escol conectad que dá base às discussões deste texto DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 2 A escola precisa reaprender a ser uma organização efetivamente significativa inovadora empreendedora A escola é previsível demais burocrática demais pouco estimulante para os bons professores e alunos Não há receitas fáceis nem medidas simples Mas essa escola está envelhecida nos seus métodos procedimentos currículos A maioria das escolas e universidades se distanciam velozmente da sociedade das demandas atuais Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado A escola precisa partir de onde o aluno está das suas preocupações necessidades curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida com o cotidiano Uma escola centrada efetivamente no aluno e não no conteúdo que desperte curiosidade interesse Precisa de bons gestores e educadores bem remunerados e formados em conhecimentos teóricos em novas metodologias no uso das tecnologias de comunicação mais modernas A escola precisa cada vez mais incorporar o humano a afetividade a ética mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real Mesmo compreendendo as dificuldades brasileiras a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país MORAN 2008 Aprendizagem significativa Imagine um mundo em que seu dia começa com sua smart TV despertando você e acionando os vidros da janela para clarearem e deixarem entrar a luz Você então se levanta e toca a tela plana da TV para ver como está o trânsito lá fora Ao escovar os dentes no banheiro você aproveita para organizar sua agenda e responder ao WhatsApp no espelho Ao preparar o café da manhã abre a geladeira em cuja porta há fotos digitais e vídeos de seus filhos para pegar alguns ovos Na bancada da cozinha enquanto prepara uma omelete você pode assistir ao jornal matinal controlar a temperatura do fogão elétrico e ao receber em seu celular uma chamada de sua mãe basta colocálo sobre a bancada para que a chamada de vídeo possa ser vista e respondida por todos na própria bancada Ao sair para o trabalho o GPS de seu carro traça e exibe as melhores rotas a partir de dados sobre o trânsito e se comunica com as placas digitais de sinalização da cidade enquanto você aproveita para responder no viva voz as chamadas e mensagens mais importantes acumuladas Seus filhos dirigemse ao ponto de ônibus e ao encostarem o celular com o endereço do lugar a que precisam ir na placa digital do ponto esta lhes indica o melhor ônibus e exibe o mapa de seu trajeto na cidade caso queiram ir a pé ou DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 3 de bicicleta Encostando novamente o celular na placa eles transferem este mapa para ele para não se perderem No seu trabalho a pauta do dia é fechar uma edição da revista de moda ou a planta arquitetônica para o cliente das 14h ou o planejamento didático do material das aulas da próxima quinzena etc Para isso você e sua equipe reúnemse em torno da ampla mesa digital que já exibe boa parte do material necessário textos fotos imagens vídeos diagramas tabelas mapas objetos digitais etc e que com um gesto ou toque de dedo busca outros e os acrescenta Esses materiais durante a reunião podem ser deslocados reformados e editados coletivamente até chegarem ao resultado visado Participam da reunião por videoconferência dois colegas cada um de um lado do mundo A mesa se comunica com a lousa ou telão digital que exibe para todos os videoconferencistas e os resultados do trabalho conjunto A noite para descansar você e sua família podem escolher ler um livro digital ou assistir a filmes ou vídeos na ampla tela da smart TV da sala que projeta hologramas 3D das imagens escolhidas Parece ficção científica Mas não é quase tudo isso já existe e o que ainda falta é atualmente objeto de pesquisa acelerada dos grandes fabricantes de dispositivos de telas de toque e de engenheiros e cientistas2 Tudo isso que narrei acima pode por exemplo ser visto em um vídeo promocional3 intitulado Um dia feito de vidro4 que já teve mais de 25760000 acessos na Internet de uma empresa fabricante de vidros e cerâmicas para dispositivos digitais de tela de toque5 Quase todas estas coisas mencionadas acima já se encontram disponíveis e funcionando para que as tenhamos em casa vidros inteligentes smart fones smart TV telas de toque de todos os tipos em dispositivos portáteis como notebooks celulares ou tablets e fixos como computadores de mesa lousas telões painéis e mesas digitais Ainda são extremamente caros mas pelo menos no que tange a celularessmart fones e tablets têm barateado aceleradamente Outro problema é que para serem eficientes precisam de boa banda de conexão sem fio e nossas cidades e prédios públicos mesmo as universidades ainda estão muito longe de estarem devidamente conectados por um certo descaso das autoridades para com isso O terceiro e maior problema é que ficamos fortemente dependentes da energia até o momento principalmente elétrica a tal ponto que nos sentimos desvalidos isolados e incomunicáveis quando falta luz Seria pois também preciso implementar políticas energéticas sustentáveis energia eólica solar 2 Por exemplo a projeção holográfica de imagens 3D e a conexão direta via wireless entre diferentes dispositivos como computadores lousas telões tablets e celulares sem precisar dar uploads e downloads de arquivos para as nuvens 3 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchv6Cf7ILeZ38 acesso em 24012017 4 A day made of glass 5 Corning Incorporated DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 4 Mas o que tem tudo