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Preciso que seja feita uma transcrição do áudio Nesse áudio precisa ser transcrito para que eu possa utilizar em uma pesquisa que estou realizando httpsdrivegooglecomdrivefolders1xQ4W86T6gwe3hb0KYgehsfk01O5Spxtusp sharing Sou historiador monitor local e atuo aqui nas atividades da comunidade desde a gestão da associação sou liderança na Coordenação Estadual de Quilombos CONAQ membro da Coordenação Nacional de Quilombos também e faço parte da Comissão Nacional de Educação Escolar quilombola também fui diretor e atualmente fui direcionado pelas comunidades para participar do Conselho Nacional de Educação na pauta de Ciências Humanas pra tá discutindo currículo lá juntamente com a equipe que tá nesse grupo de discussão lá tá Então essa é um pouquinho da minha atuação aqui na comunidade além da liderança nacional aí do movimento quilombola e hoje eu vou conversar com você um pouquinho né Rápido porque vocês têm o material noturno ainda pra fazer sobre um pouquinho da história da comunidade que é Ivaporunduva e como estamos né Porque estamos aqui em questão de localização geográfica nós estamos aqui no Vale do Ribeira município de Eldorado região do Estado de São Paulo um município que concentra aí o maior número de comunidades quilombolas do Estado de São Paulo sendo treze comunidades quilombolas e Ivaporunduva é a mais antiga delas Ivaporunduva vem aí do Guarani então significa rios de águas boas de muitos frutos No processo de colonização foi dado esse nome aqui para este território quilombo Assim como Eldorado que tinha o nome de Xiririca também do Guarani aí depois mais recente há cinco seis décadas atrás mudaram para Eldorado por conta de ser um município onde ocorreu a corrida do ouro né Eldorado é também o quarto município em extensão territorial Como que surge então o território de Ivaporunduvaesse povoado no nesta região Lá no século XVI veio prá cá nessa região Martin Afonso de Souza em uma expedição e aí ele passa pelo Rio de Janeiro Guanabara faz uma pausa lá após dias de navegação com seu grupo é já era explorada aquela região e depois continuou margeando o litoral até chegar aqui na nossa região do Ribeira e eles percebem que já havia pessoas aqui na região né Os povos originários já estavam por aqui e faziam essa caminhada até o Paraná né Pelo litoral já faziam o uso deste território então já havia pessoas ali não foi uma descoberta assim né Porque assim como os demais e chegando aqui lá em 1531 eles veem a área e têm a percepção da extensão do território e da possibilidade de riqueza Eles comunicam a Coroa portuguesa da possibilidade de exploração aqui na região e seguem viagem Então daqui ele vai lá pra baixada santista município de São Vicente tá Então São Vicente é de 1532 e aí eles colocam lá o slogan da cidade São Vicente é a primeira cidade do Brasil mas já tinha passado aqui por Cananéia e pelo Vale do Ribeira E então a partir deste informe de Portugal as pessoas começam a vir com mais expedições pra cá aí começa a formar os municípios do vale do Ribeira principalmente Cananéia e Iguape Registro Sete Barrase aí o pessoal vem chegando né Votuporanga Eldorado como que eles vem chegando Pelo Rio Ribeira de Iguape vocês vão ver amanhã mais vão ter a possibilidade de ver esse rio que é um rio interestadual deságua lá no Paraná E deságua aqui em Iguape aqui no litoral E esse rio era um rio possível de navegação Chegou em Eldorado foram criando os povoados as fazendas e então ali a gente Tem a fazenda Poçã Lajeado tem a fazenda Caiacanga a gente tem em Registro o quilombo Peropava é em Iguape a gente têm a comunidade quilombola e aí foi né local de exploração foi ampliando os territórios e depois foram vindo para esta região Aí a portuguesa Maria Joana chega um pouco depois no século XVII A margem abaixo já tava mais povoada e ela sobe o Rio Ribeira e com os seus pararam às margens e percebem a possibilidade de riqueza Então adentraram no Rio Bocó viram que tinha vários córregos que desaguavam nele e como possibilidade de minério né E também pequenas pepitas de ouro Em alguns registros a gente têm parte dessa história então houve essa chegada a gente fala de 1630 pra cá esse primeiro grupo que chega aqui nessa região com mais de 12 13 negros africanos que estavam embarcados mais os que estavam ali pra servir capitão do mato