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Esse será o 3 Capítulo do meu TCC Será necessário analisar os recortes do livro qual estou fazendo meu trabalho Eles foram selecionados por mim e estão disponibilizados no arquivo aqui contido A análise deve seguir os fundamentos da AD Análise do Discurso com embasamento teórico da autora Eni Orlandi Análise de Discurso e As formas do Silêncio Orientações Capítulo 3 Análise do corpus silêncio e sentidos 31 O silêncio da censura dos sentidos 32 O silêncio da resistência e ruptura dos sentidos 10 a 15 páginas Aqui você deverá analisar todos os recortes selecionados anexados ao final deste documento sempre com foco no silêncio Eni Orlandi Utilize sempre esses termos observase inferese interpretamos Explicação Silêncio fundador não é a origem dos sentidos mas a garantia do movimento dos sentidos Todo processo de significação traz necessariamente uma relação com o silêncio É porque o silêncio significa que o nãodizer faz sentido O silêncio fundador determina a política do silêncio Política do silêncio isto é o silenciamento vai além da relação do dito não dito mas o poder dizer ou não dizer Duas formas silêncio constitutivo ao dizer algo outros sentidos ficam silenciados silêncio local em que o dizer é proibido o sujeito fica proibido de ocupar certas posições e está proibido de se inscrever em determinadas formações discursivas esse silêncio impede a subjetividade e a possibilidade do sujeito se identificar pois muitas vezes o sentido está posto dado impedese o aparecimento de outros sentidos Obs não copiar essa explicação pois não é de minha autoria Trechos para a análise A congregação respondeu Isso mesmo ou Deus o abençoe ou Amém mas não muito alto para não se parecer com os membros daquelas igrejas pentecostais que brotavam como cogumelos e então todos ouviram em silêncio cheios de atenção Em alguns domingos a congregação prestava atenção mesmo quando o padre Benedict falava de coisas que todos já sabiam sobre como Papa fizera as maiores doações ao óbolo de São Pedro e à igreja St Vincent de Paul p11 Aquilo era um mau sinal Papa quase nunca falava em igbo e embora Jaja e eu usássemos a língua com Mama quando estávamos em casa ele não gostava que o fizéssemos em público Precisávamos ser civilizados em público ele nos dizia precisávamos falar inglês A irmã de Papa tia Ifeoma disse um dia que Papa era muito colonizado Disse isso de forma gentil e indulgente como se não fosse culpa de Papa como quem fala de alguém que tem um caso grave de malária e por isso grita coisas sem nexo p20 A rebeldia de Jaja era como os hibiscos roxos experimentais de tia Ifeoma rara com o cheiro suave da liberdade uma liberdade diferente daquela que a multidão brandindo folhas verdes pediu na Government Square após o golpe Liberdade para ser para fazer p28 Mesmo assim Jaja sabia o que eu comia de almoço todos os dias Havia um menu colado na parede da cozinha que Mama mudava duas vezes por mês Mas ele sempre me perguntava o que eu tinha comido Com frequência fazíamos perguntas cujas respostas já sabíamos Talvez fizéssemos isso para não precisarmos formular as outras perguntas aquelas cujas respostas não queríamos saber p29 Nossos passos na escada eram tão contidos e silenciosos quanto nossos domingos o silêncio de esperar que Papa acordasse da sesta para que pudéssemos almoçar o silêncio da hora de reflexão quando Papa nos dava uma passagem da Bíblia ou um livro de um dos Pais da Igreja para que lêssemos e pensássemos sobre ele o silêncio do rosário da noite o silêncio de ir de carro até a igreja para receber a bênção depois Mesmo nossa hora da família era silenciosa aos domingos sem jogos de xadrez ou discussões sobre os jornais mais apropriada para o Dia do Descanso p37 Tínhamos de rezar bem certinho Eu não me perguntei nem tentei me perguntar o que Mama fizera para precisar ser perdoada p42 As irmãs nos davam nossos boletins sem fechálos Eu ficara em segundo lugar na turma Estava escrito em algarismos 225 Minha professora irmã Clara escrevera Kambili tem inteligência acima da média e é silenciosa e responsável A diretora madre Lucy escrevera Uma aluna brilhante e obediente e uma filha que merece o orgulho dos pais Mas eu sabia que Papa não ia ficar orgulhoso p44 Pensei nela também na segundafeira quando Papa me levava para a escola Ele diminuiu a velocidade do carro na estrada Ogui para atirar algumas nairas para um mendigo deitado na beira da estrada perto de algumas crianças que tentavam vender laranjas descascadas O mendigo viu as notas ficou de pé e acenou para nós batendo palmas e pulando Eu tinha pensado que ele era manco Observeio pelo retrovisor sem tirar os olhos dele até perdêlo de vista O mendigo me lembrava a mercadora deitada no chão Havia um desamparo em sua alegria o mesmo desamparo que houvera no desespero daquela mulher p50 Ele falava inglês com um sotaque igbo tão forte que até as palavras mais curtas vinham decoradas com vogais extras Papa gostava que o povo de Abba se esforçasse para falar inglês perto dele Dizia que mostrava que tinham bom senso p67 O lábio inferior dele tremeu assim como sua voz e às vezes eu levava um ou dois segundos para compreender o que ele dizia pois seu dialeto era muito antigo suas palavras não tinham as inflexões anglicizadas das nossas p72 O que vocês fizeram lá Comeram alimentos oferecidos aos ídolos Profanaram suas línguas cristãs Fiquei paralisada não sabia que línguas também podiam ser cristãs p77 Toda vez que tia Ifeoma se dirigia a Papa meu coração parava e depois começava a bater de novo freneticamente Era por causa daquele tom atrevido ela não parecia reconhecer que aquele era Papa que ele era diferente especial Tive vontade de apertar os lábios dela para fechálos e também para pegar um pouco de batom cor de bronze nos dedos p85 Chupei minha língua para tentar revivêla sentindo a aspereza da poeira p90 Naquela noite sonhei que estava rindo mas a risada não soava como minha embora eu não soubesse bem qual era o som da minha risada Era uma risada alta profunda e entusiasmada como a de tia Ifeoma p97 Murmurei alguma coisa com o rosto virado para o prato e em seguida comecei a tossir como se palavras reais e sensatas poderiam ter saído de minha boca não fosse aquele acesso p106 Por que você baixa a voz O quê Você baixa a voz quando fala Você sussurra p127 Ao lado dela havia uma reprodução granulada da Pietà com a moldura de madeira quebrada nos cantos Pressionei meus lábios mordendo o lábio inferior para que minha boca não começasse a cantar sozinha para que ela não me traísse p149 Meus primos e Jaja riram e PapaNnukwu riu também uma risada gentil como se ele houvesse entendido o inglês e então se recostou e fechou os olhos Eu olhei para todos e me arrependi de não ter respondido Njemanze Também p172 Tia Ifeoma lançou um olhar furioso não para Amaka mas para mim O ginidi Kambili você não tem boca Não deixe Amaka sem resposta p181 Eu ri O som foi esquisito como se eu estivesse ouvindo a risada de um estranho numa gravação Acho que nunca tinha me ouvido rir antes p191 E foi o que aconteceu Talvez fosse o que eu e Jaja quiséssemos que acontecesse sem ter consciência disso Talvez todos tenhamos mudado depois de Nsukka até Papa e as coisas estivessem destinadas a não ser mais as mesmas a não estar mais em sua ordem original p221 Mais pancadas Mais tapas Algo molhado e salgado esquentou minha boca Fechei os olhos e me entreguei ao silêncio p223 Você é diferente Nunca ouvi o padre Amadi falar de ninguém desse jeito Ele diz que você nunca ri Diz que é muito tímida mas que ele sabe que há muita coisa se passando em sua cabeça p232 Naquele instante percebi que era isso que tia Ifeoma fazia com os meus primos obrigandoos a ir cada vez mais alto graças à forma como falava com eles graças ao que esperava deles Ela fazia isso o tempo todo acreditando que eles iam conseguir saltar E eles saltavam Comigo e com Jaja era diferente Nós não saltávamos por acreditarmos que podíamos saltávamos porque tínhamos pânico de não conseguir p238 Jaja para de comer e me encara em silêncio com aqueles olhos que foram endurecendo um pouco mais a cada mês que ele passou aqui agora eles parecem a casca de uma palmeira impossíveis de quebrar Chego a me perguntar se nós dois já tivemos mesmo uma asusu anya uma língua dos olhos ou se foi tudo imaginação minha p319 