isso a ver com o tema e o título deste texto Bem é que se a tendência de nossa vida em grandes centros urbanos parece ser essa e se a vida de nossos alunos começa a ser assim como pode a escola continuar ignorando esses fatos Como dizia Ronaldo Lemos em novembro de 2011 em um vídeo do MODMTv6 um dos problemas da educação no mundo de hoje é o apego excessivo ao texto a expressão de ideias não acontece mais só escrevendo alguma coisa A vida ela é muito mais multimídia hoje em dia Isso significa que não basta mais a escola enfatizar os letramentos da letra ou do impresso e os gêneros discursivos da tradição e do cânone É urgente enfocar os multiletramentos7 e os novos letramentos8 que circulam na vida contemporânea de nossos alunos A maior parte dos gêneros discursivos que estão presentes nas atividades letradas que mencionei em minha descrição do vídeo feita acima incorpora textos escritos mas não unicamente e nem principalmente Apresentam também diagramas tabelas campos formulários boxes como emails torpedos e agendas ou fotos imagens mapas plantas vídeos animações sons música fala e uma multidão de outras linguagens Isso quer dizer que as capacidades de leitura e escrita dos letramentos da letra ou do impresso não são mais suficientes para a vida contemporânea Assim não bastam mais para compor os currículos nas escolas Os cenários futuros9 para as escolas devem incluir a leitura e escrita de gêneros discursivos multissemióticos compostos por todas essas linguagens ou semioses para 6 Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvWUTlPB7Kz0 acesso em 24012017 7 Multiletramentos são as práticas de trato com os textos multimodais ou multissemióticos contemporâneos majoritariamente digitais mas também impressos que incluem procedimentos como gestos para ler por exemplo e capacidades de leitura e produção que vão muito além da compreensão e produção de textos escritos pois incorporam a leitura e reprodução de imagens e fotos diagramas gráficos e infográficos vídeos áudio etc 8 Novos letramentos ou letramentos digitais são um subconjunto dos multiletramentos definido segundo Lankshear e Knobel 2007 pela nova tecnologia digital adotada mas não principalmente O que define fundamentalmente os novos letramentos segundo os autores é um novo ethos isto é uma nova maneira de ver e de ser no mundo contemporâneo que prioriza a interatividade a colaboração e a redistribuição do conhecimento ao invés da hierarquia da autoria e da posse controlada e vigiada do conhecimento por diversas agências como a escola as editoras e a universidade 9 Eu diria presentes FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnX LB0 acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 5 significar e funcionar e os multiletramentos e novos letramentos requeridos pelas práticas letradas em que eles estão inseridos Outro exemplo este sim de um cenário ainda futuro mas futuro próximo espero pode ser encontrado no segundo vídeo promocional da empresa fabricante de vidros Um dia feito de vidro 2 Mesmo dia10 que continua mostrando o dia da família desta vez com foco no cotidiano não da esposa mas do marido médico e das filhas estudantes As meninas naturalmente vão à escola E qual o cenário de futuro desta escola Bem as meninas chegam a uma escola de Ensino Fundamental alimentada a energia solar e a turma ao entrar na sala de aula instala seus tablets um por aluno conectados à lousa digital atrás da professora que ativa na tela as atividades do dia escolhendo uma atividade de Ciências voltada para o objeto de ensino luz que inclui para a atividade do dia o conteúdo dos espectros de cores como efeito da luz O que aparece na lousa da professora também acontece nos tablets dos alunos Para trabalhar com o espectro de cores a professora na lousa digital ativa a mesa interativa e apaga as luzes Passando com a turma ao trabalho na mesa digital a professora inicia o aplicativo de espectro de cores e imediatamente a turma colaborativamente começa a fazer experimentações de misturas e efeitos de cores em fotos e a investigar e tirar conjunta e ativamente conclusões Na aula seguinte outro professor leva os alunos a um estudo do meio em um Parque Florestal Estadual digitalmente equipado11 para os alunos estudarem os dinossauros Por meio da tela digital de vidro transparente vídeosanimações de dinossauros em tamanho real são integrados à paisagem exibindo seu modo de vida na natureza Com seus tablets os 10A day made of glass 2 Same day Disponível em httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnXLB0 acesso em 06052016 11Parece futurologia mas também não é por exemplo o Museu de História Natural de Londres assim como o extinto Museu da Língua Portuguesa em São Paulo já dispõe há alguns anos de equipamentos e aplicativos digitais semelhantes Confira em httpwwwnhmacukourscienceourworkdigital museumhtml acesso em 24012017 FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNnX LB0 acesso em 24012017 FONTE httpwwwyoutubecomwatchvjZkHpNn XLB0 acesso em 06052016 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 6 alunos podem ativar a presença no Parque do dinossauro escolhido filmálo e fotografá lo interagir com ele fazendo investigações e tirando conclusões que serão depois sistematizadas pelos professores À noite em casa as meninas podem mostrar à mãe na smart TV ou nos tablets o que estudaram sobre o modo de vida dos dinossauros e o espectro de cores O que nos interessa aqui em termos de cenários futuros para as escolas é menos o espetaculoso da tecnologia já existente mas ainda um tanto cara para