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POR Gildeci de Oliveira Leite LITERATURA E MITOLOGIA AFROBAIANA ENCANTOS E PERCALÇOS Autor Gildeci de Oliveira Leite UNEB1 Palavraschave Mitologia afrobaiana Literatura Lei 106392003 Alteridade Etnocentrismo INTRODUÇÃO Durante a organização do I Congresso de Pesquisadores do Recôncavo Sul na UFRB2 o qual teve como subtítulo Educação Cultura e Sociedade o professor Luís Flávio Reis Godinho propôs a temática Literatura e Recôncavo para um minicurso de três dias Eu Gildeci de Oliveira Leite UNEB a professora Carla Bispo de Santana UNEB e o professor Marco Aurélio Souza UESB3 aceitamos a proposta e elaboramos nossos vieses do minicurso Imediatamente decidi trabalhar com Jorge Amado e Carlos Vasconcelos Maia focalizando representações da mitologia afro baiana em obras desses autores baianos Pareciame e ainda pareceme uma boa proposta principalmente agora com a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afrobrasileiras instituída através da Lei 106392003 O minicurso também serviria como um despertar de trabalho em sala de aula Tivemos um público em sua extrema maioria atento e encantado com as descobertas de tantas narrativas negras em obras literárias também em letras de músicas populares e carnavalescas e em diversas práticas sociais A todos um muito obrigado principalmente aos que foram encantados e também aos que mesmo sem o encantamento interagiram e lançaram encantamento sobre mim Entretanto a perspectiva desse texto é justamente com a mira voltada para os desencantados não me refiro aos cursistas e sim àqueles que conforme Nietzsche denuncia preferem a tristeza e as lições do sacerdote do ideal ascético ao invés da 1 Professor de Literatura Brasileira da Universidade do Estado da Bahia com concentração de pesquisas em Literatura Baiana Contatos gleiteunebbr gildecileitehotmailcom wwwsearaunebbr 2 Universidade Federal do Recôncavo Baiano 3 Universidade Estadual do Sudoeste Baiano 1 POR Gildeci de Oliveira Leite demolidora alegria dionisíaca Essas preocupações sempre estiveram despertadas em mim mas durante o curso fui perguntado se enfrentava problemas de intolerância ao tratar dessas questões referentes à mitologia afro e como agia dei respostas discuti outras e o texto a seguir problematiza a questão Ao invés de fazer análises de aspectos mitológicos em obras de Carlos Vasconcelos Maia e Jorge Amado fazse necessário esclarecer alguns conceitos Inicialmente serão elucidados os conceitos de mito incorporado nesta proposta e aquele não aproveitado No lugar comum mito é sinônimo de mentira Costumeiramente ouvese dizer coisas como o mito da educação perfeita o mito disso ou daquilo sempre em tom irônico sarcástico ácido Não de maneira despropositada posicionamentos adversos são desqualificados com a palavra mito e aí então alguns podem dizer mas isso é mito você acredita nisso Ou continuando fora do plano das crenças religiosas estabelecer que tal propósito e ou narrativa são uma grande mentira um mito Tudo isso foi dito só para esclarecer que não é esse o entendimento de mito aqui admitido para atribuir à mitologia afrobaiana Mito é uma narrativa primordial uma narrativa que explica comportamentos crenças algo com força de lei vide Chauí 1993 e Massaud Moisés 1995 Por exemplo a bíblia é o grande livro mitológico do cristianismo será que os cristãos gostariam de têla a bíblia chamada de livro das grandes mentiras Seria ético e justo atribuir mentiras à bíblia Não seria com certeza mas não porque a bíblia é a única e inquestionável verdade como querem etnocêntricos e sim uma verdade entre tantas que deve ser respeitada tais como as verdades mulçumanas afrobaianas e outras Portanto o conceito de mito aqui utilizado é de verdade narrativa verdadeira pois se há alguém que acredita na narrativa e ela serve como modelo para determinada ou determinadas sociedades grupos comunidades não cabe chamála de mentira É claro que tudo isso depende do grau de alteridade positiva eou negativa de cada pessoa para levar à frente essa definição de mito 2 POR Gildeci de Oliveira Leite Todos sabem que alteridade é o direito à diferença logo todos teriam o direito de serem o que são sem sofrerem discriminações de quaisquer naturezas Contudo numa tentativa de segregar as diferenças e evidentemente de exercer uma alteridade negativa setores reacionários da sociedade conforme Marilena Chauí 1993 exerceram e incentivaram a alteridade negativa O exercício da alteridade negativa diz que o outro pode