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DO DESCONCERTO E DO CONCERTO DO MUNDO EM MENSAGEM Maria Helena Nery Garcez USP É no Canto VI de Os Lusíadas na estância 93 que ao avistare r a terra de Calecute o piloto Melindano dirigese a Vasco da Gama e aos tarinheiros que o acompanhava r com as seguintes palavras Esta é por certo a terra que buscais A verdadeira índia que aparece E se do mundo rails não desejais Vosso trabalho longo aqui fenece 1 A esta fala o poema pessoa l Mensager pode certamente oferecer mais de uma responsta Dentro as ruínas que a rir parecerar possíveis salient o ra do poeta Padrão integrante da Segunda Parte desta obra épica parte que significativamen te se intitula Mar Portugez 22 E a cruz do alto diz que o que te ha na altra E faz a febre e rir de navegar Só encontrara de Deus na eterna caltra O porto sempre por achar 2 Embora possa objectarse que os últimos versos citados estão em primeira pessoa e portanto poderia aplicarse única ou principalmente à figura histórica que os profere Diogo Cão eu responderia que esta primeira pessoa não é essencialmente subjectiva ras curiosamente compõe uma fala que se quer coletiva didática e universalizente como claramente nolo mostra a estrofe imediatamente anterior à acira transcrita E ao imenso e possível oceano Ensinar estas Quinas que aqui vês Que o tar cor fir será grego ou rorano O rar ser fir é portuguez Vigoro so é o diálogo que entre o poeta épico de Camões e o de Pessoa se estabelec e Vigoro so e fecundo já que o poeta de Pessoa pressupo e o de Camões constróise sobre ele recriao propondo uma nova interpretação não só da História de Portugal como da própria História da Humanidade Quando estamos diante de Os Lusíadas e de Mensager na verdade estamos diante de duas diferentes leituras e interpretações da História Pátria e da História Universal São duas vozes épicas a se fazerem ouvir e se Luís de Camões revisitou em seu poera toda a História de Portugal até o presente dele podemos observar que Fernando Pessoa não agiu do mesmo modo O poeta de Orpheu interrompe a revisão da História Portuguesa num momento decisivo no desastre de AlcácerQuibir e de lado põe os dos acontecimentos históricos posteriores Como interpretar tal seleção de acontecimentos feita por Pessoa Teria ele a intenção de apenas reinterpretar algumas figuras e alguns dos episódios que constavam do poema camoniano Ou estariam ele a dirigir do compasso de espera para o que realmente interessa que é aquilo que ainda esta por vir e que dará cumprimento ao que se esboçou do século XVI aquilo que se começou a significar nos primórdios da História Portuguesa Maravilha fatal da nossa idade Dado ao mundo por Deus que tudo o rande Pera do mundo a Deus dar parte grande I6 Os Lusíadas são a epopeia de grandes feitos que já se consumraram mas também são a epopeia da esperança nos grandes feitos que há de vir através do governo de D Sebastião que não o esqueçamos é dom de Deus É por isto que a voz épica camoniana formula ur convit e a D Sebastião para ver nos seus versos os feitos gloriosos já passados convit e principalmente formulado da est 7 à 14 e da 15 a 18 inclusive ou dirige exortações ao rei ou faz sua apologia O que a voz épica de Os Lusíadas não pode ver porém voz épica tão sensível ao Desconcerto do Mundo foi o grande Desconerto do reinado de D Sebastião que cultinou no desastre da batalha de AlcácerQuibir e no desmoronamento progressivo do que Camões entendia que deveria ter sido o Quinto Império Ora este grande Desconcer to foi visto pelo épico de Mensager e é nele que se funda de modo axial a sua reflexão e o seu discurso poético Se Fernando Pessoa revisita a História Portuguesa anterior ao reinado de D Sebastião e para dela oferecer uma nova versão diferente da de Camões principalmente na interpretação que dá aos acontecimentos e na ênfase aos valores que segundo ele a presidiram acrescentando a sua poeira uma Terceira Parte que já não se pode com rigor terminológico denominar histórica ras a qual se pode aplicar o termo profética no sentido em que o Pe Antônio Vieira por ex o emprega em sua História do Futuro O primeiro campo apresentanos numa síntese admirável os protagonistas humanos