nós mas a metodologia de ensinoaprendizagem e os multiletramentos e gêneros que ela incorpora típicos dos novos letramentos um aluno que estudasse assim certamente estaria mais preparado para a vida investigativa e colaborativa do mundo contemporâneo Lúcia Santaella em seu livro Culturas e artes do póshumano propõe uma divisão das eras culturais em seis tipos de formações SANTAELLA 2010 p 13 que pode nos ajudar a compreender como as práticas de letramento e em especial interessamme aqui as práticas escolares de letramento se alteram com as mudanças tecnológicas Essas eras culturais são a cultura oral a cultura escrita a cultura impressa a cultura de massas a cultura das mídias e a cultura digital Vejamos como esses conceitos de Santaella podem nos ajudar a compreender a realidade das nossas práticas escolares de letramento e os desafios postos para nós na era digital Na era da cultura oral não havia nem escola nem ensino tais como os compreendemos hoje A escola e o ensino como bem diz Lahire 1993 são instituição e práticas derivadas da lógica da cultura da escrita Há na Internet um vídeo de animação A história das tecnologias na educação12 que mostra bem como as diversas tecnologias do quadro negro aos celulares tablets e lousas digitais foram adentrando as escolas e modificando as práticas conforme as eras mencionadas por Santaella Vale a pena ver Esse vídeo data do século XVII a educação pública ainda oral e o aparecimento da escrita em sala de aula o quadro negro de 1700 Mas a cultura do impresso isto é o livro e os textos mimeografados ou xerocados somente adentram a escola no final do século XIX e no século XX Nesses séculos consolidaramse na escola práticas de letramento próprias das funções da escola e das mentalidades letradas neste período A cópia do quadro negro e depois do livro o ditado as questões fechadas de avaliação 12The history of technology in education Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvUFwWWszX9s Acesso em 24012017 FONTE The history of technology in education Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvUFwW WszX9s Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 7 baseadas em localização de trechos escritos as chamadas orais as provas os seminários as descrições à vista de gravura as narrações ou histórias as dissertações todas essas eram e são práticas da escola da modernidade em que o ensino visava disciplinar corpo linguagem e mente CHERVEL 1990 e em que o texto escrito ou impresso convoca práticas letradas muito específicas de confiança respeito e repetiçãoreprodução de reverência Essas práticas embora modificadas permanecem ainda hoje fortemente na escola pois nem a escrita nem os impressos e nem essa mentalidade escolar disciplinadora desapareceram ainda são úteis à sociedade Em minha opinião tanto as tecnologias da cultura de massas rádio e TV como as da cultura das mídias retroprojetores episcópios reprodutores de videocassete e de fitas cassete etc penetraram fraca lateral e incidentalmente na escola e nunca foram incorporadas constitutivamente ao currículo e às práticas letradas escolares fundantes da cultura escrita e impressa a escola é ainda hoje principalmente um lugar de oralização do escrito e do impresso No entanto nas casas do século XX segunda metade essas são tecnologias onipresentes e extremamente importantes na vida cotidiana das pessoas em geral e dos alunos em particular A cultura de massas preserva a unidirecionalidade de um para muitos as massas sem possibilidades de retroalimentação das culturas do escrito e do impresso Mas a cultura das mídias não Pela primeira vez na história eu posso adequar os bens de consumo simbólicos filmes vídeos músicas etc ao meu gosto e às minhas coleções GARCÍACANCLINI 20081997 alugo o filme que quero gravo fitas de minhas músicas preferidas ao invés de ficar submetida ao que me oferecem as culturas do impresso e de massas Isso de certa forma preparounos para a cultura digital aumentou nossa capacidade de decisão escolha e seleção de que produtos culturais preferíamos ler ver ou consumir e com isso nosso raio de ação e influência sobre a produção cultural Também nos levou a práticas multiletradas de leitura de textos escritos impressos ou não mas também de imagens em movimento vídeos e filmes e de áudio Mas a escola não incorporou centralmente essas linguagens em suas práticas atevese como os impressos à imagem estática foto ilustração etc quando muito Com isso de certa forma os multiletramentos ainda não adentraram a escola13 A quarta revolução da escrita como a chama Chartier 1997 a cultura digital põe por terra todo o edifício de práticas letradas cultuadas e perpetuadas pela escola Nela o leitor não é mais reverente ao texto concentrado e disciplinado mas disperso plano navegador errante não é mais receptor ou destinatário sem possibilidade de resposta mas comenta curte redistribui remixa As fronteiras entre leitura e autoria se esfumaçam Surge o lautor ROJO 2012 ou o produsuário BRUNS 2009 Posso dizer que nem 13 Como teremos oportunidade de ver no breve relato dos resultados da pesquisa anterior sobre os livros didáticos e os multiletramentos DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 8 as tecnologias digitais e nem os novos multiletramentos da cultura digital efetivamente chegaram ainda às práticas escolares que continuam aferradas ao impresso e a suas práticas No entanto essas são as práticas letradas das pessoas dos trabalhadores e dos cidadãos do século XXI em diante Convido como uma introdução o leitor a refletir sobre a urgência de incorporar