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Figurasções na poesia de Gonçalves Dias POESIAS AMERICANAS Les infortunes dun obscur habitant des bois auraientelles moins de droits à nos pleurs que celles des autres hommes Chateaubriand CANÇÃO DO EXÍLIO Kennst du das Land wo die Citronen blüben Im dunkeln Laub die GoldOrangen glühen Kennst du es wohl Dahin dahin Goethe Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá Nosso céu tem mais estrelas Nossas várzeas têm mais flores Nossos bosques têm mais vida Nossa vida mais amores Em cismar sozinha à noite Mais prazer encontro eu lá Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá Minha terra tem primores Que tais não encontro eu cá Em cismar sozinha à noite Mais prazer encontro eu lá Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá Sem quinda aviste as palmeiras Onde canta o Sabiá Coimbra Julho de 1843 A minha terra de Maia Ferreira Minha terra não tem os cristaes Dessas fontes do só Portugal Minha terra não tem salgueiraes Só tem ondas de branco areal Em seus campos não brota o jasmim Não matisa de flôres seus prados Não tem rosas de fino carmim Só tem montes de barro escarpados Rio de Janeiro 1849 Para estudos sobre poesia de Angola no século XIX consultar os trabalhos de Francisco Soares estudioso do tema Minha Terra é a Pátria O mundo mora aqui Todo dia chega a notícia Que morreu mais um ali Nossas casas perfumadas pelas brisas que atingiu Corações claros de mato do plástico que surgiu De cismar em busca à noite já não posso sóciar Pelo risco de morrer E não voltar pela os meus pais Minha Terra tem irmãos Que não encontro em outro lugar A falta de segurança não gostaria de relatar Não permita Deus que eu morra Antes de Deus sobre o lugar Me leve para um lugar tranquilo Onde canta o Sabiá CANÇÃO DO EXÍLIO I Casimiro de Abreu Oh mon pays sera mes amours Toujours meu país será meus amores sempre Chateubriand Eu nasci além dos mares os meus lares Meus amores ficam lá Onde canta nos retiros Seus suspiros Suspiros o sabiá Oh Que céu que terra aquela Rica e bela Como o céu de claro anil Que selva que luz que galas Não exalas Não exalas meu Brasil Oh que saudades tamanhas Das montanhas Daqueles campos natais Daquele céu de safira Que se mira Que mira nos cristais Não amo a terra do exílio Sou bom filho Quero a pátria o meu país Quero a terra das mangueiras E as palmeiras E as palmeiras tão gentis Lisboa 1855 6 O belo doce e meigo in Formação da Literatura brasileira p 309 Intertextos com a poesia de Gonçalves Dias 1 Da segunda parte do Hino nacional Deitado eternamente em berço esplêndido Ao som do mar e à luz do céu profundo Fulguras ó Brasil florão da América Iluminado ao sol do Novo Mundo Do que a terra mais garrida Teus risonhos lindos campos têm mais flores Nossos bosques têm mais vida Nossa vida no teu seio mais amores Ó Pátria amada Idolatrada Salve Salve Brasil de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado E diga o verdelouro dessa flâmula Paz no futuro e glória no passado Mas se ergues da justiça a clava forte Verás que um filho teu não foge à luta Nem teme quem te adora a própria morte Terra adorada Entre outras mil És tu Brasil Ó Pátria amada Dos filhos deste solo És mãe gentil Pátria amada Brasil Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo Gonçalves Dias nosso céu tem mais estrelas Estimados señores de las minorías étnicas 4 Recriação da experiência histórica e literária de Gonçalves Dias na contemporaneidade Dias e Dias de Ana Miranda 1951 CE publicado em 2002 romance histórico cujo personagem central é Gonçalves Dias com a Poesia sua Musa por isso acredito que o poema tenha sido inspirado nos meus olhos que ele via verdes mas infelizmente são da cor do mel um mel turvo quase verdes quando olho a luz o mar quando viajávamos na costa do Ceará Natalina admitiu que meus olhos estavam verdes Desejo acreditar no que diz Maria Luiza nasci acreditando apenas em meu coração sei quanto fel pode haver no coração de uma romântica Talvez ele tenha confundido meus olhos com as vagens do feijão verde e com as paisagens que ele tanto ama de palmeiras esbeltas e cajazeiros cobertos de cipós talvez estivesse ensaiando o grande amor que iria sentir na sua vida adulta quando escreveria tantos poemas dos mais dedicados apaixonados melancólicos dos mais saudosos e ao pensar nisso uma tristeza funda inexprimível o coração me anseia Meio quilo de feijão verde Não vi quando Antonio escreveu os versos fui à loja de seu João Manuel comprar feijão verde e naquele dia seu João Manuel não estava na loja quem me atendeu foi o Antonio Antonio estava ao balcão com um avental embaraçado ele me viu entrar eu ainda mais embaraçada pedi meio quilo de feijão verde enquanto ele pesava o feijão