da História não só Portuguesa mas da História da Humanidade em geral e o segundo campo imediatamente relacionado com o primeiro mostranos o plano do divino e as ligações que a partir dele se estabeleceram com o plano humano Desde já deixemos assente que estas relações são de Desconcerto quando avaliadas numa visão presidida pela lógica humana É curioso que a voz épica de Mensager retome para caracterizar a Europa o mesmo verbo que a voz épica de Vasco da Gama nos Lusiadas emprega ao contar suas origens isto é ao identificarse e identificar seu povo e sua civilização ao Rei de Melinde A Europa jaz posta nos cotovelosDe Oriente a Ocidente jaz fitando dizem os primeiros versos de Mensager enquanto que a est6 do CANTO III de Os Lusiadas informanos que Entre a Zona que o Cancro senhoreia Meta Setentrional do sol luzente E aquela que por fria se arreceia Tanto como a do rei por ardente Jaz a soberba Europa Em ambos os poemas a Europa jaz mas enquanto que no poera camoniano este continente é qualificado pelo epíteto soberba significando deste modo sua condição vitoriosa de grandeza poder e superioridade no poera pessoano esta Europa que jaz numa posição privilegiada de elo entre Oriente e Ocidente executa uma ação que é a de fitar e como nos versos finais se nos diz Fita corr olhar sphynigico e fatal o Occidente futuro do passado O rosto cor que fita é Portugal O jazer da Europa interpretase diferentemente A voz épica de Mensager põe de parte o epíteto soberba e mostranos um jazer que não é de forma alguma uma atitude passiva mas significa uma atitude de prontidão de vigilância porque a Europa jaz fitando o Ocidente e se o fita é com olhar sphynigico e fatal isto é é com olhar enigmático ristorioso e necessariamente determinado para um Ocidente que é seu Destino Cumpre lembrar que neste primeiro poera a voz épica pessoana consegue reunir aqueles que Pessoa considera como se pode comprovar também pelos textos do espólio Quatro grandes impérios que o mundo conheceu o grego o romano o da Europa entendendose por este nome o SacroImério cristão e o inglês Nova interpretação diversa da caminha acerca dos quatro grandes impérios do mundo já que Camões como traz também Vieira o fará considera os impérios anteriores segundo a interpretação bíblica tradicional do sonho de Daniel como os Assírios Persas Gregos e Romanos I 24 Toda uma soma inexaurível de acontecimentos várias eras da História estão condensados no primeiro campo o dos Castelos ou na primeira coluna deste poema esotérico O segundo poema de Os Campos O das Quinas que é correlato ao Concilio dos Deuses de Os Lusiadas mostranos como já afirmamos o plano do divino Ora a regra fundamental que preside o comportamento dos deuses para a voz épica pessoana é a troca Os deuses vendem quando dão Isto é os deuses não dão pois sempre exigir algo em troca de seus impropriamente chamados dons E o que estes deuses exigem O verso seguinte é suficientemente explícito Comprase a glória com desgraça Como se não bastasse a clareza incisiva e contundente deste verso temos ainda a terceira estrofe culminância do poera exemplo paradigmático da regra do jogo do plano divino Foi cor desgraça e cor vileza Que Deus ao Christo definiu Assir o opoz à Natureza E Filho o ungiu A premissa de que parte Pessoa para a constituição de seu poera épico é portanto esta nas relações entre o divino e o humano existe uma incessante interação da qual decorre a História Esta se faz pela ação conjunta de Deus e do homem nas sempre contando cor desastre cor a desgraça Isto posto o poera passa a mostrarnos como tal sucedeu na História Portuguesa pela seleção muito cuidada ras que é termos de analisar de algumas de suas figuras Cada um dos assinados nesta história cumpriu um desígnio duplo por assim dizer o desígnio consciente e voluntário partido dele mesmo ou do plano do humano onde estava integrado um desígnio literal poderíamos também dizêlo e um desígnio trístico desconhecido na maior parte das vezes pelo herói um desígnio rístico se quisermos rater o paralelismo O desígnio real o mais profundo o verdadeiro é aquele que está na maior parte das vezes oculto ao barão assinalado de Mensager O homem é instrumento de um agir