essas práticas mentalidades e novos multiletramentos à escola o quanto antes de maneira a formar pessoas cidadãos e trabalhadores para o século em que estamos Como pergunta o vídeo de animação que mencionei antes Como você vai moldar a sala de aula de amanhã O ensino como fica Vamos então agora refletir um pouco sobre as relações entre ensino currículo e tecnologias É óbvio que diferentes tecnologias e culturas tecnológicas sempre estiveram a serviço de diversas práticas sociais Para nos mantermos no âmbito da escola e do ensino podemos pensar que a lousa e giz típicos da cultura da escrita ou mesmo a lousa digital e o toque na tela ou o notebook conectado ao datashow e projetado na tela típicos da cultura digital estão a serviço de uma prática letrada de ensino de um para muitos que transmite conhecimento a um receptor almejado como passivo e com o conteúdo sob controle do professor Neste caso estamos no campo de um currículo estabelecido de um ensino nos moldes tradicionais ainda que esses se utilizem de tecnologias digitais de ponta Já os livros didáticos apostilas e materiais didáticos impressos tecnologias da cultura do impresso assim como os laboratórios de informática escolares e muitas vezes o uso individual que se dá a tablets na escola destinamse a um suporte à aprendizagem em geral individual de conteúdos que podem introduzir complementar ou fixar o ensino de um para muitos Essas são práticas ligadas a um ensino que podemos considerar tradicional e em geral a um currículo estabelecido a partir de uma pedagogia de transmissão do conhecimento Como diz Lemke 2010 p 7 a serviço das tradições logocêntricas escolares Lemke 2010 distingue dois paradigmas de aprendizagem um ligado à modernidade e outro ligado à modernidade tardia o paradigma da aprendizagem curricular e o paradigma da aprendizagem interativa Segundo o autor o paradigma de aprendizagem curricular é dominante em instituições tais como escolas e universidades O paradigma curricular assume que alguém decidirá o que você precisa saber e planejará para que você aprenda tudo em uma ordem fixa e em um cronograma fixo Este é o paradigma do capitalismo industrial e da produção de massa baseada na DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 9 fábrica Desenvolveuse simultaneamente a eles e em acordos filosóficos muito próximos dá suporte às suas redes mais amplas de emprego e carreira e se assemelha a eles em autoritarismo planejamento de cima para baixo rigidez escala econômica e incompatibilidades gerais ao novo mundo baseado no capitalista veloz veja abaixo Por parte dos alunos há ampla recusa e resistência e seus resultados finais promovem pouco mais de utilidade demonstrada no mundo não acadêmico do que promovem alguns letramentos textuais e certificados de membro da classe média O paradigma da aprendizagem interativa domina instituições como as bibliotecas e os centros de pesquisa Assumese que as pessoas determinam o que elas precisam saber baseandose em suas participações em atividades em que essas necessidades surgem e em consulta a especialistas conhecedores que eles aprendem na ordem que lhes cabe em um ritmo confortável e em tempo para usarem o que aprenderam Este é o paradigma da aprendizagem das pessoas que criaram a internet e o ciberespaço É o paradigma mais do acesso à informação do que da imposição à aprendizagem É o paradigma de como pessoas com poder e recursos escolhem aprender Seu resultado final é geralmente satisfatório para o aprendiz e frequentemente útil para os negócios ou para a academia Este é talvez também o paradigma do capitalismo veloz GEE 1996 em que as economias baseadas na produção e circulação de informações favorecem a mudança rápida de grupos de trabalho de indivíduos flexíveis engajados em projetos que produzem resultados na hora certa just in time para consumidores de nichos mercadológicos E tende a produzir menos aprendizagem comum entre os membros da sociedade favorecendo a especialização em educação de artes liberais LEMKE 2010 pp 910 A menção do autor a indivíduos flexíveis engajados em projetos que produzem resultados chama a atenção para uma aprendizagem ensejada por projetos de trabalho visando a um fim muitas vezes colaborativos e quase sempre transdisciplinares Esse tipo de aprendizagem exige uma mudança das relações entre professores e alunos que deixam de ser de transmissão e passam a ser de colaboração designando ao professor um papel mediador de aprendizagens autônomas e colaborativas Exige pois uma outra pedagogia Cope e Kalantzis 20062000 chamam a essa pedagogia pedagogia dos multiletramentos14 que definem como sendo uma pedagogia por design na qual os estudantes precisam se apropriar dos designs digitais disponíveis isto é precisam é claro ter conhecimento prático e competência técnica para ser um usuário funcional mas somente isso não basta é preciso também ser um leitor um analista crítico desses designs 14 Para saber mais a respeito veja Rojo 2012 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 10 disponíveis textos infográficos vídeos de diversos tipos esquemas imagens estáticas games etc Mas uma pedagogia dos multiletramentos não se esgota nos designs disponíveis ela busca conhecêlos e analisálos criticamente para a partir deles chegar ao redesign isto é a uma produção que se apropria do disponível conhecido para criar sentidos transformados e transformadores Veja o diagrama Tradução da autora O segundo tipo de aprendizagem também impacta o currículo que deixa de ser uma lista de conteúdos a serem ensinados e que se julga que