jagunço e nesse território eles começaram a explorar o ouro em pó que é o ouro de aluvião né Há vários resquícios ainda hoje visualmente onde houve o processo de exploração de ouro Há valas há corregos é que foram desviados há empilhamento de pedra então tem o que a gente chama de córrego do ouro tem as valas né Onde houve esse processo de exploração do ouro Mas você acredita nisso Elson Houve realmente No final dos anos 80 nós tínhamos três senhores aqui que faleceram e eles buscavam a possibilidade de ir atrás desse ouro e eles tinham garrafinhas com ouro em pó e algumas pepitas de ouro E isso a gente via na mão deles e até na escola também No final dos anos 80 mostravam né E aí depois com o falecimento deles a família ficou com aquilo ali e não deram mais prosseguimento de fazer essas demonstrações até porque as especulações começaram a crescer muito sobre o nosso território né Nos anos 80 90 aí por conta dessas riquezas Mas então esse grupo é liderado pela Maria Joana vieram na busca desse minério alguns registros falam que foi tirado mais de 400 arrobas de ouro aqui da região e ela criou com a mão de obra africana escravizada a sede da fazenda a 900 metros daqui que vocês vão conhecer o Centro Histórico do Quilombo onde tem uma igreja histórica de Nossa Senhora do Rosário que é a padroeira foi trazida de Portugal pra cá também como imagem e onde era a senzala que se deteriorou no final dos anos 40 E aí explorando essa região ela obrigou eles construírem essa igreja com mais de 350 anos que está instituída Hoje ela é tombada pela Secretaria da Cultura e está em processo de tombamento também pelo Iphan então é aberta para visitações E pra nós é um símbolo histórico de resistência porque foi construída por mão de obra africana escravizada foi tentado implantar o catolicismo sobre os nossos ancestrais e de fato conseguiram porque essa é a única igreja que tem aqui dentro do território Mas com o passar do tempo esse catolicismo não ficou tão conservador Dentro desse sincretismo também a gente não tem uma exclusão de religiões Já houve momentos ali de fazer casamento estava o padre mãe de santo e o pastor no mesmo espaço celebrando há famílias evangélicas ou protestantes na comunidade Há mas tem famílias de outras religiões Porque antes o local de reunião discussão e articulação era dentro da igreja Passa um tempo ela fica doente e retorna para Portugal Alguns historiadores inclusive o historiador daqui do vale do Ribeira que é o professor Carlos falam que ela foi pra Minas Gerais para a corrida do ouro Mas como ela teria ido doente deixou um grupo grande de negros africanos aqui por mais de três meses sem notícias E aí eles perceberam que tinham sido abandonados A partir daí a Ivaporunduva já tá liberta daquele período de escravização final do século XVII Graças a Deus que partiu foi e não voltou risos Um grande ganho para nossos ancestrais que viveram aqui Aí a notícia se espalhou e os negros de outras regiões começaram a vir pra cá também e aqui formou esse grande núcleo de pessoas africanas libertas mesmo antes das falsas leis abolicionistas E aí o que eles fizeram Houve tentativa de capturálos novamente houve guerra às margens do Ribeira de Iguape mas eles prevaleceram e a igreja sempre foi um encontro para se esconder e se fechar lá dentro porque é um espaço construído de pedra e de taipa e uma parede de 15 metros de largura Pra chamar atenção também batiam o sino E aqui começaram a se formar as primeiras famílias pretas libertas Por que Quando eles foram capturados na África as famílias não foram escolhidas era muito aleatório esse processo E daqui dividiu outras comunidades Nós temos nessa mesma margem do Ribeira o quilombo São Pedro que nasce de famílias nossas aqui Ah mas como você sabe disso Pelos eixos familiares nossos Os marinhos os Rodrigues Cubos Furquins a gente fala do Gregório Marinho que é a ligação familiar nossa que marca o século XVIII mas os pupos também não estavam aqui e aí essa região mais abaixo de outro município também se formou mais tarde a partir das falsas leis abolicionistas outro núcleo de quilombos que formam os três quilombos de Eldorado Mas daqui de Ivaporunduva é que nasce esse primeiro processo Por que falamos de falsas leis abolicionistas Por que a Lei do Ventre Livre é uma falsa lei onde a coroa disse que poderia cuidar daquela criança ou a criança