que excede que ele não alcança compreender totalmente Há uma inteligência superior a regir a História para um determinado fim desconhecida da maioria dos homens no ver pessoano e este colorido nele cor sua ação ser o saber E o que nos diz por ex os poeras Terceiro dos Castellos ou Conde D Henrique ou Séptimo I sobre DJoão O Primeiro As figuras que compõem as Quinas têm todas o desastre e o desconcert como denominador comum Todas foram assinadas pela desgraça todas foram mártires a di ferentes títulos Mas foi assir exatamente por meio dessas linhas tortas que Deus escreveu direito e Portugal se foi fazendo e foi cumprindo um determinado fazer mundo Tratarseia de um providencialismo tal como o podemos encontrar em Os Lusiadas No Brasaão há sempre um risco de sucesso e de insucesso de sorte favorável e sorte adversa O homem é instrumento divino para vencer ora para servir quando vencido ou relhor principalmente quando vencido ungido pela desgraça é que vence realmente porque fecunda a realidade De novo irrompe a indagação estaria então Pessoa de acordo cor Camões partilhando de uma idêntica visão providencialista da História Principiando a responder inclinome a pensar que diferentemente de Camões aos heróis da épica pessoana pouco parece importar a aventura temporal Analisando bem todos esses heróis são na verdade protagonistas de uma aventura muito rística e não estão tortos e é por isto que a alguns o poera os invoca clamando por sua proteção Há como que uma visão atemporal dessas personagens que estão como pinçadas do tempo formando uma galeria de eternidade elas não cumprir uma rissã e desaparecercar não se caracterizar pela ausência ras por um eterno olhar por um Significativamente o texto 12551 do envelope Sebastianismo reforça porque não apareceu ainda o verdadeiro império portuguez o qual o Império dos Descobrimentos e as conquistas não foi senão a antevisão ou sombra projectada adiante e o 125A92 tais pormenorizadamente acrescente Terá o leitor reparado que nas profecias directamente referentes ao processus imperial portuguez se diz que por duas vezes falha a tentativa imperial embora de cada vez deixe de si qualquer coisa para ser continuada pela tentativa seguinte sendo ultra a que se realiza O império de conquista falha nas ser o império de conquista não poderia o império cultural buscar o apoio pois não teria ideia de império algum O império de cultura falha ras este império de cultura teria o Quinto Império ámbito cor que cingir aquella universalidade dos homens de Explorado já sob vários ângulos este tera do Concerto no Desconcerto detenharmonos agora na figura de As Quinas que representou a culminância do Desconcerto na História de Portugal D Sebastião De acordo com as regras do jogo que presidir a visão épica pessoa ao maior Desconcerto corresponde o maior Concerto Se o povo Portugues e D Sebastião teve de passar pelo seu raio desastre teve de conhecer a raio desgraça e vileza segundo a lógica não humana desta História ele ter agora todos os motivos de esperança num período de glorificação e de grandeza ele terá de ser ungido com ur destino glorioso Ao desastre raio deverá corresponder uma glorificação raio daí os versos por que finaliza o poema é efetivamente o poema épico de uma busca que ainda não se concluiu busca do que a voz épica considera a verdadeira identidade o verdadeiro não poderíamos dizer pensando no Apocalipse só de Deus conhecidos e que só Ele poderá revelar quando chegar a Hora do Advento do Encoberto o novo Messias instaurador do verdadeiro Quinto Império da História que colocará Portugal como o cume da cabeça nas palavras de Camões não só da Europa toda ras de todo o Mundo Penso que nunca poderemos penetrar a fundo em Mensager se não tivermos em conta o papel que esta ramificação do ocultismo desempenha nas previsões do poeta acerca do que deverá ser o Quinto Império Português Penso ainda que para um esclarecimento mais cabal são extraordinariamente elucidativos os textos do espólio do poeta principalmente os contidos nos envelopes relativos ao Ocultismo De 54 a 54B e ao Sebastianismo De 125 a 125B A seguir procurarei dar uma visão sintética do pensamento do poeta de Orpheu contido nesses