contribuirão para a vida no trabalho na vida pessoal e na vida cidadã currículo estabelecido15 e se constituirá de uma série de projetos com finalidades e circulação efetivas que exigem colaboração produção própria e não reprodução e circulação dos resultados úteis à finalidade visada Finalmente o segundo tipo de aprendizagem impacta o tipo de presença e uso das tecnologias digitais na escola e na sala de aula Almeida 2014 em entrevista ao Educar para Crescer16 movimento em favor da educação ligado à Editora Abril vai defender um Webcurrículo ou seja o currículo que 15 Claro que sempre poderemos nos perguntar em que proparoxítonas poderiam impactar a competência no trabalho a ética interpessoal ou cidadã mas 16 Disponível em httpeducarparacrescerabrilcombrgestaoescolartecnologianaescola 618016shtml Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 11 se desenvolve por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação especialmente mediado pela internet Uma forma de trabalhálo é informatizar o ensino ao colocar o material didático na rede Mas o webcurrículo vai além disso ele implica a incorporação das principais características desse meio digital no desenvolvimento do currículo Isto é implica apropriarse dessas tecnologias em prol da interação do trabalho colaborativo e do protagonismo entre todas as pessoas para o desenvolvimento do currículo É uma integração entre o que está no documento prescrito e previsto currículo estabelecido com uma intencionalidade de propiciar o aprendizado de conhecimentos científicos com base naquilo que o estudante já traz de sua experiência O webcurrículo está a favor do projeto pedagógico Não se trata mais do uso eventual da tecnologia mas de uma forma integrada com as atividades em sala de aula ALMEIDA 2014 pp 12 No caso de um conjunto tecnológico escolar voltado a um webcurrículo e a uma aprendizagem interativa colaborativa e protagonista ele não poderá ter as características que imperam em um laboratório de informática escolar por exemplo com suas máquinas individuais baixas bandas de conexão quando existentes e dispositivos instalados em linha e coluna que impedem a interação Seria mais adequado ter smartphones tablets netbooks ou notebooks um ou dois por grupos com uma banda boa de conexão e um professor que disponha de algum meio de totalização seja um datashow uma TV ou uma lousa digital17 E uma disposição espacial dos mobiliários que favoreça o trabalho coletivo como foi o caso do GENTE Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais escola municipal carioca localizada na favela da Rocinha RJ Imagem disponível em httpgenterioeducanet Acesso em 24012017 17 Ver resultados da CETICEducação 2013 Disponível em httpwwwceticbrmediadocspublicacoes2ticeducacao2013pdf Acesso em 01022017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 12 Diz a matéria que dá conta da implantação desta experiência educacional de webcurrículo Divididos entre duas amplas salas de aula e uma sala de leitura os 180 alunos reunidos em grupos de seis entretêmse com exercícios vídeos e jogos educativos apresentados em netbooks cada um tem o seu A escola conta ainda com laboratório de ciências quadra poliesportiva piscina e refeitório As apostilas e os cadernos não foram deixados de lado mas a tecnologia é a grande aliada do modelo educacional que prevê metas semanais de aprendizagem focadas nas necessidades de cada aluno É como se fosse um mundo da fantasia resume Micael de 17 anos A gente nem sente o tempo passar18 Há pois diversas maneiras de as tecnologias da informação e da comunicação TDIC se relacionarem com o currículo e a pedagogia escolar diversos usos que se pode fazer dessas tecnologias alguns bem mais interessantes que outros No entanto para poder fazêlo é preciso que o professor seja formado para isso19 e que disponha de materiais didáticos digitais visando a esses usos E aqui chegamos a nosso tema central Que ofertas de materiais tem o professor para esse contexto Como podemos avançar nessa oferta Materiais didáticos para os novos multiletramentos Assim como no paradigma da aprendizagem curricular o professor dispõe de compêndios manuais livros e sequências didáticas apostilados20 etc também o professor imerso no paradigma da aprendizagem interativa precisará dispor de materiais didáticos digitais adequados à aprendizagem interativa e colaborativa Como se caracterizam esses últimos materiais Que características apresentam e qual deverá ser seu design em um paradigma da aprendizagem interativa Os materiais digitais disponíveis mais evidentes mais usados e mais frequentemente citados na literatura acadêmica de referência são os ODAs objetos 18 Disponível em httpogloboglobocomriorocinhaganhaprimeiraescolaexperimental7708001 Acesso em 24012017 19 Não vamos aqui tocar em assuntos relativos à formação docente 20 Em texto anterior ROJO 2013 comparamos em termos de autonomia do professor livros compêndios manuais didáticos e apostilados a sequências didáticas materiais impressos usados no paradigma da aprendizagem curricular e também a livros didáticos digitais interativos LDDIs e protótipos didáticos materiais digitais destinados ao paradigma da aprendizagem interativa Neste texto ampliamos a discussão deste último conjunto a outros materiais digitais disponíveis em plataformas online como ODAs objetos digitais de aprendizagem disponíveis em repositórios ou indexados a livros didáticos impressos OEDs objetos de ensino digitais DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 13 digitais de aprendizagem e as propostas digitais de