Agora eu posso falar do futuro p320 As novas chuvas vão cair em breve p321 3 Análise do corpus silêncio e sentidos 31 O silêncio da censura dos sentidos O livro Hibisco Roxo explora um papel relevante da linguagem nas formações discursivas isto se dá através da análise das personagens e como desenvolvem em suas interações interdiscursivas Essas expressões discursivas tem como destaque o silêncio que por si só transmite uma riqueza de significados e interpretações A manifestação do silêncio na obra generaliza condições a qual as personagens de maneira velada possui instâncias significativas a partir da enunciação do silêncio fundador este que Orlandi 2007 p 19 define como matéria significante por excelência A narrativa representa o trauma e opressão causados pelo processo de colonização simbolicamente na família de Kambili conflitos sobre a religiosidade patriarcalismo poder e controle representada na figura de Eugene seu pai Nas primeiras páginas da obra se desenvolve como Eugene é visto por sua família e a sociedade um homem generoso e politicamente correto além de cristão exemplar ao ponto de ser colocando como santidade numa tríade entre o papa ele e Jesus Cristo pelo padre Benedict o padre Benedict sempre falava do papa do meu pai e de Jesusnessa ordem Ele usava meu pai para ilustrar os evangelho Adichie 201 p 10 Observase que Eugene é colocado como exemplo a ser seguido que por o discurso religioso e a sacralidade da linguagem o silêncio ou o quase silêncio é respondido por meio da espiritualidade representando reverência também por parte da assembleia Dessa forma tal afirmação poder ser analisado no trecho a seguir A congregação respondeu Isso mesmo ou Deus o abençoe ou Amém mas não muito alto para não se parecer com os membros daquelas igrejas que brigavam feto cogumelos e então todos ouviram em silêncio cheios de atenção Em alguns Domingos a congregação prestava atenção mesmo quando o padre Benedict falava de coisas que todos já sabiam sobre como Papa fizera as maiores doações ao óbolo de São Pedro e à igreja St Vicent de Paul Adichie Logo notase que o silêncio e as palavras curtas como Amém é uma maneira que a assembleia participa interagindo com as palavras do padre Benedict além de que esse silencio cheio de atenção é uma das capacidade da linguagem religiosa em manter a atenção isto nos remete ao que Orlandi 2007 p 19 afirma em que o homem faz falar a voz de Deus na onipotência do silêncio divino IBID p 19 Apesar que há essa construção sob a imagem de Eugene acontece por outro lado a quebra do silêncio negação da reverência e da obediência surge quando Jaja não segue os princípios religiosos impostos por Eugene causando estranheza em Kambili pelo confronto ao seu pai Na família a falavoz alta pertence a Eugene e após Jaja se recusar a participar da comunhão e rebater a sua ação afronta o autoritarismo do pai este que é exemplo sobretudo no âmbito religioso e familiar ao seguir os preceitos cristão e um bom cuidado o que antes existia a possibilidade de reversibilidade no contexto de um discurso autoritário Em consonância com Orlandi 2007 à luz da perspectiva da análise do discurso sobre o silêncio a partir do autoritarismo Jaja ocupava o lugar que lhe era designado por seu pai da censura silenciamento reverência opressão e obediência Jaja você não recebeu a comunhãodisse Para baixinho num tom quase interrogativo Jaja olhou para o missal sobre a mesa como se estivesse falando com ele Aquele biscoito me dá mais hálito Eu olhei atônita para Jaja Ele sabia que eu estava olhando para ele que meus olhos chocados lhe imploravam para fechar a boca que meus olhos chocados lhe imploravam para fechar a boca mas ele não me encarou Adichie p 12 No fragmento acima fica evidente que embora Jaja quebrasse o silêncio e colocasse a frente a liberdade de expressar seus pensamentos pela fala já que num discurso baseado no autoritarismo o sujeito é subjugado e Eugene que por sua ideologia dominante reprime qualquer pensamento que não esteja de acordo com o seu faz com que o silêncio seja um artifício daquele que sofre a opressão mas o que não significa que este silêncio esteja vazio de palavras Sendo assim a censura é repetidamente utilizada por Eugene Para corroborar com essa ideia da censura em relação com o silêncio observaremos o seguinte fragmento discutido por Eni Orlandi A censura desautomatiza a relação com o silêncio e com o implícito e assim explícita a relação do sujeito com o dizível É entretanto porque o silêncio significa em si que se pode explicar a política do sentido Com efeito é a hipótese do silêncio fundador que faz com o que nãodizer tenha um sentido Orlandi 2007 p 56 Em contrapartida o silêncio de Kambili se constitui até então com o silêncio local que é o exemplo de censura o que dizer é proibido e o sujeito censurado está proibido de se inscrever em determinadas funções discursiva Machado 1997 p 196 portanto a personagem propõe ao seu irmão através do olhar que o nãodizer é o que não pode ser dito além do silêncio e que muitas vezes tem significado subversivo Ademais a censura e a imposição do silêncio que Kambili deseja para Jaja é uma exemplificação da complexidade das interações discursivas O modo de ruptura da significar que na politica do silêncio manifestado por Kambili temse como exemplo além do silêncio local a outra forma da política do silêncio o silêncio constitutivo A exemplo disso tomamos o trecho em que Kambili tentou se solidarizar pelo ocorrido em que Eugene ao lançar o missal na estante após se mostrar insatisfeito com a rebeldia de Jaja acabou quebrantando as estatuetas que Beatrice sua mãe se dedicava a cuidar Eu quis dizer que sentia muito por Papa ter quebrado as estatuetas dela mas as palavras que saíram foram Sinto muito que suas estatuetas tenham quebrado Mama Ela assentiu rapidamente e depois balançou a cabeça para indicar que as estatuetas não eram importante Observamos que apesar que se diz algo optou em não dizer o que realmente queria nesse sentido que no silêncio constitutivo descartamos a possibilidade de que determinado sentido não desejado se instaure pelo preenchimento do espaço que este ocuparia produzindo um outro sentido Machado 1997 p 195 Ou seja não é apagar o que Kambili desejaria dizer a sua mãe preenche um outro espaço o que é chamado de antiimplicito diz x para não dizer y limitando a formação discursiva Nesse mesmo texto é possível analisar o comportamento de Beatrice o que representa o seu comportamento durante a narrativa de opressão violência silêncio que pertence a um relacionamento tóxico e abusivo mas mesmo assim aceita e agradece por seu marido não deixála O comportamento de Beatrice influência de certa maneira na formação discursiva de Kambili pois assim como sua mãe quando ambas usam o falar é para que os outros sentidos não apareçam Entretanto com Beatrice além do silêncio a personagem também é colocada em silencio Queria dizer às meninas que meu cabelo era de verdade que eu não usava extensões mas as palavras não saíam Eu sabia que elas ainda estavam conversando sobre cabelo comentando como o meu era comprido e cheio Queria conversar com elas rir com elas rir tanto até começar a pular no mesmo lugar como elas faziam mas meus lábios insistiram em permanecer fechados Como eu não quis gaguejar comecei a tossir e corri para o banheiro Adichie p72 Kambili mesmo longe sua casa se isola com o silencio O nãodito de Beatrice e Kambili restringe omite o dizer por meio da censura dos sentido quando conseguem controlar os significados que podem atribuir a palavras uma vez que a língua de espuma trabalha o poder de silenciar Orlandi 2007 p 65 pois o silencio é controlado por as personagens logo inferese que conseguem escolher dizer e nãodizer isso como uma maneira de resistência Embora no decorrer da narrativa Beatrice utiliza o silêncio ou as poucas palavras para interagir quando escolhe dizer o que possivelmente não agradaria Eugene logo o seu marido consegue censurar sua fala e o silêncio retoma seu lugar Nós sempre passávamos lá para visitálo depois da missa Deixe me esperar no carro bico disse Mama encostando se na Mercedes Sinto que há vômito me subindo a garganta Papa se virou para encarála Eu prendi a respiração O momento pareceu ser muito longo mas ele deve ter durado apenas alguns segundos Tem certeza de que quer ficar no carro Perguntou o