tava liberta Como a criança recém nascida vai se virar sendo que os pais estavam ali trabalhando 24h escravizados Então aí fica uma interrogação Aí vem a Lei dos Sexagenários de 1985 onde todos aqueles que completassem 60 anos estariam libertos mas como que em uma expectativa de vida de 30 35 anos iria chegar aos 60 E aí a grande Lei Áurea de 1888 mas no dia 14 de maio os libertados iriam pra onde As pessoas começaram a procurar espaço pra ficarem e aí se depararam com um grande problema as regiões já estavam sendo exploradas então eles acabavam voltando para o mesmo ponto E aí aqueles fazendeiros como dizem os livros eu já falo exploradores sequestradores diziam que eles poderiam ficar ali sem sofrer consequências mas sob sua própria subordinação Por que eles não puderam ocupar o território Porque em 1850 teve a primeira lei de terra oficial no Brasil onde a Colônia Portuguesa dividiu nosso território brasileiro Ele foi dividido para espanhois e portugueses que já estavam aqui e para os negros e indígenas nada sobrou A primeira lei de cotas do Brasil foi pra brancos Pretos e indígenas não tinham acesso à educação Então nasce as primeiras famílias do vale do Ribeira formamse outras comunidades aqui e os povos originários também aprendem outras técnicas do usos de recursos naturais da mata atlântica Para poder viver no território passaram a desenvolver a agricultura formar suas pequenas casas e fixaram se no território É assim que se dá nossa estrutura aqui nem Ivaporunduva e nas comunidades vizinhas Fizemos a Primeira Guerra Mundial depois a segunda e após essa é que a articulação fica mais forte a gente tem uma Ditadura Militar que termina na década de 80 e o nosso povo articulando não se podia fazer reuniões a censura era muito grande Então criouse na Constituição Federal o Artigo 68 a gente pediu reconhecimento do Encontro Quilombo o Governo Federal criou a Fundação Cultural Palmares em 1989 não tinha corpo técnico depois se cria uma equipe no início dos anos 90 e em 94 fomos reconhecidos como quilombo Em 97 e 98 o Estado também entra em ação através da fundação Instituto Terras de São Paulo com uma equipe também mínima e então a gente passa a ser reconhecido pelo Estado como quilombo em 97 Em 98 a gente consegue a primeira parte do título A nossa associação está constituída de forma que todo mundo vota somos aqui 110 famílias 400 habitantes e essas famílias participam dessa associação onde todos são sócios Há uma votação a cada dois anos a gente elege uma diretoria com 10 membros Não é piramidal é circular Coordenador Geral com seus respectivos vices Esses 10 membros discutem semanalmente a política da comunidade Quando tem problema que eles não conseguem resolver chamam a Assembleia Geral pra discutir no grupo Não tem reeleição Temos grupos de fontes de renda que é dividida por igual por toda a comunidade Venda de banana palmito turismo grupo de artesanato Por fim temos de 10 a 12 funcionários públicos e aposentados Na maioria das casas aqui não temos cercas ou muros porque o território é coletivo Em 2002 tivemos a segunda parte reconhecida e o Incra reconheceu todo o território foi um processo maior Em 2003 a última faixa que faltava foi reconhecida O título foi registrado em 2010 em julho Nós somos a primeira comunidade do Vale do Ribeira a ter o registro definitivo das terras O restante é área de proteção ambiental Nós estamos lutando pelo título de todos os territórios quilombolas não só aqui E há também uma coisa do Governo Estadual de tentar emitir títulos provisórios de usufruto e nós não estamos aceitando isso Nós queremos o título de posse definitiva dos territórios para que as famílias possam dar continuidade sem o medo de ser destituído daquele local No quilombo toda família tem casa e fonte de alimento e auxílio da comunidade Nós trabalhamos de forma coletiva Estar no quilombo é respeitar as formas de vida as pessoas o coletivismo a prosperidade e saber que virão gerações futuras Elson quilombo e historiador Em sequência foram feitas algumas perguntas relevantes para o historiador da Comunidade Quilombola de Eldorado Pergunta Você comentou que o trabalho de vocês junto com o turismo de base comunitária depois não entendi como vocês dividem essa renda gerada por todo esse trabalho que vocês fazem Uma coisa que também fiquei em dúvida é que hoje a gente tem também a questão