·

Administração Pública ·

Administração Pública

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta

Texto de pré-visualização

1 Universidade Federal de Viçosa ADM585 GESTÃO LOGÍSTICA Material didático da disciplina ADM585Gestão Logística do curso lato sensu de Gestão Pública Municipal Convênio Prefeitura Municipal de Conceição do Mato DentroMG Professor Wescley Xavier Viçosa março de 2023 2 APRESENTAÇÃO A logística foi historicamente tratada sob o viés do custo Peter Drucker um dos maiores gurus da história da Administração uma vez se referiu à área como última fronteira de redução de custos das organizações Esse pensamento tem sido paulatinamente superado sobretudo pelo caráter estratégico que a área assume quando tratada sob o prisma da Cadeia de Suprimentos com agregação de valor em todas as suas atividades É neste mote que vamos conduzir nosso curso refletindo sobre como a Logística e a ideia de Cadeia de Suprimentos estão presentes nas atividades das organizações públicas Para tal dividimos esse curso em três grandes eixos No primeiro abordaremos o caráter estratégico que a logística assume quando suas atividades são coordenadas com base na ideia do valor gerado comum à perspectiva de Cadeia de Suprimentos Na sequência vamos abordar características da nossa infraestrutura logística que aumentam sobremaneira nossa capacidade competitiva Para fecharmos o curso vamos abordar o que chamamos Funções Logísticas atividades inerentes à área como previsão de demanda compras estoques distribuição e localização e seus aspectos críticos Sejam todas e todos bem vinds Contem conosco para o que precisarem 3 1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS A Gestão de Cadeia de Suprimentos bem como todas as outras atividades realizadas no setor público devem ser conduzidas respeitando o cidadão o que significa atender suas necessidades levando em conta a legalidade a moralidade a publicidade e a eficiência Dessa forma os contratos públicos devem ser firmados cada vez mais com base em transparência e equidade A Administração Pública vem apresentando nos últimos anos esforços para realizar os serviços e entregar seus produtos com maior produtividade e efetividade o que geralmente é mais perceptível em setores com produtos tangíveis como produção de medicamentos construção de estradas dentre outros ainda que tais iniciativas estejam também ocorrendo nos serviços públicos Essa tendência é fortalecida pela cobrança do cidadão que pede transparência na gestão do dinheiro público o que pode gerar reflexos positivos na economia de recursos MEIRELLES 2007 Mundialmente falando o setor público representa com seu volume de compras mais de 18 do PIB mundial No entanto deste montante estimase que 35 sejam perdidos por corrupção no processo AURIOL 2006 Um dos principais argumentos que fortalecem a implantação de sistemas integrados de gerenciamento da cadeia de suprimentos pública é o potencial desta iniciativa reduzir os custos e incrementar a transparência TALERO 2001 A Gestão da Cadeia de Suprimentos para Organizações Públicas corresponde ao caminho percorrido entre as fontes primárias ou de matériaprima passando pelas fábricas de componentes ou do produto em si pelos distribuidores e atacadistas pelo prestador de serviço público ou fornecedor do produto até que alcance o usuário final Todo este percurso trabalha com a coordenação de fluxos de materiais capital e informação desde os fornecedores primários até o usuário final Sendo assim a cadeia de suprimentos abrange desde os fornecedores iniciais até o usuário final bem como todos os fluxos associados como pode ser observado na Figura 1 4 Figura 1 Estrutura de uma cadeia de suprimentos e seus fluxos Fonte Elaboração própria A figura ilustra os diversos níveis ou camadas presentes na cadeia de suprimentos Os fornecedores de primeira camada são aqueles que se relacionam diretamente com a empresa focal da cadeia de suprimentos o que na disciplina sob estudo se refere à organização pública Os fornecedores de segunda camada são aqueles responsáveis por prover os materiais necessários para os de primeira camada e assim por diante No contexto da administração pública vale lembrar que todos os fornecedores devem ser selecionados e cadastrados conforme as exigências da legislação Os distribuidores podem ou não estar presentes na cadeia de suprimentos assim como os usuários de primeira segunda e outras camadas intermediárias e podem haver cadeias de suprimentos onde as organizações públicas se contatam diretamente com o cidadão que é o denominado usuário final Isto ocorre quando se pensa nos usuários dos serviços públicos prestados diretamente pela Administração Pública como polícia bombeiro justiça dentre inúmeros outros ou ainda quando os usuários fazem uso dos serviços prestados por autorizatários permissionários ou concessionários como abastecimento de água conservação de rodovias dentre outros Considerando os níveiscamadas da cadeia de suprimentos pense em um produto oferecido ou serviço público prestado por seu município e descreva os membros envolvidos bem como as atribuições de cada um deles na cadeia de suprimentos 5 Podese imaginar a multiplicidade e quantidade de processos que ocorrem no decorrer deste caminho da cadeia de suprimentos até alcançar o usuário final Dentre eles estão presentes Gerenciamento de pedidos e de fornecedores Gestão da demanda Gerenciamento do fluxo de materiais Gestão de compras sustentáveis Gestão de contratos Gestão de informações Gerenciamento de usuários Gestão de recursos humanos dentre outros Cada um destes processos envolve inúmeros outros cadastramento de materiais e de serviços cadastramento de fornecedores planejamento de recursos para compras gestão da criticidade de itens gestão de armazéns e estoques níveis movimentação de materiais gestão de frotas de veículos gerenciamento de patrimônio gerenciamento de consumo de energia água telefone e outros custos nos órgãos governamentais gestão jurídica dentre inúmeros outros Para executar tais atividades podese contar com o auxílio de sistemas informatizados que trabalhem com gerenciamento de compras e estoques gestão de contratos gerenciamento financeiro e de orçamento sendo a utilização destes sistemas ainda mais atrativa caso seja possível integrálos tornando as informações fluidas e acessíveis com rapidez e exatidão favorecendo a gestão integrada e consequentemente economia de recursos públicos e satisfação dos requisitos do usuário Ao inserir a discussão e a prática da Gestão da Cadeia de Suprimentos no âmbito da Administração Pública é preciso estar atento ao fato de que tratar de compras públicas é diferente de tratar de compras no setor privado Os procedimentos que adotados pelos entes públicos estão expressos em lei e assim devem ser cumpridos e respeitados A referência mais presente neste contexto é a Lei de Licitações e Contratos Administrativos Lei nº 14133 de 1º de abril de 2021 que guia os entes públicos em geral em suas relações com os fornecedores 6 Além disso a Administração Pública exerce poder coercitivo sobre os demais membros da cadeia de suprimentos devido às penalidades que estão também expressas na legislação e que são aplicáveis em situações de descumprimento do que se estabeleceu nos contratos ou até mesmo em casos de prática ilícitas Desta forma a relação da organização pública com as demais organizações e pessoas que estão presentes na cadeia de suprimentos não é completamente horizontalizada uma vez que há discrepância de exercício de poderes entre eles A seguir são descritas algumas peculiaridades da Cadeia de Suprimentos pública que a diferencia da privada Uma vez que se visa atender ao interesse público é preciso adotar instrumentos formais de contratação parceria e outros vínculos a fim de que formalizar também os instrumentos e formas de medição de desempenho e afastar comportamentos oportunistas A formalidade maior dos vínculos pode afetar negativamente na agilidade e flexibilidade dos processos de contratação Relações somente baseadas em vínculos informais de confiança e comprometimento não são possíveis na Administração Pública A necessária obediência aos princípios da legalidade impessoalidade e moralidade faz com que as contratações primem por igualdade de condições e por seguir as determinações legais e a construção de parcerias informais não seria coerente com tais exigências Os prazos e condições determinados nos contratos realizados pela Administração Pública não são facilmente modificados a não ser em situações muito específicas Sendo assim a contratação de outros fornecedores fica limitada durante o prazo de vigência dos contratos o que pode resultar em perdas de melhores oportunidades Realize uma pesquisa e busque encontrar um edital ou contrato onde se observe com clareza esta diferença de poderes entre a Administração Pública e as organizações por ela contratadas Destaque como você conseguiu identificar a existência desta discrepância 7 Considerando todas os impactos e peculiaridades a Gestão Estratégica da Cadeia de Suprimentos em Organizações Públicas adquire importância e relevância uma vez que impacta não somente as atividades destas organizações internamente como também reflete na gestão de recursos públicos e na satisfação do cidadão Sendo assim neste capítulo serão aprofundados conceitos pressupostos e práticas que contribuem neste sentido 11 Alterações no ambiente competitivo A Administração Pública vem sendo cobrada continuamente pela sociedade em busca de maior transparência e isto tanto na prestação de serviços quanto na entrega de produtos Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE em 2017 as compras governamentais brasileiras correspondiam a aproximadamente R850 bilhões o que representou 13 do Produto Interno Bruto PIB do país Conhecendo estes números compreendese a importância de formas que assegurem maior segurança transparência e confiabilidade dos processos Uma tendência fortemente favorecida neste cenário corresponde ao emprego de métodos informatizados reconhecidos por reduzir erros nos processos e ao mesmo tempo ampliar produtividade e rentabilidade A utilização da internet e da modalidade de pregão eletrônico são tendências que seguem este caminho Já em 2007 das compras públicas federais que em seu total chegaram a R237 bilhões 694 foram realizadas na modalidade de pregão eletrônico As informações sobre compras públicas são de acesso aberto à população Sendo assim pesquise como está evoluindo em seu município o emprego da modalidade de pregão eletrônico Construa uma tabela e um gráfico mostrando tal evolução Além disso reflita e busque identificar pontos que podem ser identificados como favoráveis e como desfavoráveis à adoção de métodos informatizados na realidade do seu município 8 As modificações quanto ao ambiente competitivo atingem também as cadeias de suprimentos que integram a Administração Pública Ambiente estratégia estrutura da cadeia relacionamentos são aspectos essenciais para a gestão da cadeia de suprimentos e sua adaptação aos requisitos que ela deve atender ALVES FILHO et al 2004 Podese agrupar os fatores que devem ser priorizados diante das modificações do cenário em Ambiente competitivo Alinhamento estratégico e repartição de ganhos Estrutura da cadeia Relações entre as organizações da cadeia Ambiente competitivo O Ambiente competitivo se refere à forma como as organizações pesquisadores e burocratas percebem este ambiente Atualmente uma das modificações que atingiram o contexto da cadeia de suprimentos é que a competição não ocorre mais entre cada ente isoladamente mas sim entre cadeias inteiras sendo o desempenho avaliado de forma conjunta CRISTOPHER 2007 Alinhamento estratégico Sendo assim o Alinhamento estratégico entre todos os componentes da cadeia de suprimentos é essencial Pensar em iniciativas individuais não é mais suficiente Devese considerar o que incrementa o desempenho do todo e adotar tais ações Em contrapartida as organizações envolvidas irão aferir os ganhos de forma proporcional aos seus investimentos e esforços empregados para alcançar aquele desempenho Estrutura da cadeia de suprimentos A Estrutura da cadeia de suprimentos também é essencial para que ela possa se adaptar às alterações no ambiente As atribuições de cada membro da cadeia devem ser bem delimitadas bem como as interfaces entre cada um deles Para um alinhamento estratégico adequado aspectos como hierarquia entre os membros formas de integração dos processos trâmite de informações dentre outros devem ser bem desenhados e comunicados entre todos os que compõem a cadeia de suprimentos a fim de que ela trabalhe com uma estrutura fortalecida e direcionada para objetivos comuns 9 Relações entre as organizações da cadeia de suprimentos As Relações entre as organizações que compõem a cadeia de suprimentos devem primar pela cooperação trabalho conjunto compartilhamento de informações e construçãofortalecimento de vínculos internos de confiança Relações de longo prazo são essenciais sendo as parcerias uma possibilidade bastante atrativa Estes fatores para adaptação a ambientes competitivos podem ser relacionados com o conceito de Gerenciamento Integral da Gestão dos Materiais e da Contratação dos Serviços GCSSP no setor público TRIDAPALLI FERNANDES MACHADO 2011 Propõese que a ideia de que cada compra é um processo único seja abandonada e substituída por métodos de longo prazo de gerenciamento integral e construção de relacionamento entre as diversas esferas do poder público além de associações estratégicas com o setor privado A atuação dos administradores públicos é essencial para que esta gestão integrada seja implementada e alcance os resultados positivos de