aulas e atividades que neles se baseiam Esses materiais se encontram por toda a Web mas são também curados organizados catalogados indexados e disponibilizados em repositórios públicos e gratuitos tais como o Portal do Professor e o Banco Internacional de Objetos EducacionaisBIOE ambos do MEC Ministério da Educação do Brasil a Plataforma Escola Digital mantida pelo Instituto Inspirare Instituto Natura e a Fundação TelefônicaVIVO e no caso do estado de São Paulo a Plataforma Currículo mantida pela SEESP21 Um ODA segundo Araújo 2013 sp é um recurso digital reutilizável que se presta a servir como ferramenta de ensino em diversos contextos educacionais e acrescenta ainda a autora citando Mendes Sousa e Caregnato 2004 que um ODA precisa apresentar a reusabilidade ser reutilizável diversas vezes em diversas situações e ambientes de aprendizagem b adaptabilidade ser adaptável a diversas situações de ensino e aprendizagem c granularidade apresentar conteúdo atômico para facilitar a reusabilidade d acessibilidade ser facilmente acessível via Internet para ser usado em diversos locais ou ainda ser potencialmente acessível a usuários com necessidades especiais e durabilidade apresentar possibilidade de continuar a ser usado independente de mudança de tecnologia f interoperabilidade apresentar possibilidade de operar através de variedade de hardwares sistemas operacionais e browsers ARAÚJO 2013 sp22 Suas características mais importantes seriam a granularidade que vai garantir sua reusabilidade No entanto apesar de uma definição tão restritiva que iria limitar os ODAs a um pequeno conjunto de objetos digitais didáticos tais como objetos animados 3D diagramas e esquemas gráficos e infográficos representações granulares os repositórios e plataformas estão cheios de HQs vídeos vídeoaulas animações games gamificações etc que embora não obedecendo a essas características são normalmente tratados como ODAs e incluídos em planos de aulas e propostas de atividades nesses mesmos repositórios Nesse sentido em que pesem os esforços de restringir as definições para caracterizar os objetos no limite qualquer objeto que circula na Web pode ser incluído como parte integrante de uma proposta de ensino transformandose assim em ODA 21 Outros estados da federação também mantêm plataformas digitais como por exemplo a Educopédia plataforma digital de aulas e atividades que incluem ODAs da SMERJ muitas delas como a de São Paulo customizadas a partir da Escola Digital como é o caso da Sala Web plataforma digital da SEE de Santa Catarina 22 Disponível em AcademiaEdu httpswwwacademiaedu6472457ReferênciaARAÚJONukáciaMAAVALIAÇÃODEOBJETO SDEAPRENDIZAGEMPARAOENSINODELÍNGUAPORTUGUESAANÁLISEDEASPE CTOSTECNOLÓGICOSOUDIDÁTICOPEDAGÓGICOS Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 14 A questão que aqui nos interessa é que os ODAs justamente por suas características de granularidade e reusabilidade relativas integram mas não constituem um plano de ensino do professor ou um material didático para o aluno Ele será isso sim objeto de explanação e discussão do professor paracom seus alunos objetivando atingir as metas de ensino de seu plano de aula ou programa Não alteram portanto por si sós as práticas e procedimentos típicos do paradigma da aprendizagem curricular Nesse sentido são muito diferentes de livros manuais e compêndios didáticos impressos que incluem propostas de ensino completas e articuladas a partir de um certo posicionamento autoral para cumprir as metas de ensinoaprendizagem de um período longo de pelo menos um ano de escolar Também são muito diferentes de sequências didáticas impressas modulares que embora se destinem a um ponto do programa anual em geral gêneros de texto e sejam muito mais restritas no tempo e no escopo também têm a pretensão de esgotar ou abordar satisfatoriamente para um momento do ensino um ponto específico do currículo Também nesse sentido poderíamos dizer que no caso dos materiais didáticos destinados ao ensinoaprendizagem de Língua Portuguesa os ODAs poderiam ser equiparados aos textos e imagens que se intercalam no discurso autoral do livro didático ou apostila desempenhando o papel de objetos de estudo Para usar um ODA esse discurso autoral do livro ou apostilado impresso será substituído por um discurso professoral que o cerca e emoldura e que nos repositórios é reencontrado nos planos de aula e atividades avulsos Em todo caso embora digital ele continua no lugar de um exemplar de objeto de ensino e não sendo alterada a perspectiva didática da prática de ensino do docente digital ou não continuará servindo ao paradigma de aprendizagem curricular Não será capaz por si só de instaurar novos multiletramentos ou uma pedagogia por design O que o faz é a apreciação de valor e o discurso docente ou autoral Nesse momento é que precisamos resgatar a discussão feita em meu texto anterior sobre o assunto ROJO 2013 em que contraponho a autonomia docente às condições de formação e de trabalho dos professores para poderem exercêla Mesmo nos letramentos da letra os professores necessitam de materiais impressos ou reproduzidos que possam guiar a reflexão dos alunos sobre os objetos de ensino em sala de aula ou em trabalho independente Necessitam deles pois têm pouco ou nenhum tempo remunerado para fazê lo e muitas vezes também carecem de formação para tal já que elaborar um material didático não é exatamente igual a dar uma aula e a formação inicial nos cursos de graduação não garante a formação nem para uma coisa nem para outra Quando iniciei minha carreira docente em salas de 