exercer a alteridade desde que não se misturem com o eu Então haveria por exemplo pessoas que criam em mitos afrobaianos e pessoas de denominações e correntes cristãs com comportamentos reacionários isoladas sem se comunicarem ou estabelecendo uma comunicação precária e muitas vezes arredia por parte daqueles que possuem um discurso com menor poder de persuasão Discurso subjugado por contingências históricas e ideológicas tais como a escravidão e o inculcamento de complexos de inferioridade e de atribuição do elemento não divino da dicotomia maniqueísta bem versus mal no caso o mal aos de cultura afrobaiana Felizmente essa realidade vem sendo modificada A prática da alteridade negativa é irmã do etnocentrismo da xenofobia e da xenofilia Irmanase com o etnocentrismo por estabelecer seus costumes sua etnia sua cultura como centro e julgar todos a partir de seus conceitos seria como se julgassem todos os outros conceitos mitológicos a partir de um único conceito o de quem julga o julgador onipotente e dono da verdade Muito prático se se julga por exemplo práticas e comportamentos do candomblé a partir de conceitos bíblicos quem sempre estaria certo e quem sempre estaria errado Acho que todos têm as respostas Então muito fácil deduzir como estaria o etnocentrismo irmanado à xenofobia aversão ao que é estrangeiro e à xenofilia aversão ao que é nacional O etnocentrismo pode exercer no sujeito paciente aquele que recebe a ação etnocêntrica a aversão ao que é nacional e no sujeito agente aquele que pratica a ação etnocêntrica aversão ao que lhe é estrangeiro Para melhor ampliar a compreensão da cadeia alimentar dos preconceitos devese entender como estrangeiro não só aquele ou aquela nascido ou nascida em outro país também aquele ou aquela que pertence a um pensamento ou a uma identidade cultural diferente independente do local de nascimento Provavelmente o leitor deve se perguntar onde estariam as análises de aspectos mitológicos afrobaianos em obras de Carlos Vasconcelos Maia e Jorge Amado Qual o intuito de ocuparse de boa parte de um pequeno texto que poderia discutir literatura com conceitos de mito e outros ligados à cultura 3 POR Gildeci de Oliveira Leite Perguntas e olhares iguais a estes são recorrentes quando se trata do tema em questão Não raro ouvese dizer o que isso tem a ver com literatura ou como pode alguém querer falar de tema tão antagônico ao meu modo religioso de entender a vida a minha religião Primeiro devese esclarecer que apesar de entender toda a narrativa mitológica como verdade não se pensa que há uma única verdade isso já foi dito nem tampouco que o trabalho com a mitologia afrobaiana é um trabalho de catequese Contudo é necessário conhecer essas representações principalmente na literatura e ainda mais agora com o advento da Lei Federal 10639 de 09 de janeiro de 2003 sancionada pelo presidente Lula Sendo assim buscar essas representações na literatura é uma oportunidade de cumprimento da citada Lei um espaço para dizer não ao etnocentrismo à xenofobia à xenofilia e à alteridade negativa A maior resistência para ler os mitos afro descendentes como um todo naquela que é território de representações possíveis de todas as disciplinas a literatura são as opções religiosas adversas Caras e bocas por vezes ficam retorcidas e autorizam ao locutor central de uma palestra com a temática mitologia afro ou afrobaiana perguntas referentes à insegurança religiosa dos ouvintes Estariam eles tão inseguros a ponto de não se permitirem conhecer e estudar uma mitologia diversa da deles gozam de elevados e diferentes graus de preconceitos ou os dois ao mesmo tempo Como negar o belo o histórico o antropológico e o teor pedagógico nos mitos afro e simplesmente descartálos nas senzalas e leválos aos pelourinhos da contemporânea inquisição cristã Ninguém será convertido ao Candomblé ao Jarê4 ou à Umbanda5 ao Xangô6 ou ao Tambor da Mina7 se estudar suas mitologias As religiões negras no Brasil em especial o candomblé não são doutrinárias Com todo respeito a quem assim faz não há no candomblé campanhas de obtenção de novas almas os meios de entrada são por outras formas de magia sem imposição de agentes carnais As escolhas são feitas anteriormente ao colo do útero existe uma relação direta com ancestralidade nem sempre visível aos olhos da matéria o que explicaria a existência de brancos estrangeiros no candomblé Além do mais os segredos devem ser 4 Religião afrobrasileira da Chapada Diamantina Bahia 5 Religião afrobrasileira dita por Jorge