um trabalho de cooperação Pesquise e identifique como são realizados os processos de compras no âmbito do seu município Estes processos seguem a tendência de gestão integrada ou são realizados de forma compartimentada por cada ente eou organização envolvida 12 Prioridades competitivas Em um ambiente mutável e competitivo é preciso que sejam identificados os critérios que efetivamente importam para um desempenho não somente satisfatório mas também adequado à realidade daquele ambiente tal como ele se apresenta Sendo assim são listados aqui alguns fatores que recorrentemente são citados como prioritários no contexto atual Mas lembrese esta lista não é exaustiva Ela traz fatores que muitas vezes se apresentam como importantes para a competitividade da cadeia de suprimentos mas é sempre necessário verificar a coerência entre os mesmos e a cadeia a ser analisada Agilidade e flexibilidade A demanda é crescente por processos mais ágeis e flexíveis o que significa que ao mesmo tempo em que eles têm que ser adaptáveis a diferentes realidades a resposta 10 às demandas deve ocorrer em intervalos de tempo cada vez menores CRISTOPHER 2007 Custos Se atualmente a sociedade requer transparência crescente dos processos um dos motivos diretos é a análise dos custos e busca por sua redução Aquisições realizadas de forma adequada ou seja na quantidade e na qualidade corretas no momento certo e com o melhor preço devem ser prática comum Além disso para que a cadeia como um todo apresente desempenho positivo em termos de custos é preciso que todas as organizações atuem desta mesma maneira NOVAES 2014 Devese buscar otimizar o deslocamento de produtos a alocação de funcionários o gerenciamento de itens de estoque dentre tantos outros processos e atividades realizadas por cada uma das organizações que integram a cadeia de suprimentos Para uma gestão de custos adequada no setor público é preciso valorizar a abordagem da gestão integrada da cadeia de suprimentos Os resultados positivos em potencial somente serão alcançados se todos os envolvidos visarem os mesmos objetivos Uso da Tecnologia da Informação A Tecnologia da Informação TI é uma das ferramentas que pode contribuir positivamente para a agilidade e flexibilidade dos processos bem como para redução dos custos envolvidos TRIDAPALLI FERNANDES MACHADO 2011 Sistemas informatizados podem ser empregados na cadeia de suprimentos a fim de possibilitar comunicação com maior capilaridade o que significa que a gestão estará mais próxima das frentes de trabalho por acessar as informações praticamente em tempo real Determinados órgãos ou organizações envolvidos na cadeia de suprimentos podem ainda optar por utilizar sistemas próprios Neste caso devem ser garantidas condições para que os compartilhamentos das informações sejam viabilizados entre os vários sistemas envolvidos Cadastros de materiais registro de prestadores de serviços histórico de preços são exemplos de informações que devem ser abertas 11 para os membros da cadeia como um todo Tal compartilhamento contribui para tomada de decisões que irão garantir a racionalização no uso de recursos além de soluções mais rápidas Alguns integrantes da cadeia de suprimentos podem optar por não ter seu sistema completamente acessível pelos demais Se for este o caso é preciso que haja alinhamento quanto às informaçõeschave que não podem ser sigilosas nem parcial nem completamente No entanto considerase esta uma situação delicada pois uma vez integrante da cadeia de suprimentos caracterizada por relacionamentos cooperativos e de longo prazo um comportamento como este pode denotar que ainda há algum gap de confiança entre os envolvidos Um ponto importante no caso do serviço público é o desenvolvimento de sistemas de gestão integrada por um órgão central com o oferecimento de acesso e utilização por outras esferas com maior dificuldade de desenvolver o seu próprio como por exemplo pequenos municípios com baixa capacidade técnica e orçamento limitado EPROCUREMENT Práticas deficientes de obtenção ou procurement são facilmente identificáveis compras ineficientes altos custos de estocagem processos de tomadas de decisão lentos e redundantes e ausência de integração estratégica A obtenção e aquisição de suprimentos são atividades recorrentes na cadeia de suprimentos e a busca constante deve ser pela compra mais adequada ao menor custo possível Para isto atividades essenciais no processo são levantamento de fornecedores negociação e colocação do pedido BOWERSOX CLOSS 2001 Aliando estruturas consistentes em termos de tecnologia com esses processos de trabalho temse o eprocurement que busca fazer uso dos avanços recentes da internet trading exchanges trocas comerciais através da internet A adoção e ampliação da utilização do eprocurement pode contribuir para o desempenho superior de toda a cadeia Um dos seus benefícios é a redução de custo e de tempo do ciclo de pedido Para isso é essencial que Toda a organização tenha acesso ao eprocurement todos os colaboradores conheçam compreendam sua aplicação e benefício e saibam operálo 12 Seja promovida a integração do sistema de obtenção com os demais que operam na organização promovendo o alinhamento entre todos Para que os processos contribuam efetivamente para o desempenho da cadeia de suprimentos é preciso que sejam identificadas as prioridades competitivas desta cadeia Considerando sua visão acerca da gestão do seu município reflita e responda a Dentre as que foram apresentadas qual is são as prioridades competitivas valorizadas pela atual gestão municipal b Quais são os principais déficits em termos de gestão para uma cadeia de suprimentos consistente em seu município c Indique 3 três fatores que devam ser priorizados pela gestão municipal além do que foram aqui elencados e que você considera que fariam a cadeia de suprimentos incrementar seu desempenho como um todo 13 Integração de processos e desempenho Ao se falar em cadeia de suprimentos um aspecto essencial é a INTEGRAÇÃO integração ente processos internos de cada organização denominada integração interna e integração entre as várias organizações envolvidas sendo esta a integração externa GONÇALVES 2000 Não há como caracterizar efetivamente que uma cadeia de suprimentos existe se não estiverem presentes estes dois tipos de integração Inúmeros autores definem a cadeia de suprimentos e esta análise é essencial para a compreensão da importância da integração A Gestão da Cadeia de Suprimentos consiste na coordenação entre os fluxos de informações e materiais e entre a fonte inicial e o usuário final como um sistema de maneira integrada A conexão entre cada fase visa maximizar o nível de serviço oferecido ao usuário e reduzir custos e ativos retidos no decorrer do fluxo logístico CRISTOPHER 2007 A Cadeia de Suprimentos é uma sequência de unidades produtivas que inclui a organizaçãochave sendo que elas estão dispostas linearmente tendo como extremos a montante os fornecedores de matériaprima e a jusante o usuário final Tais extremos são 13 definidos pelo fato de não ser possível agregar valor ao produto ou serviço antes ou depois dos mesmos SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2002 A Cadeia de Suprimentos abrange diretamente três ou mais organizações ou indivíduos que geram os fluxos de produtos serviços informações e capital desde a origem até o usuário final A cadeia de suprimentos direta é caracterizada pela organização focal e por seus fornecedores e clientes diretos a cadeia de suprimentos estendida abrange a organização focal e todos os fornecedores do fornecedor direto e todos os clientes do cliente direto e a cadeia de suprimentos final que considera todas as organizações que participam do fluxo de alguma maneira inclusive operadores logísticos empresas de consultoria fornecedores de serviços financeiros dentre outros MENTZER et al 2001 A Cadeia de Suprimentos envolve necessariamente todos os estágios que direta ou indiretamente contribuem para o atendimento de um pedido do clienteusuário Sendo assim a cadeia é ampla não considerando apenas organização focal e fornecedores diretos Pelo contrário A Cadeia de Suprimentos deve também levar em conta transportadores armazéns varejistas e os próprios usuários CHOPRA MEINDL 2004 O grande elemento em comum em todas as definições de cadeia de suprimentos consiste na interrelação ou integração entre os processos organizacionais sendo que esta relação ultrapassa os processos de cada organização individualmente para atingir toda a rede de atores envolvidos formando assim a cadeia ou rede de suprimentos A Gestão da Cadeia de Suprimentos GCS ou Supply Chain Management SCM por sua vez fortalece esta integração como elemento básico e essencial A GCS consiste na coordenação entre os fluxos de materiais e informações que perpassam todas as unidades produtivas da cadeia abrangendo gerenciamento de suprimentos de processos de manufatura montagem distribuição ao usuário final O controle do fluxo deve respeitar os direcionamentos estratégicos construídos em conjunto por todos os atores da cadeia O foco da GCS reside na forma como as organizações envolvidas empregam seus processos e capacidades para promover vantagem competitiva SLACK CHAMBERS JOHNSTON 2002 A GCS integra todos os processoschave de negócios que são realizados de uma a outra extremidade da cadeia de suprimentos cuja capacidade é de agregar valor e entregar ao usuário o produtoserviço conforme seus requisitos Estes processos ocorrem internamente a cada organização envolvida e por isto a importância da integração interna entre atividades áreas e departamentos e ultrapassam os limites individuais de cada uma delas gerando a 14 necessidade da integração externa entre fornecedores de primeira segunda terceira camada distribuidores clientes intermediários e assim por diante LAMBERT COOPER 2000 A GCS consiste em uma filosofia de gestão que ultrapassa as barreiras e atividades internas de cada organização envolvida e que se estende pela construção de parcerias às outras organizações sendo buscado um objetivo comum de otimização e eficiência Alguns pontos importantes devem ser ressaltados diante das definições de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos O foco da GCS é externo a gestão da cadeia de suprimentos compreende que os processos ultrapassam as barreiras tradicionais de cada organização e assim seu foco de gestão não pode ser interno mas sim externo Todos os elos da cadeia devem ter seus processoschave sob controle na GCS os processos são complexos e amplos Cada um dos elos da cadeia deve oferecer sua contribuição com desempenho adequado para que o desempenho geral da cadeia alcance os patamares desejados Caso um dos elos apresente dificuldades todos as demais organizações envolvidas devem buscar cooperar para solucionar esta situação uma vez que ela atingirá os resultados de toda a cadeia O compromisso ou comprometimento acontece na Cadeia de Suprimentos quando os envolvidos consideram que o relacionamento com os demais é tão importante que vale dedicar o máximo de esforço para mantêlo A confiança por sua vez corresponde à crença de que as decisões e atitudes do outro contribuirão para alcançar os resultados positivos desejados ou para reduzir os possíveis resultados negativos As atitudes tomadas por cada organização integrante da cadeia de suprimentos poderão resultar em diferentes níveis de Aquiescência grau que cada um adere às políticas condutas e requisitos do outro Cooperação para o alcance de metas comuns compartilhamento de informações e coordenação de recursos Conflitos funcionais são resolvidos amigavelmente sem afetar fortemente a tendência ao rompimento de vínculos Certeza e incerteza na tomada de decisões 15 Quanto maior for o compromisso e a confiança de cada um dos integrantes da Cadeia de Suprimentos mais eles buscarão individualmente oferecer desempenhos potencialmente benéficos para todos evitando comportamentos oportunísticos compartilharão valores criarão comunicações eficientes e buscarão evitar os custos do fim dos vínculos MORGAN HUNT 1994 Ao analisar o setor público podese imaginar inicialmente que há uma tendência de uma cadeia de suprimentos enxuta com pouco estoque e movimentação uma vez que os serviços ocupam grande volume das operações e o ambiente é mais previsível No entanto considerando a realidade de processos ineficientes e muitas vezes até mesmo dispensáveis obsolescência de materiais e desperdícios não é possível afirmar com que frequência ou em quais situações a tendência enxuta será observada Considerando os conceitos de compromisso e confiança aplicados à Gestão da Cadeia de Suprimentos responda como seria possível aumentar os níveis de compromisso e confiança nos integrantes da Cadeia de Suprimentos da Administração Pública em geral 14 Arranjos produtivos locais e desempenho da cadeia de suprimentos Os arranjos produtivos locais APLs consistem em aglomerados de organizações de vários portes naturezas e tipos que se localizam em um mesmo território e possuem uma determinada especialização como por exemplo APL MetalMecânico APL Moveleiro APL de Vestuário APL Mineral Os integrantes do APL estruturam entre si uma governança e constroem vínculos de cooperação aprendizagem interação entre si e também com outros agentes locais como governo instituições bancárias de ensino e de pesquisa associações empresariais dentre inúmeras outras possibilidades O APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí é voltado para a área de eletroeletrônica e abriga o desenvolvimento de inovações importantes Com mais de 150 indústrias da área de tecnologia e gerando 14700 empregos sua atuação é relevante não somente para a região mas também para o país