verde eu estava tão embaraçada que não pude levantar os olhos olhava a barra de minha saia de algodão as minhas chinelas as tábuas do chão então eu olhei os pés dele do outro lado do balcão vi o quanto seus sapatos eram velhos e gastos embora limpos isso me cortou o coração porque as outras crianças filhas de comerciantes usavam sapatos bons pelo menos bem melhores do que aqueles nos pés de Antonio que pareciam apertados querendo rasgar na beirada Antonio estava sempre com a mesma roupa até no domingo enquanto as outras crianças iam à missa aprontadas e perfumadas ele ficava trabalhando e estudando na casa de comércio enquanto as outras crianças iam para as festas da igreja as queridinhas as festas de boi as festas da colheita do algodão ele sentava no banco da praça a ler um livrote de feijão verde e fiquei a estudar sua figura de costas para mim sua roupa surrada sua única roupa talvez até manchas de ferrugem havia em suas calças Quando percebi que Antonio pusera o pacote em cima do balcão perguntei o preço deixei os tostões em cima do balcão peguei o pacote e saí correndo senti que Antonio ficou me seguindo com os olhos e tive vontade de vir falar para Antonio e se ele olhava mas não me virei caminhei até minha casa assustada httpswwwyoutubecomwatchvm7bansWPUng httpswwwyoutubecomwatchv3dS2fUcHhzg httpswwwyoutubecomwatchvbvKaZus6lQ httpwwwembapprgovbrarquivosFileanais3maurciocarneiropd f Romantismo excerto da Introdução aos Cantos de Gonçalves Dias de CUNHA A Em meados da década de 1820 as diretrizes para a construção de uma literatura brasileira foi se disseminando no horizonte da cultura com as ideias do francês Ferdinand Denis cujas impressões de viagem pelo interior do Brasil resultaram entre outros em Recursos da história da literatura brasileira 1826 Aí o autor propõe aos jovens poetas do Brasil tomar de empréstimo os quadros da paisagem brasileira como fonte de inspiração Observando naquela época a miséria do país Denis transporta a melancolia romântica para o caráter do brasileiro tomandoa como um de seus traços distintivos Para ele a raça aqui constituída seria resultado da união de três fatores da tristeza vivenciada pelos africanos diante da escravidão da saudade da terra natal experimentada pelo português e da melancolia do aborígene arrancado de seu habitat natural Para formular sua interpretação a respeito da literatura produzida no país Denis toma de empréstimo a metodologia do romantismo alemão disseminada na França por Mme de Staël a respeito da influência do clima de uma dada região na atividade artística de um povo Concede a literatura brasileira como uma razão que vieram se constituindo espontaneamente ao longo do tempo e a partir do caos até sofrer um forte impulso evolutivo com a chegada dos portugueses Nessa ótica a cultura europeia ao sofrer a influência da exuberância da paisagem brasileira traria oniplasmado o germe do conhecimento no país em estreita colaboração com a tradição poética dos africanos e com o heroísmo cavaleiresco dos índios Até a Independência uma das causas que teria dificultado o curso natural do desenvolvimento da literatura nacional teria sido a inadequada transposição das tradições mitológicas Essa imitação segundo Denis teria impedido a definição da literatura brasileira pois aqui a especificidade climática os traços peculiares da natureza e a diversidade da tradição europeia teriam gerado uma adaptação deslocada da mitologia clássica Na Europa a construção do patriotismo estatal a partir dos sentimentos nacionalistas nãoestatais formulada pelos governos e pelas classes dominantes ocorreu como forma de legitimar o poder do Estado aos olhos dos habitantes A mobilização do sentimento coletivo vinculado à imagem da nação destinouse a canalizar os impulsos dos habitantes para a constituição da entidade povo numa clara tentativa de homogenizar e padronizar seja pela criação de símbolos nacionais ou mesmo pela oficialização da linhagem comum os habitantes em cidadãos da nação Nesse intuito a agenda política definida pela elite intelectual no sentido de despertar o sentimento de unidade do povo em torno do Estadonação considerou os seguintes critérios 1 associação histórica com um Estado existente como um Estado de passado razoavelmente durável 2 existência de uma elite cultural longamente estabelecida que possuísse um vernáculo administrativo e literário escrito 3 a valorização do impulso guerreiro dos cidadãos e de uma comprovada capacidade para a conquista As tensões no Brasil nacional Nesse momento o sentimento de pertencimento à unidade territorial não estava ainda interiorizado pela coletividade O sentimento lusófobo que tomara conta do país durante os anos finais do Primeiro Reinado possuía raízes bastante