Papa Mama estava olhando para baixo ela pousar as mãos sobre a barriga para impedir que o nó de sua canga se desfizesse ou para impedir que o pão e o chá que tomara no café saísse pela boca Meu corpo não está bem murmurou ela Eu perguntei se você tem certeza de que quer ficar no carro Mama olhou para ele Não eu vou com vocês Não está tão ruim assim A expressão de papa não mudou ele esperou que ela se aproximasse dele e então se virou e começou a caminhar na direção da casa do padre Adichie p 36 Nesse trecho observamos que o dizer está partindo dela mesma o que não é comum entregando logo é censurada e o que Orlandi chama de mecanismo imaginário é o que Eugene faz com Beatrice não seja o sujeito de suas próprias palavras portanto assujeitase ao silenciamento e Eugene restabelece sua posição A partir dessa ilusão resulta o movimento da identidade O movimento dos sentidos eles não retornam apenas eles se transformam eles deslocam o seu lugar na rede de filiações históricas Eles se projetam em novos sentidos Orlandi 2007 p 91 isto é o silenciamento que limitou Beatrice no percurso dos sentidos não o fez ficar estático mas mudou o caminho Nesse mesmo fragmento destacamos a reação de Kambili diante a posição de quando a protagonista diz Eu prendi a respiração apesar que para o leitor a interpretação do comportamento da personagem venha a ser de tensão é relevante levar em consideração que intrinsecamente o silêncio e o significado desempenham um papel fundamental para a construção do sentindo Logo tal reação define quando Orlandi 2007 p 13 conceitua que o silêncio é assim a respiração o fôlego da significação um lugar de recuo necessário para que se possa significar para que o sentido faça sentido Reduto do possível do múltiplo o silêncio abre espaço para o que não é um O silêncio na narrativa é constantemente anunciado que como discurso se desenvolve em diversas manifestações mas que para compreender é indispensável não analisar a materialidade simbólica específica do silêncio O silêncio em Hibisco Roxo se envolve ao redor de Eugene é nesse sentido que não devemos considerar o sentido somente no que não foi dito por isso o silêncio pode se manifestar em diversas formas atravessando as palavras na própria palavra na censura portanto é por esse víeis que faz com que o sentido seja fundante Nossos passos na escada era tão contidos e silenciosos quanto nossos domingos o silêncio de esperar que Papa acordasse da sexta para que pudéssemos almoçar ponte o silêncio da hora de reflexão quando Papa nos davam uma passagem da Bíblia ou um livro de um dos Pais da Igreja para que lêssemos e pensássemos sobre ele o silêncio do Rosário da noite o silêncio de ir de carro até a igreja para receber a benção depois Mesmo nossa hora da família era silenciosa aos domingos sem jogos de xadrez ou discussões sobre os jornais mais apropriada para o Dia do Descanso Adichie p 37 O silencio portanto fortalece a ideia de poder para Eugene pelo fragmento acima notamos que tudo estar girando em torno dele representando diversas formas de silêncio além de constituir o silenciamento Portanto quanto mais silêncio presente na obra os sentidos são multiplicados e os silêncio instalados no cotidiano da família apresenta múltiplos sentidos Em vista disso também é possível observar a partir da posição de Eugene a oposição da construção dos sentidos ou seja a censura construída na obra a é a proibição através das palavras para que não tenha sentido é o rompimento dos sentidos 32 O silêncio da resistência e ruptura dos sentidos A formação discursiva desenvolvida por Chimmamanda Adichie propõe que dizer é proibido quando não condizer com aquilo que Eugene não quer ouvir nesse sentido a censura estabelece que o dito é proibido como o sujeito e o sentido são interligados isso faz com que o sujeito não ocupe aquele lugar que não é considerado seu Contudo isso não está se aplicando nos comportamentos de Jaja ao mesmo tempo que não se encaixa com as posições tomadas pela tia Ifeoma e passada para suas filhas A voz da resistência que se manifesta através da emissão vocal A voz que resiste que ao mesmo tempo em que materializa a enunciação da submissão e seu efeito de silenciamento desafia constituindose em um elemento produção de sentido que não se deixa silenciar Jaja você não bebeu conosco gbo Não há palavras em sua boca Perguntou o falando em igbo Aquilo era um mau sinal Papa quase nunca falava em igbo e embora Jaja e eu usássemos a língua com mama quando estávamos em casa ele não gostava que fizéssemos em público Precisávamos ser civilizados em público ele nos dizia precisamos falar inglês A irmã de Papa tia Ifeoma disse um dia que Papa era muito colonizado disse isso de forma gentil e indulgente como se não fosse culpa de Papa como quem fala de alguém que tem um caso grave de malária e por isso grita coisas sem nexo Você não tem nada a dizer gbo Jaja ponto perguntou o Papa novamente Mba não há palavras em minha boca respondeu JaJa Adichie p 1920 À princípio existe nesse trecho a de sujeito e sentido quando referese a noção de identidade e alteridade uma relação que separa liga a relação com o outros sobretudo nas posições tomadas por Jaja e Ifeoma Outro fator a ser considerado é a completude que Eugene se coloca que ao apagar suas raízes constitui como um outro sujeito e um outro sentido e essa completude pode ser considerado pela falta do silêncio e pelo poder da palavra estabelecido por ele Eugene portanto assume o exemplo de colonizado e ao mesmo tempo colonizador quando demoniza e é negacionista de suas origens Eugene não aceita que sua família falasse a língua igbo ou cultuasse uma outra religião que não fosse católica Uma passagem que reflete que até mesmo dentro da igreja condena o misticismo é quando o recém padre recém ordenado utiliza o gbo na missa Aquele homem sem Deus como de uma dessas igrejas pentecostais que brotam em todos os cantos como cogumelos Pessoas como ele trazem problemas para a igreja Precisamos lembrar de rezar por sua alma disse Papa Adichie p 35 Sendo assim é possível observar que mesmo dentro da igreja que é uma base para a construção da personalidade de Eugene é preciso seguir todos os estereótipos da solidificação do poder do colonizador sob a Nigéria Isso também é presente naquele mesmo trecho já que a língua inglesa introduzida na sociedade nigeriana é a significação de civilização e isso explica os diversos momentos que Kambili ressalta que seu pai insistia para que não falassem em gbo sobretudo em público entretanto entre Kambile Beatrice e Jajá existe a resistência da língua de origem quando sozinhos conseguem se comunicarem a partir dela Logo a censura vai além da consciência individual como aborda Orlandi 2007 é um fato discursivo que passa nos limites no caso em questão das diferentes formações discursivas da família de Eugene Por conseguinte consideramos a forma explicita que Jaja escolhe e diz sobre o silêncio No deslocamento para do falar para aa opção do nãofalar é um movimento possível para Jaja em não há palavras em minha boca como se o poder de censura de Eugene mal conseguisse atingir a identidade e os sentidos que seu estava construindo Jaja estava desabrochando a liberdade Até Nsukka Nsukka começou tudo o jardinzinho de tia Ifeoma perto da varanda de seu apartamento em Nsukka romper o silêncio A rebeldia de Jaja era como os hibiscos experimentais de tia Ifeoma rara com cheiro suave da liberdade diferente daquela que a multidão brandindo folhas verdes pediu na Government Square após o golpe Liberdade pra ser para fazer Mas minhas lembranças não começavam em Nsukka Começavam antes quando todos os hibiscos do nosso jardim da frente ainda eram de um vermelho chocante Adichie p 22 Jaja estava em busca da sua completude a liberdade A incompletude de Kambili tanto como sujeito e sentido tem no fundo uma admiração pela liberdade e o desejo da mesma completude que seu irmão está buscando A incompletude de Kambili é desenvolvida pelo seu silêncio A personagem desenvolve até então uma relação necessária com o silêncio pois além de ser ensinada que o silêncio é a melhor maneira para se comportar o seu opressor e quem impõe o silêncio para ela é visto como herói e modelo de generosidade e não seguir seria uma falta de obediência A liberdade é até então desejada e admirada mas que ainda estar onde do seu alcance por