chegando a alcançar inclusive expressão mundial Considerando as interfaces possíveis entre atores públicos e privados pesquise e busque identificar como isto ocorre no APL supracitado destacando os vínculos existentes 16 Percebese que o conceito de APL guarda grande coerência com a dinâmica de funcionamento os elementos e características de uma Cadeia de Suprimentos Fluxos que ultrapassam as organizações individualmente integração cooperação são alguns dos elementos que permitem levantar a possibilidade de uma Cadeia de Suprimentos se apresentar em forma de APL Sendo assim destacamse aqui o elemento de integração e construção de vínculos essencial para os APLs Quando se fala em parcerias devese pensar em alguns elementos essenciais que necessariamente se fazem presentes Formação de acordos mútuos Cooperação Vínculos de longo prazo Autonomia das organizações envolvidas Coordenação entre objetivos individuais e comuns Estando presentes esses elementos caracterizase o vínculo de parceria As parcerias podem ser classificadas em diversos níveis ou graus a depender da proximidade de relacionamento que se construiu entre as organizações envolvidas Na Cadeia de Suprimentos podese encontrar redes que sejam exclusivamente cooperativas com alto grau de proximidade entre os integrantes No entanto podem também existir cadeias onde se percebem comportamentos cooperativos mas também competitivos e isto será reflexo do nível da parceria estabelecida Frequentemente observamse cadeias onde ambos os comportamentos são observados cooperação e competição O trabalho conjunto por meio do sistema de arranjos produtivos locais pode ser um aspecto bastante favorável para aumentar os níveis de cooperação e confiança na cadeia de suprimentos Esses níveis mais elevados aumentam a qualidade dos relacionamentos entre os membros dessa cadeia e consequentemente o desempenho da cadeia de suprimentos como um todo CHOPRA MEINDL 2004 Isto porque Ocorre um maior alinhamento entre os objetivos de cada integrante da cadeia 17 Iniciativas de gestão da cadeia de suprimentos que favorecem cooperação são aceitas mais facilmente como por exemplo a implantação de sistemas únicos de gerenciamento Não há retenção de informações por nenhum membro da cadeia Todos compartilham pois há um vínculo de confiança constituído o que contribui para coordenação na tomada de decisões Tarefas duplicadas são eliminadas o que aumenta a lucratividade da cadeia como um todo Dentre os diversos benefícios das redes destacase a delimitação conjunta de estratégias GLACOLA SHEEDY 2002 Como consequência dela podese Adotar estratégias de marketing compartilhado Reduzir os custos de produção Ampliar o acesso à informação Reduzir os riscos de investimento Conectar e coordenar habilidades complementares Ampliar a capacidade gerencial Em uma Cadeia de Suprimentos diferentes formas de relacionamento podem existir relacionamento lateral relacionamento horizontal relacionamento circular ou dependência recíproca geral PFOHL BUSE 2000 O vínculo de dependência recíproca geral é observável em todas as cadeias de suprimentos pois ele define que o desempenho de um fornecedor depende das atividades dos demais A mudança nos requisitos de qualquer um deles afeta os demais bem como qualquer modificação que ocorra na demanda gerada pelo usuário final A interdependência na Cadeia de Suprimentos leva a este cenário de influência e impactos mútuos Devido a esta relação e à existência de fluxos de informações de materiais e de capital que conectam as organizações envolvidas diversos autores sugerem que a medição de desempenho nas Cadeias de Suprimentos seja realizada com base em processos Não há uma definição única de processos porém analisando as inúmeras que se apresentam na literatura é possível perceber que todas destacam elementos comuns para compreender este conceito 18 Inputs ou recursos de entrada Outputs ou recursos de saída Agregação de valor Cliente ou usuário e Atividades estruturadas Assim compreendese que um processo consiste em um conjunto de atividades estruturadas que se relacionam entre si e agregam valor aos inputs para entregar aos clientes ou usuários os outputs que podem ser produtos eou serviços conforme os requisitos esperados KINTSCHNER BRESCIANI FILHO 2004 HARRINGTON 1993 HAMMER CHAMPY 1994 GONÇALVES 2000 A Figura 2 ilustra este conceito Figura 2 Elementos dos Processos Fonte Elaboração própria Na Cadeia de Suprimentos cada organização envolvida realiza seus diversos processos internos e se conecta com os outros participantes a montante e a jusante recebendo deles inputs ou lhes fornecendo outputs de seus processos que chegarão como inputs para o próximo ator da cadeia e isto ocorre até que o bem tangível ou intangível seja entregue ao usuário final A medição de desempenho da Cadeia de Suprimentos não pode deixar de considerar este aspecto interorganizacional e assim uma das formas mais adequadas seja efetivamente avaliar o processo desde o início o primeiro fornecedor até o final usuário final Medir o desempenho é importante para acompanhar quais são os pontos da cadeia que estão contribuindo para alcançar ou não os resultados esperados PAPAKIRIAKOPOULOS e 19 PRAMATARI 2010 Estes pontos podem se referir a uma organização integrante da cadeia uma atividade realizada por alguma das organizações um vínculo entre organizações dentre outras inúmeras possibilidades quando se fala em um fluxo constituído por várias organizações que realizam atividades complexas internamente e cujos processos são integrados externamente A medição de desempenho é capaz de Demonstrar a eficiência com que estão sendo empregados os recursos disponíveis Identificar origens de falhas dos processos Obter informações sobre qualidade dos processos Auxiliar na implementação de medidas para reduzir custos Contribuir para redução do tempo do ciclo do pedido Contribuir para implementação de melhorias contínuas nos processos dentre inúmeros outros benefícios HARRINGTON 1993 A medição de desempenho oferece meios para identificar se a cadeia de suprimentos está tendo um desempenho satisfatório ao mesmo tempo em que ajuda a perceber a necessidade e monitorar a implementação de melhorias Para medir o desempenho da cadeia de suprimentos alguns requisitos são importantes Dentre eles destacamse o estabelecimento de metas e o desenvolvimento de uma matriz de integração dos fornecedores Estabelecimento de metas Antes de avaliar é preciso saber claramente quais são os resultados esperados Assim delimitar metas claras em termos de obtenção e aquisição de bens tempo de pedido tipos de vínculos entre os integrantes da cadeia formas de comunicação dentre outros quesitos é passo fundamental para que se possa viabilizar a medição de desempenho da Cadeia de Suprimentos Desenvolvimento de uma matriz de integração dos fornecedores 20 O comprometimento de cada fornecedor da Cadeia de Suprimentos é essencial para o desempenho dela como um todo A construção de uma matriz de integração dos fornecedores ou Supplier Integration Matrix SIM permite que os fornecedores sejam classificados conforme seu grau de importância para a cadeia Colaborador estratégico oferece produtos eou serviços incomuns que não são encontrados iguais ou similares Cooperador estratégico oferece produtos eou estrategicamente importantes porém não são únicos Limitado nãoestratégico oferece produtos eou serviços que não são considerados estratégicos Conveniência nãoestratégica oferece produtos eou serviços que estão em oferta abundante e assim podem ser facilmente obtidos com outros fornecedores Categorias como Eficiência Receptividade e Flexibilidade estão presentes na avaliação de desempenho das Cadeias de Suprimentos sendo que para cada uma delas devem ser aplicados indicadores de desempenho tanto individualmente a cada organização quanto à cadeia vista como um todo Assim além de avaliar o desempenho de cada um dos integrantes da cadeia onde cada um pode determinar as melhores formas para medir seus processos haverá também a medição através de indicadores em comum que serão aplicados a todos Estes são os considerados indicadoreschave A Eficiência mensura como os recursos são empregados o que pode ser medido através de retorno sobre o investimento níveis de estoque e custos de produção A Flexibilidade indica a capacidade da Cadeia de Suprimento reagir a mudanças do ambiente externo O desempenho neste indicador reflete na satisfação do usuário flexibilidade de entrega redução de pedidos pendentes dentre outros A Receptividade demonstra a capacidade da cadeia entregar produtos e serviços solicitados a curto prazo o que pode ser mensurado através de tempo de resposta ao usuário atrasos e erros nas entregas taxas de reclamações dos usuários entre outros indicadores A escolha dos indicadores adequados à cada Cadeia de Suprimentos é complexa Uma solução interessante é conhecendo a dinâmica de funcionamento da cadeia os atores 21 envolvidos e as prioridades competitivas desenhar os indicadores que serão mais indicados para compreender e oferecer informações sobre aquela cadeia BEAMON 1999 22 CAPÍTULO 2 INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA A Logística é uma atividade que atualmente ocupa espaço estratégico e é vista como diferencial competitivo não somente nas organizações mas também nas Cadeias de Suprimentos Para seu funcionamento tal como esperado agregando valor e contribuindo para a satisfação do usuário são necessários elementos básicos Pensar em sistemas de distribuição física estrutura de vias de transporte veículos administração de materiais manuseio e acondicionamento de produtos controle de estoques obtenção e aquisição de mercadorias são todas atividades essenciais para o desempenho logístico BALLOU 1993 Em se tratando de transporte o portal Brasil Escola delimita que ele é composto por três elementos básicos infraestrutura veículos e operações comerciais Infraestrutura malha de transporte de qualquer modal rodoviário ferroviário aéreo hidroviário ou dutoviário Veículos são os trens aeronaves automóveis ônibus e caminhões que trafegam pela malha de transporte Operações comerciais são as formas delimitadas para que os veículos utilizem a infraestrutura códigos diretrizes leis Tais elementos estão presentes tanto no fluxo tradicional ou direto da logística quanto no fluxo reverso Na próxima seção serão estudados os sistemas de logística reversa e em seguida os sistemas de transporte onde serão trabalhados mais profundamente cada um desses elementos 21 Sistemas de Logística Reversa A Logística Reversa é o ramo da Logística responsável por cuidar dos fluxos de materiais que se originam no usuário final em direção aos pontos iniciais da Cadeia de Suprimentos seja para direcionar para a disposição final ou para recapturar parte do valor NOVAES 2014 23 A logística reversa envolve diversos intermediários pode contar com pontos de armazenagem sistemas de transporte e também compensações financeiras Para Novaes 2014 há dois tipos de canais reversos o canal de pósconsumo e o canal de pósvenda O canal de pósconsumo é relativo a produtos que possuem uma vida útil variada mas que depois de um tempo de utilização perdem suas características básicas e tendem a ser descartados Por exemplo uma televisão usada já sem uso para seu dono original pode ser vendida para uma empresa que trabalhe com consertos e cujas peças terão serventia Pode ainda ser direcionada para reciclagem A reciclagem é o processo de transformação pelo qual os componentes dos produtos já utilizados passam para que sejam reincorporados em forma de matériaprima na fabricação de outros produtos Nos casos em que o produto descartado não possui serventia para o processo industrial nem a partir de processos de reciclagem ele deve ser direcionado para disposição final Atualmente alguns dos itens que vem gerando complicações para disposição final são os eletroeletrônicos como os celulares computadores tablets e também as pilhas e baterias O volume do denominado lixo eletrônico é crescente e devido à super oferta não há interesse para que seja todo ele direcionado para reciclagem Assim a delimitação de direcionamentos para disposição final é essencial Considerando a realidade do seu município pesquise dados sobre o volume de lixo eletrônico gerado Há participação da esfera pública no direcionamento de procedimentos para disposição final deste lixo Quais são as medidas vigentes O canal de pósvenda por sua vez abrange medidas como o retorno de embalagens e a devolução de produtos aos fabricantes O denominado prazo de arrependimento para compras efetuadas online é um dos procedimentos incluídos como canal reverso de pósvenda No caso dessas compras o consumidor tem direito à devolução do item comprado em até sete dias após recebelo caso considere que ele não atende o esperado 24 No caso do Estado de São Paulo a Companhia Ambiental reconhece três formatos distintos de sistemas de logística reversa 1 PEV Coleta Seletiva ou Central de TriagemEntidades de Catadores Figura 3 Coleta Seletiva segundo CETESB Fonte CETESB Neste caso a coleta seletiva realizada pela prefeitura empresas contratadas ou entidades de catadores recolhe os resíduos recicláveis ou o consumidor os entrega diretamente em um Ponto de Entrega Voluntária PEV Os resíduos são destinados para a Central de Triagem que separa categoriza e comercializa o material reciclável para os recicladores 2 Coleta em PEVs Figura 4 Coleta em PEVs segundo CETESB Fonte CETESB O consumidor entrega seu resíduo em um ponto de entrega voluntário PEV que muitas vezes é localizado junto a alguma rede de assistência técnica ou loja e quando estes resíduos alcançam um determinado volume ou conforme um cronograma