6º e 8º anos e Ensino Médio da rede estadual paulista estaria completamente desvalida não fossem os livros didáticos Mas que tipo de material poderia então servir a práticas docentes do paradigma da aprendizagem interativa a um Webcurrículo e à formação do alunado para os novos DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 15 multiletramentos a partir de uma pedagogia por design Que outras características teriam para além de serem digitais e navegáveis Em texto anterior que já mencionei ROJO 2013 discuto os LDDI livros didáticos digitais interativos e os protótipos de ensino ROJO 2014 Aqui acrescento certos planos de aula e propostas de atividades disponíveis em repositórios ou plataformas e certas gamificações23 desde que obedeçam todos eles às características e à apreciação de valor da aprendizagem interativa em que as pessoas determinam o que elas precisam saber baseandose em suas participações em atividades em que essas necessidades surgem e em consulta a especialistas conhecedores inclusive mas não unicamente o professor e da pedagogia por design encaminhem um Webcurrículo e trabalhem os novos multiletramentos O termo interativo no nome dos LDDI não é pouco importante na medida em que indica a interatividade conectada que cada um desses materiais seja LDDI seja plano de aula gamificação etc precisa ter para que o usuário possa fazer suas escolhas mais interessantes de percurso assim como navegar pela Web Tratase de interatividade com a mídia e de interatividade com outros usuários remotos ou presentes no mesmo espaço físico conforme requer uma pedagogia colaborativa por design O menino que inventou este gênero didático se chama Mike Matas e se define como 23 Gamificação é o uso de mecânicas e dinâmicas de jogos games para engajar pessoas resolver problemas e melhorar o aprendizado motivando ações e comportamentos em ambientes fora do contexto de jogos Disponível em httpopuspherecom Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 16 Apresentação de Mike Matas em seu site Disponível em httpwwwmikematascomabout Acesso em 24012017 Como Mike mesmo diz em sua apresentação muito novo ele trabalhou como designer de interfaces de usuário para IPhone e IPad com Steve Jobs na Apple Computers Certamente foi lá que ele tomou contato com um projeto de então da Apple de construir uma ferramenta App de produção de livros digitais interativos principalmente didáticos que mais tarde seria lançado pela Apple como IBooks Author que ajuda o autor a criar livros digitais interativos para publicar no IBooks24 Antes do término deste projeto Mike saiu da Apple e criou sua própria startup a Push Pop Press uma casa editora digital Lá ele aperfeiçoou essa ferramenta de edição de livros digitais interativos na qual editou e publicou o livro de Al Gore sobre aquecimento global Our Choice Nossa Escolha Você pode fazer uma ideia de como o IBooks Author funciona e de como é o que ele edita vendo a apresentação que Mike fez na TEDTalks em 2011 apresentando a ferramenta e o livro de Al Gore Fala de Mike Matas na TEDTalks 2011 sobre o livro digital interativo Our Choice Al Gore editado pela Push Pop Press Disponível em httpswwwtedcomtalksmikemataslanguageen Acesso em 24012017 24 Ferramenta leitora App da Apple para os livros digitais em IOS DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 17 Como você pode ver na apresentação de Mike um livro digital interativo feito para telas de toque nada tem a ver com um EPub ou com um PDF publicado para leitores de EPub tablets ou smartphones É muito mais que isso pois permite abrigar várias ferramentas interativas vários ODAs infográficos e mapas animados vídeos videoaula animações 3D etc A casa editora de Mike foi comprada pelo FaceBook onde ele trabalhou como designer digital Mas em janeiro de 2012 possivelmente inspirada pelo que Mike mostrou no TEDTalks a Apple finalmente lançou o IBooks Author ferramenta App de edição de livros digitais interativos bem menos potente que a de Mike mas ainda assim gratuita para usuários Mac e muito eficiente permitindo vários elementos multissemióticos hipermidiáticos e interativos na construção dos livros que podem ser exportados como IBooks com todas as funcionalidades ou como PDFs interativos perdendo algumas delas Evidentemente livros digitais e ferramentas de edição como essas facilitam muito a produção de materiais didáticos eficientes para a proposta que aqui defendo pois permitem interatividade com o material navegação multissemiose e hipermídia de maneira muito fácil semelhante à edição de um PowerPoint Atendem pois a muitos requisitos de um material didático adequado a um Webcurrículo e a um paradigma de aprendizagem interativa No entanto somente o texto autoral e sua condução de réplica ativa lhes permitirá uma pedagogia por design Explicome Com essa mesma ferramenta interativa hipermidiática multissemiótica navegável posso produzir um LDDI em que somente o discurso autoralprofessoral ecoa como no livro didático tradicional servindo ao paradigma da aprendizagem curricular É preciso que seja aberto espaço no próprio material didático para o discurso do professor e dos alunos em colaboração para que o material possa servir ao paradigma da aprendizagem interativa Aí é que entra a ideia de protótipo ROJO 2013 Objetos interativos multisse mióticos e hipermidiáticos permitidos nos IBooks editados em IBooks Author DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 18 E o que é um protótipo25 Bem um protótipo em resumo é um material navegável e interativo como explicado acima mas com um discurso