possibilidades e obediência Há o espaço portanto da subjetividade e solidão da personagem quanto aos seus sentidos As irmãs nos davam os nossos boletins sem fechálos Eu ficará em segundo lugar da turma Estava escrito em algarismo 225 Minha professora irmã Clara escreverá Uma aluna brilhante e obediente e uma filha que merece o orgulho dos pais Mas eu sabia que Papa não ia ficar orgulhoso Ele cansava de dizer para mim e para Jaja que já que gastava tanto dinheiro no Daughtrs of The Immaculate Heart e no St Nicholas nós não devíamos deixar as outras crianças ficarem e primeiro turma Adichie 4445 Kambili seguia como exemplo para a sociedade a qual estava inserida sobretudo no âmbito escolar Mas isso não significava que para o pai ela estava a altura do que ele desejava não só Kambili mas toda a família era cobrada para seguir um modelo a qual o pai idealizava Entretanto a narrativa toma outras proporções quando Kambile e seu irmão vão a Nsukka visitar sua tia Ifeoma Apesar que Kambili já havia observado a oposição entre seu pai e sua tia é quando chega ate a sua casa e percebe o contraste entre o modo de viver a tradição gbo e a educação que estava sendo dada a seus primos com o que vivia pelo ensinamentos de seu pai A completude de Kambili toma seus primeiros passos quando a menina que antes não conseguia seguir uma conversa além de sua mãe e seu irmão Jaja consegue desabrochar ao estar na casa de sua tia ela quer ter o direito d palavra como seus primos tinha na mesa de jantar Naquela noite sonhei que estava rindo mas as risadas não soava como minha embora eu não soubesse bem qual era o som da minha risada Era uma risada alta Era uma risada alta profunda e entusiasmada como a de tia Ifeoma Adichie p 97 Ifeoma é importante para que a palavra para Kambili esteja além do silêncio Enquanto voltávamos a Enugu eu ri alto mais alto que o canto de Fela Ri porque as ruas sem asfalto de Nsukka sujam os carros de poeira durante o harmattan e de lama grudenta durante a estação de chuvas Porque nas ruas que são asfaltadas os buracos surgem de repente como presentes surpresa o ar cheira a colinas e história e a luz do sol espalha a areia e a transforma em pó de ouro Porque Nsukka pode libertar algo no fundo de sua barriga que sobe até a garganta da gente e sai sob a forma de uma canção sobre a liberdade E sob a forma de riso Adichie p233 A viagem de Kambili causou um impacto das suas atitudes com um tom de liberdade a personagem não é mais aquela criança contida e quieta Contudo ainda permanece a ausência do diálogo sobre o que se pensar não há o dizer há o fazer Mas que não deixa de ser significativo pois reflete a introspecção da personagem Ao mesmo tempo que essa quebra do silêncio através do riso Kambili da acesso para que o leitor acesse o seu interior que antes era possível apenas observar os pensamento pela tensão opressão medo construindo um silêncio que representa também liberdade e felicidade No entanto antes da sua viagem o medo da opressão em somente pensar numa possível liberdade de pensar era autocrítico Kambili tenta evitar que suas palavras enunciem outros sentidos o que nos demonstra uma abandono daquilo que queria retirar do silêncio vendo como sentidos escorregadios No seguinte trecho podemos observar essa constituição de sobreposição de sentidos Murmurei alguma coisa com o rosto virado para o prato e em seguida comecei a tossir como se as palavras reais e sensatas poderiam ter saído de minha boca não fosse aquele acesso Adichie p 106 O sussurro era como ela estava acostumada tanto que quando sua prima Amaka está conversando Kambili deseja que fale mais baixo já que o tom alto da voz era permitido somente para seu pai Embora apareça o incomodo esse contato fez com que apesar que se arrependesse quase tivesse dado uma opinião na mesa de jantar O silêncio consiste portanto de maneira literal já era o que estava acostumada A opacidade da linguagem que antes era adotada por Kambili pela opressão e submissão mas ao mesmo tempo compreende as manifestações da resistência que por oposição se constrói a alteridade Ao que antes viviam de opressão violência censura especialmente contidas no seu silêncio a interação e as opiniões trocadas em toda família deixara Kambili assustada Após esse contato a sensação do silêncio vem diminuindo Ao retornar a sua casa haveria uma mudança mas a censura ainda estava presente em Kambili mas em Jaja a busca pela liberdade e da memória ancestral tinha sido mais aflorado e mesmo na presença do pai ele não conseguia mais se por em silêncio Eugene percebe as mudança e recorre as orações cristã para que tirasse aqueles pensamento de seus filhos A oração de Papa antes do jantar foi mais longa que o normal pediu que Deus purificasse seus filhos e removesse o espírito que o fizera mentir Adichie p 210 Após esse momento Kambili responde com um Amem alto pois apesar que aumenta o tom de voz o que antes não era visto ainda reconhece no seu pai como aquele que ela deve obediência mesmo que seus pensamentos são outros Dessa forma continua a autopressao ou autocensura em que ela mesma se coloca nessa posição em mão seguir os passos do irmão Hibisco Roxo é construído por uma narrativa os enunciados mesmo manifestado pelo silêncio são carregados em diversos sentido E diante as mudanças e em que o silêncio vai diminuindo se dá através de como os interlocutores em suas produções principalmente pelo discurso do silêncio A volta para casa fez com que voltássemos a perceber o reencontro do sujeito e opressor entre oposições de passividade e rebeldia por Kambili e Jaja respectivamente Por fim a obra em análise nos mostram que a partir das enunciações é perceptível nos sujeitos interlocutores que as palavras implícitas completa o sentido Sobretudo pela ótica de Kambili quem narra a ficção Além disso o discurso pelo silêncio não se limita a problemas de família patriarcalismo mas que se contemplam com a perspectiva políticosocial da Nigéria Portanto o uso do silêncio como elemento temático dessa análise mostra o quanto a narrativa além do verbal nos mostra que o que está implícito também é composto por sentidos o que desenvolve um potencial a mais para a obra Considerações Finais A análise da obra pela perspectiva da Análise do discurso observamos o silêncio que está intrinsicamente relacionado por características ideológicas históricas sociais e de gênero protagonizada na narrativa O silencio pela família de Eugene como resultado da opressão violência e censura resultando pela busca da completude e na busca da liberdade já que enquanto o silêncio vai diminuindo na narrativa os sujeitos em busca de suas identidades necessitam inconstantemente da sua completude sobretudo Jaja já que a desconstrução do estereótipo solidificado na ideia de que Eugene é visto como exemplo para Kambili o leva mais um tempo para que a personagem busque a sua completude As personagens da narrativa vê no silêncio a resistência que tomando partido de suas posições a partir das formações discursivas rompe com o que o tradicionalismo acredita que o silêncio pode ser vazio eles nos mostram que o silêncio só não foi dito mas que são constituídos não só de um sentido mas de múltiplos Logo o silêncio também falam sobre elas e por elas uma vez que o silêncio é a omissão do que querem falar isso na política do silêncio chamado de silêncio local um artifício muito utilizado por Beatrice Por outro lado o silencio constitutivo que Kambili repensa sobre o que vai dizer e em vez de X fala Y já que busca o autocontrole para evitar outros sentidos do discurso e desaponte o seu pai e seus ensinamentos pois não é porque a personagem antes de conhecer uma liberdade que era privada não pensava na verdade pensava demais ao ponto de que o silêncio seria a posição correta Enquanto a falta do silêncio se realiza em Jaja incomodava e era vista com maus olhos por seu pai Chimmamanda Adichie em representa no silêncio uma temática para sua narrativa fez com que uma ferramenta poderosa expressasse os múltiplos sentido que por si só pode manifestar e representar Chimmamanda consegue denunciar o poder do colonizador ao apagar a memória coletiva e individual do seu povo assim como denuncia a opressão do corpo e do pensamento do outro Essa análise portanto constitui para além da literária mas para demonstrar como o silêncio também faz parte da Análise do discurso