estipulado o operador passa recolhendoos e os encaminha para a reciclagem 25 3 Coleta por sistema itinerante junto ao comércio Figura 5 Coleta por sistema itinerante segundo CETESB Fonte CETESB Neste sistema o resíduo nem sequer chega ao consumidor Ele é retido no próprio local onde é gerado e ao alcançar determinado volume ou data prédeterminada o operador logístico recolhe e encaminha para a reciclagem Considerando estes três sistemas presentes no estado de São Paulo e as definições de canal de logística reversa de pósvenda e de pósconsumo busque informações em seu município sobre os agentes envolvidos em processos de reciclagem e descreva como funciona uma das cadeias de pósconsumo que você mapear descrevendo os envolvidos suas atribuições e os resultados deste processo de logística reversa 22 Sistemas de transporte e suas características A busca por melhoria de qualidade aumento de produtividade redução de custos e incremento na satisfação do usuário não é algo que se restringe ao ambiente privado As organizações públicas também vêm atuando nesse sentido no intuito de alcançar melhores resultados na gestão dos recursos públicos O transporte como parte integrante da Logística e responsável por parcela importante dos gastos logísticos passou a assumir um papel estratégico nas organizações BALLOU 1993 Pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em 2017 indicou que em média 1237 do faturamento bruto das organizações é gasto com custos logísticos sendo que deste montante 635 é destinado a atividades de transporte FDC 2017 26 Devido à sua importância prosseguese agora com a temática de sistemas de transporte Conceitos Fundamentais O transporte é uma atividade de fundamental importância na cadeia de suprimentos uma vez que dificilmente os bens são fabricados e consumidos no mesmo lugar A palavra transportar significa conduzir ou levar de um lugar para outro Assim em síntese o transporte corresponde ao deslocamento de mercadorias ou pessoas de um ponto a outro e deve considerar características como restrições das cargas e limitações quanto à confiabilidade de prazos Os sistemas de transporte abrangem os elementos fundamentais para que esta atividade ocorra As vias Os veículos e Os terminais Segundo Ballou 1993 o sistema de transporte promove a capacidade de movimentação da economia através do movimento de pessoas e cargas além de poder incluir também os itens intangíveis como energia elétrica e serviços de telecomunicação Bowersox Closs e Cooper 2006 afirmam que o transporte oferece duas funcionalidades movimentação e armazenagem de produtos Movimentação Como já ressaltado a movimentação é função essencial do transporte sendo que se deve prezar que o produto chegue ao clienteindústria ou cliente intermediário e ao cliente consumidor final ou usuário final Sendo assim o transporte é necessário para que outras atividades como fabricação vendas e até mesmo logística reversa ocorram Durante a movimentação denominase a carga como inventário em trânsito Neste período a carga fica indisponível o que faz com que um dos objetivos do sistema de transporte seja reduzir este tempo Além do tempo o custo e o impacto ambiental do transporte também são fatores que devem ser considerados O custo do transporte pode chegar a dois terços dos custos logísticos totais e abrange aspectos como mãodeobra manutenção perdas e danos dentre outros Os impactos ambientais principalmente ao se analisar o caso brasileiro são bastante relevantes devido à 27 proeminência de utilização do modal rodoviário O combustível e óleo os congestionamentos a poluição do ar e sonora entre outros fatores impactam diretamente o meio ambiente Ainda que as legislações vigentes exijam melhorias neste sentido como redução na emissão de poluentes ainda há muito que se fazer a fim de reduzir tais impactos Armazenagem A armazenagem também ocorre no transporte durante o intervalo em que a carga permanece no interior do veículo Conforme afirmam Bowersox Closs e Cooper 2006 ainda que os veículos possam ser usados com esta finalidade o custo é comparativamente mais elevado se comparado às instalações de armazenagem tradicionais No entanto na hipótese de os produtos estarem já carregados em um veículo programados para partir em alguns dias essa opção de armazenagem no transporte pode ser atrativa pois poupará o desembarque armazenamento em outro local e recarga O desvio de carga é uma outra forma de realizar o armazenamento temporário no transporte Quando há alteração do destino original e o produto já está em trânsito ele permanecerá armazenado até chegar ao novo ponto de entrega Assim ainda que os custos de transporte sejam maiores com a armazenagem em trânsito ela se justifica em situações específicas por reduzir o custo total ou incrementar o desempenho do processo logístico como um todo Princípios de um sistema de transporte eficaz Bowersox Closs e Cooper 2006 afirmam que para obter eficiência o sistema de transporte deve respeitar dois princípios a economia de escala e a economia de distância A primeira visa maximizar o tamanho da carga enquanto a segunda trabalha com distância percorrida ambas na busca de reduzir os custos totais e superar as expectativas dos clientes Economia de escala trabalhar com economia de escala no transporte significa reduzir o custo por unidade de peso aumentando a quantidade embarcada ou seja quanto mais carga conseguir embarcar de uma só vez menor será o custo unitário Quando se tem caminhões com carga completa o custo por peso é menor do que em situações de carga fracionada onde se utiliza apenas uma parte da capacidade de transporte 28 Os custos de programação de posicionamento de veículos de atividades de faturamento e dos próprios equipamentos utilizados são diluídos por unidade de peso da carga e assim promovese a chamada economia de escala Economia de distância o mecanismo da economia de distância se assemelha ao da economia de escala No caso da economia de distância obtémse a diminuição do custo de transporte por unidade de peso devido ao aumento da distância a ser percorrida Assim a distância maior permite uma diluição maior dos custos fixos por quilômetro resultando em um custo mais baixo do que caso percorram pequenos trechos A partir dos conceitos trabalhados podese concluir que a economia de distância apesar de sua denominação particular consiste em uma economia de escala realizada com um percurso de maior distância Ambos os princípios podem ser aplicados a todos os modais de transporte os quais compõem o sistema de transporte e serão apresentados na próxima seção Modais de transporte Para Ballou 1993 a escolha dos modais de transporte é aspecto determinante para alcançar vantagem competitiva Para isso tal escolha deve levar em consideração os custos e benefícios de cada modal bem como as necessidades da organização e dos clientes Aspectos como rotas possíveis capacidade de transporte tipo de carga rapidez custo risco de perdas devem ser considerados e a organização pode ao invés de optar por um único modal trabalhar com a combinação de dois ou mais para promover um serviço de maior qualidade e menor custo total No Brasil a composição da matriz de transportes se encontra da seguinte forma 29 Figura 6 Matriz de transporte no Brasil em 2017 Fonte ILOS 2017 A partir de agora passase ao estudo de cada um dos modais a fim de que sejam identificadas suas particularidades e utilidades específicas Modal Ferroviário As ferrovias contribuíram para o desenvolvimento econômico de muitos países no século XIX O sucesso desse modal ocorreu devido à capacidade de movimentação de cargas pesadas a longas distâncias o que o inseriu como uma alternativa para suprir as deficiências do modal hidroviário Se comparado a este o ferroviário é mais rápido mais confiável e tem maior flexibilidade atingindo locais inacessíveis ao hidroviário O modal ferroviário pode ser utilizado para transportar cargas e pessoas e para isso utiliza vagões de diversos tipos que se movimentam através das linhas férreas Vários são os fatores elencados como favoráveis para a utilização deste modal mas é importante ressaltar que a análise de cada modal suas vantagens e desvantagens irão depender de inúmeros aspectos como características da carga e prioridades dos clientes e das organizações Considerando isto podese perceber como atrativo para o emprego do modal ferroviário seu baixo custo comparado de seguro e de frete devido ao menor índice de furtos e roubos frente ao modal rodoviário Se por um lado os custos variáveis são atrativos para a utilização do modal ferroviário por outro os custos de implantação e manutenção são comparativamente altos Estes últimos no entanto são compensados pela eficiência deste modal no transporte de 30 grandes quantidades de carga muitas vezes com características que dificultam o uso de outros modais1 O tempo irregular de viagem por conta de formação de composição congestionamento nas vias e outros motivos que provoquem paradas no percurso além da baixa flexibilidade para percorrer aclives e declives acentuados o que leva ao transbordo de mercadorias para que cheguem aos seus destinos são fatores que devem ser considerados na escolha do modal ferroviário ROCHA 2006 Na busca por tornar os serviços ferroviários mais eficientes este setor tem apresentado inovações e variedade de equipamentos especializados como vagões fechados com mais de um andar trens unitários vagões articulados e vagõesplataforma para transporte de dois contêineres empilhados BOWERSOX 2006 sendo um exemplo deste último ilustrado na figura abaixo Figura 7 Vagão plataforma Fonte httppaulomauricioferroviacombr201608 Ainda que inovações estejam sendo desenvolvidas e os custos do transporte ferroviário sejam atrativos frente a outros modais percebese que sua utilização ainda não é massiva no Brasil alcançando o patamar de 21 o que pode ser relacionado com as restrições de infraestrutura apresentadas pelos país 1 Cargas que são transportadas frequentemente pelo modal ferroviário são as matériasprimas de várias indústrias como mineradoras petroquímicas além do transporte a granel em geral 31 Modal Rodoviário O modal mais utilizado no Brasil alcançando o patamar de 628 das cargas transportadas o rodoviário é indicado por alguns autores para alcançar curtas e médias distâncias e para o transporte de cargas de maior valor agregado do que o ferroviário O fator flexibilidade é um dos atrativos para a utilização do modal rodoviário já que ele consegue trafegar por vias de diferentes características modificar trajetos com facilidade e alcançar destinos que os demais modais não seriam capazes KEEDI 2004 Um fator que favorece esta flexibilidade é a disponibilidade maior de vias de acesso fator que pode ser questionado devido ao estado crítico de inúmeras rodovias brasileiras que incrementa os custos de manutenção dos veículos e contribui para riscos maiores de roubo de carga de acidentes e perdas Comparado com o modal ferroviário o rodoviário apresenta menor capacidade e confiabilidade maior custo operacional e menor eficiência Por outro lado ele trabalha com maior rapidez e é mais atrativo para cargas fracionadas frete do tipo LTL less than truckload Dias 1995 indica outros pontos atrativos e também desvantagens do modal rodoviário Como atrativos ele cita Manuseio mais simples das cargas Alta capacidade de adaptação Baixo investimento por parte do transportador Rapidez Flexibilidade Como desvantagens ele destaca Capacidade limitada Aumento do custo conforme distância percorrida Sujeito às condições de trânsito fluxo infraestrutura de vias congestionamento Sujeito a regulamentações variáveis de circulação Uma incógnita quando se fala no modal rodoviário é a questão de escolher entre frota própria ou frota terceirizada A frota própria oferece maior disponibilidade e flexibilidade para atendimento das necessidades da organização no entanto seu custo abrange compra de veículos abastecimento dos mesmos mãodeobra para conduzilos carregalos e descarrega los além dos custos de manutenção Segundo Ballou 1993 quando se trabalha com cargas 32 maiores em termos de volume a frota própria pode ser uma opção mais atrativa do que a terceirizada Isto também pode ocorrer quando a organização possui necessidades peculiares do serviço que não conseguem ser satisfeitas de forma adequada por transportadoras comuns O foco cada vez maior na competência principal da organização faz com que muitas deixem de lado esta opção da frota própria transferindo a responsabilidade para as transportadoras que trabalham diretamente com este serviço Além disso a contratação pode ser mais atrativa por proporcionar custos mais baixos uma vez que a empresa contratada pode consolidar cargas de diversos clientes com inúmeros destinos e trajetos e assim oferecer um preço mais baixo a cada um deles aumentando a eficiência BOWERSOX 2006 Modal Hidroviário O modal hidroviário assume importante papel para o comércio nacional e internacional possibilitando a oferta de produtos com preços competitivos No comércio internacional o transporte marítimo é o mais utilizado dentre as opções existentes no hidroviário São empregados navios cargueiros cuja capacidade média gira em terno de 21000 toneladas operando em calados de 1075 metros O custo relativamente baixo proporcional à sua capacidade de carga e de distâncias percorridas é um dos maiores atrativos de utilização deste modal Os custos fixos são moderados em relação ao ferroviário os custos incorridos em perdas e danos são considerados baixos em comparação aos de outros modais uma vez que as cargas transportadas são majoritariamente de grande volume e baixo valor unitário Dentre as desvantagens que podemse elencar para este modal