Amado a mais brasileira de todas RAILLARD 1992 p91 6 Além de ser um orixá é a religião afrobrasileira do Recife Aqui está sendo mencionada como religião 7 Religião afrobrasileira do Maranhão 4 POR Gildeci de Oliveira Leite preservados e somente aos iniciados em seus diversos graus de iniciação é permitido o aprendizado parcimonioso do aô o segredo da liturgia negra Portanto seria pretensão de alguns ouvintes acharem que estão penetrando nos recônditos do candomblé ao perceberem mitos afrobaianos em quaisquer narrativas A obrigatoriedade da preservação do segredo garante que não há nessa proposta o ensino de práticas religiosas e a tentativa de obtenção de mais um adepto Mesmo as narrativas sendo elementos de vital importância para as religiões afro o que existe narrado nos textos literários não constituem rituais propriamente ditos pois a narrativa deveria ser combinada a outros elementos para então existir o ritual Então qual mesmo o motivo de tanta rejeição Repetese a pergunta qual o intuito de ocupar se de boa parte de pequeno texto que poderia discutir literatura com conceitos de mitos e outros elementos ligados à cultura Respostas tocar o eu preconceituoso fazer o eu que não se compreende também um pouco como o outro perceber que o eu e o outro se misturam e devem se respeitar promover a aceitação mútua o tão falado amor ao próximo ao invés de segregações e intolerâncias Em uma outra possibilidade de resposta podese recorrer às lembranças da aula inaugural do semestre 20062 do campus XVI da UNEB em Irecê Lá o auditório lotado de estudantes de Pedagogia ouvia atentamente a uma proposta de trabalho com narrativas e mitologia afrobaiana como possibilidade de cumprimento da lei 106392003 Ao final uma professora do curso que no semestre anterior havia lecionado história e cultura afro fez uma intervenção A professora se dirigiu ao palestrante e autor deste texto dizendo sobre o quanto tempo perdese para trabalhar a conscientização e quebra de preconceitos para só então chegar a outras análises mais específicas O significado da expressão perda de tempo quer dizer não deveria ser preciso tal ação e não perda de tempo propriamente dita Tratase de um sonho com uma sociedade menos preconceituosa Carinhosamente a resposta dizia que não era perder tempo e que o momento histórico era de construção de sujeitos agentes que exercessem alteridade positiva para só então depois agir sem as preliminares nomeadas de maneira metafórica como perda de tempo em assuntos como mitologia afro e correlatos Por isso não pode ser considerada perda de tempo a utilização do espaço aqui dado para tentar tocar o outro e talvez contribuir para outras argumentações contra atitudes intolerantes 5 POR Gildeci de Oliveira Leite REFERÊNCIAS BARTHES Roland Aula Tradução de Leyla PerroneMoisés 7ª edição São Paulo Editora Cultrix 1996 BHABHA Homi K A outra questão In O local da cultura Belo Horizonte Editora da UFMG 1998 p105128 BRASIL Lei nº 10639 de 09 de janeiro de 2003 Altera a Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e dá outras providências Diário Oficial da União Brasília 10 de janeiro de 2003 CHAUÍ Marilena Cultura e racismo aula inaugural na FFLCH USP em 10031993 Revista Princípios São Paulo nº 29 p 1016 junhojulho de 1993 DELEUZE Gilles Nietzsche e a Filosofia Rio de Janeiro Editora Rio de Janeiro 1975 DERRIDA Jacques O outro cabo Coimbra Reitoria da Universidade Ed A Mar Arte 1995 FOUCAULT Michel A Ordem do Discurso Aula Inaugural do Collège de France Pronunciada em 2 de Dezembro de 1970 Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio 8ª edição São Paulo Loyola 2002 LEITE Gildeci de Oliveira A representação dos Orixás e da ancestralidade em Dona Flor de Seus Dois Maridos Dissertação de Mestrado defendida em 12122003 no PPGLLUFBA 131p LEITE Gildeci de Oliveira Ilê Ojuobá casa de Pedro Archanjo IN LEITE Gildeci de OliveiraVertentes Culturais da Literatura na Bahia Salvador Quarteto Editora 2006 p117 a 130 MOISÉS Massaud Dicionário de Termos Literários São Paulo Cultrix 1995 NIETZSCHE Friedrich Genealogia da Moral uma Polêmica Tradução de Paulo César de Souza São Paulo Companhia das Letras 1999 NIETZSCHE Friedrich Assim Falou Zaratustra São Paulo Martin Claret 2000 RAILLARD Alice Conversando com Jorge Amado Rio de Janeiro Record 1992 SANTOS Deoscoredes Maximiliano dos Mestre Didi Contos de Mestre Didi Rio de Janeiro Codecri 1981 SANTOS Juana Elbein Os Nago e a Morte Petrópolis Vozes 1986 6

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