localizadas evidenciando antes um apego regional É corrente ainda que o processo de emancipação política não resultou de uma reação espontânea da população brasileira em defesa do sentimento nacional bastante localizada para gerar forças autônomas revolucionárias A emancipação resultou antes dos conflitos políticos entre os portugueses do Reino e os da Corte instalandose no Rio de Janeiro num processo definitivamente selado com a abdicação de D Pedro I e com o afastamento da ingerência portuguesa A formação da consciência nacional ganhou impulso no período entre 1840 e 1850 no momento em que a facção política conservadora procurando consolidar as bases do Império e a unidade nacional toma em suas mãos a tarefa de conter a maré democrática e separatista que se propagou pelo país após 1848 data da última rebelião do período a Praieira A instabilidade política que marcou o período entre 1831 e 1840 evidencia uma divisão no interior da elite política que favoreceu as diversas revoluções armadas que se alastraram pelo país afora num leque amplo de reivindicações que apontavam tanto para o federalismo e a autonomia municipal como para o foco de revoltas dos homens pobres livres e dos escravos A complexidade histórica desse momento resultou conforme Maria Odila Silva Dias de um feixe múltiplo de motivos e interesses em que dispersão e fragmentação do poder somaramse às divergências políticas no interior da elite política Século XIX Incorporação da Cisplatina invasão e anexação do Uruguai ao Brasil 1816 Revolução Pernambucana revolta independentista e republicana Pernambuco 1817 Revolução Liberal de 1821 revolta independentista Bahia e Pará 1821 Independência da Bahia revolta independentista Bahia 18211823 Guerra da independência do Brasil brasileiros contra militares legalistas portugueses Bahia Piauí Maranhão Pará e Uruguai 18221823 Império 1822 Confederação do Equador revolta separatista Nordeste 18231824 Guerra da Cisplatina Brasil contra Argentina e rebeldes uruguaios 18251828 Revolta dos Mercenários mercenários contra Império do Brasil Rio de Janeiro 1828 Noite das Garrafadas insurreição popular e confronto entre brasileiros e portugueses Rio de Janeiro abril de 1831 Cabanada insurreição popular Pernambuco e Alagoas 18321835 Federação do Guanais revolta separatista e republicana Bahia 1832 Revolta do Ano da Fumaça Minas Gerais 1833 Revolta de Carrancas insurreição escrava Minas Gerais 1833 A Rusga revolta entre conservadores queriam manter o império e republicanos Mato Grosso 1834 Cabanagem insurreição popular Pará 18351840 Revolta dos Malês insurreição religiosa Bahia 1835 Revolução Farroupilha revolta separatista e republicana Rio Grande do Sul 18351845 Sabinada insurreição popular Bahia 7 de novembro de 18371838 Balaiada insurreição popular Maranhão 18381841 Revoltas Liberais revolta liberal São Paulo e Minas Gerais 1842 Revolta dos Lisos revolta liberal Alagoas 1844 Motim do FechaFecha Pernambuco 1844 Motim do MataMata Pernambuco 18471848 Insurreição Praieira revolta liberal e republicana Pernambuco 18481850 Guerra contra Oribe e Rosas Brasil Uruguai e rebeldes argentinos contra Argentina 18501852 Revolta do Ronco de Abelha Nordeste 18511854 Levante dos Marimbondos Pernambuco 1852 Revolta da Fazenda Ibicaba São Paulo 1857 Motim da Carne sem Osso insurreição popular Bahia 1858 Guerra contra Aguirre Brasil e rebeldes uruguaios contra Uruguai 18641865 Guerra do Paraguai Brasil Argentina e Uruguai contra Paraguai 18651870 Revolta dos Muckers insurreição popularmessiânica Rio Grande do Sul 18681874 Revolta do QuebraQuilos insurreição popular Nordeste 18741875 Guerra das Mulheres insurreição popular Nordeste 18751876 Revolta do Vintém insurreição popular Rio de Janeiro 1880 e Curitiba 1883 Entre as características da poesia de Gonçalves Dias a tendência para criar pela literatura novos valores culturais e padrões morais de conduta seguramente adequados ao processo de formação da nação parte da convicção de que a evolução social econômica e cultural do país teria sido interrompida pela colonização Diversas passagens de sua obra contrapunham a cultura indígena considerada virtuosa à economia escravista vista como parte de uma mentalidade que teria disseminado na cultura uma ética pouco edificante desancando um processo de estagnação da sociedade brasileira Avaliar o nacionalismo de Gonçalves Dias nesse contexto não é tarefa simples É certo que foi peça importante na campanha nacionalista desenvolvida pelo Império No momento em que logo depois do seu retorno de Portugal se integra à literatura brasileira as dificuldades de estabelecer um sistema de dominância sob a égide do governo monárquico já foram superadas com o sufocamento das aspirações abolicionistas