destacamse o Necessidades de transbordo nos portos o Baixa velocidade o Distância dos centros de produção o Menor flexibilidade nos serviços o Dependência de condições do tempo chuva neve dentre outras variações As movimentações no transporte hidroviário são realizadas normalmente por dois tipos de embarcação BOWERSOX CLOSS COOPER 2006 embarcações para altomar e 33 barcaças de reboque As primeiras são projetadas para transporte de cabotagem de longas distâncias enquanto as segundas movidas a diesel costumam operar em trechos menores navegando em rios e canais e apresentam mais flexibilidade Há ainda para o modal hidroviário as opções de navegação interior e navegação de longo curso Os navios portacontêiner são uma das opções fortemente utilizadas para transporte de grandes volumes para longas distâncias Figura 8 Navio portacontêiner Fonte httpsportogentecombrportopedia92847tiposdenaviosesuaclassificacoeseterminologias Figura 9 Navio portacontêiner Fonte httpswwwiloscombrwebtagmatrizdetransportes Modal Aéreo Este é o modal considerado mais adequado para mercadorias urgentes pois é o mais rápido dentre todos os modais Uma movimentação que talvez demorasse dias ou até semanas por outros meios leva apenas algumas horas pelo aéreo Este modal pode ser considerado misto pois transporta tanto pessoas quanto cargas e muitas vezes no mesmo veículo Em caso de 34 transporte de mercadorias geralmente é empregado para bens de alto valor agregado e perecíveis Pelo manuseio mais cuidadoso e pela possibilidade de unitização em pallets ou containeres específicos Figura 5 para o compartimento de carga dos aviões muitas vezes há economia em termos de embalagens e maior facilidade para embarque e desembarque Figura 10 Container para aeronave Fonte httpswwwaeroexpoonlineptprodvrraviationproduct16904610005html Apesar do alto desempenho deste modal o transporte aéreo ainda permanece mais como um potencial do que como uma realidade Os transportes aéreos ainda têm baixa representatividade frente ao total Para isto contribuem as limitações deste modal principalmente ao se pensar em termos de economia de escala e economia de distância As especificações de segurança e as próprias características do modal aéreo limitam sua capacidade de carregamento e de transporte de peso além das distâncias percorridas Os custos variáveis deste modal são altos em razão do combustível da manutenção da mãodeobra empregada Os fatores relativos à manutenção mecânica às condições de tempo e ao congestionamento de tráfego aéreo tornam este transporte menos confiável em determinadas situações no entanto em condições normais ele é considerado de boa confiabilidade Sendo assim as organizações que optam por utilizar este modal avaliam a necessidade real de seu emprego levando em conta a agilidade custo de perda do pedido prioridades competitivas dentre outros fatores Caso ao pesar todos estes fatores conclua que a relação custo x benefício é positiva o modal aéreo será utilizado 35 Modal Dutoviário As características deste modal são bastante específicas ao comparálo com os demais Em primeiro lugar não há interrupção da sua operação Os dutos são capazes de operar vinte e quatro horas por dia de domingo a domingo As interrupções ocorrem somente para manutenção ou troca de produto ou mudançaadaptação de estrutura Não há embalagens nem necessidade de veículos A mãodeobra empregada é mínima e tudo isso contribui para que o modal dutoviário tenha os custos variáveis operacionais mais baixos dentre todos os modais Por outro lado seus custos de instalação são altos uma vez que a estrutura é complexa e requer muitas intervenções no território pelo qual passa Além disso há restrição dos tipos de produtos transportados sendo sua utilização geralmente direcionada para gases líquidos e semifluidos Os sistemas de transporte Multimodal e Intermodal Pelas características e potencialidade de cada um dos modais de transporte percebese que raramente uma carga será transportada de sua origem até o destino final em somente um tipo de modal Geralmente ocorre a combinação de dois ou mais modais para possibilitar esta entrega final A Multimodalidade utilizase dois ou mais modais para transportar determinada carga É emitido um único documento que irá acompanhar a carga desde o ponto de origem até o destino final A responsabilidade pela carga é do Operador de Transporte Multimodal OTM O OTM é uma pessoa jurídica contratada diretamente ou por meio de terceiros que poderá exercer a atividade transporte ou não e se responsabilizará por todo o trajeto da carga Atuar como OTM no Brasil exige registro prévio e habilitação frente à ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres Caso o OTM queira também atuar internacionalmente o registro frente à Secretaria da Receita Federal tamém é obrigatório Pesquise sobre os OTMs no Brasil Compreenda sua atuação identifique quantos são registrados atualmente quais são as atividades que eles exercem e quais são as vantagens e desvantagens de contratar um OTM 36 A Intermodalidade assim como na Multimodalidade a Intermodalidade abrange a utilização de dois ou mais modais para fazer com que o produto chegue até o usuário final No entanto há uma grande diferença com relação à Multimodalidade Na Intermodalidade cada transportador assume a responsabilidade pela carga na parcela do trajeto em que realiza o transporte É emitido um documento para cada modal utilizado Tanto na Multimodalidade quanto na Intermodalidade o objetivo é levar a carga desde o fornecedor até o usuário final utilizandose dos modais de transporte que se mostrarem mais adequados em cada parte do trajeto equilibrando os benefícios de cada modal escolhido para ser empregado Na intermodalidade algumas escolhas de combinação de modais ganham destaque Uma delas é o piggyback que combina a flexibilidade do modal rodoviário com a eficiência do ferroviário em trabalhar com longas distâncias Piggyback TOFC Trailer On Flatcar COFC Container On Flatcar Roadtrailer a carreta TOFC ou contêiner sobre um vagãoplataforma COFC são dois sistemas muito conhecidos No primeiro caso a carreta é colocada sobre um vagão plataforma e no segundo um container Figura 11 Sistema TOFC Fonte SENAI 2012 37 Figura 12 Sistema COFC Fonte SENAI 2012 Containership Conteinerização é possível utilizar hidrovias para transportar carretas sistema fishyback trens trainship e contêineres containership Ação Coordenada CaminhãoAvião geralmente é utilizado para oferecer serviços diferenciados de nível premium para entrega de encomendas Combinase a agilidade do avião com a flexibilidade do caminhão e promovese uma entrega mais rápida ao usuário final Além do serviço intermodal existem também outras opções de serviços de transporte que podem ou não combinar dois ou mais modais para entregar conforme os requisitos do usuário Transportadores típicos São empresas que prestam serviços de transporte oferecendo apenas um tipo de modal Isto faz com que ela seja especializada e capacitada naquilo que faz No entanto por outro lado gera dificuldades para aquele contratante que necessita da intermodalidade para fazer com que o produto chegue ao usuário final Um exemplo são as empresas aérea e transportadoras de carga via rodovias Serviços de encomendas de pequenos volumes Esses tipos de serviços se expandiram bastante com a disseminação do ecommerce As compras dos usuários finais são consideradas pequenas encomendas e neste serviço sua entrega tem sido realizada através dos modais rodoviário e aéreo 38 Intermediários nãooperacionais Esses intermediários atuam como se fossem corretores os chamados brokers para outras empresas ao longo do trajeto de entrega até chegar ao usuário final Um corretor tem habilidade de coordenar e organizar os serviços de entrega de forma mais rápida do que se isto fosse ser feito diretamente pela empresa que envia o produto Agentes de Carga Os Agentes de Carga atuam com fins lucrativos e consolidam os embarques de pequeno volume de vários clientes em carregamentos maiores o que torna os custos para cada um deles mais atrativo Ao chegar no destino final ele desconsolida esta carga direcionando cada uma de suas partes aos respectivos clientes finais A responsabilidade pela carga neste caso é totalmente assumida pelo Agente de Carga Associações ou Cooperativas de Embarcadores e Agentes As Associações ou Cooperativas de Embarcadores e Agentes realizam um serviço semelhante aos Agentes de Carga No entanto as associações ou cooperativas são entidades sem fins lucrativos cujos membros atuam em setores diferentes e combinam seus serviços a fim de que seja alcançada redução de custos para cada um dos pequenos embarcadores Muitas vezes a velocidade de entrega nesta opção é um atrativo uma vez que os associados optam por adquirir suprimentos de fontes comuns ou de fornecedores localizados numa mesma área Cada um dos associados é cobrado proporcionalmente à sua utilização no transporte além da parcela referente aos custos fixos A combinação de diversos modais de transporte bem como a utilização de intermediários é uma opção atrativa e válida para que as organizações consigam ao mesmo tempo reduzir seus custos de operações logísticas e incrementar o nível do serviço prestado ao usuário É importante perceber que as escolhas deverão ser feitas conforme a realidade e as necessidades de cada organização envolvida no sistema logístico mas sempre em coerência com os requisitos do usuário final 39 A logística visa entregar o produto certo no local correto na quantidade certa no tempo certo ao menor custo possível Assim os sistemas de transporte e de logística reversa devem contribuir para a realização desta missão Pesquise sobre os sistemas de transporte de mercadorias presentes em seu município Quais são as normas vigentes Você observa a atuação de intermediários De quais tipos O Poder Público atua de alguma maneira nestes sistemas de transporte como cliente como regulador como contratante dentre outras opções Há combinação de modais Como isto ocorre 3 FUNÇÕES LOGÍSTICAS EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Ao sairmos às ruas com um gravador ou câmera e perguntarmos às pessoas o que vem à cabeça delas quando leem ou ouvem a palavra marketing possivelmente 9 em cada 10 40 responderão propaganda Isso seria um equívoco pois propaganda é considerado um elemento dentro das estratégias de promoção Já a promoção por sua vez é um dos chamados compostos de marketing junto com preço produto e praça local de venda O que temos acima pode ser entendido como reducionismo conceitual mas de fato é o que popularmente permeia o imaginário das pessoas Esse mesmo raciocínio pode ser encontrado na logística quando 9 em cada 10 pessoas associaram o termo a transporte quando este é apenas um elemento dentro da distribuição que é uma das funções logísticas Além da distribuição as funções logísticas são formadas também por compras estoques e produção Nesse capítulo vamos explorar cada uma das funções logísticas além dos seus operadores cada vez mais comuns com a consolidação das atividades terceirizadas As funções logísticas então se conectam a tudo que antecede os processos ou seja as entradas e também a tudo e todos que recebem os resultados dos processos também conhecido como saídas Portanto antes de adentrarmos às funções logísticas vamos entender um pouco dos modelos de previsão de demanda que são o ponto de partida para toda e qualquer atividade dentro de uma organização seja ela pública ou privada 31 Previsão de demanda Os modelos de previsão de demanda são fundamentais para que as organizações consigam projetar sua capacidade de atendimento na entregue de serviços e produtos à demanda pelos mesmos Um ante exemplo desse alinhamento entre demanda e capacidade foi observado nas decisões tomadas no Brasil quando o mesmo se preparava para sediar a Copa do Mundo de 2014 Observamos Estádios sendo construídos em praças com pouca atividade futebolística e inúmeros hotéis sendo erguidos com base num suposto aumento da demanda turística após a copa As consequências são bem conhecidas de todos nós Os modelos de previsão de demanda servem para equacionarmos diversos serviços públicos como o tamanho da escola quantidade de professores e necessidade de alimentos e materiais de higiene para sua manutenção O tamanho da frota que transporta crianças que residem em localidades rurais Equipamentos materiais e mãodeobra para coleta de lixo etc Essa previsão permite não apenas decisões de curto prazo como a compra de materiais de consumo mas também decisões de médio e longo prazo como aumentar a capacidade de uma escola considerando a demanda por vagas em virtude do adensamento urbano de um bairro ou região ou mesmo a construção de uma nova escola para atender a essa mesma demanda A 41 seguir temos sumarizado algumas decisões que a previsão de demanda nos dá ao considerarmos o horizonte temporal Curto prazo determinar a capacidade de máquinas mãodeobra e materiais de consumo para as próximas semanas Médio prazo planejamento de contingente do total de mãodeobra necessidade de estoques aquisições de materiais para os próximos meses Longo prazo projeto de novos serviços capacidades de uma nova instalação Embora muitos entendam que um bom modelo de previsão de demandas necessite de bons modelos estatísticos é necessário destacar que o primeiro passo para termos um modelo confiável diz respeito à natureza dos dados que vão nos permitir fazermos previsões Imaginem que em agosto a Secretaria Municipal de Saúde de um município qualquer esteja fechando a compra de soros para um hospital Nesse momento ela toma como referência os meses anteriores no caso maio junho e julho Podemos assumir que os dados não são