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Esse será o 3 Capítulo do meu TCC Será necessário analisar os recortes do livro qual estou fazendo meu trabalho Eles foram selecionados por mim e estão disponibilizados no arquivo aqui contido A análise deve seguir os fundamentos da AD Análise do Discurso com embasamento teórico da autora Eni Orlandi Análise de Discurso e As formas do Silêncio Orientações Capítulo 3 Análise do corpus silêncio e sentidos 31 O silêncio da censura dos sentidos 32 O silêncio da resistência e ruptura dos sentidos 10 a 15 páginas Aqui você deverá analisar todos os recortes selecionados anexados ao final deste documento sempre com foco no silêncio Eni Orlandi Utilize sempre esses termos observase inferese interpretamos Explicação Silêncio fundador não é a origem dos sentidos mas a garantia do movimento dos sentidos Todo processo de significação traz necessariamente uma relação com o silêncio É porque o silêncio significa que o nãodizer faz sentido O silêncio fundador determina a política do silêncio Política do silêncio isto é o silenciamento vai além da relação do dito não dito mas o poder dizer ou não dizer Duas formas silêncio constitutivo ao dizer algo outros sentidos ficam silenciados silêncio local em que o dizer é proibido o sujeito fica proibido de ocupar certas posições e está proibido de se inscrever em determinadas formações discursivas esse silêncio impede a subjetividade e a possibilidade do sujeito se identificar pois muitas vezes o sentido está posto dado impedese o aparecimento de outros sentidos Obs não copiar essa explicação pois não é de minha autoria Trechos para a análise A congregação respondeu Isso mesmo ou Deus o abençoe ou Amém mas não muito alto para não se parecer com os membros daquelas igrejas pentecostais que brotavam como cogumelos e então todos ouviram em silêncio cheios de atenção Em alguns domingos a congregação prestava atenção mesmo quando o padre Benedict falava de coisas que todos já sabiam sobre como Papa fizera as maiores doações ao óbolo de São Pedro e à igreja St Vincent de Paul p11 Aquilo era um mau sinal Papa quase nunca falava em igbo e embora Jaja e eu usássemos a língua com Mama quando estávamos em casa ele não gostava que o fizéssemos em público Precisávamos ser civilizados em público ele nos dizia precisávamos falar inglês A irmã de Papa tia Ifeoma disse um dia que Papa era muito colonizado Disse isso de forma gentil e indulgente como se não fosse culpa de Papa como quem fala de alguém que tem um caso grave de malária e por isso grita coisas sem nexo p20 A rebeldia de Jaja era como os hibiscos roxos experimentais de tia Ifeoma rara com o cheiro suave da liberdade uma liberdade diferente daquela que a multidão brandindo folhas verdes pediu na Government Square após o golpe Liberdade para ser para fazer p28 Mesmo assim Jaja sabia o que eu comia de almoço todos os dias Havia um menu colado na parede da cozinha que Mama mudava duas vezes por mês Mas ele sempre me perguntava o que eu tinha comido Com frequência fazíamos perguntas cujas respostas já sabíamos Talvez fizéssemos isso para não precisarmos formular as outras perguntas aquelas cujas respostas não queríamos saber p29 Nossos passos na escada eram tão contidos e silenciosos quanto nossos domingos o silêncio de esperar que Papa acordasse da sesta para que pudéssemos almoçar o silêncio da hora de reflexão quando Papa nos dava uma passagem da Bíblia ou um livro de um dos Pais da Igreja para que lêssemos e pensássemos sobre ele o silêncio do rosário da noite o silêncio de ir de carro até a igreja para receber a bênção depois Mesmo nossa hora da família era silenciosa aos domingos sem jogos de xadrez ou discussões sobre os jornais mais apropriada para o Dia do Descanso p37 Tínhamos de rezar bem certinho Eu não me perguntei nem tentei me perguntar o que Mama fizera para precisar ser perdoada p42 As irmãs nos davam nossos boletins sem fechálos Eu ficara em segundo lugar na turma Estava escrito em algarismos 225 Minha professora irmã Clara escrevera Kambili tem inteligência acima da média e é silenciosa e responsável A diretora madre Lucy escrevera Uma aluna brilhante e obediente e uma filha que merece o orgulho dos pais Mas eu sabia que Papa não ia ficar orgulhoso p44 Pensei nela também na segundafeira quando Papa me levava para a escola Ele diminuiu a velocidade do carro na estrada Ogui para atirar algumas nairas para um mendigo deitado na beira da estrada perto de algumas crianças que tentavam vender laranjas descascadas O mendigo viu as notas ficou de pé e acenou para nós batendo palmas e pulando Eu tinha pensado que ele era manco Observeio pelo retrovisor sem tirar os olhos dele até perdêlo de vista O mendigo me lembrava a mercadora deitada no chão Havia um desamparo em sua alegria o mesmo desamparo que houvera no desespero daquela mulher p50 Ele falava inglês com um sotaque igbo tão forte que até as palavras mais curtas vinham decoradas com vogais extras Papa gostava que o povo de Abba se esforçasse para falar inglês perto dele Dizia que mostrava que tinham bom senso p67 O lábio inferior dele tremeu assim como sua voz e às vezes eu levava um ou dois segundos para compreender o que ele dizia pois seu dialeto era muito antigo suas palavras não tinham as inflexões anglicizadas das nossas p72 O que vocês fizeram lá Comeram alimentos oferecidos aos ídolos Profanaram suas línguas cristãs Fiquei paralisada não sabia que línguas também podiam ser cristãs p77 Toda vez que tia Ifeoma se dirigia a Papa meu coração parava e depois começava a bater de novo freneticamente Era por causa daquele tom atrevido ela não parecia reconhecer que aquele era Papa que ele era diferente especial Tive vontade de apertar os lábios dela para fechálos e também para pegar um pouco de batom cor de bronze nos dedos p85 Chupei minha língua para tentar revivêla sentindo a aspereza da poeira p90 Naquela noite sonhei que estava rindo mas a risada não soava como minha embora eu não soubesse bem qual era o som da minha risada Era uma risada alta profunda e entusiasmada como a de tia Ifeoma p97 Murmurei alguma coisa com o rosto virado para o prato e em seguida comecei a tossir como se palavras reais e sensatas poderiam ter saído de minha boca não fosse aquele acesso p106 Por que você baixa a voz O quê Você baixa a voz quando fala Você sussurra p127 Ao lado dela havia uma reprodução granulada da Pietà com a moldura de madeira quebrada nos cantos Pressionei meus lábios mordendo o lábio inferior para que minha boca não começasse a cantar sozinha para que ela não me traísse p149 Meus primos e Jaja riram e PapaNnukwu riu também uma risada gentil como se ele houvesse entendido o inglês e então se recostou e fechou os olhos Eu olhei para todos e me arrependi de não ter respondido Njemanze Também p172 Tia Ifeoma lançou um olhar furioso não para Amaka mas para mim O ginidi Kambili você não tem boca Não deixe Amaka sem resposta p181 Eu ri O som foi esquisito como se eu estivesse ouvindo a risada de um estranho numa gravação Acho que nunca tinha me ouvido rir antes p191 E foi o que aconteceu Talvez fosse o que eu e Jaja quiséssemos que acontecesse sem ter consciência disso Talvez todos tenhamos mudado depois de Nsukka até Papa e as coisas estivessem destinadas a não ser mais as mesmas a não estar mais em sua ordem original p221 Mais pancadas Mais tapas Algo molhado e salgado esquentou minha boca Fechei os olhos e me entreguei ao silêncio p223 Você é diferente Nunca ouvi o padre Amadi falar de ninguém desse jeito Ele diz que você nunca ri Diz que é muito tímida mas que ele sabe que há muita coisa se passando em sua cabeça p232 Naquele instante percebi que era isso que tia Ifeoma fazia com os meus primos obrigandoos a ir cada vez mais alto graças à forma como falava com eles graças ao que esperava deles Ela fazia isso o tempo todo acreditando que eles iam conseguir saltar E eles saltavam Comigo e com Jaja era diferente Nós não saltávamos por acreditarmos que podíamos saltávamos porque tínhamos pânico de não conseguir p238 Jaja para de comer e me encara em silêncio com aqueles olhos que foram endurecendo um pouco mais a cada mês que ele passou aqui agora eles parecem a casca de uma palmeira impossíveis de quebrar Chego a me perguntar se nós dois já tivemos mesmo uma asusu anya uma língua dos olhos ou se foi tudo imaginação minha p319 