textos principalmente acerca do papel que para ele representa a Fraternidade Rosacruz tendo o cuidado de advertir que nem sempre os documentos do espólio são suficientemente claros ou têm perfeitamente legíveis De acordo com o que pude depreender no texto 541 por exemplo Pessoa acaba por concluir que existe uma notável superioridade nos escritos do RosaCruz quando cotejados aos dos teósofos Manifesta claramente uma preferência por aquele ramo esotérico em relação a este e é aquele ramo que vai aparecer ligado à sua concepção do Quinto Império Outro documento que me pareceu importante o 5446 estabeleceu vínculo de continuidade entre esta sociedade secreta e a extinta Order do Templo Dei citei alguns fragmentos significativos Destruída como Order Externa em toda a chamada cristandade não foi cortado a Order do Templo internamente destruída Ner externamente o foi de todo Disfarçouse na Es cécia disfarçoua D Dinis em Portugal Converteu a Order Externa er Order de Cristo e por traz da Order de Cristo continuou intacta como ainda hoje está a Order Interna do Templo No resto da Europa a reorganização efectuouse na Allemanha um pouco mais tarde e tomou a forma a ur tempo interna e externa da Fraternidade da Rosea Cruz Era fir secreto dos Templarios transformar a Igreja de Roma operando nella de den tro er Igreja Catholica Desde que ficou misticamente completo o Christianismo formouse por duas faces uma virada para a Luz que é a mentira outra para a Sombra que é a verdade Da primeira face se formaram em virtude de várias e sucessivas circunstâncias históricas as Três Igrejas cristãs a de Roma a chamada orthodoxa e aquela fragmentária e incoerceda a que resumimos sob a denominação de Protestant Da segunda face se formou uma única Igreja a Igreja Gnostica possuidora das chaves dos íntimos mistérios foi ela a que mais tarde se haveria de chamar na linguagem dos Rosicrucios a Igreja Mystica Por circunstâncias que ou são desconhecidas por isso se não poder narrar ou são conhecidas nas por sua natureza e não poder narrar também veio a formarse com certos fins místicos e secretos a dentro do seio visível da Igreja de Roma uma ordem que foi designada de order Militar do Templo de Salomão Os seus servos iniciando ou não são os que designamos pela abreviatura de Templarios A esta Order Mysti ca foram confiados os segredos e a tradição da Igreja Gnostica No texto 125A12 há um momento em que Pessoa precisa ainda mais a natureza do domínio portugues Queremos impor uma língua que não uma força e mais além no mesmo documento afirma Assir nos nossa indole prepara para aquela fraternidade universal que a theosophia anteprega e que é de há tanto tempo a doutrina social intima dos RosaCruz Dai o poeta de Orpheu estabelecer não só nos poetas de Mensager mas também no espólio uma proximidade entre Vieira e Bandarra É no texto 125A15 que comenta A cir custância curiosa de dos raios crentes senão o raio no Bandarra se Pe António Vieira raio representante cultural da lingua portuguesa Porer enquanto que na História do Futuro o Pe António Vieira heterodoxamente do ponto de vista da Igreja Católica reconheça ur Quinto Império como império espiritual da Igreja Católica Apostólica e Romana e no espólio Fernando Pessoa faça notar que A paz que o Bandarra diz que haverá de todo o mundo será a paz de não haver diferenças religiosas 125A33 no texto 125A34 ele Pessoa esta tão que não poderá ser é o christianismo católico E para finalizar o exame dos textos do espólio relativos ao rosicrucianismo e sua vinculações cor o messianismo sebástico transcreverei alguns trechos do importante texto 125B42 Os dois ramos aparentemente mais notaveis da propaganda occulta o Buddismo Eso térico e os RosaCruz destinaramse a preparar o mundo cada um em sua sphera de ac ção para a forração da Nova Jerusalém ou verdadeira Igreja Catholica sendo sua doutrina essencial como de todos os ramos do occultismo o Segundo Advento de Cristo e a fundação cor elle da vera Igreja Catholica prepararão o estado de al ta só hoje definindose para esse Advento e essa Fundão de maneiras diferentes Ora sabemos que o Apocalipse de S João foi interpretado por alguns de maneira que se demonstrou rilenarista e