das mudanças climáticas desde 1980 enfim e hoje a crise é muito mais agravada e você falou Ah a gente olha o sol o tempo e sabe plantar de acordo com isso Como ficaram esses períodos pra cá Se perderam muitas plantações Enfim como está esse panorama dessas perdas por conta da crise fogo Se nessa região vocês chegaram a ser afetados diretamente por isso Resposta A questão do processo das cadeias produtivas por exemplo a banana a gente comercializa por semana 800 cachos de banana O recurso cai na conta da Associação e a Tesouraria se reúne uma vez por mês e cada produtor vai lá assina o seu vale e sua parte é depositada em sua conta Turismo e artesanato é a mesma coisa E a questão climática afetou bastante a região porque quando se tem quatro estações e uma delas praticamente não existiu ao longo do ano a sua produção é prejudicada Pergunta O senhor falou que o Quilombo em associação sobrevive através da agricultura Como funciona a associação para conseguir políticas públicas para ajudar Se o senhor participa de programas para a compra de equipamentos adubo etc Resposta Nós éramos excluídos desses programas O CONAF abriu as portas do Banco do Brasil aqui na região em 2002 a fundação do Instituto Terras de São Paulo nós não tínhamos acesso Passamos a ter acessos após os nossos terem acesso à universidade e voltarem Nós fortalecemos o conhecimento da Academia com o conhecimento prático nosso do dia a dia e passamos a dizer não Pergunta Pergunta As pessoas saem daqui do quilombo e vão para as universidades para trazer conhecimento ou não Resposta Pra agregar conhecimento à comunidade Se saírem daqui nós queremos que saiam para viver bem e não sobreviver Pergunta Pergunta você citou os alimentos que ajudam na contribuição de renda vocês aqui dentro produzem outros alimentos e fazem essa troca entre vocês Outra coisa sobre o aumento da produção Além da produção orgânica também adotam técnicas e princípios da produção ecológica se também seguem essa pauta e se você identifica que a juventude aqui dentro tem essa dificuldade de identificação com território Resposta No passado já tiveram hoje não Eles já têm consciência de quem são onde estão Não tem mais essa negação da identidade A escola onde eu fui alfabetizado negou muito esse processo e para os meus que estavam naquela época na escola Mas não desvalorizo a cultura dos de fora também E a produção é diversa mas esse ano não conseguimos plantar arroz então fizemos compra de mercadoria Nós fazemos trocas com vizinhos E o excessivo da horta nós vendemos Aqui a maioria dos produtores são orgânicos apenas três produtores trabalham com o convencional A gente tem uma inspeção Pergunta Gostaria de saber o impacto do bolsonarismo para a comunidade Se teve impactos diretos Como é a participação da comunidade nos Conselhos Resposta Nós temos membros de cada conselho E a questão política nós tivemos quatro anos de retrocesso falando da perspectiva quilombola porque foram quatro anos sem a certificação e sem o registro de território políticas negacionistas repressão Ele deixou um projeto de Minas e Energia para explorar o minério aqui nessa região eles ameaçaram entrar na justiça nós fomos ao Ministério da Energia cobramos o atual presidente colocamos em processo que queriam entrar na nossa comunidade A política do Tarcísio nosso governador não é diferente A seguir temos uma breve entrevista com um dos membros da comunidade Me fala seu nome completo e sua função aqui no Quilombo Como vocês se organizam aqui Meu nome é Laudessandro Marinho da Silva tenho 40 anos formação técnica em agricultura e Barachel em Administração de empresas Hoje sou coordenador geral do grupo de agricultura inorgânica Trabalho no processo de controle gerenciamento prestação de contas e entregas dos alimentos que saem da comunidade para a alimentação escolar Hoje nós entregamos para as escolas estaduais pelo projeto PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar que é um projeto estadual Então entregamos para a região centro centrosul e Mogi das Cruzes E esse processo de prestação de contas emissão de nota fiscal e controle das entregas é a minha função e também participar dos eventos e reuniões dentro do território quilombola Quais os principais desafios para vocês manterem a agricultura e como elas resistem à essa lógica do capitalismo O maior desafio é trabalhar contra