Agora eu posso falar do futuro p320 As novas chuvas vão cair em breve p321 3 Análise do corpus silêncio e sentidos 31 O silêncio da censura dos sentidos O livro Hibisco Roxo explora um papel relevante da linguagem nas formações discursivas isto se dá através da análise das personagens e como desenvolvem em suas interações interdiscursivas Essas expressões discursivas tem como destaque o silêncio que por si só transmite uma riqueza de significados e interpretações A manifestação do silêncio na obra generaliza condições a qual as personagens de maneira velada possui instâncias significativas a partir da enunciação do silêncio fundador este que Orlandi 2007 p 19 define como matéria significante por excelência A narrativa representa o trauma e opressão causados pelo processo de colonização simbolicamente na família de Kambili conflitos sobre a religiosidade patriarcalismo poder e controle representada na figura de Eugene seu pai Nas primeiras páginas da obra se desenvolve como Eugene é visto por sua família e a sociedade um homem generoso e politicamente correto além de cristão exemplar ao ponto de ser colocando como santidade numa tríade entre o papa ele e Jesus Cristo pelo padre Benedict o padre Benedict sempre falava do papa do meu pai e de Jesusnessa ordem Ele usava meu pai para ilustrar os evangelho Adichie 201 p 10 Observase que Eugene é colocado como exemplo a ser seguido que por o discurso religioso e a sacralidade da linguagem o silêncio ou o quase silêncio é respondido por meio da espiritualidade representando reverência também por parte da assembleia Dessa forma tal afirmação poder ser analisado no trecho a seguir A congregação respondeu Isso mesmo ou Deus o abençoe ou Amém mas não muito alto para não se parecer com os membros daquelas igrejas que brigavam feto cogumelos e então todos ouviram em silêncio cheios de atenção Em alguns Domingos a congregação prestava atenção mesmo quando o padre Benedict falava de coisas que todos já sabiam sobre como Papa fizera as maiores doações ao óbolo de São Pedro e à igreja St Vicent de Paul Adichie Logo notase que o silêncio e as palavras curtas como Amém é uma maneira que a assembleia participa interagindo com as palavras do padre Benedict além de que esse silencio cheio de atenção é uma das capacidade da linguagem religiosa em manter a atenção isto nos remete ao que Orlandi 2007 p 19 afirma em que o homem faz falar a voz de Deus na onipotência do silêncio divino IBID p 19 Apesar que há essa construção sob a imagem de Eugene acontece por outro lado a quebra do silêncio negação da reverência e da obediência surge quando Jaja não segue os princípios religiosos impostos por Eugene causando estranheza em Kambili pelo confronto ao seu pai Na família a falavoz alta pertence a Eugene e após Jaja se recusar a participar da comunhão e rebater a sua ação afronta o autoritarismo do pai este que é exemplo sobretudo no âmbito religioso e familiar ao seguir os preceitos cristão e um bom cuidado o que antes existia a possibilidade de reversibilidade no contexto de um discurso autoritário Em consonância com Orlandi 2007 à luz da perspectiva da análise do discurso sobre o silêncio a partir do autoritarismo Jaja ocupava o lugar que lhe era designado por seu pai da censura silenciamento reverência opressão e obediência Jaja você não recebeu a comunhãodisse Para baixinho num tom quase interrogativo Jaja olhou para o missal sobre a mesa como se estivesse falando com ele Aquele biscoito me dá mais hálito Eu olhei atônita para Jaja Ele sabia que eu estava olhando para ele que meus olhos chocados lhe imploravam para fechar a boca que meus olhos chocados lhe imploravam para fechar a boca mas ele não me encarou Adichie p 12 No fragmento acima fica evidente que embora Jaja quebrasse o silêncio e colocasse a frente a liberdade de expressar seus pensamentos pela fala já que num discurso baseado no autoritarismo o sujeito é subjugado e Eugene que por sua ideologia dominante reprime qualquer pensamento que não esteja de acordo com o seu faz com que o silêncio seja um artifício daquele que sofre a opressão mas o que não significa que este silêncio esteja vazio de palavras Sendo assim a censura é repetidamente utilizada por Eugene Para corroborar com essa ideia da censura em relação com o silêncio observaremos o seguinte fragmento discutido por Eni Orlandi A censura desautomatiza a relação com o silêncio e com o implícito e assim explícita a relação do sujeito com o dizível É entretanto porque o silêncio significa em si que se pode explicar a política do sentido Com efeito é a hipótese do silêncio fundador que faz com o que nãodizer tenha um sentido Orlandi 2007 p 56 Em contrapartida o silêncio de Kambili se constitui até então com o silêncio local que é o exemplo de censura o que dizer é proibido e o sujeito censurado está proibido de se inscrever em determinadas funções discursiva Machado 1997 p 196 portanto a personagem propõe ao seu irmão através do olhar que o nãodizer é o que não pode ser dito além do silêncio e que muitas vezes tem significado subversivo Ademais a censura e a imposição do silêncio que Kambili deseja para Jaja é uma exemplificação da complexidade das interações discursivas O modo de ruptura da significar que na politica do silêncio manifestado por Kambili temse como exemplo além do silêncio local a outra forma da política do silêncio o silêncio constitutivo A exemplo disso tomamos o trecho em que Kambili tentou se solidarizar pelo ocorrido em que Eugene ao lançar o missal na estante após se mostrar insatisfeito com a rebeldia de Jaja acabou quebrantando as estatuetas que Beatrice sua mãe se dedicava a cuidar Eu quis dizer que sentia muito por Papa ter quebrado as estatuetas dela mas as palavras que saíram foram Sinto muito que suas estatuetas tenham quebrado Mama Ela assentiu rapidamente e depois balançou a cabeça para indicar que as estatuetas não eram importante Observamos que apesar que se diz algo optou em não dizer o que realmente queria nesse sentido que no silêncio constitutivo descartamos a possibilidade de que determinado sentido não desejado se instaure pelo preenchimento do espaço que este ocuparia produzindo um outro sentido Machado 1997 p 195 Ou seja não é apagar o que Kambili desejaria dizer a sua mãe preenche um outro espaço o que é chamado de antiimplicito diz x para não dizer y limitando a formação discursiva Nesse mesmo texto é possível analisar o comportamento de Beatrice o que representa o seu comportamento durante a narrativa de opressão violência silêncio que pertence a um relacionamento tóxico e abusivo mas mesmo assim aceita e agradece por seu marido não deixála O comportamento de Beatrice influência de certa maneira na formação discursiva de Kambili pois assim como sua mãe quando ambas usam o falar é para que os outros sentidos não apareçam Entretanto com Beatrice além do silêncio a personagem também é colocada em silencio Queria dizer às meninas que meu cabelo era de verdade que eu não usava extensões mas as palavras não saíam Eu sabia que elas ainda estavam conversando sobre cabelo comentando como o meu era comprido e cheio Queria conversar com elas rir com elas rir tanto até começar a pular no mesmo lugar como elas faziam mas meus lábios insistiram em permanecer fechados Como eu não quis gaguejar comecei a tossir e corri para o banheiro Adichie p72 Kambili mesmo longe sua casa se isola com o silencio O nãodito de Beatrice e Kambili restringe omite o dizer por meio da censura dos sentido quando conseguem controlar os significados que podem atribuir a palavras uma vez que a língua de espuma trabalha o poder de silenciar Orlandi 2007 p 65 pois o silencio é controlado por as personagens logo inferese que conseguem escolher dizer e nãodizer isso como uma maneira de resistência Embora no decorrer da narrativa Beatrice utiliza o silêncio ou as poucas palavras para interagir quando escolhe dizer o que possivelmente não agradaria Eugene logo o seu marido consegue censurar sua fala e o silêncio retoma seu lugar Nós sempre passávamos lá para visitálo depois da missa Deixe me esperar no carro bico disse Mama encostando se na Mercedes Sinto que há vômito me subindo a garganta Papa se virou para encarála Eu prendi a respiração O momento pareceu ser muito longo mas ele deve ter durado apenas alguns segundos Tem certeza de que quer ficar no carro Perguntou o