que esta heresia conheceu difusão entre alguns cristãos e notadamente na Idade Média no religioso Joaquim de Fiore que acreditou encontrar nos textos bíblicos o anúncio de uma terceira era uma era espiritual a do Evangelho do Espírito Santo Não poderíamos ver no conceito de Quinto Império de Pessoa tal como os últimos textos citados nos deixaram ver uma concepção rilenarista Não será o rilenarismo afinal a realização do Quinto Império Não pode ser entendida como joaquimista e portanto como rilenarista a própria divisão triádica da Menager Se a resposta for positiva cumpre lembrar que o rilenarismo foi condenado justamente por desfocar a visão cristã da História que diz que a Parusia coincide com o final dos tempos e com a introdução do estado definitivo e eterno ser nenhum reino intermediário O Concerto do Mundo que a voz épica pessoaana de Menager prevê no grande Desconcierto aparente é Rosacruciana gnóstica portanto rilenarista também Tudo isto é perfectivelmente conciliável Ura indagação no entanto pode ainda levantarse quais as relações entre essa visão da História e a visão hegeliana Hegel que já foi algures chamado de o maior gnóstico não teria igualmente contribuído para inspirar a divisão triádica de Menager Seu pensamento filosófico também não se poderia conciliar com as outras concepções de order nística acira apresentadas Para concluir recorro a estas palavras de A de Oliveira Er boa parte o povo israelita permanece fiel à fé dos seus antepassados aguardando urn messias libertador tal como o apresenta o AT esperança esta alimentada pelo culto Mas os intelectuais judeus tender à identificar o Messianismo com certo idealismo hegeliano Cor estes proberlas lançados à reflexão termino este texto er que penso se pode ver a resposta ao piloto Melindano o trabalho longo de Portugal na visão de Pessoa er Menager não venceu nas terras da índia que então Vasco da Gama e seus companheiros avistaram até poderíamos dizer que naquele momento tal acabaram de principiar 2 Pessoa Fernando Obra Poética Organização introdução e notas de Maria Alípio Galhoz 4 ed Rio de Janeiro Aguilar Editora 1972 3 Vide artigo Garcez Maria Helena Nery Do Desconcierto e do Concerto do Mundo er Os Lusiadas In Revista Camoniana 2 Série São Paulo FFLCHUSP vol V 19821983 4 Vide Documento 125A34 envelope Sebastianismo 5 S João X 17 e 18 Bíblia Sagrada Tradução do Pe Mattos Soares 25 ed S Paulo Edições Paulinas 1970 De passar assinalamos que intencionalmente a voz épica pessoa nunca de Jesus mas Christo e a razão desta escolha pareceme ver explicitada no espólio no documento 125B43 Os RosaCruz por outra parte tendo de reinistrar embora verdadeiramente o res ensinamento a outras populações apresentaramno de diverso modo Não se referiram senão de modo tar velhado que só o compreendesse quer pudesse compreender a Jesus ao Adepto apenas aludiram ao Christo ao Filho de Deus Assir na no que diziam feria a fé católica ou christã dos seus leitores 6 Algumas das comunicações acerca de Menager incluídas nas Actas do 2º Congress Internacional de Estudos Pessoanos levavamnos indubitavelmente a esta conclusão 7 De passar apont para uma fecunda leitura que se poderia fazer da Menager leitura da robilidade contínua das vozes do discurso Não há uma única voz épica er Menager tas contínuos deslocamentos do ponto de vista do discurso poético que ora se constrói em terceira pessoa ora er segunda ora er primeira do singular ou do plural ora principia er terceira e passa para segunda ou para a primeira É como se algumas vezes o épico onisciente se dignasse a lernos e a interpretarnos a História de Portugal e da Humanidade outras vezes precisasse dirigirse a figura focalizada para revelarlhe a ele e a nós o seu papel na res História e ora cedesse a voz à própria personagem porque esta já se encontrasse num grau de iniciação suficiente para ter consciência do lugar que lhe coube no plano divino 8 Espólio de FP Textos 5412 e 5418 do Envelope 54 Ocultismo 9 Garcez Maria Helena Nery Alberto CaeiroDescobridor da Natureza Porto Centro de Estudos Pessoanos 1985 10 A de Oliveira In VERBO Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura Lisboa Editorial Verbo 1971 Verbete Messianismo