confiáveis pois estes são meses de temperaturas mais amenas Se o consumo de soro aumenta no verão em razão de mais eventos que potencializam a desidratação bem como a maior proliferação de insetos e outros animais cujos ataques podem levar à necessidade dos soros Em suma podemos dizer que o erro não está no modelo mas na base de dados que não reflete o contexto futuro para o qual se quer prever Há aqui um fator qualitativo que explica esse equívoco o que chamamos de natureza da demanda Podemos distinguir aqui dois tipos básicos demanda por serviços ou produtos estáveis e demanda por serviços e produtos sujeitos a variáveis exógenas onde os primeiros têm demanda que independem de outros fatores e portanto são relativamente mais estáveis como alimentos materiais de limpeza cadernos e livros etc e os segundos que podem ter sua demanda afetada por eventos mais recentes como medicamentos mais específicos para determinadas endemias ou redes que devem ser estruturadas para atender desabrigados por enchentes Em todos os casos como já mencionado devemos nos munir de modelos de previsão de demanda que podem ser divididos em qualitativos e quantitativos Os qualitativos envolvem processos mentais de julgamento sobre possíveis desdobramentos de ações internas e externas projetando cenários futuros para a tomada de decisões Geralmente caracterizamse por fazerem uso de critérios subjetivos serem utilizados em situações onde há 42 poucos dados serem mais intuitivos costumam fazer uso de experiência de um grupo de especialistas recorrem à analogia de produtos ou serviços similares Já os métodos quantitativos como o próprio nome sugere faz uso de uma base de dados históricos quantitativos para prever comportamentos futuros Estes podem ser divididos em métodos ingênuos séries temporais e modelos causais Os métodos ingênuos recebem esse nome porque há nele um pressuposto que os fenômenos se repetem ou seja que a previsão da demanda para um dado mês pode ser determinada exclusivamente pela demanda no mês que o antecede Já os modelos baseados em séries temporais pressupõem que a evolução dos dados históricos dispostas em gráficos é quem aponta a tendência de comportamento da demanda Para uso desse tipo de modelo é fundamental o acúmulo de dados históricos para se verificar as tendências A figura 13 nos permite identificar algumas tendências Figura 13 Padrões de Comportamento da Demanda Fonte Adaptado de Gianesi e Corrêa 2010 No gráfico a temos uma curva de tendência constante onde apesar de haver oscilação dos dados em diferentes intervalos de tempo podemos perceber que os mesmos estão estabilizados quando observamos a distribuição dos dados ao longo do período analisado Já o gráfico b temos uma curva com tendência de alta que mesmo com algumas oscilações mostra um crescimento da demanda ao longo do tempo 43 No gráfico c observamos um comportamento sazonal da demanda Neste caso a demanda cresce e decresce em determinados períodos específicos devido à influência de variáveis exógenas Na área de saúde por exemplo observamos o aumento dos atendimentos por problemas respiratórios nos meses mais frios do ano Nestes casos os gráficos tendem a apresentar picos positivos ou negativos que mostram o comportamento atípico da demanda para períodos específicos Por fim temos o gráfico d que mostra uma demanda cíclica Aqui temos também uma oscilação da demanda mas essa não se concentra apenas em um momento específico como seria uma demanda mais específica de inverno ou verão No caso da demanda cíclica observamos tendências de queda ou de alta que se prolongam por um horizonte maior de tempo como é o caso da busca por equipamentos públicos de práticas esportivas muito induzidos por políticas públicas Por fim temos os modelos causais que buscam identificar a influência de uma ou algumas variáveis na demanda a partir do que chamamos modelo preditivo ou equação de previsão do tipo y a bx onde y é a variável dependente no caso a demanda e x a variável independente que influência a demanda x Em todos eles há uma necessidade de interpretarmos como cada fator exerce influência sobre a demanda o que gerencialmente vai viabilizar a toma de decisão Ainda quanto aos métodos quantitativos uma boa referência para prevermos demanda é a média histórica Essa média pode ser simples ou ponderada A média simples pode ser calculada somando o valor de cada observação pelo número de observações passadas Assim esse pressupõese que a demanda futura será uma média desse período que pode ser seis meses um ano ou três anos Abaixo temos um exemplo meramente ilustrativo de cálculo dessa média Tabela 1 Registro de Matrículas na Rede Pública de Ensino Público Número de matrículas 2018 2019 2020 2021 2022 Média Educ Infantil 12387 12879 7645 6534 11462 10181 Ens Fundamental 32567 32456 28734 27835 31373 30593 Ens Médio 18345 19356 18564 17963 18371 18520 O cálculo da previsão de demanda baseado na média é simples sendo o somatório das observações dividido pelo número de observações Para o ensino médio por exemplo teríamos 18345 19356 18564 17963 183715 18520 44 Já a média ponderada atribuise pesos diferentes a algumas observações dessa série histórica supondo que essas observações exercem mais influência na previsão futura que os outros valores registrados O melhor exemplo diz respeito aos modelos que preveem a demanda para um mês futuro baseado não nas ocorrências dos últimos 6 ou 12 meses mas sim em nos últimos 3 meses porque entendese que em razão da proximidade destes meses com o contexto para o qual se prever faz da média ponderada para as três últimas observações um modelo mais confiável Se tomássemos a tabela que mostra o número de matrículas de 2018 a 2022 como exemplo poderíamos assumir que a previsão de matrículas com base na média móvel deve considerar os dados dos últimos três anos por representar mais fortemente a tendência que se apresenta Nesse caso a previsão para 2023 contemplaria apenas as observações de 2022 2021 e 2020 Se no passado fôssemos prever o número de matrículas para 2022 iríamos considerar apenas as observações de 2021 2020 e 2019 Voltando à previsão para 2023 teríamos 18564 17963 183713 18299 Ademais temos a média móvel ponderada Aqui a previsão não apenas é estabelecida com base nos últimos eventos como atribuise pesos maiores para os eventos mais recentes ou aos mais relevantes considerando o julgamento de especialistas pois acreditase que estes carregam mais elementos contextuais que influenciam o fenômeno para o qual se quer prever a demanda Neste caso se tomarmos o serviço de proteção à mulher devemos assumir que a previsão de casos de violência contra as mulheres para o próximo mês deve ser mais próxima do último mês que aquela que ocorreu no último trimestre Isso por sua vez deve fomentar ações de curto prazo e políticas públicas de médio e longo prazo para mitigarem esse grave problema social Retomando os dados sobre matrículas na rede pública de ensino poderíamos estabelecer pesos maiores para as observações mais próximas do momento para o qual queremos prever Veja que na equação o cálculo se dá pelo somatório do produto de cada observação pelo seu peso dividido pelo somatório dos pesos 18345x1 19356x2 18564x3 17963x4 18371x515 18430 Neste exemplo devemos analisar bem se o melhor modelo de previsão de demandas é aquele que dá maior peso aos últimos eventos uma vez que em 2020 foi deflagrada no Brasil a pandemia da Covid19 impactando negativamente a taxa de matrículas nas escolas Neste caso vamos assumir que 2020 e 2021 terão os menores pesos na nossa equação 45 18345x3 19356x4 18564x1 17963x2 18371x515 18586 O que observamos é que a previsão se modifica a depender do modelo que usamos para prevêla Assim temos sempre que analisar a situação para a qual será prevista a demanda para encontrarmos o melhor modelo Na sequência trazemos alguns exercícios de cálculo de demanda para vocês resolverem EXERCÍCIOS 1 A secretaria de segurança pública do Estado registrou os dados na tabela a seguir sobre o número de denúncias de violência doméstica contra mulheres Essa mesma secretaria usa o processo da média móvel para prever a demanda do mês seguinte Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Demanda 105 106 110 110 114 121 130 128 137 Com esses dados a Calcule a média móvel de cinco meses para prever a demanda do mês 10 b Calcule a média móvel de três meses para prever a demanda do mês 10 c Calcule a média móvel ponderada de três meses em que os pesos sejam os maiores para os últimos meses e decresçam na ordem de 3 2 e 1 para prever a demanda do mês 10 2 A equação a seguir descreve o comportamento de procura por soro antiofídico em razão da temperatura média mensal Y 86 54X Y volume de soro e X temperatura Com esses dados calcule a a previsão para de consumo de soro para os meses de agosto e setembro com temperaturas médias de 24C e 26C respectivamente b a previsão elaborada pelo modelo para os meses de novembro e dezembro com série histórica média de 28C e 30C 3 Considere os dados de consumo mensal de caixas de leite distribuídas a famílias de baixa renda Calcule as projeções da demanda considerando os seguintes critérios Consumo mensal de caixas de leite Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 46 2022 690 530 780 560 530 590 420 630 600 380 740 660 a A média aritmética móvel trimestral para os meses de abril a janeiro b A média aritmética móvel quadrimestral para os meses de maio a janeiro c A média móvel ponderada trimestral com os fatores a 1 b 3 c 5 em que o fator de maior peso deverá ser aplicado ao dado histórico mais recente para os meses de abril a janeiro 32 Gestão de Compras e Estoques Até o momento vimos que um bom modelo de previsão e demanda permite às organizações públicas planejaram suas capacidades para atenderem demandas futuras em termos de mãodeobra equipamentos e instalações e também materiais e insumos Existem outras duas funções logísticas que intermediam esse atendimento da demanda sendo elas a função compras e a função estoques A função compras tem sofrido inúmeras transformações ao longo dos últimos anos deixando seu foco na obtenção das matérias primas ao menor custo para o desenvolvimento de relacionamentos duradouros com os fornecedores Bowersox Closs e Cooper 2007 Essa perspectiva se consolida na medida em que as organizações estabelecem relação entre os diversos atributos que envolvem os relacionamentos com os fornecedores como preço prazo para pagamento cumprimento do prazo de entrega integridade da carga e elementos de confiabilidade em geral impactam a qualidade do serviço que essas organizações prestam Em que pese o caráter legal que cerca as compras públicas que determinam formas processos limites parâmetros e mecanismos de controle existem alguns aspectos gerais sobre a gestão de compras enquanto função logística que merecem ser destacados O primeiro deles diz respeito à própria departamentalização do setor Compras enquanto departamento funcional ou seja com função exclusiva de aquisição de materiais e insumos possui como vantagem a disponibilização de pessoal qualificado a simplificação de treinamento a eficiência operacional e a facilitação da supervisão e do controle uma vez que todas as atividades ocorrem dentro do departamento e com isso a alta homogeneização traz o que chamamos de curva de aprendizagem Por outro lado o departamento funcional tem como desvantagem a baixa preocupação com a criação e valor para o cidadão uma vez que sua tarefa se esgota na aquisição do item requisitado métricas baseadas no orçamento dado que sua preocupação é eficiência 47 me custo e problemas de coordenação com as demais funções como estoque distribuição e qualidade do serviço prestado A alternativa a essa estrutura é o que chamamos de organizações horizontais Essas organizamse em torno do processo ao invés da tarefa Por consequência conseguem tomar decisões que têm como referência a satisfação do cidadão Para tal sua estrutura contempla a perspectiva de equipes com competências multidisciplinares de forma que a decisão possa contemplar todos os elementos que envolvem o processo de compras Outro desafio enfrentado pela função de compras diz respeito à centralização ou descentralização da mesma Como exemplo podemos pensar a compra de itens escolares por parte da Secretaria de Educação do Estado ou por suas regionais O primeiro diz respeito à centralização da função e o no segundo caso temos a descentralização Observe as principais diferenças entre controle de compras centralizado e descentralizado no quadro a seguir Quadro 1 Controle de Compras Centralizado x Descentralizado Centralizado Descentralizado Coordenação dos volumes de aquisição Maior velocidade e capacidade de respostas a mudanças e oportunidades Reduz duplicação de esforços Melhor entendimento das especificidades locais nas requisições de compras Habilidade em desenvolver e coordenar a estratégia de compras Senso de propriedade Curva de aprendizagem Apoio na prestação de serviços Fonte Elaboração própria Observem que o controle de compras centralizado tem como principal vantagem aspectos relacionados ao controle da atividade junto aos fornecedores bem como outras decorrentes da curva de aprendizagem Por outro lado o controle descentralizado permite operacionalizar as compras em função daquilo que elas podem trazer de ganho para o beneficiário final dos serviços que são os cidadãos Neste caso podemos melhorar a governança nos processos descentralizados através do uso de tecnologia de informação que permite não apenas a transparência sobre as informações como também o rápido acesso às mesmas para tomada de decisão e coordenação dos itens adquiridos pela função compras 48 A segunda função intimamente