Papa Mama estava olhando para baixo ela pousar as mãos sobre a barriga para impedir que o nó de sua canga se desfizesse ou para impedir que o pão e o chá que tomara no café saísse pela boca Meu corpo não está bem murmurou ela Eu perguntei se você tem certeza de que quer ficar no carro Mama olhou para ele Não eu vou com vocês Não está tão ruim assim A expressão de papa não mudou ele esperou que ela se aproximasse dele e então se virou e começou a caminhar na direção da casa do padre Adichie p 36 Nesse trecho observamos que o dizer está partindo dela mesma o que não é comum entregando logo é censurada e o que Orlandi chama de mecanismo imaginário é o que Eugene faz com Beatrice não seja o sujeito de suas próprias palavras portanto assujeitase ao silenciamento e Eugene restabelece sua posição A partir dessa ilusão resulta o movimento da identidade O movimento dos sentidos eles não retornam apenas eles se transformam eles deslocam o seu lugar na rede de filiações históricas Eles se projetam em novos sentidos Orlandi 2007 p 91 isto é o silenciamento que limitou Beatrice no percurso dos sentidos não o fez ficar estático mas mudou o caminho Nesse mesmo fragmento destacamos a reação de Kambili diante a posição de quando a protagonista diz Eu prendi a respiração apesar que para o leitor a interpretação do comportamento da personagem venha a ser de tensão é relevante levar em consideração que intrinsecamente o silêncio e o significado desempenham um papel fundamental para a construção do sentindo Logo tal reação define quando Orlandi 2007 p 13 conceitua que o silêncio é assim a respiração o fôlego da significação um lugar de recuo necessário para que se possa significar para que o sentido faça sentido Reduto do possível do múltiplo o silêncio abre espaço para o que não é um O silêncio na narrativa é constantemente anunciado que como discurso se desenvolve em diversas manifestações mas que para compreender é indispensável não analisar a materialidade simbólica específica do silêncio O silêncio em Hibisco Roxo se envolve ao redor de Eugene é nesse sentido que não devemos considerar o sentido somente no que não foi dito por isso o silêncio pode se manifestar em diversas formas atravessando as palavras na própria palavra na censura portanto é por esse víeis que faz com que o sentido seja fundante Nossos passos na escada era tão contidos e silenciosos quanto nossos domingos o silêncio de esperar que Papa acordasse da sexta para que pudéssemos almoçar ponte o silêncio da hora de reflexão quando Papa nos davam uma passagem da Bíblia ou um livro de um dos Pais da Igreja para que lêssemos e pensássemos sobre ele o silêncio do Rosário da noite o silêncio de ir de carro até a igreja para receber a benção depois Mesmo nossa hora da família era silenciosa aos domingos sem jogos de xadrez ou discussões sobre os jornais mais apropriada para o Dia do Descanso Adichie p 37 O silencio portanto fortalece a ideia de poder para Eugene pelo fragmento acima notamos que tudo estar girando em torno dele representando diversas formas de silêncio além de constituir o silenciamento Portanto quanto mais silêncio presente na obra os sentidos são multiplicados e os silêncio instalados no cotidiano da família apresenta múltiplos sentidos Em vista disso também é possível observar a partir da posição de Eugene a oposição da construção dos sentidos ou seja a censura construída na obra a é a proibição através das palavras para que não tenha sentido é o rompimento dos sentidos 32 O silêncio da resistência e ruptura dos sentidos A formação discursiva desenvolvida por Chimmamanda Adichie propõe que dizer é proibido quando não condizer com aquilo que Eugene não quer ouvir nesse sentido a censura estabelece que o dito é proibido como o sujeito e o sentido são interligados isso faz com que o sujeito não ocupe aquele lugar que não é considerado seu Contudo isso não está se aplicando nos comportamentos de Jaja ao mesmo tempo que não se encaixa com as posições tomadas pela tia Ifeoma e passada para suas filhas A voz da resistência que se manifesta através da emissão vocal A voz que resiste que ao mesmo tempo em que materializa a enunciação da submissão e seu efeito de silenciamento desafia constituindose em um elemento produção de sentido que não se deixa silenciar Jaja você não bebeu conosco gbo Não há palavras em sua boca Perguntou o falando em igbo Aquilo era um mau sinal Papa quase nunca falava em igbo e embora Jaja e eu usássemos a língua com mama quando estávamos em casa ele não gostava que fizéssemos em público Precisávamos ser civilizados em público ele nos dizia precisamos falar inglês A irmã de Papa tia Ifeoma disse um dia que Papa era muito colonizado disse isso de forma gentil e indulgente como se não fosse culpa de Papa como quem fala de alguém que tem um caso grave de malária e por isso grita coisas sem nexo Você não tem nada a dizer gbo Jaja ponto perguntou o Papa novamente Mba não há palavras em minha boca respondeu JaJa Adichie p 1920 À princípio existe nesse trecho a de sujeito e sentido quando referese a noção de identidade e alteridade uma relação que separa liga a relação com o outros sobretudo nas posições tomadas por Jaja e Ifeoma Outro fator a ser considerado é a completude que Eugene se coloca que ao apagar suas raízes constitui como um outro sujeito e um outro sentido e essa completude pode ser considerado pela falta do silêncio e pelo poder da palavra estabelecido por ele Eugene portanto assume o exemplo de colonizado e ao mesmo tempo colonizador quando demoniza e é negacionista de suas origens Eugene não aceita que sua família falasse a língua igbo ou cultuasse uma outra religião que não fosse católica Uma passagem que reflete que até mesmo dentro da igreja condena o misticismo é quando o recém padre recém ordenado utiliza o gbo na missa Aquele homem sem Deus como de uma dessas igrejas pentecostais que brotam em todos os cantos como cogumelos Pessoas como ele trazem problemas para a igreja Precisamos lembrar de rezar por sua alma disse Papa Adichie p 35 Sendo assim é possível observar que mesmo dentro da igreja que é uma base para a construção da personalidade de Eugene é preciso seguir todos os estereótipos da solidificação do poder do colonizador sob a Nigéria Isso também é presente naquele mesmo trecho já que a língua inglesa introduzida na sociedade nigeriana é a significação de civilização e isso explica os diversos momentos que Kambili ressalta que seu pai insistia para que não falassem em gbo sobretudo em público entretanto entre Kambile Beatrice e Jajá existe a resistência da língua de origem quando sozinhos conseguem se comunicarem a partir dela Logo a censura vai além da consciência individual como aborda Orlandi 2007 é um fato discursivo que passa nos limites no caso em questão das diferentes formações discursivas da família de Eugene Por conseguinte consideramos a forma explicita que Jaja escolhe e diz sobre o silêncio No deslocamento para do falar para aa opção do nãofalar é um movimento possível para Jaja em não há palavras em minha boca como se o poder de censura de Eugene mal conseguisse atingir a identidade e os sentidos que seu estava construindo Jaja estava desabrochando a liberdade Até Nsukka Nsukka começou tudo o jardinzinho de tia Ifeoma perto da varanda de seu apartamento em Nsukka romper o silêncio A rebeldia de Jaja era como os hibiscos experimentais de tia Ifeoma rara com cheiro suave da liberdade diferente daquela que a multidão brandindo folhas verdes pediu na Government Square após o golpe Liberdade pra ser para fazer Mas minhas lembranças não começavam em Nsukka Começavam antes quando todos os hibiscos do nosso jardim da frente ainda eram de um vermelho chocante Adichie p 22 Jaja estava em busca da sua completude a liberdade A incompletude de Kambili tanto como sujeito e sentido tem no fundo uma admiração pela liberdade e o desejo da mesma completude que seu irmão está buscando A incompletude de Kambili é desenvolvida pelo seu silêncio A personagem desenvolve até então uma relação necessária com o silêncio pois além de ser ensinada que o silêncio é a melhor maneira para se comportar o seu opressor e quem impõe o silêncio para ela é visto como herói e modelo de generosidade e não seguir seria uma falta de obediência A liberdade é até então desejada e admirada mas que ainda estar onde do seu alcance por