o sistema capital O nosso trabalho aqui é mais de proteção do ambiente natureza e nós fazemos parte dela e a dificuldade é que o sistema é contrário a isso Sempre quer buscar o lucro Aqui para a valorização da cultura quilombola às vezes a gente tem que contrapor esse sistema Basicamente a produção do agronegócio não é para a alimentação de pessoas é para suprir outras coisas E a gente contrapõe isso por isso falamos agricultura de subsistência Como é a questão do turismo de base comunitária Para nós o território é o símbolo da liberdade Essa luta é resistência nada mais É a nossa luta pela liberdade a conquista daquilo que é direito nosso A gente só pode falar do turismo porque nós temos um território Essa luta de mais de 300 anos é para manter a natureza viva A gente é descendente de um povo escravizado pela mineração Essa parte do turismo a gente reflete o que é importante Temos ameaças ainda e contrapomos isso porque queremos que a natureza seja liberta E o turismo dentro da nossa comunidade é de base comunitária contando também a história do ponto de vista nosso Nós falamos a partir de nossa experiência de vida e a partir daquilo que acreditamos que a história é de fato Nós não somos descendentes de fugitivos Eles não cometeram crimes para fugir Nós lutamos e resistimos contra o processo da escravidão Quais são as principais festividades que vocês têm aqui hoje dentro do quilombo Nós seguimos algumas festividades dentro do ano por exemplo a gente segue as festividades de Santos Em janeiro nós comemoramos o São Sebastião santo protetor da natureza e também da cura E em junho os Santos juninos E a comemoração da Padroeira da Nossa Senhora dos Homens Pretos em outubro
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após dias de navegação com seu grupo é já era explorada aquela região e depois continuou margeando o litoral até chegar aqui na nossa região do Ribeira e eles percebem que já havia pessoas aqui na região né Os povos originários já estavam por aqui e faziam essa caminhada até o Paraná né Pelo litoral já faziam o uso deste território então já havia pessoas ali não foi uma descoberta assim né Porque assim como os demais e chegando aqui lá em 1531 eles veem a área e têm a percepção da extensão do território e da possibilidade de riqueza Eles comunicam a Coroa portuguesa da possibilidade de exploração aqui na região e seguem viagem Então daqui ele vai lá pra baixada santista município de São Vicente tá Então São Vicente é de 1532 e aí eles colocam lá o slogan da cidade São Vicente é a primeira cidade do Brasil mas já tinha passado aqui por Cananéia e pelo Vale do Ribeira E então a partir deste informe de Portugal as pessoas começam a vir com mais expedições pra cá aí começa a formar os 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possibilidade de minério né E também pequenas pepitas de ouro Em alguns registros a gente têm parte dessa história então houve essa chegada a gente fala de 1630 pra cá esse primeiro grupo que chega aqui nessa região com mais de 12 13 negros africanos que estavam embarcados mais os que estavam ali pra servir capitão do mato jagunço e nesse território eles começaram a explorar o ouro em pó que é o ouro de aluvião né Há vários resquícios ainda hoje visualmente onde houve o processo de exploração de ouro Há valas há corregos é que foram desviados há empilhamento de pedra então tem o que a gente chama de córrego do ouro tem as valas né Onde houve esse processo de exploração do ouro Mas você acredita nisso Elson Houve realmente No final dos anos 80 nós tínhamos três senhores aqui que faleceram e eles buscavam a possibilidade de ir atrás desse ouro e eles tinham garrafinhas com ouro em pó e algumas pepitas de ouro E isso a gente via na mão deles e até na escola também No final dos anos 80 mostravam né E aí depois com o falecimento deles a família ficou com aquilo ali e não deram mais prosseguimento de fazer essas demonstrações até porque as especulações começaram a crescer muito sobre o nosso território né Nos anos 80 90 aí por conta dessas riquezas Mas então esse grupo é liderado pela Maria Joana vieram na busca desse minério alguns registros falam que foi tirado mais de 400 arrobas de ouro aqui da região e ela criou com a mão de obra africana escravizada a sede da fazenda a 900 metros daqui que vocês vão conhecer o Centro Histórico do Quilombo