e republicanas Nessa nova fase da política brasileira destinada a garantir dos direitos universais pela manutenção da escravidão a absorção do nacionalismo pelo poder estatal coincide com o anseio do governo monárquico de legitimar sua posição de intermediário e administrador dos conflitos intraelite e no mesmo projeto de restringir e canalizar o sentimento de fazer parte da nação durante o período de lutas para a dominação portuguesa A criação e o projeto de unificar o conjunto de habitantes em torno da ideia povo brasileiro libertado do jugo português permitiriam deslocar de forma mais efetiva a política na forma de um segundo plano à própria escravidão À demanda de liberdade individual o Império responde com a liberdade coletiva do povo brasileiro Entre as providências tomadas nesse sentido os estudos etnográficos uma pauta definida por D Pedro II ao lado da criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB e do Arquivo Nacional procuraram reforçar a resistência aos portugueses contrastando as lendas costumes dos aborígenes e ainda assim situando essa cultura a sé culs de distância do índio que naquele momento vegetava na semiescravidão pelas ruas da Corte Por outro lado Gonçalves Dias logró tomar os problemas mais prementes da sociedade como fontes da poesia recolhendo a escravidão a truculência e o poder econômico das elites como material para reflexão de suas poesias A inovação que ele empreendeu consistiu em transfigurar elementos até então tidos como nada dignos de figurarem em poesia permitindolhe tratar em chave séria o homem pobre e livre a figura feminina oprimida e o velho desprotegido tomados como vítimas de um sistema econômico injusto ajustando seu foco de atenção aos extratos mais pobres da população Mais do que a obra de qualquer outro romântico desse período sua obra talvez seja uma das poucas se não a única que exige da sociedade da época para que possa ser compreendida Sem esses dois fatores sua participação ativa na campanha nacionalista do Império e suas reflexões sobre a política e a sociedade da época disseminadas ao longo da obra qualquer análise que se proponha a analisála pode se tornar parcial ou obscurecer a iniquidade do tempo Aqui na floresta Dos ventos batida Facanhas de bravos Não geram escravos Que estimem a vida Sem guerra e lidar Ouvime Guerreiros Ouvi meu cantar Valente na guerra Quem há como eu sou Quem vibra o tacape Com mais valentia Quem golpes daria Fatais como eu dou Guerreiros ouvime Quem há como eu sou Quem guia nos ares A flecha imprumada Ferindo uma presa Com tanta certeza Na altura arrojada Onde eu mandar Guerreiros ouvime Ouvi meu cantar Quem tantos amigos Em guerras preou Quem canta seus feitos Com mais energia Quem golpes daria Fatais como eu dou Guerreiros ouvime Quem há como eu sou Na caça ou na lide Quem há que me afronte A onça raivosa Meus passos conhece O inimigo estremece E a ave medrosa Se esconde no céu Quem há mais valente Mais destro do que eu Se as matas estrujó Co os sons do Boré Mil arcos se encurvam Mil setas lá voam Mil gritos reboam Mil homens de pé Eis surgem respondem Aos sons do Boré Quem é mais valente Mais forte quem é E o Piaga se ruge No seu Maracá A morte lá paira Nos ares fechados Os campos juncados De mortos são já Mil homens viveram Mil homens são lá E então se de novo Eu toco o Boré Qual fonte que salta De rocha empinada Que vai marulhosa Fremente e queixosa Que a raiva apagada De todo não é Tal eles se eggam Aos sons do Boré Guerreiros dizeime Tão forte quem é A Escrava O bien quaucun bien ne peut rendre ó bem que nenhum bem pode render Patrie doux nom que lexil fait comprendre país doce nome que o exílio deixa claro Marino Faliero Veneza século XIV Oh doce país de Congo Doces terras dalémmar Oh dias de sol formoso Oh noites dalmo luar Desertos de branca areia De vasta imensa extensão Onde livre corre a mente Livre bate o coração Onde a leda caravana Rasga o caminho passando Onde bem longe se escuta As vozes que vão cantando Onde longe inda se avista O turbante muçulmano O Iatagã recurvado Preso à cinta do Africano Onde o sol na areia ardente Se espelha como no mar Oh doces terras de Congo Doces terras dalémmar Outro beijo acaso temes Expressão de amor ardente Quem o ouviu o som perdeuse No fragor desta corrente Assim praticando amigos A aurora nos vinha achar Oh doces terras de Congo Doces terras dalémmar Do ríspido senhor a voz irada Rábida soa Sem o pranto enxugar a triste escrava Pávida voa Mas era em mora por cismar na terra Onde nascera Onde vivera tão ditosa e onde Morrer devera Sofreu tormentos porque tinha um peito Quinda sentia Mísera escrava no sofrer cruento Congo dizia 5 Gonçalves Dias consolida o Romantismo In Formação da Literatura Brasileira p 401