possibilidades e obediência Há o espaço portanto da subjetividade e solidão da personagem quanto aos seus sentidos As irmãs nos davam os nossos boletins sem fechálos Eu ficará em segundo lugar da turma Estava escrito em algarismo 225 Minha professora irmã Clara escreverá Uma aluna brilhante e obediente e uma filha que merece o orgulho dos pais Mas eu sabia que Papa não ia ficar orgulhoso Ele cansava de dizer para mim e para Jaja que já que gastava tanto dinheiro no Daughtrs of The Immaculate Heart e no St Nicholas nós não devíamos deixar as outras crianças ficarem e primeiro turma Adichie 4445 Kambili seguia como exemplo para a sociedade a qual estava inserida sobretudo no âmbito escolar Mas isso não significava que para o pai ela estava a altura do que ele desejava não só Kambili mas toda a família era cobrada para seguir um modelo a qual o pai idealizava Entretanto a narrativa toma outras proporções quando Kambile e seu irmão vão a Nsukka visitar sua tia Ifeoma Apesar que Kambili já havia observado a oposição entre seu pai e sua tia é quando chega ate a sua casa e percebe o contraste entre o modo de viver a tradição gbo e a educação que estava sendo dada a seus primos com o que vivia pelo ensinamentos de seu pai A completude de Kambili toma seus primeiros passos quando a menina que antes não conseguia seguir uma conversa além de sua mãe e seu irmão Jaja consegue desabrochar ao estar na casa de sua tia ela quer ter o direito d palavra como seus primos tinha na mesa de jantar Naquela noite sonhei que estava rindo mas as risadas não soava como minha embora eu não soubesse bem qual era o som da minha risada Era uma risada alta Era uma risada alta profunda e entusiasmada como a de tia Ifeoma Adichie p 97 Ifeoma é importante para que a palavra para Kambili esteja além do silêncio Enquanto voltávamos a Enugu eu ri alto mais alto que o canto de Fela Ri porque as ruas sem asfalto de Nsukka sujam os carros de poeira durante o harmattan e de lama grudenta durante a estação de chuvas Porque nas ruas que são asfaltadas os buracos surgem de repente como presentes surpresa o ar cheira a colinas e história e a luz do sol espalha a areia e a transforma em pó de ouro Porque Nsukka pode libertar algo no fundo de sua barriga que sobe até a garganta da gente e sai sob a forma de uma canção sobre a liberdade E sob a forma de riso Adichie p233 A viagem de Kambili causou um impacto das suas atitudes com um tom de liberdade a personagem não é mais aquela criança contida e quieta Contudo ainda permanece a ausência do diálogo sobre o que se pensar não há o dizer há o fazer Mas que não deixa de ser significativo pois reflete a introspecção da personagem Ao mesmo tempo que essa quebra do silêncio através do riso Kambili da acesso para que o leitor acesse o seu interior que antes era possível apenas observar os pensamento pela tensão opressão medo construindo um silêncio que representa também liberdade e felicidade No entanto antes da sua viagem o medo da opressão em somente pensar numa possível liberdade de pensar era autocrítico Kambili tenta evitar que suas palavras enunciem outros sentidos o que nos demonstra uma abandono daquilo que queria retirar do silêncio vendo como sentidos escorregadios No seguinte trecho podemos observar essa constituição de sobreposição de sentidos Murmurei alguma coisa com o rosto virado para o prato e em seguida comecei a tossir como se as palavras reais e sensatas poderiam ter saído de minha boca não fosse aquele acesso Adichie p 106 O sussurro era como ela estava acostumada tanto que quando sua prima Amaka está conversando Kambili deseja que fale mais baixo já que o tom alto da voz era permitido somente para seu pai Embora apareça o incomodo esse contato fez com que apesar que se arrependesse quase tivesse dado uma opinião na mesa de jantar O silêncio consiste portanto de maneira literal já era o que estava acostumada A opacidade da linguagem que antes era adotada por Kambili pela opressão e submissão mas ao mesmo tempo compreende as manifestações da resistência que por oposição se constrói a alteridade Ao que antes viviam de opressão violência censura especialmente contidas no seu silêncio a interação e as opiniões trocadas em toda família deixara Kambili assustada Após esse contato a sensação do silêncio vem diminuindo Ao retornar a sua casa haveria uma mudança mas a censura ainda estava presente em Kambili mas em Jaja a busca pela liberdade e da memória ancestral tinha sido mais aflorado e mesmo na presença do pai ele não conseguia mais se por em silêncio Eugene percebe as mudança e recorre as orações cristã para que tirasse aqueles pensamento de seus filhos A oração de Papa antes do jantar foi mais longa que o normal pediu que Deus purificasse seus filhos e removesse o espírito que o fizera mentir Adichie p 210 Após esse momento Kambili responde com um Amem alto pois apesar que aumenta o tom de voz o que antes não era visto ainda reconhece no seu pai como aquele que ela deve obediência mesmo que seus pensamentos são outros Dessa forma continua a autopressao ou autocensura em que ela mesma se coloca nessa posição em mão seguir os passos do irmão Hibisco Roxo é construído por uma narrativa os enunciados mesmo manifestado pelo silêncio são carregados em diversos sentido E diante as mudanças e em que o silêncio vai diminuindo se dá através de como os interlocutores em suas produções principalmente pelo discurso do silêncio A volta para casa fez com que voltássemos a perceber o reencontro do sujeito e opressor entre oposições de passividade e rebeldia por Kambili e Jaja respectivamente Por fim a obra em análise nos mostram que a partir das enunciações é perceptível nos sujeitos interlocutores que as palavras implícitas completa o sentido Sobretudo pela ótica de Kambili quem narra a ficção Além disso o discurso pelo silêncio não se limita a problemas de família patriarcalismo mas que se contemplam com a perspectiva políticosocial da Nigéria Portanto o uso do silêncio como elemento temático dessa análise mostra o quanto a narrativa além do verbal nos mostra que o que está implícito também é composto por sentidos o que desenvolve um potencial a mais para a obra Considerações Finais A análise da obra pela perspectiva da Análise do discurso observamos o silêncio que está intrinsicamente relacionado por características ideológicas históricas sociais e de gênero protagonizada na narrativa O silencio pela família de Eugene como resultado da opressão violência e censura resultando pela busca da completude e na busca da liberdade já que enquanto o silêncio vai diminuindo na narrativa os sujeitos em busca de suas identidades necessitam inconstantemente da sua completude sobretudo Jaja já que a desconstrução do estereótipo solidificado na ideia de que Eugene é visto como exemplo para Kambili o leva mais um tempo para que a personagem busque a sua completude As personagens da narrativa vê no silêncio a resistência que tomando partido de suas posições a partir das formações discursivas rompe com o que o tradicionalismo acredita que o silêncio pode ser vazio eles nos mostram que o silêncio só não foi dito mas que são constituídos não só de um sentido mas de múltiplos Logo o silêncio também falam sobre elas e por elas uma vez que o silêncio é a omissão do que querem falar isso na política do silêncio chamado de silêncio local um artifício muito utilizado por Beatrice Por outro lado o silencio constitutivo que Kambili repensa sobre o que vai dizer e em vez de X fala Y já que busca o autocontrole para evitar outros sentidos do discurso e desaponte o seu pai e seus ensinamentos pois não é porque a personagem antes de conhecer uma liberdade que era privada não pensava na verdade pensava demais ao ponto de que o silêncio seria a posição correta Enquanto a falta do silêncio se realiza em Jaja incomodava e era vista com maus olhos por seu pai Chimmamanda Adichie em representa no silêncio uma temática para sua narrativa fez com que uma ferramenta poderosa expressasse os múltiplos sentido que por si só pode manifestar e representar Chimmamanda consegue denunciar o poder do colonizador ao apagar a memória coletiva e individual do seu povo assim como denuncia a opressão do corpo e do pensamento do outro Essa análise portanto constitui para além da literária mas para demonstrar como o silêncio também faz parte da Análise do discurso