onde tem uma igreja histórica de Nossa Senhora do Rosário que é a padroeira foi trazida de Portugal pra cá também como imagem e onde era a senzala que se deteriorou no final dos anos 40 E aí explorando essa região ela obrigou eles construírem essa igreja com mais de 350 anos que está instituída Hoje ela é tombada pela Secretaria da Cultura e está em processo de tombamento também pelo Iphan então é aberta para visitações E pra 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mesma margem do Ribeira o quilombo São Pedro que nasce de famílias nossas aqui Ah mas como você sabe disso Pelos eixos familiares nossos Os marinhos os Rodrigues Cubos Furquins a gente fala do Gregório Marinho que é a ligação familiar nossa que marca o século XVIII mas os pupos também não estavam aqui e aí essa região mais abaixo de outro município também se formou mais tarde a partir das falsas leis abolicionistas outro núcleo de quilombos que formam os três quilombos de Eldorado Mas daqui de Ivaporunduva é que nasce esse primeiro processo Por que falamos de falsas leis abolicionistas Por que a Lei do Ventre Livre é uma falsa lei onde a coroa disse que poderia cuidar daquela criança ou a criança tava liberta Como a criança recém nascida vai se virar sendo que os pais estavam ali trabalhando 24h escravizados Então aí fica uma interrogação Aí vem a Lei dos Sexagenários de 1985 onde todos aqueles que completassem 60 anos estariam libertos mas como que em uma expectativa de vida de 30 35 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naturais da mata atlântica Para poder viver no território passaram a desenvolver a agricultura formar suas pequenas casas e fixaram se no território É assim que se dá nossa estrutura aqui nem Ivaporunduva e nas comunidades vizinhas Fizemos a Primeira Guerra Mundial depois a segunda e após essa é que a articulação fica mais forte a gente tem uma Ditadura Militar que termina na década de 80 e o nosso povo articulando não se podia fazer reuniões a censura era muito grande Então criouse na Constituição Federal o Artigo 68 a gente pediu reconhecimento do Encontro Quilombo o Governo Federal criou a Fundação Cultural Palmares em 1989 não tinha corpo técnico depois se cria uma equipe no início dos anos 90 e em 94 fomos reconhecidos como quilombo Em 97 e 98 o Estado também entra em ação através da fundação Instituto Terras de São Paulo com uma equipe também mínima e então a gente passa a ser reconhecido pelo Estado como quilombo em 97 Em 98 a gente consegue a primeira parte do título A nossa 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fazem Uma coisa que também fiquei em dúvida é que hoje a gente tem também a questão das mudanças climáticas desde 1980 enfim e hoje a crise é muito mais agravada e você falou Ah a gente olha o sol o tempo e sabe plantar de acordo com isso Como ficaram esses períodos pra cá Se perderam muitas plantações Enfim como está esse panorama dessas perdas por conta da crise fogo Se nessa região vocês chegaram a ser afetados diretamente por isso Resposta A questão do processo das cadeias produtivas por exemplo a banana a gente comercializa por semana 800 cachos de banana O recurso cai na conta da Associação e a Tesouraria se reúne uma vez por mês e cada produtor vai lá assina o seu vale e sua parte é depositada em sua conta Turismo e artesanato é a mesma coisa E a questão climática afetou bastante a região porque quando se tem quatro estações e uma delas praticamente não existiu ao longo do ano a sua produção é prejudicada Pergunta O senhor falou que o Quilombo em associação sobrevive através da agricultura Como funciona a associação para conseguir políticas públicas para ajudar Se o senhor participa de programas para a compra de equipamentos adubo etc Resposta Nós éramos excluídos desses programas O CONAF abriu as portas do Banco do Brasil aqui na região em 2002 a fundação do Instituto Terras de São Paulo nós não tínhamos acesso Passamos a ter acessos após os nossos terem acesso à universidade e voltarem Nós fortalecemos o conhecimento da Academia com o conhecimento prático nosso do dia a dia e passamos a dizer não Pergunta Pergunta As pessoas saem daqui do quilombo e vão para as universidades para trazer conhecimento ou não Resposta Pra agregar conhecimento à comunidade Se saírem daqui nós queremos que saiam para viver bem e não sobreviver Pergunta Pergunta