vinculada a compras é a FUNÇÃO ESTOQUE Se perguntarmos para 10 gestores se eles gostam de estoques 8 deles dirão que não A principal razão é que estoques além de gerarem complexidade e custos administrativos representam custo o famoso dinheiro parado O sonho de todos os gestores é ter insumos e materiais no exato momento em que precisam para produzir algo ou prestar algum serviço Porém no mundo real estoques podem representar aspectos positivos Mesmo com modelos eficientes de previsão de demanda as organizações tem pouco controle sobre o quantitativo de pessoas que vão tomar determinados serviços Dada essa incerteza o estoque de insumos e materiais permite atender a demanda prevista e inesperada Além disso o estoque permite que as organizações regulem suas compras e produções de itens pois estas são protegidas pelos estoques Isso ocorre porque o estoque tem outra virtude que é proteger a organização contra falhas sejam estas ocasionadas pela não entrega de um fornecedor ou provocadas por falhas de produção da própria organização Outro aspecto positivo do estoque é permitir à organização tirar proveitos de pedidos elevados Isso ocorre porque fornecedores são mais suscetíveis a dar descontos quando as organizações compram em maior quantidade Além disso a compra em maior volume permite economias de escala no frete pois o custo do mesmo é diluído por um maior número de produtos Por fim outro ganho financeiro diz respeito à proteção que as organizações que compram em maior volume criam contra futuros aumentos de preços antecipando suas compras de produtos e itens que não tenham sua perecibilidade ou obsolescência como ameaça STEVENSON 2001 Sobre os aspectos negativos basicamente estes se contram em dois grandes grupos O primeiro diz respeito ao fato de os estoques mascararem falhas da produção de produtos e serviços Mas o que seria isso Quando uma estrutura produtiva falha necessariamente há interrupção do fornecimento de produtos ou serviços e por isso ser perceptível a todos ganha uma relevância de tal modo que a organização busca agir o mair rapidamente possível sobre as falhas além de criar planos que as protejam da recorrência dessas falhas Por outro lado quando as organizações apresentam estoques estes suprem imediatamente as necessidades de produtos que não serão produzidos em decorrência das falhas tornandoas relativamente menos grave ao sistema Como é possível perceber essa lógica se aplica mais a estruturas que produzem produtos e bem menos a serviços que têm como características não serem estocáveis Outro aspecto negativo diz respeito aos inúmeros custos que envolvem o estoque Os principais custos são os seguintes i capital que diz respeito ao valor desembolsado na compra 49 de itens que serão estocados Esse capital estocado representa um custo uma vez que o dinheiro tem valor no tempo além de poder ter outro uso que não para compra de itens a serem estocados o que chamamos de custo de oportunidade ii impostos pois a compra antecipada de um volume de itens é também a antecipação de impostos que se paga sobre a compra iii seguros sobretudo aqueles que incidem sobre itens de maior valor agregado e que não se pode correr o risco de perda ou roubo de qualquer natureza iv obsolescência relativo ao risco de um produto ou insumo comprado em excesso perder sua funcionalidade por defasagem tecnológica v armazenamento referente aos custos de aluguel ou ocupaçãod e área própria para comportar os estoques vi custos administrativos que são todos os custos de mãode obra empregada na manutenção e gestão dos estoques Como vimos o estoque pode permitir certas economias de escalas descontos e proteções contra aumento de preços trazendo ganhos financeiros Por outro lado necessariamente aumenta outros custos decorrentes de sua manutenção e outros custos O que cabe ao gestor é encontrar um ponto de equilíbrio entre ganhos e perdas Nesse sentido o modelo de Lote Econômico de Compra popularmente conhecido como LEC é um bom exercício de tomada de decisão relativa a estoques SLACK CHAMBERS e JOHNSTON 2001 A figura 14 ilustra o ciclo de pedido para o modelo de Lote Econômico de Compras para insumos e produtos adquiridos por uma organização Podemos assumir o início do Ciclo de Estocagem quando a organização recebe os insumos materiais eou produtos Nesse instante o estoque Q é máximo Após temos o que chamamos de período de consumo do estoque quando começaremos a reduzir o tamanho do mesmo diariamente O valor médio consumido é chamado taxa de utilização do estoque Figura 14 Ciclo do Pedido 50 Fonte Stevenson 2001 A taxa de utilização é uma medida importante pois ela nos permite prever quando aquele estoque será inteiramente consumido Por exemplo se o serviço de limpeza compra 1000 pares de luvas para uso dos garis e se a taxa de utilização dessas luvas é de 50 pares por dia isso significa que o estoque se esgota em 20 dias Em outras palavras a organização deverá providenciar nova compra de luvas para serem entregues em até 20 dias para que serviço de limpeza não seja interrompido Na prática há um intervalo de tempo entre a emissão de um pedido por parte da organização e a entrega das mercadorias compradas Esse tempo nós chamamos de lead time O lead time é muito importante pois nos dá ideia de quando teremos que emitir nosso pedido para que um produto não falte nos estoques Nesse mesmo exemplo das luvas caso o fornecedor nos peça dois dias para entregar as mercadorias nós teríamos que emitir o pedido no 18o dia após o recebimento da compra anterior Em termos de gestão de estoque é interessante que saibamos em qual volume desse estoque temos que disparar um novo pedido Esse ponto é chamado ponto de pedido de reposição ou ponto de emissão de pedido No exemplo anterior se a taxa de consumo diário é de 50 luvas e se o prazo de entrega pedido pelo fornecedor é de dois dias teremos que emitir nosso pedido quando restarem apenas 100 luvas em nosso estoque O custo total dos estoques pode ser expresso na figura 15 Ela considera basicamente dois tipos de custos o custo de emissão de pedido e o custo de manutenção do estoque O primeiro é formado pelos custos administrativos dos pedidos frete e outros relacionados aos pedidos Já os custos de manutenção são relativos a alugueis ou custos de oportunidade quando se destina área de propriedade da empresa para estocagem softwares e mãodeobra diretamente empregada na gestão do estoque O comportamento da curva de custo pode ser observado na figura a seguir Observem que o custo mínimo total de estocagem se dá na intersecção entre o custo de manutenção e o custo de emissão de pedido As curvas de custo de pedido e de manutenção de estoque se comportam também em razão do volume Q de cada pedido No caso do custo de manutenção de estoques esse cresce na medida em que o tamanho médio do pedido Q aumenta Já o comportamento do custo de pedido é exatamente oposto reduzindo quando o valor de Q cresce 51 Figura 15 Curva de Custos do Lote Econômico de Compras Fonte Adaptado de Gianesi e Corrêa 2010 O cálculo do valor de Q que minimiza os custos totais de estoque é simples e pode ser obtido com uso da seguinte fórmula STEVENSON 2001 Onde Qo tamanho do lote que minimiza os custos totais de estoque D demanda anual de um determinado insumo ou produto S custo anual de pedidos H custo anual de manutenção de estoques Já os custos totais de manutenção de estoques podem ser obtidos quando somados os custos totais de manutenção de estoque e de emissão de pedidos expresso na fórmula a seguir Além do custo total e da quantidade que vai minimizar este custo é possível calcular também o tempo de duração do ciclo do pedido Vamos tomar um exercício como referência para operacionalizarmos essas fórmulas Exemplo Uma secretaria municipal de educação por ano 1500 resmas de papel A4 O custo anual de manutenção de estoque é de R 400 por resma e o custo da encomenda é de 52 R 80 por pedido Vale ressaltar que o a secretaria municipal de educação opera por 300 dias no ano e cada resma custa á secretaria R3000 Determine a O valor do LEC b Quantas vezes por ano a secretaria de educação repõe o estoque c Tempo de duração do ciclo do pedido d O custo total anual se for encomendada a quantidade correspondente ao LEC a Qo 2x1500x80 24495 resmas por pedido ou arredondado 245 resmas 4 b se em cada pedido são compradas 245 resmas basta dividirmos a demanda anual por esse quantitativo 1500 612 pedidos 245 c nessa questão queremos saber quantos dias a quantidade Qo comprada em cada pedido permite a secretaria de educação operar Podemos resolver de duas formas A primeira é por lógica Se a secretaria trabalha 300 dias no ano e se o o número de pedidos calculado na questão anterior é igual a 612 ao dividirmos 300612 concluiremos que cada pedido no volume Qo permite a secretaria operar por 4901 dias A segunda forma diz respeito à aplicação da fórmula onde u é a taxa de utilização diária de papel Se a secretaria compra 1500 resmas por ano e opera durante 300 dias concluímos que a taxa de utilização diária u é 1500300 5 Assim nosso cálculo será 2455 49 dias 53 d nessa questão vamos aplica a fórmula simples CT 245 4 1500 80 490 490 R98000 2 245 Para exercitarmos essa relação entre compras e estoques vamos refletir um pouco sobre um estudo de caso na área de saúde Hospitais alteram rotinas para controlar gastos com medicamentos As estratégias incluem minimizar inventários reembalar medicamentos usar alternativas mais baratas The Wall Street Journal Melanie Evans Dec 18 2016 googldDQCZq Por muitos anos o Centro de Saúde da Universidade de Utah manteve a medicação de pressão arterial vasopressina em carrinhos de acidentes hospitalares para uso em situações de emergência Mas depois de observar o aumento do preço do medicamento a empresa sem fins lucrativos está removendo a mesma de todos os 100 carrinhos O objetivo não é usar o medicamento em menos pacientes mas reduzir a quantidade que fica por aí sem uso disse Erin Fox que supervisiona a política de medicação para University of Utah Health Care baseada em Salt Lake City A empresa sem fins lucrativos acredita que pode fazêlo sem qualquer risco adicional para seus pacientes rapidamente despachando o medicamento de suas farmáciashospital quando necessário Os medicamentos mais críticos permanecerão em seus carros de choque 54 Os hospitais dos Estados Unidos que se recuperam do rápido aumento dos preços dos medicamentos estão tomando medidas agressivas para reduzir os gastos Os executivos de farmácias hospitalares dizem que esperam diminuir o rápido aumento dos custos fazendo suprimentos para os andares do hospital a partir das necessidades mudando para alternativas mais baratas e medicamentos mais meticulosamente necessários Os preços mais altos dos medicamentos representaram a maior parte do aumento nos custos de farmácias hospitalares dos Estados Unidos cerca de 11 no ano passado US 336 bilhões disseram pesquisadores de quatro universidades e do Quintiles IMS Holdings Inc no American Journal of HealthSystem Pharmacy em julho Os dados não incluem hospitais federais Muitos hospitais compram medicamentos que administram aos pacientes dos atacadistas mas geralmente não cobram diretamente das seguradoras de saúde Em vez disso as seguradoras muitas vezes pagam hospitais uma taxa fixa para tratarem qualquer doença de um paciente Quando os preços dos medicamentos sobem inesperadamente os hospitais devem absorver o custo extra disseram executivos Depois que a Valeant Pharmaceuticals International Inc aumentou o preço dos medicamentos cardíacos Nitropress e Isuprel de um dia para o outro em 200 a 500 no ano passado o MedStar Washington Hospital Center com sede em Washington trocou o medicamento genérico mais barato nicardipina para Nitropress Ele também inventou uma maneira de reembalar Isuprel de sua ampola de uso único muito do qual já havia sido desperdiçada em cinco doses separadas economizando US 17 milhão por ano Este ano Valeant admitiu que seus aumentos de preços foram muito íngremes e prometeu descontos de pelo menos 10 sobre os dois medicamentos cardíacos Estamos empenhados em trabalhar com grupos de hospitais para garantir que os compradores de Nirtopress e Isuprel tenham acesso aos descontos disse um portavoz da Valeant Essa concessão não impediu os hospitais de tentarem diminuir o uso de drogas disseram vários executivos do hospital Esse navio navegou disse Jennifer Brandt farmacêutica da MedStar Washington Promovido pelos aumentos de preço da Valeant no ano passado a Intermountain Healthcare que opera 22 hospitais recebe agora oito doses de Isoprel da Valeant a partir de uma única ampola Farmacêuticos na cadeia de Salt Lake City extraíram cada dose em uma seringa e armazenaram para uso posterior A mudança cortou gastos estimados na droga por 11 milhão anualmente 55 Esforços para reduzir as compras de medicamentos caros são muitas vezes complicados por uma falta de concorrência particularmente para medicamentos como a vasopressina que entrou no mercado anos antes da Food and Drug Administration processo de aprovação atual Os fabricantes devem agora procurar a aprovação do FDA para continuar a comercializálos sob a política criada em 2006 Um farmacêutico que ganha aprovação para fabricar medicamentos mais antigas tem um mercado exclusivo e pode exercer enorme poder de preços pelo menos até que um concorrente ganha aprovação para a mesma medicação e entra no mercado com um produto rival Em 2014 a Par Pharmaceutical Holdings Inc obteve aprovação da FDA para comercializar a vasopressina que havia sido vendida nos EUA por décadas Então aumentou o preço da vasopressina injetável de US8 para US59 por frasco de acordo com Sra Fox da Universidade de Utah