autoralprofessoral que conduza os alunos a um trabalho digital aberto investigativo e colaborativo mediado pelo professor e que abra a esse professor possibilidades de escolha de acervos alternativos ao acervo principal da proposta didática de maneira a poder acompanhar o trabalho colaborativo dos alunos A melhor maneira de explicálo26 no pouco espaço de que agora disponho é mostrar um deles Assim escolho o Protótipo nº 16 A história do nosso bairronossa comunidade versão do professor elaborado para 4º ano do Ensino Fundamental27 Ao lêlo peço que observem os aspectos discutidos neste texto as instruções alternativas ao professor para a troca do acervo indicado como por exemplo à p 11 ou p 21 os trabalhos colaborativos e investigativos propostos a alunos e professores a multissemiose e hipermidialidade dos trabalhos propostos etc Espero que o conjunto das discussões aqui feitas tenham podido dar a você leitora uma visão mais clara do que podemos afinal fazer para entrarmos no século XXI na escola e no ensino de línguas e linguagens e para caminharmos na direção de um Webcurrículo e de um paradigma da aprendizagem interativa Uma das decisões principais a serem tomadas é como diria Ronaldo Lemos deixarmos de lado um pouco o nosso apego excessivo ao texto Referências Bibliográficas ALMEIDA M E B A tecnologia precisa estar presente na sala de aula Entrevista concedida ao portal Educar para Crescer SP Abril SA 2014 sp Disponível em 25 Na Engenharia de Software protótipo é um sistemamodelo um website ou outro software sem funcionalidades inteligentes acesso à banco de dados por exemplo podendo conter apenas funcionalidades gráficas Utilizado para fins de ilustração e melhor entendimento geralmente em reuniões entre a equipe de Análise de Sistemas e o contratante Disponível em httpsptwikipediaorgwikiProtótipo Acesso em 24012017 26 Ver a respeito Rojo 2013 27 Este Protótipo 16 pertence a uma série de 20 protótipos de ensino para os multiletramentos feitos para os alunos e professores do 1º ao 5º anos do EF1SEESP quatro por ano por uma equipe de orientandos por mim coordenada Protótipo nº 16 A história do nosso bairronossa comunidade 4º ano ProfessorSEESP Disponível em httpsgooglitIkIr Acesso em 24012017 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 19 httpeducarparacrescerabrilcombrgestaoescolartecnologianaescola618016shtml Acesso em 24012017 ARAÚJO N M S A avaliação de objetos de aprendizagem para o ensino de Língua Portuguesa Análise de aspectos tecnológicos ou didáticopedagógicos In ARAÚJO J ARAÚJO N Orgs Ead em tela Docência ensino e ferramentas digitais Campinas Pontes 2013 sp Disponível em httpswwwacademiaedu6472457ReferênciaARAÚJONukáciaMAAVALIAÇ ÃODEOBJETOSDEAPRENDIZAGEMPARAOENSINODELÍNGUAPO RTUGUESAANÁLISEDEASPECTOSTECNOLÓGICOSOUDIDÁTICO PEDAGÓGICOS Acesso em 24012017 BRUNS A From Prosumer to Produser Understanding UserLed Content Creation In Transforming Audiences 2009 34 Sep London 2009 Disponível em httpeprintsquteduau27370 Acesso em 24012017 CHARTIER R A aventura do livro Do leitor ao navegador São Paulo SP Editora da UNESPImprensa Oficial 19971977 CHERVEL A História das disciplinas escolares Reflexões sobre um campo de pesquisa Teoria Educação 2 pp 177229 1990 COPE B KALANTZIS M Eds Multiliteracies Literacy learning and the design of social futures NY Routledge 20062000 GARCÍACANCLINI N Culturas Híbridas estratégias para entrar e sair da modernidade São Paulo EDUSP 1997 Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão LANKSHEAR C KNOBEL M 2007 Sampling the New in New Literacies In Knobel M Lankshear C Eds A New Literacies Sampler New York Peter Lang 2007 pp 124 LEMKE J Letramento metamidiático Transformando significados e mídias Trabalhos em Linguística Aplicada vol 492 Campinas SP DLAIELUNICAMP 2010 p 117 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0103 18132010000200009lngennrmisotlngpt Acesso em 18042016 MORAN J Aprendizagem significativa Disponível em httpwwwecauspbrprofmoransitetextoseducacaoinovadorasignificativapdf Acesso em 01022017 RJEDUCAÇÃO GENTE Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais RJ PrefeituraEducaçãoUNESCO sd Disponível em httpgenterioeducanet acesso em 18042016 ROJO R H R Pedagogia dos Multiletramentos Diversidade cultural e de linguagens na escola In Rojo R H R Moura E Orgs Multiletramentos na Escola SP Parábola 2012 pp 1132 Materiais didáticos no ensino de línguas In MoitaLopes L P Org Linguística Aplicada na Modernidade Recente Festschrift para Antonieta Celani São Paulo SP Parábola EditorialCultura Inglesa 2013 pp 163196 Multiletramentos novos letramentos e ensino de Língua Portuguesa Escol conectad Projeto Ref Nº 30291220134 Bolsa Produtividade Científica 1C Brasília DF CNPq 20142018 DOI httpdxdoiorg1023925231871152017v38i1a2 The ESPecialist Descrição Ensino e Aprendizagem Vol 38 No 1 janjul 2017 httpsrevistaspucspbresp The ESPecialist ISSN 23187115 20 Roxane Rojo has a degree in PortugueseFrench Language Arts and Literature from the Universidade Presbiteriana Mackenzie a masters and a doctorate in Applied Linguistics to Language Teaching from PUCSP She completed postdoctoral studies in Mother Language Didactics at the Université de Genève Switzerland under the supervision of Prof Dr JeanPaul Bronckart Currently she is a full professor at the Department of Applied Linguistics at UNICAMP and researcher 1C at CNPq She works mainly in the following subjects multi literacy discourse genres teachinglearning of Portuguese Language and evaluation and elaboration of didactic materials Email rrojoielunicampbr