você citou os alimentos que ajudam na contribuição de renda vocês aqui dentro produzem outros alimentos e fazem essa troca entre vocês Outra coisa sobre o aumento da produção Além da produção orgânica também adotam técnicas e princípios da produção ecológica se também seguem essa pauta e se você identifica que a juventude aqui dentro tem essa dificuldade de identificação com território Resposta No passado já tiveram hoje não Eles já têm consciência de quem são onde estão Não tem mais essa negação da identidade A escola onde eu fui alfabetizado negou muito esse processo e para os meus que estavam naquela época na escola Mas não desvalorizo a cultura dos de fora também E a produção é diversa mas esse ano não conseguimos plantar arroz então fizemos compra de mercadoria Nós fazemos trocas com vizinhos E o excessivo da horta nós vendemos Aqui a maioria dos produtores são orgânicos apenas três produtores trabalham com o convencional A gente tem uma inspeção Pergunta Gostaria de saber o impacto do bolsonarismo para a comunidade Se teve impactos diretos Como é a participação da comunidade nos Conselhos Resposta Nós temos membros de cada conselho E a questão política nós tivemos quatro anos de retrocesso falando da perspectiva quilombola porque foram quatro anos sem a certificação e sem o registro de território políticas negacionistas repressão Ele deixou um projeto de Minas e Energia para explorar o minério aqui nessa região eles ameaçaram entrar na justiça nós fomos ao Ministério da Energia cobramos o atual presidente colocamos em processo que queriam entrar na nossa comunidade A política do Tarcísio nosso governador não é diferente A seguir temos uma breve entrevista com um dos membros da comunidade Me fala seu nome completo e sua função aqui no Quilombo Como vocês se organizam aqui Meu nome é Laudessandro Marinho da Silva tenho 40 anos formação técnica em agricultura e Barachel em Administração de empresas Hoje sou coordenador geral do grupo de agricultura inorgânica Trabalho no processo de controle gerenciamento prestação de contas e entregas dos alimentos que saem da comunidade para a alimentação escolar Hoje nós entregamos para as escolas estaduais pelo projeto PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar que é um projeto estadual Então entregamos para a região centro centrosul e Mogi das Cruzes E esse processo de prestação de contas emissão de nota fiscal e controle das entregas é a minha função e também participar dos eventos e reuniões dentro do território quilombola Quais os principais desafios para vocês manterem a agricultura e como elas resistem à essa lógica do capitalismo O maior desafio é trabalhar contra o sistema capital O nosso trabalho aqui é mais de proteção do ambiente natureza e nós fazemos parte dela e a dificuldade é que o sistema é contrário a isso Sempre quer buscar o lucro Aqui para a valorização da cultura quilombola às vezes a gente tem que contrapor esse sistema Basicamente a produção do agronegócio não é para a alimentação de pessoas é para suprir outras coisas E a gente contrapõe isso por isso falamos agricultura de subsistência Como é a questão do turismo de base comunitária Para nós o território é o símbolo da liberdade Essa luta é resistência nada mais É a nossa luta pela liberdade a conquista daquilo que é direito nosso A gente só pode falar do turismo porque nós temos um território Essa luta de mais de 300 anos é para manter a natureza viva A gente é descendente de um povo escravizado pela mineração Essa parte do turismo a gente reflete o que é importante Temos ameaças ainda e contrapomos isso porque queremos que a natureza seja liberta E o turismo dentro da nossa comunidade é de base comunitária contando também a história do ponto de vista nosso Nós falamos a partir de nossa experiência de vida e a partir daquilo que acreditamos que a história é de fato Nós não somos descendentes de fugitivos Eles não cometeram crimes para fugir Nós lutamos e resistimos contra o processo da escravidão Quais são as principais festividades que vocês têm aqui hoje dentro do quilombo Nós seguimos algumas festividades dentro do ano por exemplo a gente segue as festividades de Santos Em janeiro nós comemoramos o São Sebastião santo protetor da natureza e também da cura E em junho os Santos juninos E a comemoração da Padroeira da Nossa Senhora dos Homens Pretos em outubro