Health A Endo International PLC adquiriu Par no ano passado e continuou subindo o preço que chegou a US 166 em julho Uma portavoz da Endo disse que o preço da droga é apropriado acrescentando que a empresa fez investimentos significativos para ganhar a aprovação do FDA e para melhorar a manufatura A University of Utah Health vai cortar seu orçamento anual em projetos em US1 milhão para vasopressina por 6 removendo a droga de carrinhos de emergência Os carros terão agora um adesivo verdeneon onde a vasopressina costumava estar alertando os médicos para a mudança Os preços voláteis levaram a Cleveland Clinic no início deste ano a desenvolver algoritmos que analisam os preços por atacado de 38 mil medicamentos por semana disse Jeffrey Rosner diretor sênior de compras de farmácias O algoritmo observa aumentos surpreendentes de preços que antes não foram detectados por semanas ou meses e permite que o hospital faça mudanças rápidas disse ele Quando o preço do tratamento de gota Aloprim mais que dobrou no início deste ano os hospitais da Cleveland Clinic rapidamente mudaram para alternativas menos dispendiosas economizando US80000 por ano Enquanto os hospitais não podem evitar drogas caras completamente as restrições mais severas em seu uso podem reduzir os aumentos de gastos disseram os farmacêuticos do hospital O preço da droga intravenosa para dor Ofirmev disparou depois que Mallinckrodt PLC adquiriu o fabricante da droga a Cadence Pharmaceuticals Inc em março de 2014 Em junho desse ano os médicos da University of Utah Health concordaram em limitar o uso do 56 medicamento a pacientes específicos apenas fora da cirurgia que não pode engolir disse a Sra Fox Outros recebem a droga como uma pílula ou supositório que é mais barato A estratégia tem orçamento para Ofirmev em US400000 por ano Mallinckrodt aumentou o preço para corresponder ao valor clínico e econômico que acreditamos que o produto oferece disse uma portavoz Com base no caso descrito reflita sobre os seguintes aspectos Como o nível de concorrência dentro de uma cadeia de suprimentos pode impactar o preço do produto final Como a incerteza da demanda impacta o volume de compras e o nível de estoque Em que medida a perecibilidade de certos produtos tornam desafiadoras a estratégia de compras e estoques 33 Gestão da distribuição e estratégias de localização A distribuição constitui a última função logística a ser trabalhada na disciplina Como o próprio nome sugere diz respeito à movimentação de insumos materiais produtos ou serviços do lugar de sua produção até o lugar do seu uso Entretanto não se trata exclusivamente de deslocar um item de um ponto a outro mas de agregar valor nesse deslocamento com o uso da logística integrada Morash Dröge e Vickery 1996 Além da possibilidade de se agregar valor outro aspecto impacta diretamente a distribuição de insumos e produtos o custo do transporte Isso faz com as organizações busquem cada vez a obtenção de economias de escalas Bowersox Closs e Cooper 2007 com o transporte de grandes cargas a fim de diluírem por mais unidades o custo do transporte que pode ser considerado como custo fixo ou seja que não varia em função do volume transportado Já observamos que diversos municípios têm formado consórcios para encontrarem soluções para problemas comuns Essa atuação conjunta muitas vezes não apenas viabiliza a prestação de determinados serviços como também permite a redução de custos em razão das famosas economias de escala principalmente na compra de insumos Snoo Hoogenraad e Wortmann 2008 destacam que essa estratégia é interessante para se reduzir custos com o frete mas requer compartilhamento de informações entre as partes envolvidas Ou seja municípios precisam pensar e agir coletivamente para obterem os melhores ganhos dessa ação conjunta Parte significativa destes custos logísticos tem relação com a baixa flexibilidade de modal de transporte que o Brasil apresenta fortemente concentrado em transporte rodoviário 57 Somado às péssimas condições de manutenção das estradas temos não apenas os custos elevados como também ineficiência operacional A figura 16 nos mostra a distribuição do transporte de cargas Brasil e dos Estados Unidos por diversos modais bem como os custos por toneladakilômetro util TKU Figura 16 Custo de Distribuição por Modal Fonte ILOS 2016 Se observarmos a figura veremos que 67 das cargas transportadas no Brasil concentramse em transporte rodoviário modal este que apresenta o segundo maior custo por toneladakilômetro útil entre todos os modais que dispomos Ademais aqueles que apresentam custos inferiores são menos demandados como é o caso do ferroviário e do hidroviário Isso mostra a importância de investimento por parte do governo federal em outras formas de transporte sobretudo aqueles que reduzem os custos logísticos As comparações com uma economia forte como a estadunidense poderia levantar suspeitas sobre o desempenho brasileiro Essas caem por terra quando comparamos nosso desempenho com os outros países do chamado BRICs formados por Rússia Índia e China além do Brasil A figura 17 nos mostra que mesmo quando comparados com países em situações de desenvolvimento econômico similar e extensão territorial equivalente à nossa ou inferior no caso da Índia observamos um quantitativo muito inferior em relação às nossas malhas 58 independentemente dos modais Mesmo tendo uma tensão territorial quase 3 vezes superior à da Índia só somos equiparáveis ao país asiático em termos de transporte de carga por hidrovias Figura 17 Comparação da malha de transporte e custos dos BRICs Fonte Instituto ILOS 2016 Atrelada à distribuição outro aspecto que se mostra muito relevante diz respeito à localização Podemos pensar o fenômeno sob dois prismas um endógeno e outro exógeno Do ponto de vista endógeno os gestores públicos tomam decisões a respeito de onde alocar suas escolas postos de distribuição de medicamentos distritos industriais rodoviárias e outras estruturas de serviço público Já sob o prisma exógeno as estratégias de desenvolvimento das cidades buscam não apenas o desenvolvimento a partir de suas potencialidades como no caso de Arranjos Produtivos Locais como também em potencializar o que a localização possa trazer em termos de vantagens Sob o prisma endógeno muitas são as variáveis que definem onde alocar serviços diversos como tamanho e custo sistemas de transporte existentes restrições de zoneamento proximidade dos serviçossuprimentos necessários e questões de impacto ambiental O tamanho e o custo total das instalações vão determinar a capacidade de atendimento e o 59 investimento necessário para que a poder público instale a unidade prestadora de serviço Ambos dependerão do tamanho demanda por determinado serviço e dos custos envolvidos Já os sistemas de transportes existentes vão nos dar referências se as instalações de um determinado serviço público são atrativas para a demanda no que tange ao acesso Hospitais por exemplo devem ser assistidos por transporte público de modo a viabilizar a chegada daquelas que sofrem com problemas de locomoção e precisam de atendimento No caso de escolas rurais é necessário que um distrito seja conectado com os demais por vias que permitam o deslocamento das crianças em idade escolar Já as restrições de zoneamento implicará na legalidade de uso de uma porção territorial para certas atividades como as industriais ou mesmo na decisão de lotear uma área para construção de casas populares A existência de suprimentos está relacionada à viabilidade de um tipo de serviço Por exemplo a instalação de um aeroporto numa dada localidade só faz sentido se existirem na vizinhança um conjunto de serviços que dê suporte ao transporte área de cargas e passageiros Por fim e não menos importante o impacto ambiental de uma atividade considerando os destinos dos dejetos e rejeitos exploração de matéria prima impactos em equilíbrio ambiental ou mesmo o uso do solo da água a depender das capacidades naturais existentes Sobre a ótica exógena ou seja na capacidade que o município pode criar para trair investimentos podemos citar fatores como incentivos fiscais disponibilidade de mãodeobra existência de serviços públicos em geral regulações municipais custo imobiliário proximidade de mercados produtores eou consumidores existência de malha logística quer permite o transporte de mercadorias e outras Parte desses fatores podem ser induzidos pelo por público como os incentivos fiscais a disponibilidade de mãodeobra existência de serviços públicos Os incentivos se tornaram uma forma arma a partir dos 90 para atração de empresas gerando uma verdadeira guerra fiscal cuja finalidade é reduzir os custos de produção Já a existência de mãodeobra garante às empresas que se instalam numa localidade um recurso valioso para se diferenciarem Parte dessa mãodeobra pode ser induzida através de programas de formação através de escolas técnicas e profissionalizantes bem como centros de curso superior Por sua os serviços públicos são essenciais para fixarem as pessoas que migram em razão de uma atividade profissional Outros fatores são de menor controle por parte do poder público local como a existência de malha logística para escoamento da produção e proximidade de mercados 60 fornecedores e consumidores A capacidade de escoar a produção é fundamental e muitas vezes conseguem reverter desvantagens de localização Se as vias permitem rápido e fácil acesso isso pode reduzir os custos que vias mais congestionadas geram Além disso a proximidade de grandes centros consumidores e fornecedores é fundamental pois com isso as empresas conseguem reduzir substancialmente seus custos Um bom exemplo são cidades pequenas localizadas no Sul de Minas Gerais ás margens da Rodovia Fernão Dias com fácil e rápido acesso a São Paulo e belo Horizonte 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES FILHO A G et al Pressupostos da gestão da cadeia de suprimentos evidências de estudos sobre a indústria automobilística Gest Prod online v11 n3 p275288 2004 ARAMYAN L H VAN KOOTEN O Performance measurement in agrifood suplly chains a case study Supply Chain Management An International Journal v 12 n 4 p 304315 2007 AURIOL E Corruption in procurement and public purchase International Journal of Industrial Organization p 867885 2006 BALLOU R H Logística Empresarial transportes administração de materiais distribuição física São Paulo Atlas 1993 BEAMON B M Measuring supply chain performance International Journal of Operations Production Management v 19 n 3 p 275292 1999 BOWERSOX D CLOSS D G COOPER M B Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística Rio de Janeiro Elsevier 2007 BOWERSOX Donald J CLOSS DAVID J Logística empresarial o processo de integração da cadeia de suprimentos São Paulo Atlas 2001 CETESB Modelos Existentes para os sistemas de logística reversa SLR Disponível em httpscetesbspgovbrlogisticareversamodelosexistentesparaossistemasdelogistica reversaslr Acesso em 10 fev 2020 CHOPRA S MEINDL P Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Estratégia Planejamento e operação São Paulo Ed Pearson 2004 CHRISTOPHER M Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos criando redes que agregam valor São Paulo Thomson Learning 2007 GLACOLA C R SHEEDY W M Partnering on defense contracts Journal of Construction Engineering and Management v 128 n 2 p 127138 2002 GONÇALVES José E Lima Processo que processo Revista de Administração de Empresas v 40 n 4 p 819 Out Dez 2000 HAMMER Michael CHAMPY James Reengineering the corporation New York HarperBusiness 1994 HARRINGTON H J Aperfeiçoando Processos Empresariais São Paulo Makron Books 1993 ILOS Transporte de cargas e a encruzilhada do Brasil para o futuro Disponível em httpswwwiloscombrwebtagmatrizdetransportes Acesso em 10 fev 2020 KINTSCHNER F E BRESCIANI FILHO E Reengenharia de processos transformando as necessidades do cliente em parâmetros de um sistema Revista de Administração UNISAL p 5873 juldez 2004 62 LAMBERT D M COOPER M C Issues in supply chain management Industrial Marketing Management n 29 p 6583 2000 MEIRELLES H L Direito administrativo brasileiro São Paulo Malheiros Editores 2007 MENTZER J T et al Defining supply chain management Journal of Business Logistics v 22 n 2 2001 MORASH E A DRÖGE C VICKERY S Boundary spanning interfaces between logistics production marketing and new product development International Journal of Physical Distribution and Logistics Management v26 nº 8 1996 MORGAN R M HUNT S D The commitmenttrust theory of relationship marketing Journal of Marketing v 58 p 2038 jul1994 NOVAES A G Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição Rio de Janeiro Elsevier 2014 PAPAKIRIAKOPOULOS D PRAMATARI K Collaborative performance measurement in supply chain Industrial Management Data Systems 2010 v 110 n 9 p 12971318 PFOL H C BUSE H P Interorganizational logistics systems in flexible production networks An organizational capabilities perspective International Journal of Physical Distribution Logistics Management v 30 n 5 p 388408 2000 SENAI Logística Empresarial III SENAI FIEMG 2012 SLACK N CHAMBERS S JOHNSTON R Administração da Produção São Paulo Atlas 2002 SNOO C HOOGENRAAD N WORTMANN H Opportunities for collaborative planning in freight transport planning In 15th International Annual Euroma Conference Groningen The Netherlands Anais do 15th International Annual Euroma Conference 2008 TALERO E Electronic government procurement concepts and country experiences Washington The World Bank 2001 TRIDAPALLI J P FERNANDES E MACHADO W V Gestão da cadeia de suprimento do setor público uma alternativa para controle de gastos correntes no Brasil Revista de Administração Pública v 45 n 2 p 401433 marabr 2011